quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Cerca de 15 agentes da UIR foram accionados, alegadamente “para repor a ordem”.

Ano XXII • Nº 5421•11/10/2018 • Editor: Refinaldo Chilengue www.correiodamanhamoz.com redaccao@correiodamanhamoz.com / editor@correiodamanhamoz.com Correio da manhã anuncie tiku 15! Liberdade de expressão - R. Chilengue páG 5 economia economia opinião opinião Infl ação em continuou a descer em Setembro páG 4 Líderes empresariais saúdam indicação de Mboweni para Ministro das Finanças páG 5 Polícia emite mau sinal páG 6 Pobreza científi ca em África páG 6 5ª Eleições autárquicas com numerosas denúncias de irregularidades As quintas eleições autárquicas de Moçambique independente foram, uma vez mais, caracterizadas por várias irregularidades, incluindo atrasos na abertura do acto eleitoral (mesmo a escassos metros da sede nacional da Comissão Nacional de Eleições em Maputo), detenções, violência brutal, cortes de abastecimento de energia eléctrica da rede nacional e (tentativas de) fraudes. Para não variar, Unidade de Intervenção Rápida (UIR) esteve em evidência em diversos pontos durante o processo eleitoral, com episódios de entrada em actividade musculada. Há relatos de agentes da UIR (polícia antimotim)... paG 2 correio da manhã • outubro 2018 2 política O ano de 2017 caracterizou-se por uma tendência de aumento de preços de Janeiro a Abril Em Gaza, por exemplo, segundo a Renamo, em todas as autarquias, o STAE deu ordem para que se recolhesse as cópias dos cadernos eleitorais que estão na posse dos delegados de candidatura, o que a Renamo considera uma tentativa de fraude As quintas eleições autárquicas de Moçambique independente foram, uma vez mais, caracterizadas por várias irregularidades, incluindo atrasos na abertura do acto eleitoral (mesmo a escassos metros da sede nacional da Comissão Nacional de Eleições em Maputo), detenções, violência brutal, cortes de abastecimento de energia eléctrica da rede nacional e (tentativas de) fraudes. Para não variar, Unidade de Intervenção Rápida (UIR) esteve em evidência em diversos pontos durante o processo eleitoral, com episódios de entrada em actividade musculada. Há relatos de agentes da UIR (polícia antimotim) terem lançado gás lacrimogéneo para dispersar uma multidão que tentou atacar a casa de um dirigente político do partido Frelimo em Nampula (Bairro da Rex) em pleno dia durante uma conferência de imprensa em Maputo. Durante a conferência de imprensa, convocada seis horas depois da abertura das mesas de votação para as quintas eleições autárquicas em Moçambique, a Renamo denunciou irregularidades em mesas de votação de autarquias no centro e norte do país. Segundo a Renamo, o primeiro caso acontece em assembleias de voto de Maganja da Costa, na província da Zambézia, onde os responsáveis pelas mesas de voto estão a distribuir aos eleitores dois ou mais boletins de voto para votar na Frelimo, partido no poder. “As nossas reclamações não resultaram. A polícia está a bater nos nossos membros”, disse André Madjibire, acrescentando que isto está a acontecer nas assembleias de voto de todo o distrito, que não tem nenhum observador eleitoral. De acordo com o membro da comissão política do principal partido de oposição em Moçambique, o segundo caso está a acontecer em Dondo, província de Sofala, onde os presidentes das mesas de voto estão a entregar boletins de forma desorganizada. “Em Dondo praticamente não há eleições. O nosso cabeça de lista em Dondo até manifestou intenção de abandonar o processo e nós aconselhámo-lo a continuar”, afirmou André Madjibire. No município de Lichinga, na província de Niassa, a Renamo acusa o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de desorganizar propositadamente a lista de afectação dos membros das mesas de votação. Em Gaza, segundo a Renamo, em todas as autarquias, o STAE deu ordem para que se recolhesse as cópias dos cadernos eleitorais que estão na posse dos delegados de candidatura, o que a Renamo considera uma tentativa de fraude. “Eles querem usar cadernos fantasmas aqui, já que o nosso delegado de candidatura não pode acompanhar o processo sem a cópia do caderno”, disse André Madjibire. Em Tete, segundo André Madjibire, na Escola EP1 de Maenda, há casos de eleitores que não têm o nome nos cadernos oficiais, mas os mesmos nomes constam das cópias dos cadernos que 5ª Eleições autárquicas com numerosas denúncias de irregularidades de votação, de acordo com testemunhas citadas pela Lusa. Os eleitores que estavam na fila para votar na Escola Primária de Pea bruscamente abandonaram a assembleia de voto durante a tarde depois de surgirem rumores de que estaria a decorrer uma votação paralela para as eleições autárquicas. A RENAMO, denunciou a ocorrência de várias irregularidades em assembleias de voto nas províncias da Zambézia, Sofala, Niassa, Tete e Gaza, acusando a Polícia moçambicana de estar a favorecer o partido no poder nas eleições autárquicas. “Queremos apelar à Polícia da República de Moçambique para que deixe de trabalhar para um único partido”, declarou André Madjibire, mandatário nacional da Renamo junto dos órgãos eleitorais, falando Jeu Zango, director da Sala de Mercados do Standard Bank correio da manhã • outubro 2018 3 5ª Eleições autárquicas com numerosas denúncias de irregularidades Fonte: Banco de Moçambique redacção política redacção estão com os delegados de candidatura. “Isso significa que há cadernos fantasmas”, frisou Madjibire. O Centro de Integridade Pública (CIP) fez uma cobertura do processo eleitoral e detectou irregularidades um pouco por todo o país. Em pelo menos quatro municípios, a CIP reportou que presidentes de mesa de votação foram surpreendidos com boletins de voto extra. Dois deles foram detidos, sob alegacão de que os presidentes estavam a entregar os boletins de voto extras a membros do partido governamental - a Frelimo.   Em Massinga, na província de  Inhambane, o presidente de uma mesa foi detido por entregar mais de um boletim de voto aos eleitores supostamente do partido Frelimo. Na Ilha de Moçambique, outro presidente em Macicate, foi encontrado com boletim de voto pré-marcado a favor do partido Frelimo e foi detido. A mesma fonte reportou que em  Angoche, o presidente da mesa 03086-02, no posto da EPC de Aeroporto foi surpreendido a entregar a um membro da Frelimo “uma quantidade elevada de boletins de voto” e até aqui não há informação de que o mesmo tenha sido detido. Ainda em  Angoche, dois membros do partido RENAMO estão detidos nas celas da PRM, no bairro Namaripe, acusados de perturbação da ordem e segurança no processo de votação. Trata-se de Mussa Caetano e Francisco Caetano, sendo o primeiro, um delegado daquele partido. Em  Maganja da Costa, Zambézia, um presidente de mesa 040158-03 no posto de votação que funciona na Escola Primária 3 de Fevereiro foi surpreendido a atribuir três boletins de voto a cada eleitor. Não há confirmação de que o presidente tenha sido detido. “Outras irregularidades reportadas com frequência por nossos eleitores é a falta de nomes nos cadernos eleitorais”, frisou o CIP no seu Boletim sobre o Processo Político em Moçambique. Em  Nyamayabwe, na cidade de Tete,  cerca de 100 eleitores não votaram na mesa número 05201-02, que funciona na Escola Primária de Maenda, porque seus nomes não constavam dos cadernos eleitorais. Os eleitores que exibiam cartões de eleitores emitidos no mesmo posto recorreram ao computador do STAE para confirmar seus nomes mas sem sucesso, facto que criou agitação. Cerca de 15 agentes da UIR foram accionados, alegadamente “para repor a ordem”.   No Município de Chibuto, em muitas mesas na vila autárquica, os nomes dos eleitores não constam de cadernos eleitorais, levando centenas a regressar a casa sem votar. Na cidade da Beira, muitos postos abriram com mais de duas horas de atraso, como os casos da EP Amílcar Cabral, EPC do Aeroporto, Escola Secundária Paulo Samuel Kankhomba, EPC de Vaz. Na EPC de Inhamizua uma mesa só abriu as 11h15. As causas do atraso são várias, dentre os quais o atraso na afectação dos membros da mesa de voto e a confusão dos cadernos eleitorais. No Chimoio, devido a morosidade no atendimento no posto de votação de localizado no bairro Tembwe, eleitores invadiram uma mesa durante dez minutos gerando grande confusão no local. Devido a confusão, o processo foi interrompido por mais de uma hora. Ainda em Chimoio, um cidadão foi detido no posto de votação de Nhamadjessa por se apresentar embriagado e fazer campanha a favor da Renamo no local. Em Nacala-Porto, dois cidadãos idosos e portadores de cartões de eleitores foram retidos e colocados cárcere privado pela Renamo em Nacala Porto, com alegações de os mesmos serem trazidos de outros municípios para votar a favor da Frelimo em Nacala. Há um grupo da Renamo composto por jovens cujo trabalho é identificar e remover das filas pessoas que dizem não residir na cidade. Entretanto, os alvos desta busca apresentam cartões de eleitores válidos. No início da tarde, a Polícia “resgatou” os cidadãos retidos depois de uma negociação dirigida pelo comandante local da Polícia, segundo o CIP. Esta quarta-feira 3.910.712 eleitores eram aguardados nas urnas para escolher presidentes dos 53 municípios moçambicanos e respetivos membros de assembleias. O STAE montou 5.459 assembleias municipais e recrutou 38.213 membros das mesas de voto para esta operação. Estão credenciados cinco mil observadores nacionais e 250 estrangeiros e mil jornalistas nacionais e estrangeiros. correio da manhã • outubro 2018 4 negócios Inflação em continuou a descer em Setembro A infl ação continua a descer em Moçambique, de acordo com os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) moçambicano. A infl ação média a 12 meses encontra-se agora em 4,59%, uma descida relativamente a 5,04% em Agosto. A infl ação homóloga em Setembro foi de 4,89%, quando em Agosto tinha sido de 5,02%. Ainda de acordo com o INE, a infl ação mensal foi de 0,11%, com a infl ação acumulada desde Janeiro a situar-se em 2,79%. Os números constam do Boletim do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), segundo o qual o sector dos transportes foi o que teve maior impacto na subida de preços - tal como também já tinha acontecido em Agosto. Os valores são calculados a partir das variações de preço de um cabaz de bens e serviços, com dados recolhidos nas cidades de Maputo, Beira e Nampula. frase A guerra é um assunto demasiado sério para ser confi ado aos militares - Georges Clemenceau (1841-1929), político, médico e jornalista francês redacção FONTE CANAL DO TEMPO QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO SEGUNDA 11 Outubro 12 Outubro 13 Outubro 14 Outubro 15 Outubro 32º 21º 30º 20º 29º 20º PREVISÃO DE TEMPO 30º 20º 32º 18º correio da manhã • outubro 2018 6 EDWIN HOUNNOU THANGANI WA TIYANI opinião hounnouedwin@gmail.com Polícia emite mau sinal A violência protagonizada pelas forças policiais contra a caravana da Renamo, tendo invadido a delegação e levando consigo, aos pontapés e  cacetadas, mais de 10 membros, entre menores, mulheres e homens, é um forte sinal de que as eleições de 10 de Outubro foram a ferro e fogo. Aliás, o comandante-geral da Policia da República  de Moçambique, General Bernardino Rafael, bem havia avisado ainda que os visados se comportem como se nada lhes dissesse respeito. Não têm que fi car admirados quando a polícia lhes vai em cima. Ninguém protestou.  Quem esteve atento às reiteradas declarações do comandante da PRM, deve ter percebido que Bernardino Rafael recomendou aos políticos para revisitarem a Lei Eleitoral e o seu cumprimento escrupuloso. Chamou ainda atenção especial aos fi scais e delegados de candidaturas daqueles políticos que sempre reclamam que lhes roubaram votos. O comandante não podia ser mais claro que isso. Tudo foi dito por palavras bem acertadas e o resto é só saber interpretar a intenção aí subjacente. Na Vila autárquica do Alto Molocué, na província da Zambézia, uma caravana do MDM foi, igualmente, vítima de pancadarias pela polícia. A violência  policial contra as caravanas dos partidos da oposição está a tornar a maneira corrente de forças cuja tarefa principal deveria ser proteger o cidadão, o seu verdadeiro patrão porque paga imposto que garante o salário de cada mês do polícia. Hoje, bater em membros da oposição, prender, encarcerar é tão normal quanto beber de água para a nossa polícia que se diz equidistante das forças políticas.  A prática quotidiana desmente isso e demonstra, de forma inequívoca, que a Polícia está, altamente, partidarizada e defende, com unhas e dentes, o partido governamental. Não se conhece nenhum caso em que a polícia tenha interrompido  ou barrado uma marcha do partido Frelimo. Até uma simples marcha de professores ou de qualquer organização da sociedade civil é recebida com bastões e cães-polícia que os esfola e rasga-lhes a carne. Enquanto isso, uma manifestação da OMM, OJM ou Continuadores da Revolução são quecados ao colo da nossa polícia. A polícia  não age de tal modo em cumprimento da lei, mas para satisfazer os apetites dos que pensa ser os donos do país. Se até  a própria a Renamo, um partido ainda armado, é sujeito a essa espécie de sevicias e humilhações, qual será  a sorte que lhe reserva depois de ser desarmada? É uma questão pertinente a ter em conta.  Sem armas para se defender, a Renamo passará  a ser considerada, aos olhos da polícia e do partido Frelimo,  como PASOMO, PIMO, os VERDES ou um desses partidos que pululam nas nossas cidades. Não  se trata de menosprezar os partidos que citamos, mas é a nossa antevisão de como as irão evoluir.  Seria de extrema importância que a Renamo veja com cautela os passos que está a dar para evitar arrependimentos posteriores. A Renamo sem armas, fi ca sozinha a Frelimo como partido armado. Sem equilíbrio de forças, voltamos à situação de 1975. É urgente que as Forças de Defesa e Segurança parem de apadrinhar a Frelimo para que todos sejam iguais! Eish...eish... levei algum tempo a tomar decisão sobre o tema a abordar esta semana no Rancor do Pobre, porque há vários assuntos de interesse público em curso na minha aldeia e no local de domicílio forçado pela vida. Diversos acontecimentos surgem todos os dias tornando a selecção complicada, porque uns têm vida relativamente curta e outros nem tanto. Entretanto, a última hora decidi lidar com a pobreza científica de África, um continente com 55 países e mais de mil e cem milhões de habitantes, representando 12 por cento da população mundial estimada em mais de sete mil milhões de seres humanos. A decisão de lidar com este assunto surgiu na sequência da atribuição de prémios Nobel este ano, evento que acontece todos os anos desde Dezembro de 1901 em memória do inovador e industrialista sueco Alfred Nobel. O industrialista sueco deixou testamento recomendando que parte da sua fortuna devia ser usada para fundo de reconhecimento de indivíduos que mostrassem excelência no trabalho científico em prol da humanidade nas áreas de Física, Química, Medicina, Literatura e Paz. A distribuição dos prémios em forma de certifi cados de papel e valores monetários a laureados começou em Dezembro de 1901 no quinto aniversário da morte de Alfred Nobel. Na altura, quase todos os países africanos, incluindo a minha aldeia, eram colónias de potências ocidentais, sendo que africanos nativos eram considerados cidadãos de impérios ocidentais. A partir de 1968 foi adicionado o prémio Nobel de Economia, passando para seis o número de prémios Nobel. A década de 1960 é considerada como de independências africanas, porque muitos países do continente ganharam suas liberdades dos europeus. Curiosamente, porém, desde o início da atribuição dos prémios Nobel há 117 anos apenas um negro do pequeno estado ilhéu de Santa Lúcia ganhou o prémio Nobel de Economia em 1979. Nenhum africano ou originário ganhou prémio nas áreas basicamente de Ciência estabelecidas pelo inovador e industrialista sueco Alfred Nobel. Entretanto 14 negros africanos ou originários ganharam premio Nobel de Paz, o mais recente dos quais é o médico congolês, Denis Mukwege, laureado semana passada. Mas hoje, em vários países africanos, incluindo na minha aldeia, fala-se de senhores Doutores e de Engenheiros por todas as esquinas, só que, na verdade, África é o mais pobre e mais analfabeto cientifi camente do Mundo. Pobreza científica em África Miradouro rancor do pobre

Sem comentários: