Partilhando um pensamento de Gustavo Mavie sobre a distinção a distinção de Filipe Nyusi pela Escola Superior de Relações Internacionais com o título de "Doutor Honoris Causa em Relações Internacionais".
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ATRIBUIÇÃO DE DOUTOR HONORIS CAUSA A NYUSI ILUMINOU MAIS AINDA A SUA INCANSÁVEL E CORAJOSA BUSCA DA PAZ
Por Gustavo Mavie
O antigo presidente norte-americano, Richard Nixon, escreveu um livro com o título Beyond Peace ou Para Além da Paz, em Português, que me parece explicar melhor o tipo de PAZ que o estadista moçambicano, Filipe Nyusi, tem estado a perseguir também, e que voltou a resumir no discurso com que aceitou na última terça-feira em Genebra, o título de Doutor Honoris Causa, que lhe foi outorgado pela Escola de Diplomacia e Relações Internacionais da Suíça, ao vincar que a paz perene é aquela que se assenta não só no silêncio das armas, mais principalmente na equidade entre os homens.
Nyusi está mais do que convencido que a paz em Moçambique tem que ter como alicerces, pilares e vigas a distribuição equitativa da riqueza que se for produzindo em cada etapa do desenvolvimento do País, o que passa pelo tratamento igual de todos os moçambicanos, independentemente da sua raça, etnia, extracto social ou filiação político-partidária. Em suma, Nyusi é contra a exclusão no usufruto das riquezas do País.
Também Nixon vinca, nesse seu livro, que para que a paz seja irreversível, é imperioso que se criem todas as condições políticas, económicas e, acima de tudo, materiais, que garantam que cada habitante do Mundo tenha o suficiente para levar uma vida condigna, e não seja um mero assistente dos que estão festejando a vida sozinhos enquanto os outros não têm nada para comer sequer.
O Beyond Peace é tido pelo aclamado jornal norte-americano New York Times, como sendo o melhor livro de entre os vários que Nixon escreveu em mais de 40 anos de carreira política, vincando que o Além da Paz, é um manifesto para uma nova América, escrita com visão visionária e um idealismo realista, porque nele oferece uma nova agenda para os Estados Unidos e define seu papel na complexa era pós-guerra Fria.
De facto, escutando as comunicações de Nyusi, a começar pela primeira que fez a 15 de Janeiro pouco depois de ser empossado como quarto presidente moçambicano, apercebe-se claramente que ele também se preocupa muito com as mentalidades e condutas erróneas em que pautam muitos dos seus compatriotas, que o forçaram igualmente a traçar uma NOVA AGENDA para Moçambique que esteja para além do calar das armas que tem estado a negociar com Dhlakama.
Esta sua nova agenda ficou mais do que evidente na sua longa e detalhada comunicação que fez nos finais do ano passado no Hotel Gloria em Maputo, em que expôs contundentemente os múltiplos males que asfixiam o Aparelho do Estado e toda a máquina governamental. Nyusi descreveu nessa Comunicação como agora na que fez na Suíça, o curso que segundo Moçambique deve tomar no futuro, para garantir que as oportunidades desta nova era além da paz não sejam perdidas.
O que me fez lembrar a principal tese contida neste livro de Nixon e o FOCO da Presidência de Nyusi, é que os dois líderes são ambos aclamados por uns, e condenados por outros, pelas agendas que abraçaram. Por exemplo, Nixon foi tido como traindo a América quando decidiu pautar pela política de detente e acabar com o isolamento que o seu País impunha à Rússia (então URSS) e à China, e começou polemicamente a dialogar com as suas lideranças. Também Nyusi foi alvo de aplausos e de reprovações quando em Dezembro de 2016 retomou o diálogo com Dhlakama e o permitiu que fosse ele a anunciar em primeira mão a primeira trégua que acabou sendo o ponto de partida para a paz de que desfrutamos há 13 meses já. Essa polémica anti-Nyusi acentuou-se quando ele vai às matas da Gorongosa para in loco ter um tête-à-tête com Dhlakama. A incompreensão da visão e lógica da busca paz de Nyusi voltou a ser ecoada em tom maior por alguns internautas agora que honrado com este Honoris Causa, com alguns alegando que o estadista moçambicano não é digno deste título já atribuído a vários moçambicanos, como Joaquim Chissano, Mia Couto e Lurdes Mutola, porque, na sua observação, nada de vulto fez desde que assumiu a Presidência moçambicana.
Só que estes que são contra a atribuição deste titulo a este Engenheiro mecânico moçambicano, são tão poucos que não conseguiram nem tão pouco abafar ou ofuscar a maioria que entende que Nyusi bem merece, porque fez mais do que o que devia em busca da paz, como ter se arriscado por mais de uma vez a sua própria vida, indo até às matas de Gorongosa, para poder dialogar in person ou tête-à-tête com Dhlakama. Há que recordar que boa parte do diálogo que Nyusi tem mantido com Dhlakama é através do celular, o que também é inédito e por isso susceptível de levá-lo a constar no Guiness Book of Records ou Livro de Records.
Tanto quanto averiguei, e salvo prova em contrário, não há registo na História da Humanidade de ter havido outro presidente que tenha feito o mesmo em busca da paz para os seus compatriotas. Segundo Mia Couto, tal aventura é digna de elogio porque fê-lo para salvar o seu povo, que não merece ser morto por qualquer razão que seja, muito menos que como meio de troca para os desígnios seja dum político. Mia fez esta asserção quando recebeu em 2016 o mesmo titulo de Doutor Honoris Causa pela Politécnica de Moçambique, tendo na altura vincado que «todos os povos amam a Paz. Os que passaram por uma guerra sabem que não existe valor mais precioso. Sabem que a Paz é um outro nome da própria vida. Vivemos desde há meses sob a permanente ameaça do regresso à guerra. Os que assim ameaçam devem saber que aquele que está a ser ameaçado não é apenas um governo. O ameaçado é todo um povo, toda uma nação. Pode não ser este o momento, pode não ser este o lugar. Mas é preciso que os donos das armas escutem o seguinte: não nos usem, a nós, cidadãos de Paz, como um meio de troca. Não nos usem como carne para canhão. Diz o provérbio que "sob os pés dos elefantes quem sofre é o capim". Mas nós não somos capim. Merecemos todo o respeito, merecemos viver sem medo. Quem quiser fazer política que faça política. Mas não aponte uma arma contra o futuro dos nossos filhos. É isto que queria dizer, antes de dizer qualquer outra coisa».
Por isso os que são contra a atribuição do Honoris Causa a Nyusi é como se estivessem a tentar parar o vento pelas mãos, porque tudo indica que é apenas o começo de uma serie de outras premiações que ele receberá. Há mesmo os que antevêem que ele receba um Premio Nobel ou outras bem mais valiosas, como o Mo Ibrahimo, pelo carácter inusitado e extremamente corajoso com que se tem empenhado na busca da paz para os seus compatriotas. É que ele está fazendo exactamente o que prometeu a 15 de Janeiro de 2015, quando vincou que faria tudo que estivesse ao seu alcance, para que os moçambicanos não mais se matassem uns contra os outros.
EXPLICANDO A ORIGEM DO DOUTOR HONORIS CAUSA E A QUEM SE ATRIBUI
A prática remonta à Idade Média, quando, por várias razões as universidades passaram a conceder isenção de alguns ou todos os requisitos legais habituais para a concessão de um diploma. O primeiro grau Honoris Causa mais antigo registado foi concedido a Lionel Woodville no final da década de 1470 pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Mais tarde, tornou-se bispo de Salisbury. Na última parte do século XVI, a concessão de graus honorários tornou-se bastante comum, especialmente na ocasião de visitas reais a Oxford ou Cambridge.
Honoris causa, abreviado como h.c., é uma locução latina que traduzida em português significa "por causa de honra", e usada em títulos honoríficos que são concedidos pelas universidades a certas pessoas eminentes, que não necessariamente sejam já portadoras de um diploma universitário, mas que é lhes outorgado por se terem destacado em determinada área da vida (seja nas artes, ciências, filosofia, letras, promoção da paz, de causas humanitárias etc.), particularmente devia à sua boa reputação, virtude, mérito ou acções pelo serviço que transcenda as suas famílias, pessoas ou instituições.
Há que vincar que esse título é dado para uma pessoa mesmo que ela não tenha um curso universitário, mas que no entanto tenha se destacado ou exercido grande influência em determinadas áreas, como nas artes, na literatura, na política ou promovendo a paz.
Historicamente, um Doutor Honoris Causa recebe o mesmo tratamento e privilégios que aqueles que já obtiveram um Doutoramento académico de forma convencional - a menos que se especifique o contrário. A pessoa que receber o título de "Doutor Honoris Causa" pode usar a abreviação "Dr. h. c.".
Caso já tenha um título de doutoramento académico, poderá usar duplamente os títulos Doutores de forma abreviada assim: "Dr. Dr. h. c.". Se a pessoa foi já honrada com mais de um título de Doutor Honoris Causa, poderá usar a abreviação "Dr. h. c. mult." Ou Doutor Honoris Causa Multiplex. No caso de Nyusi que já é engenheiro de formaçao universitária, assumo que poderá usar a partir de agora o título Eng. Dr. h.c. Filipe Nyusi.
O prestígio da universidade que atribui o Doutoramento Honoris Causa para uma personalidade, geralmente de âmbito internacional, também fica bastante enriquecido, dado que a partir daquele momento, esta pessoa ou personalidade é já parte do corpo de doutores dessa universidade. Nyusi passa a integrar assim o grupo de moçambicanos que já receberam tambem títulos de Doutores Honoris Causa por algumas universidades do Pais e do resto do Mundo, destacando-se entre eles o Presidente Joaquim Chissano que tem mais que uma galardoação deste tipo.
O vocábulo DOUTOR vem do Latim docere (“ensinar”). No seu emprego primitivo, na Bíblia, designava aqueles que ensinavam a Lei hebraica (os “Doutores da Lei”); em Lucas 1,46, em que se relata que os pais do Menino Jesus procuraram-no em Jerusalém, e “o acharam no Templo, assentado no meio dos Doutores, ouvindo-os e interrogando-os”.
O uso de DOUTOR como título académico, no entanto, começou nas universidades medievais da Bolonha, Salamanca, Oxford, Cambridge, Sorbonne, Coimbra e Upsala, para designar os que tinham conquistado a autorização para leccionar. Esse direito se limitava, primeiro, à sua própria universidade, mas foi estendido, mais tarde, a qualquer outra com as indefectíveis rivalidades e picuinhas que duram até hoje. Primeiro houve os Doutores em Direito (ou doctores legum), depois em Direito Canónico (Doctores Decretorum) e, já no séc. XIII, em Medicina, Gramática, Lógica e Filosofia.
No séc. XV, Oxford e Cambridge começaram a conferir também o doutorado em Música. Os antigos doutorados em Direito e Medicina certamente explicam o uso popular do tratamento de Doutor para os médicos e advogados. Outro resquício medieval é este título de Doutor Honoris Causa, concedido a qualquer personalidade que uma determinada universidade queira homenagear, tenha ou não formação académica formal. Independentemente do sentido académico (que implica necessariamente a defesa de uma tese de doutoramento), uma indiscutível aura de respeito e deferência cerca o vocábulo DOUTOR, como podemos ver nos reflexos que deixam no vocábulo Douto, que designa o erudito, o sábio, o profundo especialista em determinada área.
gustavomavie@gmail.com
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Meu comentário
Estando eu presentemente em Genebra, Suíça, presenciei pessoalmente a cerimónia que é objecto desta reflexão de Gustavo Mavie, que aliás foi transmitida em directo por alguns canais de televisão aqui na Europa, e também pela Stv e pela TV/// (de Moçambique). Devo dizer, por ser verdade, que a lição de sapiência lida pelo distinguido, Filipe Nyusi, introduz conceitos novos e um paradigma novo para a negociação de soluções efectivas e duradoiras de conflitos político-militares...
Gostei!
Congratulo o Presidente Filipe Nyusi pela distinção; está provado que é bem merecida!
1 comentário:
Cuidado irmãos, estudar nao e igual andar vários anos a escola, todo lambe-botas tem pouca capacidade intelectual.Tantos Moçambicanos tocam palma para sua própria ferida porque sao baixos no pensamento.
Que paz esta falando? Esse que altera a lei para beneficiar interesses de um grupo prejudicando a maioria chamarias de um preocupado pela Paz?
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