quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

"Remodelação de gabinete pode revelar desarticulação na FRELIMO"

RENAMO:



O maior partido da oposição em Moçambique avalia as alterações ministeriais anunciadas pelo Presidente Filipe Nyusi nesta quarta-feira (13.12). Nomeações ocorrem menos de 24 horas depois de remodelação no Executivo.
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) comentou nesta quarta-feira (13.12) as nomeações ministeriais anunciadas pelo Presidente Filipe Nyusi, menos de 24 horas depois de realizar uma remodelação no Executivo.
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Para o maior partido da oposição em Moçambique, esta remodelação pode "revelar alguma desarticulação interna no partido FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique], o partido no poder".
O porta-voz do partido da oposição, José Manteigas, acrescenta que, apesar da remodelação no Governo, o partido da oposição não acredita que haverá mudanças nas políticas de gestão do país.
"Mudaram as pessoas de um ministério para outro e sabemos como é que o Governo está a gerir o país, de forma calamitosa. Acreditamos que isso não vai mudar o rumo calamitoso em que o país está a caminhar", afirma Manteigas.
Remodelação do gabiente
Filipe Nyusi nomeou nesta quarta-feira três novos ministros para as pastas dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Agricultura e Segurança Alimentar, Recursos Minerais e Energia. As nomeações ocorrem menos de 24 horas depois de o chefe do Executivo ter feito alterações no seu gabinete.
Nyusi apontou José Pacheco como ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Max Tonela, titular da pasta dos Recursos Minerais e Energia, e Higino Marrule, para o cargo de ministro da Agricultura e Segurança Alimentar. Não foi indicado o novo titular da pasta da Indústria e Comércio.
Na terça-feira, Nyusi exonerou os responsáveis por esses ministérios, mas, entretanto, a Presidência da República não indicou as razões para esta remodelação do Governo.
Para o analista Fernando Lima, as atuais exonerações "enquadram-se numa série de mudanças que tinham que acontecer por força do xadrez político que foi encontrado no último congresso da FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique] de setembro".
Por seu turno, a RENAMO considera que a remodelação governamental levada a cabo pelo Presidente faz parte das suas competências, mas observa que alguns ministros afastados tinham sido nomeados recentemente para tais funções.
O porta-voz da RENAMO, José Manteigas, cita os casos de Lectícia Klemens, que ocupava o cargo desde outubro do ano passado, e Max Tonela, no Governo desde janeiro de 2015.
Desempenho dos ministros
O analista Fernando Lima, comentando a troca da ministra dos Recursos Minerais e Energia, acredita numa nova fase naquela pasta, dizendo que "há uma série de assuntos pendentes que não foram decididos". "A fase em que a ministra esteve no Governo correspondeu ao fechar de uma série de dossiers, sobretudo na bacia do Rovuma [para a exploração do gás]", acrescentou.
Sobre o afastamento de Oldemiro Balói, do cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Lima disse que "o titular daquele cargo há muito que gostaria de sair".
Baloi é substituído como chefe da diplomacia moçambicana por José Pacheco, que era ministro da Agricultura e Segurança Alimentar e já desempenhou outras funções, nomeadamente titular da pasta do Interior e chefe da delegação do Governo nas negociações de paz com a RENAMO.
De acordo com José Manteigas, a nomeação de Pacheco para a diplomacia "deixa-nos sem perceber como é que um indivíduo que nunca marcou um golo num grande ministério vai para outro superministério". "As pessoas devem ser nomeadas por competência e não por ‘amiguismo’, por nepotismo, por ligação político-partidária", critica José Manteigas.
DW – 13.12.2017

Remodelação visa reforçar Governo de Moçambique face aos desafios, diz Filipe NYusi

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, referiu hoje que a remodelação ministerial que realizou esta semana visa "reforçar a capacidade de resposta do Governo face aos desafios do país".
O chefe de Estado falava no Palácio da Presidência, em Maputo, na cerimónia de posse de três ministros: José Pacheco (Negócios Estrangeiros e Cooperação), Max Tonela (Recursos Minerais e Energia) e Higino Marrule (Agricultura).
Filipe Nyusi realçou que o Governo completa três anos de um total de cinco no próximo mês, pelo que "o tempo para cumprir as promessas começa a escassear".
Aos governantes empossados, pediu que afinem as prioridades para cumprir o plano quinquenal do executivo.
O chefe de Estado referiu que os recursos do país "são escassos", pelo que pediu ainda "soluções criativas" aos membros do Governo para encontrarem recursos adicionais.
A cada qual, Nyusi dirigiu ainda uma parte do discurso.
A José Pacheco sublinhou que "neste ciclo governativo" é preciso apostar na "diplomacia económica" para atrair investimento estrangeiro e o novo detentor da pasta dos Negócios Estrangeiros disse aos jornalistas que pretende dar resposta ao desafio, abrangendo o setor privado.
Sobre a exploração de recursos naturais, tais como o carvão ou gás natural, o chefe de Estado apelou a uma reflexão para que beneficiem em primeiro lugar a população do país.
Max Tonela reiterou que "qualquer compromisso [no setor] será firmado somente quando satisfeitos requisitos que beneficiem todos os moçambicanos".
José Pacheco e Max Tonela já estavam no Governo, na Agricultura e no ministério da Indústria e Comércio, respetivamente, mas Higino Marrule, empossado como ministro da Agricultura, é uma cara nova no elenco.
Já antes como especialista na área tinha dado contributos para a definição de planos governamentais, recordou Nyusi, que hoje lhe pediu para concretizar o desafio de transformar a agricultura familiar - principal atividade dos moçambicanos - num setor virado para o negócio.
"Sempre me pautei por falar sobre isso", respondeu Higino Marrule, em declarações aos jornalistas, assumindo a missão de realizar uma "transformação agrária" em Moçambique.
Das quatro áreas em que houve remodelações, fica por nomear o ministro da Indústria e Comércio.
LUSA – 14.12.2017

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