Terá um rapaz de 17 anos mudado o negócio dos iPhone?
Foi um adolescente norte-americano que revelou que trocar de bateria resolvia a lentidão dos iPhones. A atitude da Apple poderá ter consequências para a empresa a longo prazo, escreve o Business Insider.
A Apple reconheceu que tornava os telemóveis antigos mais lentos e pediu desculpa. Mas os indícios do que se passava e que levaram a empresa a apresentar ao mundo um longo pedido de desculpa começou com a publicação de um adolescente norte-americano de 17 anos na plataforma Reddit, segundo conta o diário norte-americano de maior circulação, o USA Today. Tyler Barney, um estudante do ensino secundário que mora no estado norte-americano de Tennessee, mostrava que o telemóvel dele tinha ficado mais lento, depois de ter actualizado o sistema operativo e que o problema poderia ser resolvido com a substituição da bateria do dispositivo.
O próprio Geekbench – uma plataforma que mede a velocidade dos processadores e que é detida pela Primate Labs, a empresa que divulgou o relatório sobre a velocidade dos telemóveis antigos da Apple – começou por referir, num texto, que a análise que fizeram foi feita depois da publicação no Reddit do rapaz de 17 anos.
A Apple acabou por pedir desculpas pela situação, depois de se ver confrontada com uma chuva de críticas por parte dos utilizadores. E depois de enfrentar oito processos judiciais nos Estados Unidos e em França, prometeu fazer mudanças para “recuperar a confiança de quem possa duvidar das intenções da Apple”. Para minorar o problema dos clientes, assegurou que iria reduzir o preço de substituição das baterias dos telemóveis afectados e disponibilizar ferramentas que permitam analisar qual o estado das baterias – medidas que deveriam ter sido tomadas antes da polémica, defende um artigo no Business Insider.
Este pedido de desculpas por parte da Apple representa um dos marcos mais importantes na história da empresa, não só porque raramente a Apple pede desculpa mas, sobretudo, porque neste caso não reconhece apenas uma falha, como nota o Business Insider. Diz esta publicação que a lentidão dos iPhones não foi um erro de concepção ou de tecnologia – como sucedeu no falhanço da aplicação da Apple para mapas. Foi antes uma decisão da empresa, um "acto consciente" — e que poderá afectar a confiança dos clientes durante muitos anos, bem como o seu modelo de negócio.
Isto porque a situação pode acarretar outras implicações, já que alguns utilizadores poderão ter optado por comprar novos telemóveis quando lhes bastaria trocar a bateria para resolver o problema da velocidade de processamento. No artigo escrito por Matt Weinberger no Business Insider, o autor argumenta que a forma como a Apple tratou do caso poderá ter repercussões por muitos anos. Até porque todos os anos a empresa sediada em Cupertino, na Califórnia, lança modelos novos – e quantos proprietários de iPhone 6 ou 6S ou outros modelos afectados deixam de ser potenciais clientes desses novos modelos, sabendo que a obsolescência do equipamento é menor – ou era forçada, algo que a Apple desmente.
Em causa está a decisão da Apple de desacelerar o desempenho dos iPhones mais antigos, ao reduzir a energia de alguns telefones para desacelerar o processador, quando as baterias estão com problemas ou eram incapazes de fornecer a corrente que o processador exige. De acordo com a explicação da Apple, publicada em comunicado, o problema reside no facto de todas as baterias de iões de lítio se degradarem ao longo do tempo o que acarreta problemas à medida que envelhecem e acumulam ciclos de carga. A forma de lidar com este facto foi reduzir a velocidade de processamento, com o argumento de assim evitar a falha total do telemóvel.
A Apple afirma que nunca fez nada para reduzir intencional o tempo de vida de um produto, mas os clientes não pouparam críticas e davam a entender que a empresa reduzia propositadamente a velocidade dos iPhones mais antigos para os levar a comprar modelos mais recentes.
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