O TRAÇADO DAS FRONTEIRAS MOÇAMBICANAS
Perguntas de partida: Por que motivo o mapa de Moçambique se apresenta da forma como o conhecemos hoje? Por que o Malawi penetrou rumo ao Zambeze, e Tete se dirigiu a Zâmbia enquanto o Zimbabwe aperta Manica? Não seria mais fácil fazer traçados rectos? Nos próximos posts falarei do traçado das fronteiras de Moçambique com Tanzânia, Suazilândia e África do Sul, Zimbabwe, Maurícias, Zâmbia e Malawi.
Apresentação geral da ocupação
A partilha de África não começou e não terminou na Conferência de Berlim (1884), que definiu as condições de ocupação efectiva. Com pequenas excepções, a Europa e o Mundo aceitaram o facto a África ser propriedade de uma outra potência europeia: A Inglaterra, a França, a Alemanha, a Itália, Portugal, Espanha e Bélgica. No entanto, uma grande parte desta partilha foi efectuada na Europa, nas reuniões de Berlim, Paris ou Londres e noutras capitais onde os estadistas europeus definiram fronteiras entre as zonas rivais de influência dos seus países, que eram assinalados em mapas de pequena escala e nem sempre muito precisos. Quando se concluíram esses acordos na Europa muito pouco se tinha realmente feito no próprio continente africano.
Frequentemente, um único enviado de um governo ou de uma companhia competia com os seus rivais em África para obter uma assinatura de um dirigente africano, num acordo que podia ser usado na Europa para argumentar que os territórios que outros pretendiam governar tinham sido colocados sob protecção desse governo ou dessa companhia. Mas resta saber se o dirigente africano interpretava o acordo nesse sentido, se nesse caso, compreendia todas as suas implicações presentes e futuras, ou se o seu povo aceitava o seu direito de agir nesse sentido ou ainda se todo o povo do território que ele reclamava como seu reconhecia efectivamente a sua autoridade.
Muitos desses chefes africanos eram enganados com panos de algodão, objectos de adorno e aguardente, para assinarem a papelada. Quando quando a partilha foi concluída na Europa, houve necessidade de determinar onde se encontravam realmente no terreno os limites das colónias de África e estabelecer a ocupação efectiva das terras contidas dentro deles. As primeiras dessas medidas não podem ser caracterizadas antes de dez ou vinte anos ou mesmo mais anos depois de os primeiros acertos de partilha terem sido assinados na Europa. A instalação de administrações efectivas que controlassem todo o território e os povos que viviam dentro das fronteiras foi uma questão demorada, que raramente ficou concluída antes de 1914. Na verdade, não constituía de modo algum tarefa fácil porque as áreas envolvidas eram vastíssimas. A França, a Inglaterra e Portugal, reivindicavam impérios que possuíam uma área vinte vezes maior que a Metrópole.
As fronteiras coloniais foram decididas por negociadores que pouca consideração tinham pelas condições locais. Atravessavam pelo menos 177 áreas culturais dividindo unidades étnicas, económicas e sociais preexistentes e distorcendo o desenvolvimento de regiões inteiras. As fronteiras de Moçambique vieram a ser reguladas pelo tratado de 11 de Junho de 1891. A partir dessa altura, passou a ter as actuais fronteiras. Segundo a papelada, o país partilhava a fronteira de cerca de 4212 km (2795 milhas) com seis países vizinhos. Newitt, no A History of Mozambique (1995:352) refere que “o esboço contorcido de Moçambique moderno, fechado com os territórios anteriores de África Central Britânica, não representa nenhuma consequência racional das necessidades de um Estado Moderno, mas imortaliza momento do dia 11 de Janeiro de 1890, quando a música parou os missionários, aventureiros, cônsules, investigadores de concessão, enquanto os caçadores e o população inteira estavam congelados”. Depois do referido tratado, Moçambique passou a incluir os antigos territórios das cidades do litoral, e zonas do interior que estavam sob sua influência, no século XVI.
Perguntas de partida: Por que motivo o mapa de Moçambique se apresenta da forma como o conhecemos hoje? Por que o Malawi penetrou rumo ao Zambeze, e Tete se dirigiu a Zâmbia enquanto o Zimbabwe aperta Manica? Não seria mais fácil fazer traçados rectos? Nos próximos posts falarei do traçado das fronteiras de Moçambique com Tanzânia, Suazilândia e África do Sul, Zimbabwe, Maurícias, Zâmbia e Malawi.
Apresentação geral da ocupação
A partilha de África não começou e não terminou na Conferência de Berlim (1884), que definiu as condições de ocupação efectiva. Com pequenas excepções, a Europa e o Mundo aceitaram o facto a África ser propriedade de uma outra potência europeia: A Inglaterra, a França, a Alemanha, a Itália, Portugal, Espanha e Bélgica. No entanto, uma grande parte desta partilha foi efectuada na Europa, nas reuniões de Berlim, Paris ou Londres e noutras capitais onde os estadistas europeus definiram fronteiras entre as zonas rivais de influência dos seus países, que eram assinalados em mapas de pequena escala e nem sempre muito precisos. Quando se concluíram esses acordos na Europa muito pouco se tinha realmente feito no próprio continente africano.
Frequentemente, um único enviado de um governo ou de uma companhia competia com os seus rivais em África para obter uma assinatura de um dirigente africano, num acordo que podia ser usado na Europa para argumentar que os territórios que outros pretendiam governar tinham sido colocados sob protecção desse governo ou dessa companhia. Mas resta saber se o dirigente africano interpretava o acordo nesse sentido, se nesse caso, compreendia todas as suas implicações presentes e futuras, ou se o seu povo aceitava o seu direito de agir nesse sentido ou ainda se todo o povo do território que ele reclamava como seu reconhecia efectivamente a sua autoridade.
Muitos desses chefes africanos eram enganados com panos de algodão, objectos de adorno e aguardente, para assinarem a papelada. Quando quando a partilha foi concluída na Europa, houve necessidade de determinar onde se encontravam realmente no terreno os limites das colónias de África e estabelecer a ocupação efectiva das terras contidas dentro deles. As primeiras dessas medidas não podem ser caracterizadas antes de dez ou vinte anos ou mesmo mais anos depois de os primeiros acertos de partilha terem sido assinados na Europa. A instalação de administrações efectivas que controlassem todo o território e os povos que viviam dentro das fronteiras foi uma questão demorada, que raramente ficou concluída antes de 1914. Na verdade, não constituía de modo algum tarefa fácil porque as áreas envolvidas eram vastíssimas. A França, a Inglaterra e Portugal, reivindicavam impérios que possuíam uma área vinte vezes maior que a Metrópole.
As fronteiras coloniais foram decididas por negociadores que pouca consideração tinham pelas condições locais. Atravessavam pelo menos 177 áreas culturais dividindo unidades étnicas, económicas e sociais preexistentes e distorcendo o desenvolvimento de regiões inteiras. As fronteiras de Moçambique vieram a ser reguladas pelo tratado de 11 de Junho de 1891. A partir dessa altura, passou a ter as actuais fronteiras. Segundo a papelada, o país partilhava a fronteira de cerca de 4212 km (2795 milhas) com seis países vizinhos. Newitt, no A History of Mozambique (1995:352) refere que “o esboço contorcido de Moçambique moderno, fechado com os territórios anteriores de África Central Britânica, não representa nenhuma consequência racional das necessidades de um Estado Moderno, mas imortaliza momento do dia 11 de Janeiro de 1890, quando a música parou os missionários, aventureiros, cônsules, investigadores de concessão, enquanto os caçadores e o população inteira estavam congelados”. Depois do referido tratado, Moçambique passou a incluir os antigos territórios das cidades do litoral, e zonas do interior que estavam sob sua influência, no século XVI.
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