sexta-feira, 12 de outubro de 2018

*JORNALISTA AMEAÇADO SEQUESTRO APÓS PUBLICAR EDITAIS DE TODAS AS MESAS EM MOATIZE*


O MISA-Moçambique tomou conhecimento de ameaças de sequestro, por indivíduos não identificados, dirigidas contra Aparício José de Nascimento, editor do semanário Malacha, que se publica na vila autárquica de Moatize, na província de Tete.
Segundo o Núcleo Provincial do MISA-Moçambique em Tete, *a ameaça obrigou o jornalista a refugiar-se em lugar até aqui desconhecido, apesar de ele ter estabelecido um contacto telefónico com a organização*
Aparício de Nascimento disse ao MISA-Moçambique em Tete que vem recebendo as ameaças desde a madrugada de Quinta-Feira, dia 11 de Outubro, altura em que o seu jornal publicou, na sua página oficial do Facebook, os resultados de todas as mesas de votação na autarquia de Moatize.
Acrescentou que a decisão de se refugiar resultou do facto de ter sido alertado, por pessoas que lhe são próximas, de que estariam a circular, num grupo restrito de Whatsap, informações segundo as quais ele deveria ser sequestrado.
O motivo do sequestro estaria ligado ao facto do seu jornal ter publicado todos os dados constantes dos editais recolhidos nas várias mesas de voto, depois de concluído o processo de contagem, na sequência das eleições autárquicas de 10 de Outubro.
Aparentemente, a decisão de publicar os resultados não terá sido do agrado dos que agora procuram sequestrá-lo.
Ainda na manhã de 11 de Outubro, o Jornal Malacha divulgou informação sobre o abandono e vandalização de kits de votação na vila de Moatize, acto do qual é acusado o director e o chefe de operações do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) do distrito de Moatize.
De acordo com a publicação (vídeo) gravado pelo Malacha na manhã do dia 11 de Outubro, os dois foram surpreendidos a violar os kits pelo director adjunto do STAE em Moatize, na companhia de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Até ao início da tarde de quinta-feira, os kits violados ainda confinuavam abandonados num camião na escola primária completa Missão São João Baptista, na vila de Moatize.
Na vila de Moatize, foi registado ainda este ano o caso do roubo do equipamento de trabalho do repórter Fungai Caetano, então jornalista da Televisão Miramar.
É importante notar que, de acordo com a Lei eleitoral, uma vez assinados, após a conclusão do apuramento na mesa de assembleia de votos, os editais se tornam informação pública, ou seja, acessível a qualquer cidadão.
O MISA-Moçambique manifesta a sua preocupação perante esta situação e condena firmemente este acto de intimidação, por constituir uma grave ameaça não apenas à liberdade de imprensa, ao direito a informação e à integridade física do jornalista, como também à própria democracia.
O MISA-Moçambique, mais uma vez, apela aos órgãos da justiça a investigar o caso com vista ao seu esclarecimento e à possível responsabilização dos seus autores.

Sem comentários: