Julgamento do ex-ministro da Justiça prossegue com a audição da Ministra da Presidência
Prossegue, esta sexta-feira, o julgamento do ex-ministro da Justiça, Abduremane Lino de Almeida, acusado pelo Ministério Público de gastar indevidamente mais de um milhão de meticais de fundos públicos para custear uma viagem à Meca (Arábia Saudita) para si e mais três líderes religiosos sem qualquer ligação com o Estado.
A audição de hoje será dedicada as declarações da ministra na Presidência para Assuntos da Casa Civil, Adelaide Amurane, que esteve ausente na semana passada por ter viajado com o Presidente da República aos Estados Unidos da América, e o secretário-geral do Conselho Islâmico, também Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
A defesa prescindiu de Adelaide Amurane como testemunha, mas o Tribunal decidiu mesmo assim ouvi-la na qualidade de declarante.
O juiz do caso, João Guilherme, defendeu que ela é uma peça-chave para o esclarecimento do processo. No dia 31 de Maio passado, De Almeida disse que recebeu ordens de Filipe Nyusi para realizar a viagem e que a ministra estava a par de tudo.
Almeida revelou, ainda, que após a Inspecção-Geral das Finanças detectar os gastos indevidos, contactou à ministra Adelaide Amurane, informando que havia feito a viagem à Meca, em cumprimento de uma missão do Chefe de Estado. Segundo o réu, por conhecer o “dossier”, ela (a ministra) coordenou com o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, a retirada da despesa do relatório de auditoria.
Espera-se que Amurane esclareça se foi ou não o Presidente da República, Filipe Nyusi, que mandou usar dinheiro do erário público para pagar as despesas dos líderes religiosos.
Já Abdul Carimo Sal, secretário-geral do Conselho Islâmico e presidente da Comissão Nacional de Eleições, também esperado na manhã de hoje na quarta sessão do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, deverá esclarecer se o ex-ministro foi ou não pedir ajuda para identificar as três pessoas que deviam viajar na sua companhia, alegadamente a mando do Presidente da República. Ademais, há três semanas, o sheik da Comunidade Islâmica foi arrolado como testemunha de defesa, mas a defesa pediu que fosse substituído pelo sheik Aminudin Mohamad, que, entretanto, faltou a audição. Consta ainda que durante a instrucção preparatória do processo, Abdul Carimo prestou declarações que contradizem a versão do réu sobre o surgimento do convite para a viagem.
Segundo explicações do juiz, estes dois deverão encerrar a fase de produção de prova no julgamento do ex-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.
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