Maputo, 17 de Junho de 2016 • ANO XXIII • No
1171 • Preço: 40,00 Mt • Moçambique
Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2016 PMR Africa
Pág. 2 e 3
PR apregoa diálogo com arma em punho
Doadores não recuam e exigem esclarecimento da dívida para libertar dinheiro
Os recados de Nyusi a Dhlakama Pág. 4
TEMA DA SEMANA 2 Savana 17-06-2016
declaradas remetem ainda para
outras áreas que suscitam também
preocupação, que incluem o
combate à corrupção. Podemo-
-nos ater um pouco a isso? Até
porque a directora-geral do FMI,
instituição de que muitos paí-
ses membros do G14, incluindo
Portugal, fazem parte, apareceu,
publicamente, a dizer que, por
detrás das dívidas escondidas, há
sinais claros de corrupção.
A quem compete fazer essas conclusões
é a Procuradoria-Geral da
República e as autoridades judiciais
e legais moçambicanas, não será
certamente o embaixador de Portugal
que vai tirar as conclusões de
que houve ou não corrupção. Deverá
haver uma auditoria e deverá ao
mesmo tempo haver essas conclusões
e a consequência.
É para haver
responsabilização
A comunidade internacional tem
insistido muito na questão da auditoria
forense e, a ideia que fica,
que até pode ser errada, é de que
é preciso que haja responsabiliza-
ção dos arquitectos desta dívida.
Gostaríamos que comentasse sobre
isso.
Mas é o que faz parte de qualquer
acordo internacional, não é nada
de novo. Se vocês repararem bem
naquilo que era o memorando de
entendimento assinado entre os
parceiros da ajuda orçamental e o
Estado, lá estavam as regras, várias,
estabelecidas nos vários artigos,
relativamente à probidade na vida
pública, a transparência… Ora,
se há probidade e transparência, é
para haver consequências, é para
haver responsabilização. E, portanto,
essas coisas são indispensá-
veis numa sociedade que pretende
progredir, como a consolidação do
Estado de Direito e da responsabilização
da sociedade. É fundamental
para o reforço das próprias
instituições. Que aquilo que é para
investigar seja investigado e esclarecido
e haja consequências, senão
fica a sensação de que tudo o que
se faz pode não ser consequente.
Não pode haver a sensação de que
algo foi investigado devidamente
e ficou inconsequente. Não é bom
para a credibilidade e a força das
instituições do Estado face aos seus
cidadãos e face aos estrangeiros.
É fundamental esse tipo de coisas
acontecerem. Quando falamos na
transparência, falamos na responsabilização
também, mas isso compete
às competentes autoridades mo-
çambicanas fazerem a investigação
em prol daquilo que é o reforço da
credibilidade e da força das pró-
prias instituições do Estado.
Sendo o senhor embaixador uma
pessoa que conhece Moçambique
e o funcionamento das instituições
do Estado, acredita
numa auditoria que possa ir
L
evar à justiça aqueles que
endividaram o país, num
sensível dossier sobre as
dívidas ocultas, tem sido
apontado, em meios restritos,
como a operação que os donos
do dinheiro, nomeadamente, os
parceiros de ajuda orçamental a
Moçambique, querem impor a
contra-gosto do partido Frelimo.
Dada a delicadeza do caso,
há muita cautela na sua abordagem.
Em entrevista ao SAVANA,
o Presidente dos Parceiros do
Apoio Programático, que esta semana
terminou o mandato como
embaixador de Portugal, em Mo-
çambique, não fugiu à regra, mas
deixou claro que a responsabiliza-
ção é indispensável, por isso que,
os parceiros se batem duro para
que haja investigação forense da
dívida oculta. “Que aquilo que é
para investigar seja investigado e
esclarecido e haja consequências,
senão fica a sensação de que tudo
o que se faz pode não ser consequente”,
diz José Augusto Duarte,
na mesma semana em que o
embaixador da União Europeia
disse, à saída da Procuradoria-
-Geral da República, que só uma
investigação forense pode restabelecer
a confiança dos parceiros.
Duarte falava no mesmo dia em
que uma missão do Fundo Monetário
Internacional (FMI) chegou
a Moçambique para nove dias de
intensos encontros com as autoridades
de Maputo para perceber os
reais contornos da dívida oculta.
Siga a entrevista.
Anunciou, esta semana, o fim da
sua missão como embaixador de
Portugal em Moçambique. Como
é que foram os três anos de mandato?
Foram muito intensos. Houve sempre
muito trabalho a fazer, muitos
desafios a conquistar, em todas as
áreas de trabalho da embaixada de
Portugal. Empenhei-me bastante
no reforço das relações político-diplomáticas
entre Portugal e Mo-
çambique. Preparei muitas visitas
de autoridades portuguesas a Mo-
çambique. Preparei também muitas
visitas de autoridades moçambicanas
a Portugal. Preparamos muitas
propostas de acordos a assinar
entre as autoridades portuguesas e
moçambicanas. Apoiei e trabalhei
com muitas empresas portuguesas
que pretendem fazer investimento
ou que estão já em investimentos
em Moçambique. Mantive um
contacto diário com as autoridades
moçambicanas e com empresários
portugueses. Esforcei-me
o máximo possível para valorizar
e promover a cultura e os agentes
culturais moçambicanos em Portugal.
Empenhamo-nos também
na cooperação de ajuda ao desenvolvimento
que temos com Mo-
çambique há quase 30 anos, desde
a área militar, do ensino, e em todas.
Portanto, foram três anos muito intensos
em termos de trabalho, com
muitas frentes e muitos desafios.
Deixe-me dizer muito concretamente:
foi provavelmente o posto
da minha vida.
Por falar de desafios, que disse
que foram muitos, sai satisfeito
ou não?
O meu país faz este ano 873 anos,
mas está cheio de desafios por conquistar.
Moçambique tem 40 anos,
há de ter muitos desafios por conquistar.
Daqui a 100 anos, Moçambique
terá muitos desafios por conquistar.
O que quero dizer com isso
é que construir uma Nação nunca é
uma tarefa acabada. Todas as gera-
ções têm desafios importantes por
conquistar em prol do bem comum.
No caso de Moçambique, a geração
que conquistou a independência
fez um trabalho heróico, que foi
lutar para que o país fosse livre e
tivesse a sua soberania. Mas o trabalho
não está concluído. Essa foi
a tarefa daquela geração. A geração
que nasceu no Moçambique independente
tem outros desafios pela
frente. E a seguir a essa, outras gerações
virão e terão outros desafios
importantes na construção de um
Moçambique cada vez mais livre,
mais próspero, com inclusão social
e com desenvolvimento social e humano
e a bem de todos. Portanto,
esses desafios serão uma constante
que cada geração deverá dar o seu
contributo. É importante que cada
geração dê o seu contributo pelo
desenvolvimento e consolidação
da nação e não ache que o trabalho
está concluído pelas gerações que a
antecederam.
Depois da EMATUM, este ano
fomos todos colhidos de surpresa
sobre as chamadas dívidas escondidas.
Como é que Portugal, em
particular, e o G14 que presidiu,
no geral, receberam estas informações?
O G14, Portugal e todos reagiram
da mesma forma que os cidadãos
moçambicanos e qualquer pessoa
de bem. Nós reagimos com pena.
Lamentamos profundamente que
a situação das dívidas que não tinham
sido totalmente declaradas e
não eram conhecidas pelo público
moçambicano como também não
eram conhecidas pelos doadores,
tivessem criado uma situação muito
complicada. Isto não é bom para
Moçambique, não favorece Mo-
çambique, não beneficia Moçambique.
Moçambique orgulha-se de
ter estado durante muitos anos a
lutar para criar muitos amigos no
estrangeiro, ganhar prestígio e respeito
internacional, e estas dívidas
que agora foram declaradas e que
não eram ainda do conhecimento
público no geral, não são uma boa
notícia. Não são uma boa notícia
para o Orçamento do Estado mo-
çambicano com as consequências
que têm, não são uma boa notícia
para a economia moçambicana,
não são uma boa notícia para o
crescimento de Moçambique. Mas
dito isto, não é uma fatalidade, cá
estamos presentes, moçambicanos
e estrangeiros, para ultrapassar
a questão, para ver o que há para
fazer, não se pode ficar apenas a
lamentar o sucedido. Podemos empreender
medidas adequadas para
corrigir aquilo que está mal.
Uma situação que era evitável?
Acho que sim e desejável que não
tivesse acontecido também.
Um mês depois de assumir a presidência
do G14, ano passado,
concedeu uma entrevista ao SAVANA,
na qual considerava o dossier
EMATUM como um assunto,
extremamente, delicado. Como é
que viu o processo da reestrutura-
ção da dívida da EMATUM?
Mantenho que continua a ser um
assunto extremamente delicado.
Delicado porque é financeiramente
pesado, não é uma dívida pequena,
tem uma grande dimensão e tem
um impacto significativo nas contas
do Estado e é delicado também
porque acho que compete aos mo-
çambicanos resolver os assuntos internos.
Os doadores terão de dizer
a sua opinião, mas terão de ser os
moçambicanos a fazer as opções
que consideram adequadas para
ultrapassar os constrangimentos.
Portanto, a delicadeza do assunto
neste momento não é menor do
que há um ano quando dei essa entrevista,
provavelmente é igual ou
superior.
Se só a EMATUM já era um assunto
delicado, agora, com a
PROINDICUS e MAM, de que
magnitude é este dossier?
É de magnitude suficiente para
ter acontecido o que aconteceu. A
magnitude que tem é suficiente
para ter criado este problema com
os doadores internacionais e que
levou a que os doadores tivessem
decidido suspender a ajuda orçamental.
Não acho que seja uma
fatalidade, acho que as coisas se podem
e devem ser ultrapassadas em
benefício dos moçambicanos e das
moçambicanas. Para isso é necessá-
rio empreender algumas medidas
que acho que fazem parte das intenções
pelo menos já declaradas
pelo Governo moçambicano e que
tem feito parte das conversas que
temos tido com o Governo. Falta
agora é aprovar essas novas regras
e implementá-las.
Numa carta de 3 de Maio, ao Governo
de Moçambique, diz, em
nome do G14, que as dívidas não
O que os donos do dinheiro querem:
Por Armando Nhantumbo
“A responsabilização é indispensável”
— Presidente cessante do Grupo de Parceiros de Apoio Programático e embaixador de Portugal diz que dívidas escondidas é um assunto muito sério
que merece a devida correcção
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TEMA DA SEMANA Savana 17-06-2016 3
I. Introdução e Propósitos da Consultoria
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V. Submissão de candidaturas
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até à responsabilização dos potenciais
culpados, neste caso concreto?
Eu tenho de acreditar porque se eu
não acreditar é um descrédito completo
por essas instituições. Nós
precisamos também de transmitir
confiança às próprias autoridades
judiciais, e temos de pressioná-las
se for necessário, para que façam
essas investigações.
Não acha que 1.4 mil milhões de
dólares em dívida não declarada
seja um motivo para uma opera-
ção do tipo “Lava Jato” no Brasil?
Isso compete aos moçambicanos
decidir, não compete a mim. Só os
moçambicanos é que vão verificar
o que acontece noutros países e o
que acontece no seu país. Os mo-
çambicanos é que decidem. O país
é soberano.
O embaixador tem sido bastante
cauteloso e reitera que as decisões
cabem aos moçambicanos. Ora,
entre os moçambicanos há uma
percepção generalizada de que é
preciso que os membros do Governo
anterior sejam responsabilizados,
obrigados a esclarecer
o que terá acontecido. Como diz
que não cabe a si dizer sim ou não,
só gostaríamos de ouvir, pelo menos,
se acha justa ou não esta exigência
dos moçambicanos?
O que eu acho justo é que o assunto
tem de ser esclarecido. E aquilo
que eu disse e reitero é que é fundamental
que Moçambique faça
alguma coisa para recuperar essa
confiança. Os parceiros foram claros
na relação com as autoridades
moçambicanas que é necessário investigar
e esclarecer a situação. Que
Moçambique precisa de esclarecer
a situação. Que os moçambicanos
precisam de esclarecer a situa-
ção para consigo próprios. Se vão
questionar o personagem A ou B,
isso compete às autoridades legais
decidir. Mas o assunto, assumir claramente
perante autoridade internacionais
como foi assumido pelas
altas autoridades deste país que
havia dívidas que não tinham sido
declaradas, é uma situação complicada,
uma situação muito séria e
que merece necessariamente a sua
devida correcção. Ela só será corrigida
quando for feita a investiga-
ção e tiradas as devidas conclusões.
Portanto, a investigação terá de ser
levada a cabo naturalmente pela
autoridades legais moçambicanas.
Não terá, a redução de 19 para 14,
dos países membros do Grupo de
Parceiros de Apoio programático,
a ver com esquemas de corrupção
em Moçambique?
Tem a ver com vários factores.
Que incluem a corrupção?
A ajuda orçamental a Moçambique
deriva, essencialmente, de um
esquema que dura há quase 15
anos. O que acontece é que a realidade
internacional vai mudando.
Vai mudando nos países que dão
apoio ao Orçamento. Coisas que
eram muito populares, há 15 anos,
hoje são menos populares, relativamente,
às respectivas populações, e
portanto, deixam de ser prioridade
para as políticas desses mesmos
países, mas outros países também
surgem como potenciais recipientes
de ajuda orçamental e Moçambique
concorre com esses também.
Na última década, Moçambique
cresceu a uma média de 7.5 e, provavelmente,
não está numa situação
de carência, à partida, e por isso,
haverá tendência para redistribuir
para outros sítios, ou para não dar
o dinheiro da forma como se costumava
dar porque as prioridades
mudaram. Portanto, há uma série
de factores que levaram com que
passássemos de 19 a 14 Estados.
Dito isto, Moçambique não pode
fazer mais nada, sujeitar-se apenas
aquilo que são os caprichos da
concorrência internacional para arranjar
ajuda ou daquilo que são as
circunstâncias internas de cada país
doador? Eu acho que Moçambique
pode fazer muito. Eu acho que
pode. Faz parte da ajuda externa
de cada Estado, alimentar os amigos,
gerar confiança, conquistá-los,
convencê-los. Eu acho que há, sim,
muito trabalho a desenvolver nesse
domínio.
T
ermina o mandato e deixa um país em guerra.
Acha impossível que os moçambicanos vivam
a verdadeira reconciliação?
Não, não é impossível, ela depende da vontade
dos moçambicanos.
Julga que os moçambicanos não têm essa vontade?
Perguntamos isso porque há longos quatro anos que
os moçambicanos não conseguem pôr fim a este conflito.
Eu também estava muito contente com os acordos que
tinham sido assinados no dia 5 de Setembro de 2014
(para a Cessação das Hostilidades Militares) e que o
que faltava era a verdadeira reconciliação. Ora, para haver
a reconciliação, tem de haver a construção da con-
fiança. E neste momento não há essa confiança entre as
partes. Há que construir essa confiança para que depois
se passe para essa verdadeira reconciliação. Devo dizer
que eu rezo muito e torço muito para que isso aconteça
em Moçambique. Moçambique teve 10 anos de guerra
colonial, teve 16 anos de guerra interna e chega, os mo-
çambicanos tem de construir outra coisa, tem de saber
se relacionar doutra forma.
Eu pessoalmente condeno veementemente o recurso à
violência para defender pontos de vista. Não pode ser a
forma, nunca pode ser a forma de defender um ponto
de vista, o recurso à destruição, à morte, para defender
pontos de vista, por muito justa que seja a causa, nada
justifica a morte de um ser humano. Não é aceitável
isso. Há de haver instâncias legais e constitucionais
para dirimir diferenças. Ou mete um processo no Tribunal,
ou fala à Assembleia da República ou fala para
os órgãos de comunicação social ou tente convencer os
outros moçambicanos dos seus próprios argumentos,
mas não matando e destruindo. Dito isto, tem de haver
inclusão de todos, tem de haver esforço genuíno para
que todos façam parte deste país e com que haja uma
forma de ultrapassar as questões. Não acho de todo impossível
que sejam resolvidos os diferendos que existem,
mas exigem certamente uma vontade redobrada
para que cheguemos lá.
E como tem visto os esforços das partes em conflito,
se é que há esforços, no sentido de pôr fim a esta situação?
Não sei, não tenho acompanhado com a precisão necessária,
não posso avaliar. O que é certo é que o que
tenho ouvido nas conversas que temos tido sempre
com as partes em conflito é que, quer de um lado, quer
do outro, há declaração de uma grande vontade de se
chegar à paz e de haver um entendimento. Dito isto,
há vontade, mas falta um esforço redobrado para conquistar
essa mesma confiança. Eu acho perfeitamente
possível e nesse sentido eu saio optimista no sentido
de que vai ser possível. Mas também é uma questão
de tempo, mais tarde ou mais cedo, as pessoas vão se
saturar, têm que acabar com esta situação, não é sustentável
indefinidamente. A situação do conflito em Mo-
çambique não é sustentável indefinidamente, ninguém
aguenta isto e, portanto, os moçambicanos, mais tarde
ou mais cedo, terão de chegar às negociações. Seja pela
vontade redobrada das partes, seja pela inviabilidade
das coisas, eu saio optimista quanto ao desfecho, apesar
de não saber quando vai acontecer.
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Tensão político-militar
TEMA DA SEMANA 4 Savana 17-06-2016 TEMA DA SEMANA
Numa altura em que a
Comissão Mista composta
pelos mandatá-
rios do governo e da
Renamo ainda busca mecanismos
para o encontro ao mais alto
nível das respectivas lideranças,
o Presidente da República (PR)
e Comandante em Chefe das
Forças de Defesa e Segurança,
Filipe Nyusi, orientou as Forças
de Defesa Segurança (FDS) para
se manterem em prontidão combativa
de modo a garantirem o
controlo eficiente e eficaz de cada
metro quadrado do território nacional
e cada milha do mar e ar.
Segundo Nyusi, Moçambique é
um Estado de direito democrático
e não há espaço para dualismo,
onde por um lado há partidos políticos
civis e por outros armados.
As confrontações armadas entre
as tropas governamentais e
os homens armados da Renamo
continuam se fazendo sentir no
país, perante o clamor da paz das
populações. Em virtude disso, o
governo introduziu semana passada
a terceira escolta militar na
Estrada Nacional Número 7, no
troço entre Vanduzi, província de
Manica, ao rio Luenha, no distrito
de Changara, em Tete, num
percurso de aproximadamente
250 quilómetros, isto depois da
coluna no troço Save-Muxúnguè
e Nhamapaza-Caia na província
de Sofala.
Nyusi considera que a paz constitui
condição primária para a
estabilidade política, desenvolvimento
económico, harmonia e
equidade social. No entanto, refere
que a mesma não tem como
se materializar ou se consolidar
sem que as FDS não sejam devidamente
esclarecidas as suas
missões constitucionais, com destaque
para a defesa da soberania
nacional.
Foi nesse sentido que, esta segunda-feira,
Filipe Nyusi, na qualidade
de Comandante em Chefe
das Forças de Defesa e Seguran-
ça, patenteou e conferiu posse a
diferentes quadros militares e da
PRM.
Justificou o PR esta acção alegando
que se trata de uma acção
que visa colocar quadros à altura
de desafios específicos, sendo que
neste momento o restabelecimento
da paz afigura-se como o
maior.
A nível das FDS, o PR promoveu
Lazaro Menete como comandante
do Ramo do Exército; Messias
Niposso para comandante da For-
ça Aérea; Eugénio Mataruca para
o cargo de comandante da Marinha
de Guerra, Eugénio Mussa
como comandante do Serviço
Cívico e por último Francisco
Mataruca para vice-comandate
do Instituto Superior de Estudos
de Defesa Tenente-General, Armando
Guebuza.
Na Polícia da República de Mo-
çambique (PRM) patenteou cinco
oficiais generais como adjuntos
comissários da polícia. Trata-se
de Aquilasse Manga, Bernardo
Chicoco, Ernesto Guambe, Júlio
Bonicela e Zito Maconha.
Depois deste acto, clarificou
Nyusi: “estamos num Estado democrático
e de direito por isso
não devemos abrir espaço para
uma convivência dualista, por um
lado, partidos civis e, por outro,
partidos armados”.
Prosseguiu afirmando que a actividade
militar deve ser uma
prática constante e, por via disso,
defenderem de forma vigorosa os
direitos humanos, sobretudo o
direito à vida e as liberdades fundamentais
do homem, defender a
nossa soberania.
Segundo Nyusi, para o cumprimento
deste desiderato é preciso
que as FDS pautem igualmente
pelos princípios de deontologia
profissional, “por isso, vos
orientamos a elevarem o grau de
prontidão combativa de modo a
garantirem o controlo eficiente
e eficaz de cada metro quadrado
deste território e cada milha do
nosso mar e ar”, precisou.
Mesmo com estas indicações,
o PR diz estar consciente que o
soar das armas não é o caminho
certo para a busca da paz, pelo
que defende o princípio de diá-
logo para resolução de diferendos,
tendo de seguida reiterado o
seu convite ao líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, para aquilo
que chamou de diálogo profícuo
ao convívio democrático.
Na mesma ocasião, advertiu que
as incursões com recurso a armas
não devem servir de mecanismo
para forçar o Governo a consensos
inconstitucionais que ferem
os princípios democráticos, tendo
sublinhado que o povo não pode
ser feito refém para se alcançar
o poder. Numa altura em que o
Malawi equaciona abandonar o
uso das estradas nacionais para
o transporte das suas mercadorias
devido aos constantes ataques,
Nyusi apelou à calma e sem fazer
menção a qualquer nome, disse
que os países vizinhos não devem
ganhar ódio contra os moçambicanos
devido a um grupo que ataca
os seus bens quando transitam
por Moçambique.
O ministro de Defesa, Atanásio
M´tumuke também avançou no
mesmo diapasão afirmando que
a reorientação e refrescamento
das FDS visa responder às novas
dinâmicas e contexto em que os
inimigos da paz desestabilizam e
geram pânico nas populações.
Segundo M´tumuke, é neste cenário
em que as FDS são chamadas
a promoverem acções que
concorram para o restabelecimento
da ordem, tranquilidade
pública e, acima de tudo, que não
se coloque em causa a soberania
nacional.
Vamos nos focar no diálogo
O porta-voz da Renamo, Antó-
nio Muchanga, criticou a atitude
de Filipe Nyusi de recorrer sempre
à imprensa para convidar o lí-
der da Renamo, Afonso Dhlakama,
para a retomada do diálogo.
Segundo Muchanga, já foi criada
uma comissão de preparação do
diálogo entre as duas lideranças,
sendo que agora é chegada a hora
das partes se focalizarem nos preparativos
sob pena de dar a entender
que se está a caminhar para
encontros infrutíferos.
PR reforma FDS debaixo de tensão político-militar
Nyusi apregoa diálogo com arma em punho
Por Argunaldo Nhampossa
perança”, um numeroso grupo de
Organizações da Sociedade Civil
(OSC) convocou, para este sábado,
em Maputo, uma mega marcha pacífica
para protestar contra a actual
situação política e económica do
país.
A actual situação política do país é,
actualmente, caracterizada por desentendimento
e desinteligências
entre o governo moçambicano e a
Renamo, realidade que tem estado
a desembocar em sistemáticos e
permanentes confrontos armados
em várias regiões do país, particularmente
na região centro.
Por outro lado, continua a revoltar
meio mundo o facto de o país
estar a atravessar aquele que pode
ser tido como um dos piores momentos
económicos, uma realidade
directamente relacionada com
a contracção, pelo executivo de
Armando Guebuza, de dívidas no
valor global de quase 2.2 biliões de
dólares americanos.
Pior e mais revoltante para a Sociedade
Civil é o facto de as referidas
dívidas terem sido escondidas dos
moçambicanos e dos principais
parceiros internacionais.
Falando na qualidade de porta-
-voz do movimento social, Alice
Mabota desenhou um quadro
negro para o país e disse que o
futuro dos moçambicanos está,
a cada dia que passa, a ficar
comprometido.
Para ela, a manifestação de rua é
um mecanismo que se pode encontrar
e usar, neste momento,
para dizer “basta” e exigir uma
postura diferente por aquele que
tem a função e obrigação constitucionais
de assegurar condi-
ções dignas às populações.
“Nós, representantes de Organizações
da Sociedade Civil,
organizações profissionais, religiosas,
académicas e económicas,
estamos preocupados com
o rumo que o país tem estado
a tomar nos últimos anos. Por
isso, queremo-nos exprimir em
defesa do futuro e de uma sociedade
pacífica, sem corrupção,
ataques a vozes dissidentes e
sem intolerância. Neste contexto,
convidamos todos cidadãos/
cidadãs a participarem numa
marcha pacífica com o lema:
“pelo direito à esperança”, disse.
Alice Mobota, presidente
da Liga dos
Direitos Humanos
(LDH), e João Pereira,
director da Fundação Mecanismo
de Apoio à Sociedade
Civil (MASC), promotores da
marcha contra a situação político-militar
e económica do
país, que este sábado terá lugar
na capital do país, Maputo,
queixam-se de ameaças.
Os dois activistas sociais referem
que receberam mensagens
escritas do telemóvel com o
conteúdo de ameaça de morte.
Disseram que os autores das
mensagens aconselharam os activistas
a não aderir à manifestação
pacífica convocada para
este sábado.
“Queres aderir à marcha? Adira.
Estaremos a tua espera”, disse
Alice Mabota.
Alice Mabota diz que apresentou
uma queixa, nesta quarta-
-feira na Procuradoria-Geral
da República.
Tudo a postos
Sob o lema, “pelo direito à es-
- Alice Mabota e João Pereira falam de mensagens com o tom intimidatório
De protesto contra a situação político-militar e económica do país
Promotores da marcha
queixam-se de ameaças
)LOLSH1\XVLGL]TXHDV)'6GHYHPJDUDQWLUFRQWURORHÀFD]GRWHUULWyULRQDFLRQDOPDUHDU
TEMA DA SEMANA Savana 17-06-2016 5
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6 Savana 17-06-2016 SOCIEDADE
A
semana que termina começou
nebulosa no Jornal
Zambeze. Em pleno
dia de fecho, terça-feira,
a Polícia de Investigação Criminal
(PIC), a nível da cidade de Maputo,
notificou e com efeitos imediatos
o Director e Chefe da Redacção
deste semanário, João Chamusse e
Egídio Plácido, respectivamente, a
prestar declarações, acerca de dois
artigos publicados, na sua penúltima
edição (datada de 9 de Junho).
Numa situação jamais vista, cinco
agentes da PIC acamparam, em
frente à redacção daquele semanário,
à espera dos jornalistas para
uma audição, de cerca de três horas
(das 12 às 15 horas) e, à saída, João
Chamusse disse que a notificação
visava apenas assegurar a realização
de um inquérito acerca de dois artigos
recentemente publicados pelo
Zambeze.
“Houve uma notícia que o Zambeze
publicou vinda da Beira. Então,
a Polícia queria saber os contornos
e provas. É uma outra notícia
relacionada com uma denúncia da
população sobre autoridades que
roubam coisas da população”, disse
Chamusse.
Dos referidos artigos, o primeiro,
intitulado “Militares Zimbabweanos
abatidos na Gorongosa”, fala de
supostos militares zimbabweanos,
que foram alvos dos homens armados
da Renamo, quando seguiam
para Gorongosa, com o intuito de
apoiar as Forças de Defesa e Segurança
(FDS); e o segundo, cujo
título é “FDS acusadas de roubar
galinhas em Vanduzi”, aborda os
actos cometidos pelas FDS, ressalvando
que os mesmos são também
atribuídos aos homens armados da
Renamo.
Para Egídio Plácido, tratou-se de
um acto de intimidação porque
“todo o mundo sabe como é que é
feita uma notificação policial”.
“Nós temos um endereço próprio,
trabalhamos para uma instituição,
pelo que não havia necessidade de
a Polícia recorrer àquela maneira.
Não havia necessidade para aquele
aparato de cinco homens para vir a
PIC prestar uma simples declara-
ção. De certa forma sentimo-nos
intimidados”, argumentou Plácido.
Esta situação deixou indignada a
comunicação social, que fez a questão
de acompanhar o caso de perto.
“Não é papel da PIC visitar
redacções” – Fernando
Gonçalves, Director do
MISA
O Presidente do MISA-Moçambique,
Fernando Gonçalves, classifica
o acto como sendo de intimidação,
a avaliar pelos procedimentos seguidos
pela PIC e avança que “não
é o papel da PIC visitar redacções”,
a pedir explicações do trabalho que
fazem.
“Há um hábito de exigir os jornalisLiberdade
de expressão sob ameaça?
PIC causa pânico no ZAMBEZE
Por Abílio Maolela
tas a se explicarem sobre o trabalho
que fazem. Os jornais, rádios e televisões
veiculam informações que
recebem de várias fontes, incluindo
o que é publicado por vários órgãos
de informação”, explicou.
Gonçalves acrescenta que a informação
publicada pelo Zambeze
não foi desmentida e, mesmo que
esta não seja verídica, a justiça deve
accionar “mecanismos previstos na
lei”.
“Estas encenações são um mau
ambiente, quanto ao exercício da liberdade
de expressão e de imprensa
em Moçambique. Apelamos às
pessoas que têm estado por detrás
destas maquinações a desistirem de
actos que configuram em tentativas
de intimidação e de impedir que
a imprensa realize as actividades
num ambiente de independência
e de liberdade, tal como consagra
a Constituição da República e demais
legislação”, sublinha.
Este caso sucede o da Agência
Lusa, que há semanas foi notificada
para prestar declarações na
Comissão Parlamentar dos Direitos
Humanos e de Legalidade da
Assembleia da República, acerca da
existência ou não da suposta vala
comum, no distrito da Gorongosa,
na província de Sofala.
Sobre este caso, o também Editor
do SAVANA esclarece que em
nenhum momento aquele órgão
de comunicação disse haver vala
comum, mas que “havia relatos da
existência desta” e que os jornalistas
tiveram dificuldades em aceder ao
local.
“A PIC prestou-se ao ridícuORµ5HÀQDOGR&KLOHQJXH
(GLWRUGR&RUUHLRGD0DQKm
Para o Editor do Correio da Manhã,
Refinaldo Chilengue, o que
se assistiu na manhã de terça-feira
foi um acto de intimidação e a PIC
“prestou-se ao ridículo” ao não recorrer
à fonte primária.
“Aquilo não passa de uma atitude
de intimidação porque os jornaa
Deus pertence porque ninguém
pensava que isto pudesse acontecer
no mandato de Filipe Nyusi”.
“Elevou-se muito as expectativas
com a entrada de Filipe Nyusi, a
partir do seu discurso de tomada de
posse, mas está a mostrar que está
a dar continuidade ao trabalho de
Guebuza”, constata.
“Primeiro foi a Lusa, hoje é o Zambeze.
Já não sabemos quem será o
próximo”, remata.
Recordar que, em 2013, os jornalistas
e Editores do MediaFax e
Canal de Moçambique, Fernando
Mbanze e Fernando Veloso, respectivamente,
foram notificados
pela Procuradoria-Geral da Repú-
blica a prestar depoimento em torno
da opinião crítica do académico
Carlos Castel-Branco.
Fernando Mbanze seria julgado e
absolvido, no ano passado, pelo juiz
João Guilherme, naquilo que ficou
conhecido como a vitória da liberdade
de expressão e de imprensa.
listas reproduziram o que a rádio
zimbabweana publicou (está na internet
em português e inglês). Com
um pouco de esforço, a PIC ia à internet
ver o que está a acontecer e
não se prestar ao ridículo”, diz.
Com esta situação, questionamos
a fonte que futuro se desenhava
no país, em relação à liberdade de
imprensa, ao que disse: “o futuro
Mais uma vez a liberdade de expressão e de imprensa foram postas em causa
Savana 17-06-2016
7
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8 Savana 17-06-2016 SOCIEDADE
T
ido como o maior disparate
de sempre vindo da
boca de um economista,
Adriano Maleiane, o ministro
da Economia e Finanças,
afirmou, voz alta, em Maio último,
que o bolso do cidadão não
será afectado por causa da dívida
pública moçambicana. É uma
teoria que, em meandros habilitados,
incluindo entre antigos
colegas de carteira do ministro,
não encontra acolhimento algum
e, de tanta polémica, o SAVANA
foi bater a porta de um dos
mais activos economistas mo-
çambicanos, mesmo em termos
de produção científica. “Isso não
é verdade”, responde João Mosca,
para quem dá a impressão de
que o Governo pensa que ninguém
mais sabe do assunto, que
as pessoas não sabem pensar, ou
que quer aldrabar, mentir e considerar
os cidadãos como pessoas
de menor idade, o que é muito
mau para a credibilidade de um
Estado. Na contra-balança, João
Mosca coloca pelo menos quatro
cenários para desconstruir a tese
que, para os mais críticos, parece
ser de um estudante de noções
de economia da Universidade de
Nachingweia.
Cenário 1
João Mosca contra-argumenta
que é falso que o bolso dos cidadãos
não vai ser afectado por causa
das dívidas, algumas das quais
contraídas de forma criminosa.
“Isso não é verdade porque se
existe dívida pública, automaticamente,
essa dívida tem de ser
paga com o Orçamento do Estado
(OE)”, reage o Professor que
há longos anos tem vindo a escrever
sobre a economia moçambicana.
Logo, explica João Mosca, se uma
parte de dinheiro do OE vai para
Académico desmonta tese de Maleiane de que a dívida pública não afecta bolso do cidadão
Não há truque que esconda a roubalheira
3RU$UPDQGR1KDQWXPER
pagar dívidas contraídas por empresas,
que depois se transformaram
em dívida pública, como os
USD 1.4 mil milhões contraídos
às escondidas, há uma redução
automática da disponibilidade
orçamental, o que tem implica-
ções sobre outras áreas onde o
Estado devia ter um papel importante,
como educação, saúde,
água, incluindo o pagamento de
salários.
Cenário 2
O segundo cenário que Mosca
traça tem que ver com o aumento
de impostos que, entretanto, até
aqui o Governo garante que não
irá mexê-los, uma promessa na
qual o economista não acredita.
Para ele, o Governo diga o que
disser, mas muito provavelmente
vai aumentar os impostos. Argumenta
que, se não aumentar,
é porque o dinheiro vai sair de
outro lado qualquer, menos da
economia moçambicana que está
a decrescer.
“As empresas de recursos naturais
estão a desempregar pessoas, a
construção civil está a desempregar
pessoas. O Estado pode não
desempregar pessoas, mas provavelmente
não vai empregar mais
pessoas. Todo o tecido empresarial
está em crise. O governo mo-
çambicano continua a dizer que
vai haver crescimento, mas todos
os empresários dizem que estão a
diminuir a produção, muitas empresas
estão a fechar. Então, onde
está o crescimento económico? É
falso” rebate.
Mosca explica: “o nosso Orçamento
de Estado é deficitário e
à longa data. Moçambique vai
crescer menos ou talvez vai crescer
negativo. Os impostos vêm
dos rendimentos das pessoas, do
rendimento das empresas. Se as
empresas produzem menos, se há
menos empregos, as receitas do
Estado vão diminuir, então, onde
é que o Estado vai buscar dinheiro?
Há menos empresa para taxar
e há menos pessoas empregadas
para taxar. Os doadores não dão
dinheiro, as empresas públicas
estão falidas e custam dinheiro
ao Estado. Onde é que vai buscar
dinheiro? Só aumentando os
impostos, não tem outra opção”.
Refere que, se há que pagar dívidas,
o Estado tem de obter receitas
adicionais e para obter receitas
adicionais, a subida de impostos
pode ser uma das medidas a tomar.
“Ora, se os impostos aumentam,
você fica com menos dinheiro no
seu bolso porque uma parte do
seu salário é retido na fonte como
IRPS assim como nas empresas
o IRPC. Significa que você tem
menos rendimento para o seu
orçamento familiar, as empresas
têm menos lucros e se têm menos
lucros podem investir menos,
podem produzir menos, podem
criar menos empregos e podem
afectar o fornecimento de bens
essenciais à população”, diz.
Cenário 3
De acordo com o economista
que um dia mandou “futseka” ao
Fundo Monetário Internacional
(FMI), se há aumento da dívida
pública e se o Estado vai buscar
alguma parte dessa dívida com
financiamento bancário interno,
significa que se está a tirar dinheiro
de crédito ao sector privado e
ao sector familiar para financiar o
sector público.
“Se assim é, automaticamente,
porque existe uma menor disponibilidade
ou oferta de dinheiro,
automaticamente, a taxa de juros
vai subir, o investimento pode
cair, assim como a produção, os
custos sobem e se os custos sobem,
os preços também podem
subir, afectando o nível de vida
das pessoas”, explica.
Cenário 4
Prossegue, esclarecendo que, se
a taxa de juro aumenta, em princípio
existe uma relação directa
com o metical.
“O metical também pode desvalorizar
e a confiança que os
financiadores externos têm sobre
Moçambique reduz-se e ao
reduzir-se a confiança, automaticamente,
as taxas de juros lá fora
pagam, e se as taxas de juros lá
fora pagam, nós temos de pagar
mais lá fora em divisas. Portanto,
a taxa de câmbio vai subir e com
um efeito negativo. A subida da
taxa de câmbio vai fazer com que
as importações de bens essenciais
no mercado interno e os preços
internos aumentem, afectando
logo a população”, argumenta.
Afecta o bolso, sim!
Na entrevista ao SAVANA, o
economista refere: “significa que a
contracção da dívida pública tem
muitíssimas implicações a curto e
longo prazo e essas implicações
vão directamente afectar a população,
sobretudo, a população de
rendimento mais baixo, que são
os pobres”.
E explica-se: “isso não significa
que a população de rendimento
médio e alto não fica afectada,
mas a capacidade de aguentar
essa subida de preços é completamente
diferente. Se você ganha
200 mil meticais e gasta 50 mil
em alimentos e passa a gastar 60
mil por causa da inflação, você
ainda pode suportar essa subida
de preços. Mas se você ganha 5
mil meticais, e tudo gasta em alimentos,
em água, energia e outros
bens e serviços essenciais, e
os preços sobem, você, automaticamente,
fica sem
possibilidades de comprar
O somatório das dívidas da EMATUM, PROINDICUS e MAM é de aproximadamente USD 2 mil milhões, exceptuando os
USD 221.4 milhões também contraídos secretamente pelo Ministério do Interior. “É mentira, a dívida afecta gravemente o bolso do cidadão“, João Mosca
“A dívida não vai afectar o bolso do cidadão comum”, Adriano Maleiane
Savana 17-06-2016 9
SOCIEDADE
aquilo que anteriormente
pagava porque o seu rendimento
não se altera, pelo
contrário, diminui por causa
da inflação”.
“Dá a ideia de que o Governo
quer aldrabar”
A fonte, para quem as dívidas têm
um efeito directo e muito forte
sobre a população, sublinha que
é absolutamente errado e tecnicamente
mau que o governo venha
dizer “essas coisas”, ou seja, que a
dívida pública não afecta o bolso
do cidadão.
Para Mosca, ao afirmar que a
dívida pública não vai afectar o
bolso dos cidadãos, “o Governo
dá a ideia que pensa que ninguém
mais sabe do assunto, que as pessoas
não sabem pensar, dá a ideia
de que quer aldrabar, mentir e
considerar os cidadãos como pessoas
de menor idade. Isso é muito
mau para a credibilidade de um
Estado, como interna como externa.
Isso é que eu lamento bastante”.
Questionado se o seu argumento
era apenas no campo teórico ou
se a dívida já tem impacto no bolso
do cidadão, o entrevistado respondeu:
“a taxa de câmbio subiu
e subiu, em parte, por causa dessa
falta de confiança no governo, subiu
porque essa falta de confiança
levou a uma redução de investimento
interno, levou à retirada do
dinheiro dos doadores. Significa
que a taxa de câmbio aumentou
porque o dinheiro de divisas não
está a entrar via investimento directo
e via doadores, logo a taxa
de câmbio aumenta e se a taxa
de câmbio aumenta, os preços já
estão aumentando. Por exemplo,
hoje, e é mais do que evidente,
existe uma inflação muito superior
que aquela que existia há um
tempo, logo, a população está a
sofrer. Não só isso, existe falta de
divisas para fazer pagamentos às
importações. Os Mukheristas já
estão com dificuldades de importar
porque não têm dinheiro para
comprar lá fora, na África do Sul.
Significa que a quantidade dos
produtos que os Mukheristas vão
oferecer aqui internamente é menor,
fazendo de novo aumentar os
preços”.
A uma pergunta sobre até quando
os discursos optimistas, disse que
só o Governo pode responder.
“O Governo é que sabe até quando.
Qual é a capacidade a mais
que tem de continuar a mentir.
Se eles rectificarem e começar a
dizer as verdades, então a situa-
ção muda completamente. Mesmo
a pressão internacional, dos
doadores, da sociedade civil, dos
jornalistas, vai diminuir porque se
terá conseguido finalmente que
o Governo diga as verdades com
transparência para que depois
haja responsabilização”, comenta.
“É preferível rolar
cabeças”
Numa altura em que está a caminho
de Maputo uma equipa do
FMI para avaliar a real situação
da dívida pública moçambicana,
João Mosca entende que nenhum
parceiro internacional vai decidir
retomar o apoio a Moçambique
antes da palavra da instituição dirigida
por Christine Lagarde.
“A senhora Lagarde veio dizer
que tem fortes desconfianças de
que tudo isto procura esconder
corrupção e se é o problema de
corrupção, aí a posição do FMI
será completamente diferente. O
FMI não vai continuar a financiar
corrupção. Se reparar bem esta
frase, com aquelas condições que
o G14 colocou na carta ao Governo
moçambicano, que exige
esclarecimentos sobre quem são
as empresas, quem são as pessoas,
quais são os valores, etc, etc…
enquanto isso não for esclarecido,
não vai haver dinheiro”, comenta,
apontando que significa que tem
de haver responsabilização.
“Moçambique, através da PGR,
parece que está a querer ou está
a fazer isso, mas independentemente
dessa auditoria da PGR,
internacionalmente, vão fazer auditorias
porque já não acreditam
que na PGR vai ser um trabalho
bem feito. E sem a conclusão dessa
auditoria forense externa, não
haverá dinheiro. Quanto tempo
vamos demorar para fazer essa
auditoria? E se a auditoria verificar
que há corrupção, que certamente
existirá?” questiona-se.
Para o economista, todo este
cenário só mostra que há, em
Moçambique, uma rede muito
estranha e de uma engenharia
financeira que pode envolver alta
corrupção que é preciso descobrir
porque caso não a situação económica
e social do país vai ser
dramática.
“É preferível rolar cabeças internamente,
assumir responsabilidades
internamente, a Frelimo assumir
aquilo que tem de assumir, o
Governo assumir aquilo que tem
de assumir, responsabilizar individualidades
se for o caso para a
salvação do país, de Moçambique,
dos cidadãos e para que a Frelimo
não fique definitivamente
conhecida como uma instituição
corrupta. Se a Frelimo não quer
responsabilizar internamente o
Governo, então, está a pactuar
com esse tipo de situações”, adverte.
Comentou ainda sobre o incumprimento,
pela MAM, do pagamento,
a 23 de Maio último, de
USD 178 milhões referentes à
primeira tranche da dívida, afirmando
que, quando um País entra
a não cumprir os seus compromissos,
automaticamente, a
condição do Estado como pessoa
jurídica de bem deixa de existir e
o Estado passa a ser um homem
vigarista como outro qualquer
que não cumpre com os seus
compromissos.
De Janeiro a Maio de 2016, o país registou um agravamento de preços dos produtos de primeira necessidade em 8,47% com
XPUHÁH[RPDLRUQDGLYLVmRGHDOLPHQWDomRHEHELGDVQmRDOFRyOLFDVTXHFRQWULEXLFRPQRWRWDOGDLQÁDomRDFXPXODGD
Oembaixador da Repú-
blica Popular da China
em Moçambique, Su
Jian, visitou esta terça-
-feira a sede da Confederação das
Associações Económicas de Mo-
çambique – CTA, onde manteve
um encontro com o Conselho
Directivo desta agremiação, dirigido
pelo respectivo presidente,
Rogério Manuel.
O encontro inseriu-se na materialização
dos acordos alcançados
pelos governos de Moçambique e
da China, na recente visita efectuada
pelo Presidente da Repú-
blica, Filipe Jacinto Nyusi, àquele
país asiático.
Conforme revelou Su Jian, a ida
à CTA serviu para discutir a implementação
da Cooperação da
Capacidade Produtiva, um programa
estratégico com o qual
“poderemos avançar com a industrialização
em Moçambique, pois
queremos que este País tenha
uma economia muito forte”.
Su Jian explicou que este programa
visa a criação de mais postos
de emprego e preparar tecnicamente
mais operários moçambicanos.
A China quer contribuir
para que Moçambique tenha
Embaixador chinês mantém encontro
com a CTA
mais infra-estruturas, mais formação
profissional, para além de
encontrar a forma financeira mais
viável e diversificada para desenvolver
a sua economia.
O diplomata assegurou que o objectivo
da Cooperação da Capacidade
Produtiva é de reforçar a
produção nacional, promovendo
as exportações e diminuindo as
importações.
“Podemos tirar vantagens recí-
procas e fazer milagres para Mo-
çambique crescer, pois não será
apenas com a exploração dos recursos
naturais que vai melhorar
a economia, mas também garantindo
uma segurança financeira e
económica”, sustentou.
Já o presidente da CTA, Rogério
Manuel, disse que a visita do embaixador
da China em Moçambique
tem por finalidade promover
cada vez mais a relação entre o
empresariado nacional e o chinês.
Rogério Manuel deu a saber que,
“aquando da nossa recente visita
à China, acompanhando o Presidente
da República, assinámos
vários memorandos de coopera-
ção, sendo um deles sobre o apoio
a Moçambique no ramo da industrialização”.
“Foi daí que nós, como sector
privado, entrámos nesta área empresarial
para abraçar este programa
designado Cooperação da
Capacidade Produtiva”, afirmou o
presidente da CTA, que assegurou
haver valores para financiar os
projectos chineses em Moçambique.
O presidente da CTA descreveu
o referido programa como “uma
oportunidade que nos é dada pelo
governo chinês para promover a
industrialização em Moçambique.
Neste contexto, no próximo
dia 24 do mês em curso, uma
delegação empresarial composta
por 80 empresários chineses estará
em Maputo para um encontro
de negócios.
Importa referir que a Coopera-
ção da Capacidade Produtiva tem
como áreas de investimento a
indústria transformadora, o agro-
-negócio, o turismo, a pesca, o comércio
e serviços bancários.
6X-LDQHPEDL[DGRUGD5HS~EOLFD3RSXODUGD&KLQDHP0RoDPELTXH
10 Savana 17-06-2016 PUBLICIDADE SOCIEDADE
Programa de Doutoramento em Estudos Estratégicos
Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS), em parceria com o Instituto Superior de
Relações Internacionais (ISRI)
CANDIDATURA E SELECÇÃO
2016
DOUTORAMENTO
Turma especial ISRI-Maputo
Candidatura: 25 Abril a 22 de Julho de 2016
Selecção de candidatos: 04 a 13 de Agosto de 2016
Editais e maiores informações:
www.ufrgs.br/PPGEEIhttp://www.isri.ac.mz/
Rua dos Desportistas, Prédio JAT- V2 2° andar
Maputo - Moçambique
Telefone: 824298342
E-mail: ppgeei@ufrgs.br
Savana 17-06-2016 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE
12 Savana 17-06-2016 SOCIEDADE
Bruno Chaicomo, trabalhador
da empresa China
Road & Bridge Corporation
(CRBC), empreiteiro
responsável pela construção da ponte
Maputo-katembe que na passada
sexta-feira foi um dos primeiros
socorristas do acidente marítimo na
baia de Maputo, envolvendo o ferryboat
Pfhumo e a embarcação Mapapai
II, mas que depois quebrou o pé
durante o resgate dos naufragados, é
o único ferido que continua no leito
hospitalar.
Mas mesmo ferido, Chaicomo diz
não estar arrependido da missão que
empreendeu, entretanto, lamenta a
lenta capacidade de resposta de entidades
como Forças Navais e Polícia
Marítima.
A travessia Maputo-Katembe vice-
-versa voltou à normalidade depois
do susto verificado semana passada.
A demanda pelos barcos é cada vez
maior, dado o crescente número de
jovens que correm para aquele distrito
municipal para instalar as respectivas
residências.
Na correria de chegar cedo ao local
de trabalho ou escola a procura pelos
barcos menores é cada vez mais crescente
devido à rapidez em relação ao
ferryboat.
A embarcação Mapapai II envolvida
no sinistro está fora de circulação e
aguarda pela respectiva reparação
bem como a conclusão e divulgação
dos resultados do inquérito.
Bruno Chaicomo, 35 anos de idade,
nascido na Ilha de Inhaca, desempenhou
um importante papel no resgate
de muitas pessoas lançadas à sua sorte
nas águas da baia depois do embate.
O SAVANA interceptou-o na ortopedia
I do Hospital Central de Maputo
onde se encontra em recupera-
ção depois de ter fracturado a perna
esquerda e contou-nos ao pormenor
o sucedido.
O ilhéu cumpria a sua rotina normal
de trabalho que é de pilotar a embarcação
da CRBC na qual transporta
trabalhadores idos de Maputo para o
local das obras entre outros.
Minutos depois de deixar a ponte-
-cais do lado da cidade de Maputo,
diz ter ouvido gritos de socorro, facto
que o levou a acelerar o barco para ver
o que se estava a passar e prestar o
devido auxílio, caso fosse possível.
Chegados ao local, um acidente pouco
vulgar acabava de acontecer nas
águas nacionais. Um barco da companhia
privada de transporte marítimo
denominado Mapapai II embateu no
ferryboat Pfhumo da Transmarítima
tendo de seguida capotado.
Para além de piloto, Chaicomo desempenha
a função de marinheiro,
tendo na ocasião deixado o barco da
CRBC com o seu colega e de imediato
atirou-se ao mar para tirar as
vítimas da agonia das águas para uma
nova esperança de vida.
Acção contínua, introduziu-se debaixo
da embarcação capotado onde diz
ter quebrado um dos vidros para lograr
sucessos na sua missão salvífica.
Mas num dos momentos em que carregava
mais uma pessoa para colocá-
-la no barco da CRBC, o seu colega
piloto fez um mau cálculo da distância
tendo embatido nele e quebrado a
perna esquerda.
“O embate foi violento, perdi forças
e larguei a pessoa que estava comigo,
mas consegui segurar num dos pneus
laterais do barco e assim me resgataram
juntamente com outras vítimas
para o Hospital Central de Maputo”,
conta.
Mesmo ferido e no leito hospitalar,
Chaicomo diz não estar arrependido
da missão que desempenhou, mas
lamenta a fraca e lenta capacidade
de resposta das autoridades como
marinha de guerra que está nas proximidades,
com o agravante de num
passado recente ter exibido equipamentos
de ponta para actuar no mar,
bem como a Polícia Marítima.
Uma vida feita no mar
Bruno Chaicomo provém duma histórica
família da Ilha de Inhaca. O
seu bisavó foi o primeiro régulo da
Ilha, mas agora o trono está com os
Nhacas. Segundo Chaicomo, nem
tudo está perdido porque a sua famí-
lia detém o poder da Ilha dos Portugueses,
um pedaço de terra pertencente
à Ilha de Inhaca.
Desde tenra idade começou a brincar
nas águas do oceano Índico e com os
seus 14 anos já era um pescador firmado
a nível familiar.
Com os 16 anos teve o seu primeiro
emprego como pescador e de tanto
andar nas águas passou a ser marinheiro.
Com esta actividade trabalhou
em diferentes embarcações turísticas
naquele ponto do país.
Em 2012 transfere-se para Katembe
onde se introduziu no mundo da
construção civil, actividade que o levou
a entrar na CRBC, empresa chinesa
responsável pela construção da
ponte Maputo-Katembe.
Como mestre de obras, foi nomeado
chefe do grupo dos moçambicanos
que trabalham naquela empreitada.
Depois foi indicado como chefe de
armazém e este ano, quando a empresa
anunciou a chegada da embarcação,
apresentou as suas credências
na pilotagem bem como marinheiro
e foi assim foi transferido para o novo
posto.
No que toca à assistência, diz que
a sua empresa presta-lhe o devido
apoio, sendo que de Mapapai já recebeu
moletas para se locomover
enquanto aguarda por dias melhores.
Lamentou o facto de a Transmarítima
recorrer a terceiros para saber da
evolução do seu estado clínico.
Excesso de lotação
O Instituto Nacional da Marinha
(INAMAR) aponta o excesso de lotação
como a principal causa do acidente,
isto a avaliar pelas 31 vítimas
resgatadas contra a capacidade para
transportar 25 passageiros e três tripulantes.
O director dos Serviços e Segurança
Marítima, Lourenço Machado, disse
que foi constituída uma comissão
de inquérito que já está a trabalhar
no assunto e próxima semana deverá
apresentar os resultados.
Segundo Machado, a empresa proprietária
do Mapapai assumiu as responsabilidades
com as despesas fúnebres,
bem como garantir assistência
aos feridos.
Bruno Chaicomo e o naufrágio de Mapapai
Por Argunaldo Nhampossa
Um salvador que acabou sendo vítima
Seis países membros da
Comunidade para o Desenvolvimento
da África
Austral (Moçambique,
Botswana, Lesotho, Namíbia, África
do Sul e Swazilândia) e a União Europeia
assinaram última sexta-feira
em Kasane, no Botswana, um acordo
de parceria económica ao abrigo
do qual Moçambique terá acesso ao
mercado europeu livre de direitos e
quotas.
O acordo ora assinado, que vem alterar
o antigo regime de quotas e o
tratamento preferencial nas relações
comerciais entre os dois blocos económicos,
permitirá aos seis países
acesso ao mercado da União Europeia
livre de quotas e de tarifas, sendo
que a África do Sul, a potência económica
regional, beneficiará de um
tratamento preferencial para os seus
produtos.
Reconhecendo o longo percurso, de
cerca de dez anos, para se alcançar
o acordo com a União Europeia, o
ministro da Indústria e Comércio,
Max Tonela, que foi quem rubricou
o acordo em representação de Mo-
çambique, disse que os resultados do
mesmo irão ter um impacto positivo
na presente e próxima gerações.
O titular da pasta de Indústria e
Comércio descreveu a assinatura do
acordo como sendo de aprofundamento
das relações entre a SADC e
a União Europeia porquanto, segundo
referiu, o compromisso assumido
pelas partes visa não apenas corrigir
as insuficiências dos acordos comerciais
anteriores entre as partes, mas
também irá reforçar e consolidar as
futuras relações económicas entre os
dois blocos económicos.
“Com este acordo, esperamos ter um
mercado livre e aberto, livre de direitos
e de quotas”, disse Max Tonela.
Fundamentalmente os objectivos do
acordo são, entre outros, a contribui-
ção para a redução e erradicação da
pobreza mediante o estabelecimento
de uma parceria comercial coerente
com os objectivos de desenvolvimento
sustentável, a promoção da
integração regional, a cooperação
económica e a boa governação para
estabelecer e implementar um quadro
normativo regional eficaz, previsível e
transparente para o comércio e o investimento
entre as Partes e entre os
Estados da SADC.
Por outro lado, o acordo visa a promoção
da integração gradual dos
Estados da SADC na economia
mundial, em conformidade com as
suas opções políticas e prioridades
de desenvolvimento, a melhoria da
capacidade dos Estados da SADC
em matéria de política comercial e de
questões relativas ao comércio.
O acordo prevê ainda o apoio das
condições para aumentar o investimento
e as iniciativas do sector privado
e melhorar a capacidade de oferta,
a competitividade e o crescimento
económico nos Estados da SADC.
Falando na ocasião, o ministro
tswana de Investimento, Indústria e
Comércio, Vicente Seretse, referiu-
-se à importância que a assinatura
representava para os países dos blocos
signatários, tendo caracterizado
o momento de grande marco e uma
grande realização para as partes.
“O dia de hoje representa um grande
marco, um grande salto nas rela-
ções comercias e económicas entre a
União Europeia e o grupo de países
da SADC e também de África, Caraíbas
e Pacífico”, disse o governante
tswana.
Celia Malmstrong, em representação
da União Europeia, disse por seu turno
que o acordo tem potencial de impulsionar
o desenvolvimento e apoiar
a prosperidade dentro dos países da
SADC.
“Este acordo que acabamos de assinar
vai ajudar a integração da SADC na
economia global através do comércio
e de investimentos”, afirmou Malmstrong,
para quem o comércio tem
jogado um papel importante no desenvolvimento
económico de vários
países.
(Redacção)
SADC e União Europeia facilitam trocas comerciais
Representantes da SADC na assinatura do acordo de facilitação comercial com a União Europeia
Bruno Chaicomo em recuperação no leito hospital
Savana 17-06-2016 13 PUBLICIDADE SOCIEDADE
14 Savana 17-06-2014 Savana 17-06-2014 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Depois de ter tomado conta
das florestas nacionais e
devastado todas as espécies
valiosas de madeira existente
em Moçambique, os chineses,
com o beneplácito de algumas figuras
ligadas ao poder em Moçambique,
viraram as suas atenções para a biodiversidade
marinha e estão a pôr em
causa várias espécies em protecção.
Os factos mais flagrantes e preocupantes,
e que têm como epicentro os
operadores chineses, foram testemunhados
pelo SAVANA no Parque
Nacional das Quirimbas (PNQ),
uma zona de protecção especial de
recursos florestais, bravios e marinhos
localizada na província de Cabo
Delgado.
Contrariando os fins que nortearam
a sua criação, o PNQ vive situações
dramáticas que vão desde a prática
de actos de pesca ilegal, acordos não
claros entre as autoridades de conservação
e certas empresas estrangeiras
bem como a caça furtiva, principalmente
do elefante.
Estas situações fazem com que o
PNQ esteja sob ameaça e, no meio
disso, há quem vaticine dias piores.
Criado há 14 anos, mais concretamente
no dia 06 de Junho de 2002,
o PNQ possui uma área de 9.130
quilómetros quadrados (km2), dos
quais 7.984 km2 do lado continental
e 1.185 km2 quadrados de área marinha,
(incluindo 11 ilhas).
Patrocinado pelo Fundo Mundial
para a Natureza (WWF), o Parque foi
declarado zona de protecção da biodiversidade
de importância mundial.
O SAVANA escalou o local e testemunhou
uma situação completamente
paradoxal.
Enquanto certas organizações não
governamentais comprometidas com
a preservação da natureza, como é o
caso da WWF, procuram envidar esforços
no sentido de garantir a protecção
da biodiversidade, principalmente
a marinha, através de projectos
específicos, tais como estabelecimento
e monitoria de santuários de peixes,
tartarugas, golfinhos, capacitação das
comunidades para a fiscalização dos
recursos, por outro lado, situações de
pesca ilegal, invasão de santuários e
caça furtiva estão a devastar a biodiversidade
ora em protecção.
Mais preocupante, no meio deste triste
cenário, é o facto de algumas destas
acções acontecerem com o apadrinhamento
das autoridades nacionais de
conservação.
Numa das onze Ilhas que compõem o
Arquipélago das Quirimbas, a do Ibo,
a nossa reportagem teve acesso a uma
cópia de um contrato de licenciamento
para actividade comercial de caranguejo
assinado entre a Associação
Tikubali, do Ibo (que se dedica à captura
de caranguejo para comércio em
pequena escala) e uma firma chinesa
denominada Hui Yuan Internacional,
Limitada, com sede em Pemba,
mais concretamente no Bairro Eduardo
Mondlane, na zona da Praia de
Wimbe.
No acto da assinatura do contrato, a
empresa chinesa era representada pela
senhora Weiya Liu, na qualidade de
gerente. Do lado da associação do Ibo,
esteve o senhor Abdala Anli.
A assinatura, feita à noite e à luz de
lanterna, foi intermediada pelas autoridades
do Parque Nacional das Quirimbas
e contou com a presença da
Directora dos Serviços Distritais de
Actividade Económica (SDAE) do
Ibo, Patrícia Vitorino.
O acordo tem como objectivos proporcionar
a ambas partes estratégias
para a conservação de ecossistemas
marinhos e diversidade ecológica, de
modo a permitir o desenvolvimento
das comunidades que residem na aldeia
do Ibo, que compreende o Parque
Nacional das Quirimbas.
A captura e comercialização do caranguejo
“de qualidade acordada entre
as partes” também faz parte da lista
dos objectivos.
Em termos gerais, a assinatura deste
contrato significa que a associação
Tikubali, do Ibo, passará a capturar
caranguejo e comercializará, em regime
de monopólio, a essa multinacional
chinesa. À luz do mesmo contrato,
ainda se reserva à empresa chinesa o
acesso exclusivo da zona de ocorrência
de caranguejos e camarão no Ibo,
o que à partida levanta suspeitas, tendo
em conta que a empresa não devia
exercer actividade pesqueira.
“A assinatura deste contrato não só
coloca em causa os objectivos de conservação,
como também representa
uma grave violação do Plano de Maneio
do PNQ, que proíbe a captura de
pescado para fins comerciais/exporta-
ção em área de conservação”, disse
uma fonte do SAVANA, que pediu
anonimato. Ademais, o contrato poderá
gerar uma situação de corrida à
delapidação de recursos marinhos na
Ilha do Ibo, estando também em perigo,
de igual forma, as zonas definidas
como santuários marinhos (zonas de
reprodução e multiplicação de espé-
cies), onde é terminantemente proibido
pescar.
A presença dos chineses na região
tem sido, vezes sem conta, reportada
às autoridades de conservação.
Nathan Mhando, director de opera-
ções do Quilaléa Lodge, uma estância
turística localizada na Ilha do Ibo,
disse à nossa reportagem que barcos
de chineses, tanzanianos e outros têm
sido constantemente vistos a pescar
na Ilha.
“Já reportei essa situação ao administrador
do Parque. Ele tem conhecimento,
mas nunca vi nada de concreto,
em termos de acção”, afirma o
operador turístico, lembrando que
“caso não se faça nada ainda a tempo,
teremos uma situação em que uma
das mais lindas regiões do mundo ficará
esquecida”.
Lembrou que “ontem” foi a madeira e
desapareceu sem que ninguém do governo
se desse conta, apesar dos avisos
da sociedade civil, e o mesmo poderá
acontecer com a biodiversidade marinha.
Nathan acrescenta: “nós estamos na
área turística, daí que os nossos clientes,
turistas, jornalistas, viajantes de
todo o mundo escalam Ibo, porque
sabem que é referência em termos de
espécies marinhas. Com a pesca ilegal
que está a ser feita pelos chineses,
as espécies e o nosso negócio ficarão
ameaçadas”, lamentou.
A presença de chineses é, sobretudo,
confirmada pelo fiscal da área marinha
do Parque, Paulo Malenga.
Ao SAVANA Malenga disse saber
que o negócio de caranguejo na Ilha
do Ibo é o assunto mais falado da
actualidade. Segundo ele, os maiores
desafios de fiscalização do Parque estão
relacionados com a falta de recursos
para cobrir toda a extensão.
Malenga confirma a existência de
barcos estrangeiros, incluindo de tanzanianos,
que delapidam recursos na
região e vai mais longe, afirmando que
os chineses não só se interessam pelo
caranguejo, mas também pela lagosta,
polvo, camarão e lulas.
O responsável pela fiscalização do
PNQ afirma também que reconhece
o impacto negativo dessa acção para
os objectivos de conservação.
“Os chineses pescam e compram tudo.
Por isso, estão a incentivar a comunidade
a pescar de uma forma insustentável,
já que vão invadir os santuários
do WWF para poder ter pescado para
vender aos chineses”.
Malenga diz também que, apesar de
proibido por lei, há registos de casos
de pesca da tartaruga no Ibo.
Por sua vez, o administrador do PNQ,
Baldeu Chande, visto como quem
Biodiversidade em risco no Parque Nacional das Quirimbas
com pressa e queria que fosse uma
coisa legal, e eles acabaram aceitando,
mas nós precisamos de organizar
a associação”, avança a nossa fonte
sem entrar em pormenores. Fontes
presentes no acto da assinatura do
contrato confirmam que a posição
do governo sempre foi essa. Porém,
objectivos pouco claros estiveram na
correria para a celebração deste acordo
com os chineses.
Acção de chineses estende-
-se à baía de Pemba
Já na cidade de Pemba, capital provincial
de Cabo Delgado, um empresário
do ramo turístico, que falou sob anonimato,
contou-nos que está cada vez
mais crescente o número de chineses
que estão a deixar a exploração de madeira
e virar suas atenções para a pesca
ilegal e clandestina.
Para lograr os seus intentos, os cidadãos
chineses contratam pescadores e
mergulhadores tanzanianos, alugam
barcos, contratam também pescadores
temporários das Ilhas Comores,
sem licença de pesca, e efectuam uma
faina de cinco a seis dias para pesca de
lagosta, chegando a desembarcar com
duas ou três toneladas de lagostas por
dia. A nossa fonte indica que o local
de pesca habitual desses cidadãos são
os recifes da Baía de Pemba e outras
zonas de protecção especial. Também
há registos de captura e venda de tartarugas
(cágado) abertamente ao longo
das estradas em Pemba, incluindo
a praia de Wimbe.
Remar contra a maré
O Fundo Mundial para a Natureza
(WWF) tem estado, todavia, a implementar
acções tendentes a proteger
a biodiversidade marinha na região.
São acções que, embora não sejam
suficientes para colmatar a situação
dos furtivos, reforçam a consciencialização
das comunidades sobre a importância
da manutenção das espécies
para a sustentabilidade sócio-econó-
mica da região.
Um dos projectos que está a ser desenvolvido
pelo WWF tem a ver com
a implantação e monitoria de santuá-
rios, locais estabelecidos basicamente
para proteger o habitat das espécies
marinhas, evitando assim a interven-
ção humana.
Segundo Lara Muaves, bióloga marinha
do WWF, isso vai permitir que os
peixes se multipliquem, fazendo com
que haja aumento do stock pesqueiro.
Isso, por sua vez, fará com que o nível
das capturas aumente, proporcionando
maior atracção turística e sustentabilidade
das comunidades locais.
Lara Muaves fala em oito santuá-
rios criados pelo WWF ao longo das
Quirimbas, porém, neste momento, a
monitoria do WWF é feita em três
destes santuários.
No Parque Nacional das Quirimbas,
esta acção é feita há sensivelmente
catorze anos, ou seja, desde 2002,
aquando da criação do Parque.
“Em termos de resultados, podemos
afirmar que existe uma grande diversidade
de espécies nas áreas dos
santuários. Agora temos uma base de
dados que é constituída por cerca de
sete mil observações, resultantes desta
actividade”, explica a bióloga, enaltecendo
o envolvimento de membros
das comunidades (pescadores-mergulhadores,
amostradores, marinheiros
do parque, líderes comunitários, entre
outros) na iniciativa.
No Ibo, a nossa reportagem testemunhou
uma jornada de monitorização
de santuários. O trabalho é liderado
pela bióloga Lara Muaves, coadjuvada
pela equipa treinada para o efeito,
incluindo líderes comunitários.
São capturados peixes, feitas as pesagens,
medições e marcações para permitir
o controlo do desenvolvimento
dos peixes. Segundo Lara, a monitoria
é feita duas vezes por ano, sendo uma
vez no período seco e a outra na época
chuvosa. Conta a bióloga que os resultados
são animadores.
“Existe uma grande diferença em
termos de diversidade específica e
abundância de peixes dentro dos santuários,
quando comparado com fora
deles.
Das amostragens feitas, concluímos
claramente que dentro dos santuários
pescamos uma média de 100 kg de
peixe, contra 10 a 20 kg fora deles”,
continua ela.
Devido aos resultados positivos, os
santuários são uma iniciativa com
muito apoio ao nível das comunidades,
até porque a sua criação foi uma
sugestão da própria comunidade, após
verificar que o nível de captura de peixes
estava aquém das expectativas.
Estudos sócio-económicos feitos pelo
WWF em 2009, 2010 e 2011 revelaram
que 100% dos inquiridos, 90%
dos habitantes da Ilha do Ibo, apoiam
a ideia dos santuários e olham-na
como solução para os problemas de
escassez de pescado.
2 HOHIDQWH TXH ÀFRX SDUD D
história...
Omar Assane, técnico do WWF, contou-nos
que está no PNQ desde que
ele foi criado, aliás, esteve envolvido
na organização das consultas comunitárias
para o estabelecimento deste
Parque.
Diz que há quatro anos não era possível
andar nesta estrada e não parar,
pelo menos umas quatro vezes, por
causa de elefantes. Mas hoje, conduz-
-se até Quissanga sem se cruzar com
nenhum. Tudo foi abatido.
O testemunho de Omar é também
corroborado pelos membros da comunidade:
“as nossas culturas estão boas
e a nossa produção tende a melhorar.
Dantes passávamos mal por causa de
elefantes, mas já não há nada. Ficaram
apenas as crias que têm aparecido de
vez em quando”, conta um membro
da Comunidade de Goludo, noutra
margem de Ibo.
Dados em nosso poder indicam que
dos dois mil elefantes que existiam na
contagem feita em 2008, o número
havia reduzido para 750 em 2012. A
caça furtiva é aqui também apontada
como sendo a razão para o sumiço do
elefante, dadas as dificuldades de fiscalização.
Na comunidade de Goludo fala-se de
helicópteros que aterram para abater
o elefante e carregar o marfim. Sem
meios para fazer face a esta situação, a
população local só fica a assistir. Sobre
este facto, Baldeu Chande disse que o
Parque não dispõe de números exactos
da população de elefantes na parte
continental do PNQ.
“Teremos de fazer um censo mais
pormenorizado para podermos ter
números exactos da população de elefantes
no Parque”, disse ele.
Chineses devastam espécies marinhas protegidas
,OKDGR,ERXPSDUDtVRWXUtVWLFRTXHSRGHUiÀFDUVHPLQWHUHVVHGHYLGRjGHYDVWDomRGRVVHXVUHFXUVRV
Por Raul Senda
está por detrás do apadrinhamento
dos chineses na sua incursão, justifica-
-se afirmando: “o que nós fizemos foi
organizar as comunidades em grupos
de interesse, ou seja, associações, para
garantir que a qualidade do produto
que eles tiram seja monitorada e que
a actividade seja feita de forma sustentável”.
Baldeu Chande avança que existem
propostas de se licenciar mais empresas
que se dedicarão à compra de
pescado, tudo “em prol do desenvolvimento
das comunidades locais” que à
luz do contrato assinado entre a empresa
chinesa, por exemplo, receberão
cinco mil meticais de taxa comunitá-
ria por cada três meses.
Contrato vago
O representante do WWF em Pemba,
António Serra, diz que o contrato
assinado entre a firma chinesa e a associação
é um pouco vago, sobretudo
no que se refere à exploração sustentável
dos recursos marinhos.
“Com os conhecimentos e experiências
que o Parque tem, podia-se ser
mais claro em relação a essa questão:
é preciso explicar se consideramos
pesca sustentável quando é uma, duas,
três ou cinco toneladas de caranguejo”.
Serra frisou também que a exploração
de recursos marinhos dentro do Parque
só é permitida às comunidades,
para garantir o seu auto-sustento e
fonte de renda.
A associação devia organizar-se
antes de assinar o
contrato
O Governo, representado pela Directora
dos Serviços Distritais de Actividades
Económicas de Ibo, Patrícia
Vitorino, é da opinião que a associa-
ção Tikubali precisava de mais tempo
para se organizar. Segundo ela, aquela
agremiação apenas existe como um
grupo, mas como associação, ainda
não está devidamente estruturada.
“Eles assinaram o contrato por pressão
da empresa que julgo que estava /DUD0XDYHVELyORJD::)
%DOGHX&KDQGH$GPLQLVWUDGRUGR3DUTXH
1DWKDQ0KDQGR4XLODOpD/RGJH 5LFDHPFRUDLVD,OKDGR,ERpDWUDFomRWXUtVWLFDSDUDPXLWRVHVWUDQJHLURV
16 Savana 17-06-2016 PUBLICIDADE INTERNACIONAL
1yVUHSUHVHQWDQWHVGHRUJDQL]Do}HVGDVRFLHGDGHFLYLORUJDQL]Do}HVSURÀVsionais,
religiosas, culturais, académicas e económicas, em nome dos nossos
ÀOKRVHÀOKDVGRVQRVVRVSDLVHGHWRGDVHWRGRVFRPSDWULRWDVSUHRFXSDGRV
com o rumo que o país tem estado a tomar nos últimos anos, e em especial
com o agravamento da situação nos últimos meses, queremo-nos aqui exSULPLU
HP GHIHVD GR IXWXUR H GH XPD VRFLHGDGH SDFtÀFD VHP FRUUXSomR
sem ataques às vozes dissidentes e sem intolerância. Em suma, defendemos
o direito à esperança, para que tanto esta como a geração vindoura possam
viver em paz, num clima de justiça e acreditando num futuro em que todas
e todos poderão conviver com dignidade e com respeito às diferenças,
HTXHPRoDPELFDQDVHPRoDPELFDQRVGHWRGDVDVFRQÀVV}HVUHOLJLRVDVGH
WRGDVDVÀOLDo}HVSDUWLGiULDVGHWRGDVDVRULJHQVHHVWUDWRVVRFLDLVVHVLQWDP
LQWHJUDGRVWHQKDPWUDEDOKRRXPHLRVGHYLGDHSRVVDPUHDOL]DURVHXSRtencial
como cidadãs e cidadãos. Para que seja possível acreditar no futuro
HTXHQmRWHQKDPRVTXHYLYHUXPGLDDGLDVHPH[SHFWDWLYDVVHPDOHJULDV
HSDJDQGRRSUHoRSHODVSROtWLFDVLUUHVSRQViYHLVTXHQRVFRQGX]LUDPDHVWD
situação de guerra, de insegurança e de extremo endividamento público.
+iYiULDVTXHVW}HVTXHQRVSUHRFXSDPTXHVmRGRGRPtQLRS~EOLFRHTXH
passamos a discutir.
Em primeiro lugar, a situação de guerra que estamos a viver. Desde 2013
que aumentou a instabilidade político-militar e, a partir dessa altura, muitas
YLGDV Mi VH SHUGHUDP EHQV IRUDP GHVWUXtGRVPLOKDUHV GH SHVVRDV HQFRQWUDPVHHPVLWXDomRH[WUHPDPHQWHSUHFiULDQXPHURVDVFULDQoDVHVWmRVHP
DFHVVRjHVFRODHHPJHUDOQDV]RQDVDIHFWDGDVHVWiFRPSURPHWLGRRDFHVVR
DRVVHUYLoRVPDLVEiVLFRVQRPHDGDPHQWHGHVD~GHHGHHGXFDomR(QJURVVD
WDPEpPRQ~PHURGHUHIXJLDGRVQRVSDtVHVYL]LQKRV
Depois de termos vivido, nos anos 80 e 90, uma guerra mortífera que deixou
R SDtV GHYDVWDGR H QRVOHJRX D KHUDQoD GH XPD HFRQRPLD H VLVWHPD SURdutivo
comprometidos e muitas fracturas sociais, com crianças órfãs, com
SHVVRDVFRPGHÀFLrQFLDFRPIDPtOLDVGHVWUXtGDVHFHQWHQDVGHPLOKDUHVGH
SHVVRDV UDSWDGDV VREUHWXGRPXOKHUHV H FULDQoDV pLUUHVSRQViYHO TXH RV
nossos dirigentes não façam tudo o que estiver ao seu alcance para evitar
que nos afundemos novamente numa guerra fratricida e letal. Defendemos
que as negociações não sirvam somente para encobrir desígnios ocultos de
WHUPLQDURFRQÁLWRSHODIRUoDHGHVXUSUHVDTXHDVGXDVSDUWHVVHHPSHQKHPFRPKRQHVWLGDGHHWUDQVSDUrQFLDQDUHJXODomRGRVVHXVGLIHUHQGRVH
VREUHWXGRTXHRVLQWHUHVVHVGRVPRoDPELFDQRVHGDVPRoDPELFDQDVOKHV
sirvam de bitola pela qual as decisões devem ser tomadas.
5HSXGLDPRVDPiIpTXHWHPSUHVLGLGRjPHVDGDVQHJRFLDo}HV&RPRSRYR
FXPSULGRUUHVSHLWDGRUGDVOHLVHTXHWUDEDOKDH[LJLPRVTXHR*RYHUQRHQvide
todos os esforços para nos trazer a paz, acabando com as mortes e perGDVLQGLVFULPLQDGDVHSHUPLWLQGRTXHSRVVDPRVGHQRYRFRPFRQÀDQoDH
DOHJULDWUDEDOKDUSRUXPIXWXURPHOKRUGH0RoDPELTXH
Em segundo lugar, o clima de insegurança, de intimidações e de atentados
TXH VH WHPYLYLGR'HVGHKi DOJXQV DQRVSDUDFi DVYR]HVFUtWLFDVGD DFWXDomR
GR JRYHUQR FRPHoDUDP D VHU KRVWLOL]DGDV HVWLJPDWL]DGDV H YLVWDV
como oposição política. Isto abrangeu jornalistas, comentadores políticos,
académicos e activistas de organizações da sociedade civil. Os ataques foram
verbais, nos meios de informação (muitas vezes a coberto de um cobarGHDQRQLPDWR
HHPRXWURVIyUXQVHHVWHVIRUDPDSHOLGDGRVGH´DSyVWRORV
GDGHVJUDoDµ´WUDLGRUHVµHRXWURVHStWHWRVQmRPHQRVRIHQVLYRV7DPEpPVH
WHQWRXFDOiORVSHODYLDMXGLFLDOFRPRpH[HPSORRSURFHVVRLQVWDXUDGRFRQWUD&DUORV1XQR&DVWHO%UDQFRH)HUQDQGR0EDQ]H$ViELDVHQWHQoDGHXP
juiz de direito sobre este caso, mostrou que os moçambicanos e as moçambicanas
não devem e não podem viver com medo de expressar a sua opinião.
0DVRVLVWHPDWHLPDHPQmRDFDWDUHVWHDVSHFWRIXQGDPHQWDOGDGHPRFUDFLD
Num registo mais sinistro, estes ataques traduziram-se em atentados físicos,
FRPRRDVVDVVLQDWRGRSURIHVVRU*LOOHV&LVWDFRUHFHQWHEDOHDPHQWRGRSURIHVVRU-DLPH0DFXDQHHRDWHQWDGRFRQWUD&DUORV-HTXHFLGDGmRVKRQHVWRV
H WUDEDOKDGRUHVPDV WDPEpP SHVVRDVtQWHJUDV H TXH QmR VH FRLELDPFRtEHPGHH[SUHVVDUDVVXDVLGHLDVHRSLQL}HV2VYiULRVDVVDVVLQDWRVLQFOXHP
PDJLVWUDGRVQRPHDGDPHQWH R -XL]'LQLV6LOLFDH RSURFXUDGRU0DUFHOLQR
Vilankulo, cidadãos íntegros a quem cercearam a vida.
0DVDVH[HFXo}HVHVWHQGHPVHSRUWRGRVRSDtVHPERUDPXLWRPHQRVPHGLDWL]DGDVH
WrP VHUYLGRSDUDHOLPLQDUFLGDGmRVPRoDPELFDQRVSRUPRtivações
políticas, às vezes na calada da noite, mas também em frente de
IDPLOLDUHVYL]LQKRVHFRPXQLGDGHV
$VHUYHUGDGHDH[LVWrQFLDGHHVTXDGU}HVGDPRUWHFRPDLQFXPErQFLDGH
DWDFDUDGLVVLGrQFLDFRQWUDR*RYHUQRHVWHVWrPDFWXDGRQDPDLRULPSXQLGDGH1LQJXpP
IRL SUHVR QLQJXpP IRL MXOJDGR H VHLQYHVWLJDo}HV KRXYH
QmRVHFRQKHFHPDVFRQFOXV}HVGHWDLVDYHULJXDo}HV0DLVJUDYHDLQGDQLQJXpPGR*RYHUQRFRQGHQRXSXEOLFDPHQWHRVDWHQWDGRVHH[HFXo}HVDOJXQV
bem documentados e sobre os quais não existem dúvidas sobre a veracidade
GDVXDRFRUUrQFLD
(VWDPRVSHUDQWHR5(,1$'2'27(55256HIDODUHVSRGHVVRIUHUGXUDV
FRQVHTXrQFLDVVHQmRWHVRXEHUHV´FRPSRUWDUµSRGHPPDWDUWHSRGHVSHUGHURHPSUHJRHWF(VWDVLWXDomRFKHJRXDXPSRQWRHPTXHWRGRVYLYHP
UHFHRVRV H GHVFRQÀDP GR VHX FROHJD GH WUDEDOKR GR VHX DPLJR H GR VHX
YL]LQKReLVWRTXHHVWDPRVDYLYHU48(3$Ì6 e(67("
5HFHQWHPHQWH KRXYH GHQ~QFLDV GH YDODV FRPXQV FRP FRUSRV HP YiULRV
JUDXVGHGHFRPSRVLomR&RQWUDULDPHQWH DR TXH VHULDGHHVSHUDUHVIRUoRV
WrP VLGR IHLWRVSDUDLPSHGLU DLQYHVWLJDomRLQGHSHQGHQWH VHMDHODGHMRUQDOLVWDVRXGHRUJDQL]Do}HVKXPDQLWiULDV([LJLPRVXPDLQYHVWLJDomRVpULD
e independente da realidade no terreno, até ao momento interditado por
forças de segurança.
$MXQWDUVHDLVWRWXGRDRQGDGHUDSWRVTXHQmRGiLQGtFLRVGHDEUDQGDPHQWR
H HPERUD VH WHQKDP LGHQWLÀFDGR DOJXQV FULPLQRVRV RSHUDFLRQDLV
HQYROYLGRVQHVWDSUiWLFD DLQGDQmRH[LVWHXPDLQYHVWLJDomR DEUDQJHQWHH
SURIXQGDTXHLGHQWLÀFDVVHRVPDQGDQWHV
Em terceiro lugar, vem o escândalo das dívidas contraídas por empresas privadas
e ilegalmente, porque sem consulta do Parlamento, assumidas como
dívidas públicas, a serem pagas por todas e todos nós. O montante total destas
dívidas ilegais e encobertas é de 2.2. biliões de dólares (aproximadamenWHGR3URGXWR,QWHUQR%UXWR
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serão gravíssimas para a economia nacional e para a qualidade de vida dos
seus cidadãos e cidadãs.
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o que acontece quando sucede uma ruptura institucional repentina, contrariando
a normalidade da lei e da ordem e submetendo o controlo do Estado
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impunes.
Em suma, a terminar este manifesto, EXIGIMOS que no mais curto prazo
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sanar a difícil situação em que vivemos.
Ao PRESIDENTE DA REPÚBLICA, como o mais alto magistrado da NaomR&RPDQGDQWH*HUDOGD)RUoDV$UPDGDVH3UHVLGHQWHGH
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pública e em directo das rondas de negociação entre as partes beligeUDQWHVSDUDTXHDVHRVFLGDGmVFLGDGmRVSRVVDPDFRPSDQKDUDHYROXomR
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dívida pública, incluindo as medidas a serem tomadas para responsabiliza-
ção dos culpados e mitigação dos efeitos negativos.
À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, como a mais alta instância do poder
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&RQVLGHUDQGRTXHRVSRGHUHVGD$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFD IRUDPXVXUSDGRVTXDQGRR*RYHUQRDQWHULRUGHFLGLXFRQWUDLUGtYLGDVS~EOLFDVSDUD
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e a sua relevância na defesa do nosso Estado de Direito.
À PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA:
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participação de uma equipa de técnicos independentes e competentes, naFLRQDLVHLQWHUQDFLRQDLVVREUH
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MANIFESTO
Temos direito à esperança!
Savana 17-06-2016 17 PUBLICIDADE SOCIEDADE
18 Savana 17-06-2016 OPINIÃO
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EDITORIAL Cartoon
D
epois de mais de vinte anos de prosperidade, durante
os quais o país chegou a ser visto como um raro exemplo
de uma bem sucedida transição de guerra para a
paz, reconciliação e desenvolvimento, Moçambique
está a atravessar os piores momentos de toda a sua existência
pós-guerra.
Um conflito armado que se intensifica a cada dia que passa, e
uma economia que se está muito rapidamente a transformar
em sombra do seu passado muito recente, combinam para matar
o sonho que muitos moçambicanos tinham de um futuro
de segurança e prosperidade.
O anúncio feito na segunda-feira, pelo Banco de Moçambique,
aumentando as taxas de juro, a segunda vez em menos de
três meses, é tudo o que se precisa saber para avaliar o verdadeiro
estado em que se encontra a nossa economia.
Que as reservas internacionais líquidas tenham caído de seis
para três meses de cobertura de importações adensa o ambiente
sombrio em que vivemos.
Precisamos de confrontar esta crise com todos os meios à nossa
disposição. Quando confrontado com a problemática das
dívidas ocultas, ascendendo os 2 biliões de dólares, e face à firmeza
dos parceiros internacionais que suspenderam a sua ajuda,
a resposta do governo é de que a solução reside, em parte,
no aumento da produção, e elenca quatro pilares em que o país
deve apostar para se ver livre da dependência económica, nomeadamente
a agricultura, o desenvolvimento infra-estrutural,
a energia e o turismo.
Porém, o facto é que o sucesso desta estratégia requer que o
país esteja em paz. Para não falar de políticas públicas que
dêem incentivos a potenciais investidores nacionais e estrangeiros
interessados em apostar no país.
Encontrar os caminhos para o restabelecimento da paz será
o maior teste para a sabedoria dos moçambicanos. Mas os sinais
não são muito encorajadores. Depois do ar de esperança
que se respirou na sequência da constituição das comissões do
governo e da Renamo para a reactivação do diálogo entre os
dois, ficamos a saber, na semana passada, que havia discordância
quanto ao objectivo a ser alcançado pelo trabalho destas
duas comissões.
Se por um lado o governo entende que a agenda acordada cria
as condições para que as questões a ela inerentes sejam analisadas
num encontro ao mais alto nível entre Nyusi e Dhlakama,
para a Renamo, a discussão exaustiva deve ser ao nível das comissões,
cabendo a estas remeter as suas conclusões aos respectivos
líderes, para sufrágio.
São posições extremas, que demonstram que se está ainda num
diálogo sobre o diálogo, sem sinais de que no terreno as partes
estejam preparadas para abandonar as armas como meio para
alcançar os seus objectivos.
Enquanto da parte da Renamo se nota uma intensificação dos
ataques contra alvos civis, do lado do governo cresce a intolerância,
que se consubstancia na perseguição a jornalistas, para
quem se está a tornar uma rotina serem chamados a prestar
declarações e justificarem-se sobre as matérias que veiculam
nos seus órgãos. A perseguição contra jornalistas é algo típico
de regimes totalitários ou democracias militarizadas, que vivem
na ilusão de que a sua sobrevivência começa onde termina
a imprensa livre.
Este é um ambiente em que dificilmente podemos acreditar
que haja vontade de um diálogo profícuo, que nos conduza à
liberdade, estabilidade e progresso.
Liberdade, estabilidade
e progresso
C
umpriu-se esta quinta-feira os 100 dias
sobre a tomada de posse do presidente
da República. Olhando para a agenda e
para a visibilidade, pode até parecer que
foi há muito tempo. A verdade é que passaram
pouco mais de três meses desde que Marcelo
Rebelo de Sousa assumiu funções. Tempo sufi-
ciente para muita coisa ter mudado.
Temos um presidente presente e próximo. Um
presidente que as pessoas percebem bem, desde
logo porque tem um discurso claro e objectivo,
desconstruindo o “politiquês”. Um presidente
que honra o país e eleva o seu estatuto internacional.
Para além de Mário Soares, não encontramos
na história moderna um outro chefe de
Estado que estivesse tão genuinamente confortável
e tão perfeitamente ao nível de um presidente
estrangeiro (como foi visível, no 10 de
Junho, em França).
O presidente da República tem vindo a fazer
mais pela reabilitação da imagem dos políticos
do que mil inaugurações. Ao instituir um novo
padrão de referência - em matéria de abertura
e de substância -, coloca toda a classe política
perante o ónus de não baixar a fasquia. Com o
patamar de exigência fixado por Marcelo Rebelo
de Sousa, não poderá qualquer outro representante
político ser menos disponível, menos
presente e menos transparente. E aproximar os
eleitores dos eleitos passa muito por isto.
O presidente apoia o Governo quando entende
que deve apoiar e critica quando o assunto
merece reservas - exemplos da lei das 35 horas,
promulgada sob reserva de não acarretar o aumento
da despesa, e do diploma que regula as
“barrigas de aluguer”, rejeitado por uma questão
de consciência, sem que daí resultasse tensão.
Os promotores desta última proposta acataram
a decisão sem os dramas que surgiriam caso fosse
outro o inquilino de Belém...
O presidente da República empenha-se diariamente
em continuar a mudar a percepção que
os portugueses têm dos políticos. E se por vezes
é mais lucrativo transpor as fronteiras para
dizer o que se pensa sobre a realidade interna,
este chefe de Estado estará a baralhar muitos
pensamentos e pensadores políticos. O 10 de
Junho mereceu celebrações inéditas em Paris,
mas Lisboa não ficou secundarizada, pelo contrário.
Mais do que aproveitar esse tempo a que
se convencionou chamar de “estado de graça”,
Marcelo passou por cima de putativas críticas
e esteve no Terreiro do Paço, ignorando o que
pudesse dizer-se acerca de aquele ter sido noutros
tempos o local eleito para outras celebra-
ções. Com a mesma dignidade e alegria com
que esteve num arraial com emigrantes, numa
cerimónia com François Hollande ou num jantar
com a seleção nacional. É um presidente de
verdade. Sempre.
*Empresário e presidente da Associação Comercial
de Porto
Por Nuno Botelho
Acabar com
Xenofobia
Acabar com
o ódio
Banir
espingardas
Banir
muçulmanos
Um presidente de verdade
Savana 17-06-2016 19 OPINIÃO
481
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
Omaior pugilista de todos os
tempos e um dos maiores
desportistas do século XX
perdeu a longa luta contra o
Parkinson. A sua história nos ringues
começou com um roubo de bicicleta
há 62 anos.
Numa noite chuvosa de 1954, em
Louisville, no estado norte-americano
do Kentucky, Joe Elsby Martin,
um agente policial que dirigia o
Ginásio Columbia, foi abordado por
um menino franzino de 12 anos no
seu centro desportivo, onde era também
instrutor de boxe. Com os olhos
lacrimejantes e visivelmente perturbado,
o pequeno recém-chegado
contou-lhe que tinham acabado de
lhe roubar a sua nova bicicleta vermelha,
um presente de Natal do pai.
“O meu nome é Cassius Clay”, apresentou-se,
acrescentando, com raiva
incontida, que iria chicotear o ladrão
quando o encontrasse. Martin deu-
-lhe um conselho: “É melhor aprenderes
a combater antes de começares
a lutar.” Assim foi e, dez anos depois,
conquistaria o primeiro dos seus três
títulos mundiais de pesos pesados,
numa caminhada imparável que o
eternizaria na história do boxe como
o maior de todos os tempos. Eleito
“O Desportista do Século XX” pela
revista americana Sports Illustrated,
em 1999, Cassius Clay ou Muhammad
Ali, como quis ser conhecido
após a sua conversão ao islamismo,
morreu na madrugada deste sábado,
com 74 anos, derrubado pela doença
de Parkinson.
Titã do pugilismo, guerreiro dos direitos
civis, activista anti-guerra, farol
de esperança para povos oprimidos,
figura política e social, símbolo de
coragem, independência e determinação,
celebridade global carismática
e controversa, eternizada em livros e
filmes. Muhammad Ali transcendeu
o mundo do desporto e redefiniu
o papel de atleta profissional como
figura pública. Dentro dos ringues,
deslumbrou multidões com os seus
dons atléticos e o seu estilo de boxe
pouco ortodoxo, mas apaixonado,
onde fundia na perfeição velocidade,
agilidade e força, associando a tudo a
tudo isto uma autoconfiança desconcertante.
“Não tenho de ser quem vocês
querem que eu seja; sou livre para
ser quem quero”, resumiu na manhã
seguinte a ter conquistado o primeiro
título de pesos-pesados, em 1964.
Cassius Marcellus Clay Jr. nasceu a
17 de Janeiro de 1942, em Louisville.
Seu pai, Cassius Marcellus Clay,
pintava outdoors, e fora baptizado
com o nome do político americano
com o mesmo nome, defensor da
emancipação dos negros no século
XIX. O boxe surgiu na vida do jovem
Clay por acidente e, seis meses
depois de ter começado a treinar no
ginásio de Joe Martin, venceu o seu
primeiro combate amador, conquistando,
nos anos seguintes, seis “Luvas
de Ouro” (nome dado para as competições
amadoras de boxe dos EUA)
no estado de Kentucky, e dois títulos
nacionais.
Fama e racismo
Em 1960, com 18 anos surgiu o primeiro
grande sucesso internacional,
ao arrebatar a medalha de ouro nos
Jogos Olímpicos de Roma, na categoria
de meio-pesado (até 79,4kg),
batendo na final o experiente polaco
Zbigniew Pietrzykowski. De regresso
à sua cidade natal, foi recebido
em euforia por uma multidão, mas
nem todos ficaram convencidos com
o feito do jovem Clay. Na sua autobiografia,
publicada em 1975, relata
que entrou num restaurante cheio de
brancos para comer um hambúrguer,
mas o empregado recusou-se a servi-
-lo por ser negro e de nada adiantou
dizer quem era e o que tinha feito.
Decepcionado e revoltado, confessou
ter atirado, por impulso, a medalha
olímpica ao Rio Ohio, ainda que alguns
amigos tenham afirmado, mais
tarde, que a insígnia foi simplesmente
perdida pelo atleta. Seja como for, já
em 1996, durante os Jogos Olímpicos
de Atlanta, Clay recebeu uma medalha
de substituição. O episódio do
restaurante é que não seria esquecido
e encorajaria a sua luta pelos direitos
dos negros e pela igualdade racial.
Em Outubro de 1960 estreou-se
como profissional, encerrando a fase
amadora com um impressionante registo
de 100 triunfos e cinco derrotas.
Quatro anos depois chega a Miami,
no estado da Florida, para discutir
o mundial, com um currículo de 19
vitórias em outros tantos combates.
Pela frente tem o favorito Sonny Liston,
detentor do título desde 1962,
com um impressionante registo de
28 triunfos consecutivos. Mas, sete
assaltos depois, Clay era o novo campeão
de pesos-pesados. “Eu sou o
maior”, gritou perante a assistência
chocada que preenchia o Convention
Hall naquele dia 25 de Fevereiro.
Nasce Muhammad Ali
Entre a multidão, encontravam-se os
Beatles, que realizavam a sua primeira
digressão pelos EUA, e um amigo
recente de Cassius Clay: Al Hajj
Malik Al-Shabazz, baptizado como
Malcolm Little e conhecido por
Malcolm X. A história desta relação
é relatada no recente livro “Blood
Brothers: The Fatal Friendship Between
Muhammad Ali and Malcolm
X”, de Randy Roberts e Johnny Smith,
publicado em 2016. Segundo os
autores, Clay e Malcolm (que seria
assassinado em Fevereiro de 1965)
conheceram-se em Junho de 1962,
numa cafeteria, em Detroit, quando
o pugilista se preparava para assistir a
uma reunião da Nação do Islão, uma
organização afro-americana, de cariz
político-religioso. Malcolm X passou
a ser o seu conselheiro espiritual e
político.
Por altura do combate com Liston, já
corriam rumores de que Clay se havia
juntado ao grupo muçulmano e o
pugilista haveria de desfazer todas as
dúvidas, poucos dias depois, ao anunciar
que se convertera ao islamismo,
alterando o seu nome para Muhammad
Ali. As suas posições políticas
foram gerando cada vez mais polé-
mica, até que, em 1967, depois de se
recusar a servir o exército americano
na Guerra do Vietname, solicitando
o estatuto de objector de consciência,
e ter criticado o envio de soldados
para este conflito, foi despojado do
seu título mundial (recuperado posteriormente,
por decisão do Supremo
Tribunal dos EUA) e proibido de
praticar boxe durante três anos. Estava
no seu auge atlético.
O regresso
Terminaria o seu “exílio” dos ringues
a 26 de Outubro de 1970, com um
rápido KO ao adversário branco Jerry
Quarry, iniciando a corrida para
a recuperar o campeonato mundial,
então na posse de Joe Frazier. Os
dois encontraram-se a 8 de Março
de 1971, no Madison Square Garden,
em Nova Iorque, num confronto
apelidado como “combate do século”.
O confronto correspondeu às expectativas,
mas a pausa de três anos teve
efeitos na condição de Ali, que acabou
derrotado, após 15 assaltos, que
deixaram visíveis danos físicos nos
dois oponentes.
O grande pugilista do Kentucky acabaria
por recuperar o título mundial
numa altura em que já ninguém o
esperaria e num mítico combate,
que entraria para a história do desporto
com o nome de “Rumble in
the Jungle” (ou “Pancada na Selva”
numa tradução mais livre), disputado
em Kinshasa, na actual República
Democrática do Congo, a 30 de
Outubro de 1974. Pela frente, tinha
o impressionante George Foreman,
mais jovem e em excelente forma.
Ninguém apostava no favoritismo de
Ali, então com 32 anos (menos sete
que Foreman), tal como em Miami,
10 anos antes.
Em nítida inferioridade física, Mohammad
procurou desgastar o adversário,
suportando os ataques de Foreman
até ao oitavo assalto quando,
nos últimos segundos, contra-ataca
ferozmente, com uma fulminante
combinação de três golpes, enviando
o campeão ao tapete. O título voltava
para a posse da Ali, que o iria defender
por várias ocasiões, com destaque
para o “Thrilla in Manila”, em 1975,
onde voltou a defrontar Joe Frazier,
naquele que terá sido o seu derradeiro
grande combate. O terceiro campeonato
mundial já o conquistaria em
1978 e, três anos depois, retirou-se
dos ringues definitivamente.
Em 1984, iniciaria aquela que foi
a maior luta da sua vida, depois de
lhe ser diagnosticada a doença de
Parkinson. O “combate” durou 32
anos e Mohammad Ali acabou por
sofrer este sábado o seu primeiro
KO. Durante estes anos, usou a sua
popularidade para promover as pesquisas
de cura para esta enfermidade,
ao mesmo tempo que rodou mundo,
encontrando-se com líderes políticos,
apoiando acções de beneficência e espalhando
mensagens de paz e igualdade.
Amado ou odiado, permaneceu
por meio século como uma das personagens
mais carismáticas do planeta
e a sua lenda continua a inspirar
gerações. A *Público. Título do SAVANA
s tiradas de Donald Trump
contra o “terrorismo radical
islamita” ameaçam calar
fundo no eleitorado norte-
-americano desorientado ante a
ameaça de chacinas perpetradas em
nome do Islão.
Um país que acabara de celebrar o
exemplo ecuménico e pacifista de
Muhammad Ali (um convertido às
heresias da negritude da Nação do
Islão antes da serenidade de o su-
fismo o seduzir nos anos 70) viu-se
de imediato confrontado com um
morticínio em nome do Profeta, depois
dos ataques em San Bernardino
(Dezembro 2015) e Boston (Abril
2013).
No atentado homofóbico de Orlando
é notória a confusão religiosa
expressa na admiração do matador
pela Al-Qaeda sunita e pelo Hizballah
xiita, seguida da alegada submissão
ao Estado Islâmico, o Califado
Negro de Al-Baghdadi, aríete do
extremismo sunita na Síria e Iraque.
Omar Mateen, nascido nos Estados
Unidos, filho de um nacionalista
pashtun afegão, frequentava meios
homossexuais, consumia álcool e
surge como um indivíduo perturbado
que acaba invocando uma dúbia
ideologia islamita de extermínio
como escape para paranóias pessoais.
O assassino de Orlando junta-se a
Rizwan Farook - natural de Chicago,
filho de emigrantes do Paquistão - e
à sua mulher e parceira no atentado
da Califórnia, Tahsfeen Malik - paquistanesa
criada na Arábia Saudita
antes de emigrar -, para, à semelhan-
ça dos irmãos Tsarnaev - emigrantes
de origem tchetchena e avar -, se
confundir numa mescla de atentados
que, desde o 11 de Setembro, apelam
ao Islão como justificação.
Para Trump é, assim, fácil condenar
genericamente o Islão e avançar com
a proibição de entrada de emigrantes
de nações com um “historial de
terrorismo contra os Estados Unidos
ou seus aliados”.
A candidatura de Hillary Clinton,
secretária de Estado entre 2009 e
2013, pouco pode aproveitar dos
arrastados e ambíguos esforços de
Obama no Médio Oriente e Afeganistão,
sem falar do fracasso da
intervenção na Líbia, dados os mitigados
resultados em que só sobressai
o acordo de congelamento do programa
militar nuclear do Irão.
Uma mão-cheia de demagogia colhe
aqui a favor de Trump que, ademais,
exclui com êxito da discussão
o controlo de vendas de armas, tema
susceptível de prejudicar qualquer
candidato presidencial.
O próprio Obama evitou o debate
nas campanhas presidenciais e só
após arrebatar o segundo mandato e
a braços com o massacre de 20 crian-
ças e seis adultos na escola primária
de Sandy Hook, no Connecticut, em
Dezembro de 2012, passou a propor
em vão a revisão do regime permissivo
assente na interpretação literal da
Segunda Emenda da Constituição
de 1791.
Terroristas sem vínculos organizacionais
e logísticos a grupos terroristas,
actuando por putativa inspiração
ou justificação ideológico-religiosa
islamista, aumentam a enxurrada de
demagogia autoritária e xenófoba no
ano da eleição para a Casa Branca
e, por este lado, só Trump tem a ganhar.
O assassínio com transmissão via
Facebook Live de um casal de polícias
nos arredores de Paris, na
segunda-feira, por um devoto do
Califado Negro ameaça, entretanto,
fazer escola ainda que as centenas
de mortes provocadas nas últimas
semanas por atentados dos homens
de Al-Baghdadi em Bagdade e Damasco
passem em claro nos Estados
Unidos e na Europa.
Trump, brutal e demagógico, capitaliza.
Hillary, ponderada e limitada, racionaliza
morosos e incertos combates.
Um ganha, outra perde.
*Jornalista
A hora do bruto
Cassius Clay: O campeão da “Porrada na Selva”
Por Paulo Curado*
João Carlos Barradas*
Muito interessante a
função de ênfase, a
função de signo, a
função de transgressão
jogada pelos óculos de
lentes escuras nos jovens que se
apresentam à noite em cocktails,
danças e actuações musicais na
cidade de Maputo.
Essa função junta-se ao ar rebelde
do rapper - algumas vezes
ameaçador - e, aqui e acolá, aos
bíceps cuidadosamente treinados
em academias de muscula-
ção e ao arranjo “cool” do cabelo.
À inutilização ritualizada da
função primordial dos óculos
de lentes escuras (proteger
os nossos olhos do sol) cola-
-se a aspiração à vida milioná-
ria quando os jovens cantam e
dançam junto a ou dentro de
luxuosas viaturas.
Finalmente, em espectáculos
nocturnos, a função de transgressão
ruidosa dos óculos de
lentes escuras está, não poucas
vezes, pese o intenso calor, associada
ao uso ostensivo da jaqueta
de couro ou de napa.
Função de transgressão
20 Savana 17-06-2016 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
É
comovente como a praça política
moçambicana acompanha o evoluir
da “Comissão” criada para preparar
o encontro entre as lideranças dos
partidos políticos (que se acredita poder
colocar o País em situação de estabilidade
político-militar, social, psicológica…) É
comovente na medida em que a distância
entre o que se diz e o que se faz é preocupante
(como interna e externamente já se
comenta).
Numa primeira abordagem até dá a entender
que as partes procuram ir à “mesa do
entendimento” com as asas completamente
levantadas, mostrando-se orgulhosas, altivas
e superiores. Mas, quando afinamos o
olhar na tentativa de entender o prolongamento
do conflito político-militar até ao
presente começamos, então, a duvidar dessa
Saídas pendentes
“abordagem”.
Ao que parece, por aquilo que nos é dado a
consumir no dia-a-dia, a solução militar continua
a ser a bandeira que se mantém no topo
do mastro. É esta que está na agenda das partes.
O discurso de “chamada à mesa” funciona como
uma tentativa de branqueamento da guerra,
da verdade. Quando a praça repete que a melhor
saída é o diálogo político entre as partes
em conflito, em simultâneo, volta a rebentar a
bolha discursiva de defesa de integridade territorial
coincidindo com um maior nervosismo
no campo político-militar. É como se fosse um
código. Esperamos que seja pura coincidência e
que uma coisa não tenha nada a ver com a outra.
Se no tempo do Chissano houve muita abertura
no campo do diálogo, da convivência política
entre as partes, da evolução cultural, do
respeito pela diferença de opiniões, da liberdade
de expressão, etc., nas governações seguintes
desmariarizou-se o País, produzindo instabilidade
político-militar. Sem muita margem de
erro podemos afirmar que, no geral, regredimos.
Criticava-se bastante o “Chissas” mas era mais
pela necessidade de querer ter um País crescentemente
melhor. Quando cessou iniciou-se a tal
regressão que continua a acentuar-se. Hoje já
não se pode “falar muito” pois, o olhar vigilante
da “lei da bala” já solta saliva ao invés de lacrimejar.
Quando se proíbe “falar muito” é porque
algo descomandou-se ao ponto de não permitir
soluções que contrariem esse descomando.
Sozinhos não estamos a conseguir inteligência
suficiente para percebermos que Moçambique é
um País e que como tal as ambições individuais
(ou de grupo) não devem sobrepor-se ao interesse
da Nação. Sozinhos não estamos a conseguir
extrair o furúnculo que se enraizou e
continua a gangrenar o País. O que se fala
não é o que se faz. Temos de nos convencer
(a nós próprios) que alguém vai ter que nos
ajudar a nessa extração.
A involução da “Comissão” confirma que
só ouvimos, só nos endireitamos, quando
a receita vem de fora (tipo berro do FMI).
Internamente, ainda não evoluímos o sufi-
ciente para nos respeitarmos mutuamente. A
arrogância e o orgulho continua a cegar-nos
de tal sorte que só damos conta da existência
do nosso umbigo e nada mais. Só repetimos
que a solução deve vir de nós, quando na
verdade prolongamos o conflito. Afónicos
repetimos que somos capazes, mas não nos
municiamos responsavelmente para tal empreendimento.
Oxalá, estejamos redondamente
errados.
O crescente debate público sobre a crise da
dívida em Moçambique tem atraído diversos
sectores sociais, tanto moçambicanos
como estrangeiros. Mas dizer que se pode
fazer um paralelo com a situação vivida na América-latina,
mais concretamente com o México, que
teve repercussões sócio-políticas. A economia mexicana
sofreu um colapso económico em 1982, que
teve consequências drásticas. Antes desse colapso,
a partir do início da década de 1940, o crescimento
económico foi constante, que ficou historicamente
conhecido como “Milagre mexicano”. Este crescimento
organizou-se em torno de um modelo de
industrialização baseado no princípio de substitui-
ção de importações, com a criação de muitas empresas
estatais.
No entanto, numa atmosfera caracterizada com a
ascensão da direita política, encabeçada pelas figuras
norte-americanas e britânicas de Ronald Reagan
e Margaret Thatcher, México viu-se envolvido
com uma crise da dívida. A descoberta de petróleo
em alguns estados mexicanos contribuiu para que
o país se tornasse no 4º maior produtor petrolífero
mundial. No entanto, devido à falta de diversifica-
ção económica, a economia estava dependente das
receitas petrolíferas, mas a queda do preço deste
combustível no mercado internacional danificou
severamente a economia mexicana, com fuga de
capitais e com uma dívida pública estimada em 86
bilhões de dólares.
Em Agosto de 1982, o governo mexicano declarou
moratória da dívida e, objectivando conseguir um
empréstimo do Fundo Monetário Internacional
(FMI), foi coagido a fazer concessões, reduzindo
os gastos públicos, serviços governamentais e privatizando
várias empresas públicas e selando acordos
de livre-comércio. A partir de então, México
passou por um período difícil, com a estagnação
económica na década de 1980, que ficou conhecida
como a “década perdida”.
O advogado Miguel de la Madrid, com um discurso
similar ao de Filipe Nyusi aquando da sua
tomada de posse, prometeu austeridade e cortes no
despesismo. A sua ascensão à presidência da República
marcou também uma ruptura na natureza
keynesianista e populista na governação, dando enfâse
a outros modelos: tecnocracia, o monetarismo
e o FMI. O acordo selado pelo governo mexicano
com o FMI para o alívio da dívida teve em contrapartida
a adopção das directivas tradicionais do
organismo: privatizações, cortes nos salários e diminuição
da taxa de inflação.
Mas apesar de seguir as directivas do FMI, que
incluiu a diminuição das cerca de 1155 empresas
públicas para apenas 412 em 1998, os efeitos não
foram palpáveis: de 1983 a 1988 o PBI mexicano
teve um crescimento de apenas 0,2%, os salários
foram reduzidos em cerca de 40% e a criação de
emprego estagnou. Estes efeitos económicos foram
devastadores para o partido dominante, o Partido
Revolucionário Institucional (PRI), que apesar
de manter-se na presidência da República no ano
2000 (o partido manteve-se no poder de 1929 até
2000, constituindo-se como o partido não-comunista
que mais tempo esteve no poder), o seu poder
passou a ser contestado, o que quase culminou com
a derrota de seu candidato Carlos Salinas em 1988,
ante o dissidente do PRI, Cuahtemoc Cárdenas,
Crise da dívida mexicana de 1982:
lições para Moçambique
filho do popular ex-presidente Lázaro Cárdenas.
E foi Cárdenas, que em conjunto com outros dissidentes
criou uma fractura no seio do partido por
desacordar das novas políticas neoliberais e por ter
sido preterido como candidato, em detrimento de
Carlos Salinas.
Mas se por um lado as privatizações das empresas
públicas contribuíram para que México entrasse na
economia competitiva, por outro, trouxeram efeitos
devastadores para o partido dominante, pois
sem essas empresas (até ao ano 2000 eram cerca de
202) o partido não conseguia distribuir postos de
trabalho para seus militantes nem desviar massivamente
os recursos destas empresas para financiar
suas campanhas eleitorais e outras actividades partidárias.
Em suma, a retirada do estado mexicano
na economia privou o acesso aos recursos públicos
por parte do partido dominante, que se viu obrigado
a realizar uma reforma no sistema de financiamento
aos partidos em 1996, multiplicando por
12 vezes, mas que também incluía os partidos da
oposição que cresceram sobremaneira a partir daí.
Mas porquê o sector público é tão importante, tanto
no México como em Moçambique? Tal como
Kenneth Greene escreveu no seu livro “Why dominant
parties lose: Mexico’s democratization in
comparative perspective”, que partidos dominantes
utilizam certas formas para gerar recursos: 1) desviar
fundos dos orçamentos das empresas públicas,
que são geralmente administradas por políticos
proeminentes indicados pelo partido; 2) o controlo
sobre um grande sector público permite que o
partido dominante ofereça uma grande quantidade
de postos de trabalho para os seus partidários
e ao mesmo tempo remova dos adversários; 3)
grande envolvimento estatal na economia incentiva
as empresas domésticas a fazer contribuições
económicas para campanhas políticas em troca de
protecção económica pelo estado; e, finalmente,
os partidos dominantes em regimes autoritários
eleitorais mobilizam apoio transformando órgãos
públicos em sedes de campanha, usando materiais
de escritório, telefones, veículos e os próprios funcionários
públicos para mobilizar os eleitores. No
entanto, tal como escreve o autor, as privatizações
retiram o acesso a esses recursos e a hegemonia dos
partidos dominantes fica ameaçada.
No entanto, o drástico emagrecimento do sector
público mexicano e da força de trabalho na função
pública, aliado à pressão internacional por eleições
transparentes, contribuíram para que, no ano 2000,
Vicente Fox Quesada, do Partido da Acção Nacional
(um partido com uma génese e matriz ideoló-
gica similar à RENAMO) vencesse a eleição presidencial
do referido ano. Não obstante o facto do
PRI ter regressado 12 anos depois sob a liderança
do actual presidente Enrique Peña Nieto, a verdade
é que o partido já não é mais a formação ultra-
-hegemónica do passado, tanto por abandonar um
modelo que vinha funcionando, bem como pela
má reputação que foi adquirindo durante suas sete
décadas de governação, tornando-se num símbolo
de corrupção, má gestão financeira e pelas fraudes
eleitorais. E no caso de Moçambique, será que a
FRELIMO sobreviverá à crise?
*Mestrando em Comunicação, Cultura e Tecnologias
de Informação no ISCTE-IUL. emmanuelcortezon@
gmail.com
N
estes dias complicados que vivemos,
só dá mesmo aplicarmos o estafado
estribilho da esperança que é a última
a morrer, ou outro, não menos
coçado, melhores dias virão.
Os agoirentos dizem que ainda não vimos
tudo.
Para já, o FMI desembarcou de armas e bagagens
em Maputo. Aparentemente, não há
receitas nas malas. Querem saber quais são
as receitas dos cozinheiros locais para atacar
a dívida, nomeadamente os seus meandros
mais sinuosos. E como os cozinheiros são
cheios de truques e pequenos segredos, nós
outros vamos sabendo das notícias a conta-
-gotas. Até precisamos de apanhar boleias
dos “conselhos internacionais” que mandaram
recado ao governo explicitando que o
assunto da dívida devia, em primeiro lugar,
ser discutido com as instituições nacionais.
Por isso, tivemos direito a sentar em frente à
tv e ver a sessão extraordinária do parlamento
que custou ao erário público, em tempo de
vacas magras, a quantia de 14 milhões. Mas
valeu a pena ver estabelecido um consenso
que poucos vaticinavam: a criação de uma
comissão parlamentar de inquérito. Mesmo
com as nuances que a oposição quer, porque
desconfiam do manobrismo habitual da
maioria. Mesmo com o visível desnorte da
bancada que faz governo, vacilando entre
“fazer a coisa certa” e a cartilha vaga da defesa
da soberania, mesmo que os seus próprios direitos
tenham sido espezinhados por imperativos
que, o futuro próximo – espera-se – venha
a esclarecer sobre a grandeza e objectivos
de uma tal “cruzada de soberania”.
Do outro lado da cidade, a PGR (Procuradoria
Geral da República) prepara-se para
resgatar os seus créditos e mostrar que nem
sempre são os paus mandados que preenchem
formalmente uns tantos lugares no
frágil edifício do judiciário. Mesmo que para
isso tenham de receber os recados de um risonho
representante da comunidade internacional
que, à saída do palácio de arquitectura
chinesa, dá a agenda para os tempos próximos:
da dívida à corrupção passando de caminho
pelas valas comuns.
Com estes propósitos, fica difícil contornar
as vozes dos representantes da Grã-Bretanha
e dos Estados Unidos que dão o palpite de
uma auditoria forense internacional às contas
da dívida. Sem bola de cristal é mesmo possí-
vel prever que, para esse efeito, até se faz uma
moratória ao congelamento de fundos, para
Por Emmanuel de Oliveira Cortês*
que tudo, ou quase tudo possa ser esclarecido,
mesmo que esteja viva a memória sobre a
auditoria forense às contas do Banco Austral.
O público não sabe dos seus resultados, nem
dos trinta devedores especiais que a direcção
do banco, por sensibilidades políticas latentes,
decidiu ser de “bom senso” encaminhar
ao Tesouro que, por sua vez, encarregou um
grupo de pacientes advogados de ir fazendo
as colectas, grão a grão. Com as comissões
devidas claro, porque trabalho é trabalho.
Depois da comissão parlamentar de inquérito,
a auditoria forense, será pois, a próxima
linha de resistência. A não ser que também
faça parte do pacote de medidas “sugeridas”
para surpreender os sisudos homens (e mulheres)
do FMI (Fundo Monetário Internacional).
E se a Reuters já destapou o dossier das comissões
que acompanharam os empréstimos,
a antecipação de mais comissões faz salivar
os que a todo o momento antecipam cabeças
a rolar pelo cadafalso. A linha de resistência
aqui é tórrida e os cenários contentam todas
as opções. Dos que estão prontos para a ruptura
até aos do “compromisso histórico” que,
mau grado algumas desavenças de percurso
que são ensinadas às criancinhas na escola – e
a história é invariavelmente feita pelos vencedores
– acreditam piamente que a “família”
tem de sair mais unida dos actuais desafios.
É mesmo um daqueles duelos de “western
americano” ou, mais ideológico, como explicou
recentemente o historiador Michel
Cahen: um extremar de posições que explica
os excessos de esquadrões da morte, valas
comuns e as matilhas ululantes sonhando
sangue nas redes sociais e na comunicação do
regime.
Neste dias de cólera e deriva sobra pouco
para a auto-estima. A que Samora trouxe
com a independência e a agora estilhaçada
pelos golpes da dívida. Não deixa de ser iró-
nico que uma das bandeiras do consulado que
nos governou nos últimos dez anos esteja por
terra e atravessando os seus piores dias.
É difícil, mas não é impossível, ver para além
do cacimbo desta nossa momentânea invernia.
Só temos que querer.
*em solidariedade com o Machado da Graça,
companheiro de muitas marchas, travando um
complicado combate contra a doença que o impede
do habitual convívio com o seus leitores
Em busca da auto-estima perdida
Por Fernando Lima*
Savana 17-06-2016 21 PUBLICIDADE
22 Savana 17-06-2016 DESPORTO
Q
uatro meses depois do
desabamento de uma das
paredes de vedação da
piscina do Zimpeto, que
vitimou nove pessoas, sendo oito
feridos e um óbito, no caso vertente,
Frederico dos Santos, treinador
do Golfinhos de Maputo e
seleccionador nacional, os lesados
continuam à espera, impacientemente,
de serem ressarcidos pelos
prejuízos. Nesta segunda feira, o
SAVANA ouviu a versão de parte
das vítimas dessa triste tragédia e,
de viva voz, afirmaram que ainda
não receberam nenhum apoio das
entidades competentes. “Parece
que quem de direito está condescendente
com a situação, pois
não se está a agir com celeridade”,
afirmam.
Entretanto, Aníbal Leite, director
Geral da Mota Engil, diz que o
processo está fechado. “Tudo correu
bem, vamos dar o apoio”.
Contextualização
Segundo o que a imprensa noticiou
na altura, depois do triste
acontecimento, ocorrido justamente
a 20 de Fevereiro deste ano,
as vítimas decidiram elaborar um
caderno reivindicativo, que depois
foi enviado ao Governo para melhor
apreciação. Em carta dirigida
ao Ministério da Juventude e
Desportos, datada de 15 de Mar-
ço, a Federação Moçambicana de
Natação clarifica que o desabamento
da parede frontal da Piscina
Olímpica do Zimpeto causou,
para além da morte do seleccionador
nacional de natação, Frederico
dos Santos, danos físicos graves
ao atleta da selecção, Denilson da
Costa, e outros, dentre os quais
os filhos e esposa do malogrado,
o atleta Valentim da Costa e dois
trabalhadores.
Paralelamente, registaram-se estragos
materiais avultados em
quatro viaturas, sendo uma da família
do malogrado, uma dum dirigente
da Associação de Natação
da Cidade de Maputo, uma viatura
dum treinador do Clube Golfinhos
de Maputo e uma viatura
dum trabalhador dos complexos
de restauração da Piscina Olímpica
do Zimpeto.
Ante à gravidade da situação, o
atleta Denilson da Costa acabou
sendo submetido a uma interven-
ção cirúrgica no braço esquerdo,
no dia 05 de Março, num hospital
ortopédico da vizinha África do
Sul, onde ficou internado por três
dias, sendo que as despesas de recuperação
do atleta foram cobertas
pelo pai, quando se esperava
que fossem entidades do Governo
a fazê-lo.
A família do malogrado Frederico
dos Santos, depois que retomou às
actividades normais, apresentou
queixas de dificuldades de vária
Quatro meses depois da tragédia do Zimpeto
Vítimas continuam entregues à sua sorte
Por Paulo Mubalo
ordem, sobretudo no que se refere
ao sustento da família, pagamento
das despesas correntes, despesas
com a escola da viúva e dos filhos
e dificuldades sérias impostas pela
falta de viatura para assegurar o
dia-a-dia de actividades da famí-
lia, de forma condigna, flexível e
viável.
Quanto às outras vítimas de lesões
físicas, nomeadamente, os trabalhadores
da natação, esses continuam
a reclamar ainda não terem
sido contactadas pelas autoridades
do Estado para colocarem as suas
preocupações e as partes lesadas
nas viaturas atingidas reclamam
pela abertura de um processo que
conduza a que estes possam ser
ressarcidos e compensados de forma
urgente, célere e justa.
Enquanto isto, face aos assuntos
retromencionados, a FMN propôs
um encontro entre esta, o Governo,
a ANCM, as vítimas e as partes
lesadas e o seguinte:
-Pagamento por melhor via indicada
pelo Ministério da Juventude
e Desportos, das despesas com
medicamentos, assistência médica
e hospitalar ao atleta Denilson da
Costa; bolsa de Estudos (subsídio
mensal e pagamento de taxas de
matrícula, propinas e despesas escolares
para a Sra. Soraya Julai dos
Santos, viúva do treinador Frederico
dos Santos);
-Bolsa de Estudos (subsídio
mensal e pagamento de taxas de
Matrícula, propinas e despesas escolares
para os filhos do falecido
Seleccionador Nacional Frederico
dos Santos);
-Bolsa de Estudos (subsídio mensal
e pagamento de taxas de matrí-
cula, propinas e despesas escolares
para o atleta Valentim da Costa,
igualmente vítima da tragédia);
-Pagamento de pelo menos quinze
salários mínimos a cada uma das
vítimas e a cada uma das pessoas
lesadas para mitigar o impacto da
perda de bens pessoais e despesas
com os danos sofridos, enquanto
decorre o processo de indemniza-
ção das vítimas e lesados;
-Pronta alocação/aquisição de
uma viatura para o uso da família
do malogrado Frederico dos Santos;
- Atribuição de um subsídio mensal
de Dezassete Mil Meticais
(17.000,00 MT) ou alocação/
aquisição a cada um dos proprietários
de cada uma das quatro
viaturas danificadas para permitir
minimizar ou mitigar o impacto
negativo da falta de viatura, enquanto
decorre o processo que
conduzirá às devidas compensa-
ções e reposição das viaturas danificadas;
-Acompanhamento psicológico
das vítimas e dos atletas.
Em “stand by”
A viúva de Frederico dos Santos,
Soraya dos Santos, partilhou com
o SAVANA algumas das suas
preocupações.
“Bem, ainda estamos em stand by,
eles prometeram-me, mas ainda
nada aconteceu porque não tive
qualquer tipo de ajuda. Eu não
pedi nada. Ouvi dizer que estão a
tratar do assunto e que dentro de
dias vão fechar o processo. Continuo
aguardando”.
Mesmo desesperada, Soraya diz
que vai sobrevivendo à maneira e
agradece o Clube Golfinhos pelo
amparo. “O clube vai pagar seis
meses correspondentes ao salário
do meu falecido esposo”, disse.
Entretanto, circularam informa-
ções dando conta de que um dos
filhos de Frederico dos Santos
deixou de estudar por não dispor
de dinheiro para pagar propinas.
A fonte desdramatiza este assunto
anotando que “o que se passa
é que tenho passado por algumas
dificuldades”.
Já Aníbal Leite, director-geral
da Mota Engil, explicou, sumariamente,
ao SAVANA que o
processo está fechado, pois a sua
empresa vai dar apoio à viúva do
antigo treinador Frederico dos
Santos. “Tudo está bem encaminhado
e o processo está fechado”,
explicou.
A tragédia do Zimpeto semeou luto e dor
O
piloto em ascensão
meteórica, Cristian
Bouché, voltou a não
deixar os seus créditos
em mãos alheias e, como se lhe
impunha, acabou conquistando
com todo o mérito a quarta
prova do campeonato de
Karts da Cidade de Maputo,
especialidade que, nos últimos
anos, tem conquistando cora-
ções de muitos fás.
Vem daí que mesmo as baixas
temperaturas que se fizeram
sentir no fim-de-semana
a participação dos atletas e a
presença do público tenha sido
assinalável.
Em termos de presença de
pilotos tomaram parte no certame
30, os quais proporcionaram
momentos de verdadeiro
Karts
Cristian Bouché em grande estilo!
espectáculo, com o único senão
de na terceira manga ter registado
um acidente.
Nota de destaque é a entrega,
abnegação, sentido de responsabilidade
e o querer demonstrados
por todos os pilotos, não obstante
as diferenças em termos de ritmo
competitivo, perícia e outras particularidades
que apenas se conseguem
com muito mais treino.
Se na classe DDS, Cristian Bouché
ocupou o primeiro lugar, seguido
por Jaryd Vray e Connor
Hughes, na de Maxterino “A”,
Rodrigo Almeida impôs-se em
relação aos demais, ocupando a
primeira posição. Este foi seguido
por Azique Razak e Guilherme
Rocha, na segunda e terceira
posições, respectivamente.
Enquanto isto, o Automóvel e
Touring Clube de Moçambique,
ATCM, organismo que organizou
o evento, diz estar satisfeito
com o decorrer das provas, daí
que tenha feito uma avaliação
positiva.
António Marques, presidente daquele
organismo, explicou à imprensa,
no final do certame, que
para além da prova em si criou-se
um bom ambiente para a pequena
no contexto das comemorações
do dia internacional da criança.
Aliás, exceptuando essa mazela,
tudo decorreu dentro da normalidade,
não tendo havido nem
protestos ou mesmo penalizações,
o que faz antever que a próxima
prova de motocross marcada para
3 de Julho venha fazer convergir
não só dezenas de pilotos como
de assistentes.
Quanto a Cristian Bouché, há
que notar que tem dominado as
principais provas do desporto
motorizado no país,
com destaque para a especialidade
de karting, sendo
que teve uma reaparição
extraordinária, ano passado,
no troféu Maputo-2015
em karting. Com apenas 26
anos de idade, é uma verdadeira
estrela cintilante na
modalidade.
Relativamente ao ATCM,
importa referir que este organismo
tem uma academia
de karting para a formação
de jovens pilotos, concretamente
crianças compreendidas
entre os sete aos 12
anos, e um centro de referência
ao piloto. Por tudo
isso pode se dizer que o
futuro da modalidade está
garantido no país.
Savana 17-06-2016 23 DESPORTO
UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População, é uma agência internacional
de desenvolvimento que trabalha em prol de um mundo onde
cada gravidez é desejada, cada parto é seguro e o potencial de cada jovem é
realizado. O UNFPA solicita candidaturas de cidadãos moçambicanos quaOLÀFDGRVHH[SHULHQWHVSDUDDVHJXLQWHYDJD
3RVWRHWtWXORSC/UNFPA/2016/003 – Coordenador
Provincial Nampula
SC/UNFPA/2016/004 – Coordenador
Provincial Zambézia
7LSRGHFRQWUDWRQtYHOService Contract, nível SB-4
/RFDOGH7UDEDOKR Nampula, Nampula
(Posto # SC/UNFPA/2016/003)
Quelimane, Zambézia (Posto #
SC/UNFPA/2016/004)
'XUDomR Um ano com possibilidade de renovação
dependendo da avaliação do desempenho
e da disponibilidade de fundos
3UD]RGDFDQGLGDWXUD 20 de Junho de 2016
Principais tarefas e responsabilidades: Em coordenação com o pessoal
FKDYHGR81)3$HGRSURMHFWRHOHHODLUiDUWLFXODUFRPRVSDUFHLURVGH
implementação e o ponto focal das diferentes agências das Nações Unidas
na província, para obter actualizações regulares sobre o processo do
programa; apoiar a implementação das intervenções baseadas na comunidade,
com enfoque na abordagem dos espaços seguros baseada na
comunidade; monitorar a implementação das actividades apoiadas pelo
UNFPA conforme o plano de trabalho aprovado, cronogramas e orçamentos
aprovados e as respectivas responsabilidades de cada parceiro; idenWLÀFDUODFXQDVQDTXDOLGDGHGDH[HFXomRGRSURJUDPDHSURSRUVROXo}HV
proporcionar liderança na avaliação do estado de implementação do programa,
ao analisar os constrangimentos e atrasos na implementação e na
LGHQWLÀFDomRGHQHFHVVLGDGHVGHPXGDQoDVQRVSODQRVHRXRUoDPHQWRV
Anúncio de Vagas
SC/UNFPA/2016/003 – Coordenador Provincial Nampula
SC/UNFPA/2016/004 – Coordenador Provincial Zambézia
promover e organizar encontros periódicos de coordenação e prestação de
contas e resultados do programa ao nível da província; prestar apoio na colecta
e monitoria de dados e na análise de estatísticas chaves e relatórios da
VD~GHVH[XDOHUHSURGXWLYD
Requisitos gerais: 0tQLPRGHTXDOLÀFDomRGHQtYHO0HVWUDGRHPVD~GHS~-
EOLFD FLrQFLDV VRFLDLV DGPLQLVWUDomR RX iUHDV DÀQVPtQLPR GH DQRV GH
H[SHULrQFLDFRPSURYDGDHPPRQLWRULDHDYDOLDomRGHSURMHWRVH[SHULrQFLD
FRPSURYDGD HP SHVTXLVD RSHUDFLRQDO H[SHULrQFLD HP JHVWmR GH SURMHWRV
PXOWLVVHWRULDLVRXSURJUDPDVQDiUHDGD6D~GH6H[XDO5HSURGXWLYDpXPD
YDQWDJHPH[FHOHQWHFDSDFLGDGHGHSODQHDPHQWRDQiOLVHDYDOLDomRHJHVWmR
OLWHUDFLD LQIRUPiWLFD FRPSOHWD H H[FHOHQWH ÁXrQFLD HP 3RUWXJXrV H ,QJOrV
SURÀFLrQFLDHPJHVWmRGHEDVHVGHGDGRVHSDFRWHVHVWDWtVWLFRV
Como se candidatar: A Descrição do Trabalho detalhado para a vaga estão disponíveis
na recepção do escritório do UNFPA em Maputo no endereço espeFLÀFDGRDEDL[RGDVDWpKRUDVGHVHJXQGDDTXLQWDIHLUDWDPEpP
pode se encontrar no website mozambique.unfpa.org ou solicitado através
GRFRUUHLRHOHFWUyQLFR UHFUXLWPHQW#XQISDRUJP]Os interessados devem
submeter as suas candidaturas acompanhados pela carta de motivação indicando
a referência e o nome do posto, CV actualizado, formulário P11
(disponível no website acima mencionado), endereço completo, detalhes
de contacto e, pelo menos, três referências. Não há nenhuma cobrança de
WD[D GH FDQGLGDWXUD SURFHVVDPHQWR RX GH RXWUD QDWXUH]D 2 81)3$ QmR
solicita ou procura obter informações dos candidatos quanto ao seu estado
GH+,9RX6,'$HQmRGLVFULPLQDFRPEDVHQDVLWXDomRGH+,9H6,'$$V
FDQGLGDWXUDVGHYHPVHUVXEPHWLGDVQRHQGHUHoRDEDL[RDWpRGLDGH-XQKRGH
UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População
Av. Julius Nyerere, 1419, PO Box 4595,
Maputo, Mozambique
Mais um caso insólito
deu-se no futebol mo-
çambicano. Depois do
Desportivo do Niassa
averbar falta de comparência caseira,
na 11ª jornada do Moçambola,
agora foi a vez do segundo representante
da Província de Nampula
(até a data não definido) sofrer falta
de comparência diante das Águias
Especiais de Lichinga, em jogo
pontuável para os oitavos-de-final
da Taça de Moçambique.
O caso aconteceu, no último domingo,
em Lichinga, onde a Federação
Moçambicana de Futebol
(FMF) tinha agendado a
partida dos oitavos-de-final entre
as Águias Especiais daquela cidade
e o segundo representante de
Nampula.
O facto é que até à data do jogo a
Associação Provincial de Futebol
de Nampula (APFN) não tinha
apurado o adversário da equipa de
Niassa (Desportivo de Nacala ou
Ferroviário de Nampula) e programou
fazê-lo no mesmo dia.
Segundo representante de Nampula averba falta de comparência na Taça de Moçambique, quando ainda estava em apuramento
FMF e APFN ridicularizam o futebol
Por Abílio Maolela
AFN acusa FMN de ignorar seu
pedido
Segundo o vice-presidente da
APFN para Alta Competição,
Orlando Valata, ouvido pela Rá-
dio Moçambique, após a vitória
do Ferroviário de Nampula sobre
o Desportivo de Nacala, no jogo
de apuramento do adversário do
representante do Niassa, aquela
partida foi marcada para aquele
dia ( 12 de Junho) porque, nos dias
previstos, “o Ferroviário de Nampula
tinha jogadores nas selecções”
e acusa a FMF de ter ignorado o
pedido.
“Enviamos uma carta à FMF, a
explicar as razões da não realiza-
ção deste jogo. Há um regulamento
que diz caso uma equipa tenha
mais de dois jogadores na selecção
não pode fazer jogos oficiais. O
Ferroviário tinha quatro jogadores
na selecção (dois na selecção nacional
e dois na selecção do Malawi)
e não jogou no dia 01 de Junho”,
revelou.
O treinador do Ferroviário de
Nampula, Arnaldo Salvado, foi
mais longe e disse que isto acontece
porque as pessoas que dirigem
o futebol (Alberto Simango e seu
elenco) “não têm mínimo de bom
senso” e muito menos “mentalidade
desportiva”, pelo que “estão a fazer
um péssimo serviço ao futebol nacional”.
“Tivemos custos na equipa (transporte,
hospedagem e alimentação)
para nada. Só estivemos aqui para
dar receita ao Desportivo de Nacala.
Estamos a brincar com o futebol.
A zona norte tem mais jogos
de apuramento que a zona centro”,
constatou o técnico, em entrevista
à mesma estação radiofónica.
FMF responsabiliza APFN
Contactado pelo SAVANA para
reagir a este facto, o Secretário-Geral
da FMF, Filipe Johane, atirou as
culpas à APFN, alegando que esta
“teve muito tempo para apresentar
seus representantes até à data do
jogo dos oitavos-de-final”.
“Além de invocar o regulamento, a
Associação devia verificar o calendário.
Havia datas marcadas para
a realização de jogos e, até à data
do sorteio para os oitavos, devia ter
nos apresentado o seu representante,
o que não aconteceu. Durante
o sorteio, dissemos às associações
que nos apresentassem os seus representantes
até à data dos jogos”,
esclareceu a fonte.
“Quando são competições da CAF,
os países devem apresentar os seus
representantes até, no máximo, Janeiro.
Se tu não apresentas, o problema
é teu e não da CAF”, exemplificou,
antes de rematar:
“Não há estória e nem ciência. A
responsabilidade é da Associação”.
APFN demarca-se da responsabilização
À nossa reportagem, o Presidente
da APFN, Samuel Tagir, reafirma
que a sua agremiação cumpriu com
o regulamento e recorda que o sorteio
dos oitavos-de-final marcava
jogos entre os representantes da
zona norte, não especificando os
adversários, pois, “ninguém tinha
apurado seu representante. Tanto,
Nampula, Niassa, assim como
Cabo Delgado”, destaca.
Sem consensos à vista, a APFN
aguarda pela decisão do Conselho
de Disciplina da entidade gestora
do futebol nacional, porém reafirma
que fez tudo dentro das regras
do jogo.
Além da falta de comparência
averbada ao segundo representante
de Nampula na fase zonal norte,
a Taça de Moçambique registou
duas desistências, na zona centro,
devido aos confrontos militares,
que se verificam naquela região do
país.
Chingale de Tete e Sporting da
Beira não viajam, no último fim-
-de-semana, a Chimoio e Songo,
respectivamente, para a fase zonal
centro da competição.
Filipe Johane afirma que, neste
caso, também “não há nada a fazer”,
porque a sua instituição não
se responsabiliza pelo transporte
das equipas.
“Queriam viajar via terrestre e a
FMF não limita as modalidades
que cada um adopta. O Ferroviário
de Quelimane foi à Beira de avião
e jogou. Nós marcamos os jogos e
as equipas não se fizeram presente
aos mesmos”, sublinhou.
Recordar que os confrontos militares
são, também, responsáveis pela
não realização da Divisão de Honra,
ao nível daquela região.
24 Savana 17-06-2016 CULTURA
Por Luís Carlos Patraquim
99
Ahumildade é a escada de uma ambição prematura, é para onde vira o rosto aquele
que sobe. Mas, tão logo ele alcança o último degrau, vira-lhe as costas e passeia
nas nuvens, desprezando os primeiros degraus por onde ele ascendeu.
William Shakespeare
No 4º centenário da morte de William Shakespeare, que este ano de comemora, uma modestíssima
homenagem ao grande dramaturgo inglês.
As produções Mal Coado, na impossibilidade de distribuir o DVD do filme de
Joseph L. Mankiewicz (1953), com Louis Calhern no papel de Júlio César,
Marlon Brando como Marco António, James Mason como Marcus Junius Brutus,
a personagem principal, não obstante o título e Sir John Gielgud como Gaius Cassius
Longinus, oferece ao leitor alguns, brevíssimos, excertos.
A peça terá sido escrita em 1599, governava ainda Isabel I, cuja indecisão em designar um
herdeiro fazia perigar o futuro do reino.
Cássio conspira, Marco António, ambíguo, fará o célebre discurso na escadaria do Capitó-
lio, consumada a execução, que tem em Marlon Brando, na versão fílmica de Mankiewicz,
o dos momentos mais altos da arte de representar. A fala de Cássio devia fazer parte dos
cursos de Ciência Política. Não vamos descrever a peça mas, desta coluna a sul, queremos
também justificar e homenagear Italo Calvino que a todos ensinou a revisitar os clássicos.
Adverte-se, sem ironia, que Mal Coado não faz a apologia do assassinato. O mesmo se
pode dizer de Shakespeare. Sabemos que este paralelismo é insuportável.
Cássio - Então, por que há de César ser tirano? Pobre homem! Não se tornaria num lobo,
sei-o bem, se não visse que os romanos não passam de carneiros. Quem deseja fazer depressa
uma fogueira deve começar por gravetos. Que refugo, que montoeira de lixo ou bagaceira
deve ser Roma, para transformar-se no baixo material que serve apenas para luz emprestar
a uma criatura tão pífia quanto César! Mas, ó dor! para onde me levaste! Eu talvez fale
diante de quem é escravo voluntário. Devo, pois, preparar a minha resposta. Mas pouco
importa; estou armado; todos os perigos me são indiferentes.
Acto I, Cena 1
CÁSSIO - Sei, Bruto, que possuís essa virtude, como conheço vosso aspecto externo. A
honra vai ser o assunto da conversa. Ignoro o que pensais e os outros homens sobre esta
vida; mas com referência a mim próprio, direi que preferira não viver, a viver sempre com
medo de um ser tal como sou. Nasci tão livre quanto César, tal qual se deu convosco; nós
dois, tão bem quanto ele, nos criamos, como podemos suportar, como ele, os rigores do inverno.
Uma vez, numa tarde enublada e tempestuosa, em que o Tibre agitado se batia dentro
das próprias margens, perguntou-me César: “Cássio, ousarias atirar-te, junto comigo, na
corrente infensa e nadar até ali?” Mal acabara de falar-me, vestido como estava, joguei-me
à água e chamei-o para que me seguisse, o que ele fez de facto. A correnteza roncava; nós
lutávamos contra ela com membros indefesos, apartando-a e à sua fúria opondo o ousado
peito. Mas antes de alcançarmos nossa meta, César gritou: “Socorro, Cássio! Afogo-me!”
Então, tal como Enéias, nosso grande progenitor, que carregara aos ombros o velho Anquises
e o salvara às chamas que Tróia devastavam: da corrente do Tibre, assim, tirei o exausto
César. Num deus, agora, está mudado esse homem, sendo Cássio uma mísera criatura que
precisa curvar-se, quando César com enfado lhe faz um gesto vago. Em Espanha apanhou
febre; e, quando o acesso lhe vinha, notei bem como tremia. Sim, esse deus tremia; seus
covardes lábios ficaram pálidos, e os mesmos olhos que ao mundo todo inspiram medo o
brilho a perder vieram. Muitas vezes o ouvi gemer. Sim, essa mesma língua que os romanos
deixava estupefactos, levando-os a guardar os seus discursos, ah! gritava tal qual donzela
doente: “Água, Titínio! Dá-me um pouco de água!” Muito me espanta, ó deuses! ver que
um homem de uma constituição assim tão fraca tenha passado à frente neste mundo majestoso
e, sozinho, obtido a palma.
Acto I, cena I
Bruto - Por me haver amado César, pranteio-o; por ter sido ele feliz, alegro-me; por ter sido
valente, honro-o; mas por ter sido ambicioso, matei-o.
Acto III, Cena II,
ANTÔNIO - Concidadãos, romanos, bons amigos, concedei-me atenção. Vim para fazer
o enterro de César, não para elogiá-lo. Aos homens sobrevive o mal que fazem, mas o bem
quase sempre com seus ossos fica enterrado. Seja assim com César. O nobre Bruto vos
contou que César era ambicioso. Se ele o foi, realmente, grave falta era a sua, tendo-a César
gravemente expiado. Aqui me encontro por permissão de Bruto e dos restantes - Bruto é
homem honrado, como os outros; todos, homens honrados - aqui me acho para falar nos
funerais de César. César foi meu amigo, fiel e justo; mas Bruto disse que ele era ambicioso,
e Bruto é um homem honrado. César trouxe numerosos cativos para Roma, cujos resgates
encheram o tesouro. Nisso se mostrou César ambicioso? Para os gritos dos pobres tinha
lágrimas. A ambição deve ser de algo mais duro. Mas Bruto disse que ele era ambicioso, e
Bruto é um homem honrado. Vós o vistes nas Lupercais: três vezes recusou-se a aceitar a
coroa que eu lhe dava. Será isso ambição? No entanto, Bruto disse que ele era ambicioso,
sendo certo que Bruto é um homem honrado. Não pretendo contestar o nobre Bruto; só
vim dizer-vos o que sei, realmente. Todos vós o amáveis, não sem motivo. Que é então que
vos impede de chorá-lo? O julgamento! Foste para o meio dos brutos animais, tendo os
humanos o uso perdido da razão. Perdoai-me; mas tenho o coração, neste momento, no
ataúde de César; é preciso calar até que ao peito ele me volte.
Acto III, cena II
Excertos de Júlio César, peça C de William Shakespeare
om vista a contribuir para a promoção
da vida e obra de Eduardo
Mondlane, realiza-se, de 18 a 20
de Junho corrente, a II edição do
Festival Xingomana, em Nwadjahane, Mandlakaze,
província de Gaza.
Chude Mondlane, produtora do Festival
Xingomana, disse que o evento pretende
consolidar a sua essência no circuito artístiNwadjahane
acolhe Festival
Xingomana 2016
Mostrar que a cultura pode ser o veio no desenvolvimento nas comunidades -
Chude Mondlane
espectáculo musical, feira de livro, artesanato,
gastronomia, tecnologia, bem como actividades
de cidadania ligadas ao meio ambiente e
educação fiscal.
Para além das actividades acima referenciadas,
a intenção do festival é de servir como
lobby junto ao Ministério da Cultura e
Turismo com vista à candidatura da dança
Xingomana na lista do Património Mundial
Cultural da UNESCO. “Este projecto tem
Oescritor Marcelo Panguana proferiu
uma palestra na Escola Secundá-
ria Noroeste 1, intitulada, “A importância
da leitura na Educação”.
Autor da obra, “O Vagabundo da Pátria”,
lançado recentemente, Marcelo Panguana
é escritor, autor de obras como, “As Vozes
que Falam Verdade” (1987), “A Balada dos
Deuses” (1991), “O chão das coisas” (2003) e
“Como um Louco ao Fim da Tarde” (2010),
entre outras.
Depois da apresentação no dia 7 do mês em
curso, protagonizada pela escritora Fátima
Langa, na Biblioteca Municipal do Zimpeto,
o projecto de divulgação da Feira do Livro
de Maputo, (FLM), inserido na actividade
denominada “A Caminho da Feira”, realizado
pelo Conselho Municipal da Cidade de
Maputo, segue o seu périplo rumo à Feira do
Livro de Maputo 2016.
“A Caminho da Feira” é mais uma actividade
que se promove na antecâmera da Feira do
Livro e pretende ser um local de conversas
e encontros sobre literatura, cinema, artes,
música e teatro sempre tendo como pano de
fundo a promoção da leitura. Uma vez que a
Feira do Livro de Maputo preocupa-se em
trazer as melhores editoras, livrarias, escritores
e, além disso, atrair mais visitantes e interessados
a adquirir grandes variedades de
títulos a preços promocionais.
Por essa razão, o evento pretende ainda dar
a conhecer, promover a Feira junto dos potências
participantes e expositores, no sentindo
de torná-la mais próxima das escolas,
universidades e público em geral. A mesma
iniciativa visa ser o elo de ligação entre o pú-
blico e a Feira, no sentido de persuadir mais
munícipes a participarem neste certame.
A.S
“A importância da leitura
na Educação”
que Nwadjahane ficará como referência de
turismo cultural da comunidade, tendo como
suporte a vida e obra de Eduardo Mondlane,
perpetuando assim os ideais de Eduardo
Mondlane, contribuindo para a melhoria
das condições de vida das comunidades de
Nwadjahane que terão oportunidades de negócios.
A dança Xingomana é uma expressão artística
cultural praticada na zona sul do país com
destaque para província de Gaza, por esse
motivo o evento organiza um concurso anual
ao nível provincial com prémios atractivos
como forma de celebrar, incentivar, valorizar
e preservar a prática da dança Xingomana
nas comunidades para que possa contribuir
para o desenvolvimento económico, social e
cultural e empoderamento da mulher mo-
çambicana.
Este projecto propõe-se a levar a cabo actividades
como concurso de dança Xingomana,
uma mais-valia porque, para além de ter este
nobre objectivo a longo prazo, pela segunda
vez, irá celebrar o aniversário de Eduardo
Mondlane e a sua exaltação vai abarcar não
só a sua vida e obra, mas igualmente a sua
cultura e a sua terra natal”, frisa.
Considera que este projecto é único em Mo-
çambique que celebra a vida, obra e cultura
de Eduardo Mondlane. “O projecto é igualmente
único porque pela primeira vez vai demonstrar
a ligação intrínseca entre a cultura
e turismo, provando que cultura é veículo de
desenvolvimento social, cultural e económico.
Manjacaze ficará como referência do turismo
cultural da comunidade, tendo como
suporte a vida e obra de Eduardo Mondlane,
perpetuando assim os ideais de Eduardo
Mondlane, contribuindo para a melhoria das
condições de vida das comunidades de Manjacaze”,
finaliza.
A.S
co em Moçambique
e o pólo será a terra
natal de Eduardo
Mondlane, a aldeia
de Nwadjahane, uma
vez que a dança Xingomana
é oriunda
deste ponto do país
onde, também, se
encontram os seus
maiores praticantes.
O Festival Xingomana
integra conteúdos
sobre esta dança no
curriculum local, e
demonstrar a liga-
ção intrínseca entre
a cultura e turismo
provando que a cultura
é veículo de desenvolvimento
social
e económico.
Chude acrescentou
Savana 17-06-2016 25 SOCIEDADE
Oponto de partida para a
discussão da problemá-
tica da dívida foi o estudo
das estruturas de
produção e comércio da economia
nacional, as quais incorporam,
em si próprias, as dinâmicas
de crise sistémica.
A economia colonial gerou estruturas
produtivas dualistas,
em resposta a diferentes pressões
sócio-económicas e políticas.
Emergiu, primeiro, um sector
exportador, focado no semi-processamento
de produtos primá-
rios para exportação (chá, sisal,
açúcar, copra, algodão, caju, entre
outros), pois o primeiro objectivo
da economia colonial era
a extracção.
Em relação com este sector, e com
a prestação de serviços de transporte
aos países da hinterland,
desenvolveram-se os caminhos-
-de-ferro e os serviços adjacentes
de manutenção (como as oficinas
gerais, que marcaram o início da
metalo-mecânica pesada em Mo-
çambique, e os da construção e
manutenção naval e das linhas,
que lançaram a metalurgia e a
produção de cimento).
As indústrias de substituição de
importações, para consumo doméstico,
receberam um impulso
com a II Guerra Mundial, por
causa da ruptura dos circuitos
comerciais internacionais, mas,
foi com a migração de colonos
portugueses em massa, nos anos
1950-1960, que estas indústrias
se expandiram e se diversificam
rapidamente.
Entre outros, foram seis os principais
motivos do desenvolvimento
da indústria para o mercado interno:
a expansão da procura de
bens pelos colonos, a necessidade
de criar mais empregos urbanos,
a pressão política para gerar capitalistas
portugueses nas colónias,
a redução dos custos da modernização
da indústria portuguesa,
conseguida, em parte, por via da
venda do equipamento obsoleto
para as colónias, a abertura de
mercados para aplicações financeiras
e industriais pelos capitalistas
monopolistas portugueses,
e as pressões políticas internacionais
sobre Portugal, que se intensificaram
com o surgimento dos
movimentos de libertação nacional
e o desencadeamento das lutas
de libertação nacional.
Esta indústria de substituição de
importações era, ironicamente,
dependente de importações, pois
não resultava de ligações a montante
e a jusante dentro da economia
e substituía as importações
apenas na fase final do processo
produtivo.
Portanto, as indústrias assentes
em recursos locais exportavam;
as que produziam para o mercado
doméstico importavam até 85%
dos equipamentos, peças, maté-
rias-primas e materiais auxiliares,
e os combustíveis.
As indústrias exportadoras expandiam
mais lentamente por
causa da rigidez na procura mundial
de produtos primários, da
tendência para a volatilidade nos
mercados internacionais e do declínio
secular dos termos de troca.
As de substituição de importa-
ções expandiam mais depressa,
pois respondiam a pressões e incentivos
políticos, estavam ligadas
a mercados domésticos em
rápido crescimento e beneficiavam
de protecção.
Porém, esta estrutura dualista
continha factores de crise que
reflectiam a sua estrutura: a produção
era dependente de importações,
porque era débil a substituição
efectiva de importações; as
exportações eram concentradas
em produtos primários com mercados
e preços voláteis; portanto,
sempre que a economia expandia
mais rapidamente que as receitas
de exportação, ou sempre que os
preços internacionais dos produtos
primários baixavam, a economia
entrava em crise relacionada
com a sua incapacidade de importar,
a redução das receitas do
Estado e, portanto, a contracção
da capacidade de endividamento.
Após a independência nacional,
resolver este problema foi uma
das prioridades do novo governo,
e o Plano Prospectivo Indicativo
(PPI) foi o instrumento.
No entanto, este plano era focado
em mega projectos de transformação
estrutural da economia,
em particular os de agro-industrialização,
sufocando a capacidade
económica existente, e era
dependente de grandes influxos
de recursos externos, que não se
concretizaram.
Assim, o investimento produtivo
aumentou seis vezes nos três
anos entre 1980 e 1982, tendo
contraído, em 1983, para dois
terços do investimento de 1982
(subsequentemente, continuou a
baixar até, em 1986, atingir níveis
inferiores aos do fim do período
colonial, onze anos antes).
Evidentemente, a guerra exacerbou
o problema, paralisando a
produção e circulação de mercadorias
no campo, pois desintegrou
os sectores de exportação.
Mas, mesmo sem guerra, seria
improvável que o ritmo de endividamento
a que o PPI obrigava
fosse sustentável, pois os retornos
dos grandes projectos, mesmo
que estes viessem a ter sucesso,
chegariam depois de a economia
estar esgotada.
Se todos os recursos forem aplicados
em projectos de muito longo
prazo, sufocando o que existe
sem o substituir, a economia entra
em crise antes de chegar ao destino
distante e incerto –foi isso o
que aconteceu com o PPI.
A crise dos anos 1980, o processo,
posterior, de privatização sem
estratégia produtiva, na primeira
metade da década de 1990, e o
enfoque da estratégia económica
em atrair grande capital internacional,
pondo, à sua disposição, a
baixo custo, os recursos naturais
estratégicos – fontes de energia,
recursos minerais e terra – contribuíram
para um drástico afunilamento
da economia.
Assim, mais de 40% do parque
industrial faliu, dez subsectores
industriais, incluindo cinco de
substituição de importações, desapareceram,
a concentração da
produção industrial em produtos
primários semi-processados aumentou
consideravelmente, para
uma média de 70% por sector
(99% na metalurgia, dominada
pelo alumínio), as dinâmicas
agrárias orientaram-se para a exportação
de mercadorias, nomeadamente
o algodão, o tabaco, a
madeira, a banana e o açúcar, ao
mesmo tempo que a produção
alimentar per capita diminuiu.
Como resultado, 90% das exportações
são derivadas de nove
produtos primários, nomeadamente,
alumínio, carvão, areias
pesadas, energia, gás natural (que
totalizam 72% das exportações),
tabaco, banana, açúcar e madeiras
(18%). As importações são
dominadas pelas necessidades
dos mega projectos do complexo
mineral-energético (66% das
importações de bens e 60% das
importações de serviços) e pelas
necessidades alimentares.
Portanto, a economia tem menos
variedade, menos ligações, menos
capacidade de substituir importa-
ções, tanto para consumo como
para investimento, pelo que a
expansão económica, em especial
em períodos de aceleração, como
foi a década passada, conduz a
um rápido crescimento das importações.
Por outro lado, as exportações são
mais limitadas e concentradas em
produtos primários para mercados
voláteis, pelo que estão sujeitas
a choques constantes – dada
a concentração das exporta-
ções, esses choques têm um
impacto na economia maior
do que teriam se a base de
Crónica de uma crise anunciada:
Por Carlos Castel-Branco e Fernanda Massarongo*
Dívida pública no contexto da
economia extractiva
A queda de preços de matérias no mercado internacional poderá limitar o país na questão de gestão da dívida
26 Savana 17-06-2016 SOCIEDADE SOCIEDADE
exportações fosse mais diversificada.
Se as importações crescerem
mais depressa do que as receitas
de exportação retidas pela economia
e do que as reservas e a capacidade
fiscal do Estado, a crise
emerge.
A combinação da dependência de
importações para consumo e para
investimento, da concentração e
volatilidade das exportações e da
aceleração do crescimento econó-
mico, nestes moldes, gera crises
inevitáveis na balança de pagamentos.
Estas crises podem ser escondidas
por trás da ajuda externa, dos
fluxos de capitais externos, da
ruptura das reservas internacionais,
da desvalorização da moeda,
ou do endividamento público, ou
podem manifestar-se imediatamente.
A questão central é que são crises
sistémicas, construídas dentro do
modelo de crescimento, que só
podem ser resolvidas com a diversificação
e articulação da base
produtiva e a substituição efectiva
de importações.
Portanto, a análise da estrutura e
dinâmicas extractivas da produ-
ção permitiu localizar as crises e
rupturas, incluindo as razões e o
papel do endividamento público,
dentro das próprias dinâmicas de
crescimento.
Esta análise chama a atenção
para dois pontos crucias. Primeiro,
as crises não são atípicas nem
momentâneas, mas sistémicas.
Segundo, a solução não reside
em produzir mais dentro do mesmo
modelo, mas em transformar
a economia, diversificando-
-a, articulando-a e substituindo
importações de forma efectiva,
substituindo o enfoque da polí-
tica económica em usar recursos
estratégicos para atrair capital
multinacional – o que sufoca o
resto da economia –por um enfoque
na solução dos problemas
básicos para o bem-estar social
e para o desenvolvimento mais
equilibrado da economia.
O mais importante não é se a
economia é maior ou menor, cresce
mais ou menos depressa, ou
quantos milionários ela cria, mas,
quais são os problemas básicos da
sociedade, como um todo, que a
economia ajuda a resolver.
Dívida pública como opção
de desenvolvimento
A análise da estrutura e dinâmicas
produtivas explica porque é que o
endividamento público é parte
orgânica da expansão económica.
No entanto, esta análise, por si só,
não explica as razões da acelera-
ção do endividamento público na
última década, muito acima da
taxa de crescimento económico –
a dívida pública total e a dívida
pública comercial cresceram 60%
e 13 vezes mais rapidamente que
a economia, tendo sido o factor
determinante do crescimento da
dívida pública.
Para explicar estas tendências, é
preciso prestar atenção particular
à dívida comercial, em especial à
sua utilização e aos termos de reembolso,
e incorporar esta análise
na discussão mais geral do padrão
de crescimento em Moçambique.
A dívida comercial de Moçambique
aumentou de US$ 300
milhões para cerca de US$ 5.5
mil milhões entre 2006 e 2015
(47% da dívida pública total e
56% da dívida pública externa).
A componente externa da dívida
comercial aumentou de praticamente
zero para 70%, entre 2006
e 2015. Cerca de 40% da dívida
pública comercial (US$ 2 mil milhões)
resultou da avalização, pelo
Estado, de empréstimos comerciais
privados relacionados com
o núcleo extractivo da economia
(complexo mineral - energético
e outras mercadorias primárias
para exportação), nomeadamente
o financiamento directo de servi-
ços, empresas de oligarcas nacionais
e segurança.
Cerca de 70% do restante resultou
de empréstimos para obras e
serviços de construção e outros
serviços empresariais prestados
ao núcleo extractivo. Portanto,
cerca de 81% da dívida comercial
(US$ 4,5 mil milhões) é resultado
directo do financiamento público
de interesses privados no contexto
da economia extractiva.
O outro lado da questão da dívida
é a contínua porosidade da economia,
que significa a perda de
excedente e riqueza sociais a favor
de interesses privados, nacionais e
estrangeiros.
A manutenção de incentivos fiscais
redundantes para os grandes
projectos, o repatriamento livre de
capitais, a baixa taxa de reinvestimento
dos lucros do investimento
estrangeiro em Moçambique,
a debilidade das ligações dentro
da economia, o carácter especulativo
do sistema financeiro, o
afunilamento da base produtiva, a
intermediação e terciarização, em
vez da produção, como actividade
base de boa parte das empresas
nacionais, a entrega de recursos
naturais e infra-estruturas, a baixo
custo, para as oligarquias
nacionais e multinacionais,
combinam-se para minimizar
a capacidade da economia
mobilizar excedente
doméstico para investir na
sua transformação.
Portanto, tanto os grandes
empréstimos comerciais
como a porosidade da economia
estão ligados a grandes
projectos, em especial
para atrair grande capital
multinacional (reduzindo
os seus custos, incerteza e
riscos e facilitando a financeirização
dos activos em
recursos naturais através da
especulação em bolsas de
valores internacionais), e
para ligar o capital internacional
às oligarquias nacionais,
através de parcerias,
acesso à estrutura accionista,
partilha do espólio da fi-
nanceirização dos recursos
nacionais, etc.
A base de acumulação de capital
das classes capitalistas emergentes
nacionais é a ligação com o
capital multinacional. O endividamento
do Estado é uma consequência
da estratégia de atrac-
ção desse capital, mas também
foi uma oportunidade criada ao
longo de um quarto de século de
austeridade que gerou um enorme
espaço de endividamento, que
foi explorado, até à exaustão, ao
longo da última década.
Assim, o endividamento público
não apenas resulta da estrutura
material e social da produção,
mas é, também, uma estratégia de
promoção da acumulação primitiva
de capital por via da expropriação
do Estado para além das
possibilidades económicas.
Dívida pública como factor
estruturante e desestabilizador
da economia
A magnitude, peso na economia,
estrutura e velocidade de crescimento
da dívida pública têm claras
consequências, que foram discutidas,
em detalhe, nos IDeIAs
anteriores.
Seis dessas consequências são
particularmente importantes: (i)
o impacto que a dívida pública
tem na estruturação da despesa
pública e dos serviços públicos,
limitando a capacidade do Estado
de prosseguir políticas económicas
e sociais mais amplas, forçando
a crescente mercantilização
dos serviços públicos – o que
limita o acesso, embora crie novas
oportunidades de lucro para
capitalistas nacionais – forçando
o Estado a priorizar credores e especuladores
em vez do bem-estar
social, e projectos de elevado interesse
para as multinacionais, em
vez de programas de elevado benefício
social; (ii) o endividamento
público e as modalidades do
seu financiamento encarecem o
capital e tornam o acesso a meios
de financiamento muito mais
difíceis para a pequena e média
empresa, e transformam o sector
financeiro doméstico num mercado
de títulos de dívida, pouco
interessado no desenvolvimento
da base produtiva. Portanto, privilegiando
o grande capital – o
que criou a sua dívida – o Estado
sufoca o resto da economia; (iii) o
endividamento tão grande, rápido
e concentrado, numa economia
tão dependente de importações
(para consumo e investimento), e
de fluxos externos de capital, desestabiliza
a economia em múltiplas
formas: tem efeito directo na
disponibilidade de moeda externa
e, por consequência, na instabilidade
da taxa de câmbio e, por
essa via, na instabilidade dos pre-
ços; afecta os custos de produção
e os custos de vida, reduzindo o
salário real e causando instabilidade
política e social; e provoca
retracção do investimento e do
emprego, sobretudo nas pequenas
e médias empresas; (iv) a natureza
crescentemente comercial da
dívida (que a torna mais cara, de
mais curto prazo e mais difícil de
renegociar), em termos tão desfavoráveis
(as mais altas taxas de
juro do mercado e períodos curtos
de reembolso) e com aplica-
ções não produtivas, gera a armadilha
da dívida: esta não pode ser
paga, a reestruturação da dívida
comercial aumenta os seus custos,
o que a faz reproduzir-se por si,
e a economia tem de incorrer em
dívida para servir a dívida.
Logo, o objectivo principal da
política económica deixa de ser
o desenvolvimento e passa a ser
a gestão da dívida; (v) a crise da
dívida faz explodir a bolha econó-
mica (crescimento com base especulativa
gerada pelo empolamento
das expectativas sobre o futuro,
alimentadas por endividamento
público e financeirização dos
activos estratégicos nacionais),
o que, por sua vez, afecta negativamente
as expectativas sobre
retornos especulativos no futuro,
gerando as dinâmicas de implosão
da economia (retracção do investimento,
do crescimento e do
emprego, com implicações fiscais
imediatas); (vi) o endividamento
corrente foi garantido e justificado
com expectativas de retornos,
no futuro, da aplicação dos empréstimos
no núcleo extractivo da
economia e nas infra-estruturas
e serviços a ele associados, e nas
possibilidades de financeirizar os
activos produtivos nas bolsas internacionais.
A redução das expectativas pode
aumentar as tendências especulativas,
e a exaustão da capacidade
de endividamento impede que o
Estado financie a recuperação das
expectativas, o que pode conduzir
à perda de soberania económica e
política sobre as direcções e prioridades
de desenvolvimento nacional
e sobre os recursos e infra-
-estruturas estratégicos.
A recuperação económica vai requerer
a habilidade para escapar
à armadilha da dívida e às polí-
ticas neoliberais de ajustamento
(austeridade social, privatização
de activos estratégicos, repressão
monetária, entre outras), focando,
antes, na reestruturação e
cancelamento parcial da dívida
(sobretudo da dívida ilegal), na
diversificação, alargamento e articulação
da base produtiva, comercial,
fiscal e de emprego, na
produção e oferta, a baixo custo,
de bens de consumo e serviços
públicos básicos, na renegociação
dos contratos com mega projectos
e com projectos que envolvam
o Estado como parceiro, na
revisão profunda dos incentivos
fiscais, na reestruturação do portfólio
de investimento público,
incluindo a reavaliação econó-
mica e financeira dos projectos,
o cancelamento dos menos relevantes
para a economia (mesmo
que sejam grandes), e, finalmente,
no aperfeiçoamento dos sistemas
de planificação, avaliação, orçamentação
e gestão de projectos e
decisões públicas e dos sistemas
de monitoria e controlo democráticos.
*(com a colaboração de Rosimina
Ali, Oksana Mandlate, Nelsa Massingue
e Carlos Muianga)
A logística tem um papel fundamental no desenvolvimento da industria extractiva
Savana 17-06-2016 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Naita Ussene (Fotos) No recente discurso por ocasião da reorientação, promoção e
nomeação de oficiais gerais das FADM, o Presidente de Mo-
çambique e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e
Segurança, Filipe Nyusi, referiu que o acto é justificado pelo
reconhecimento do trabalho prestado à nosssa pátria no seio
das Forças de Defesa e Segurança.
O que deu para registar foi: “estamos no momento de atribuições de responsabilidades
acrescidas a mais oficiais pelo mérito demonstrado na carreira.
O governo está consciente de que o soar das armas não é o caminho certo
para a busca da paz e sempre defendemos o diálogo. Estamos igualmente
claros que as incursões com recurso a armas não devem servir de mecanismo
para forçar o Governo a consensos inconstitucionais que ferem os princípios
democráticos.
O povo não pode ser feito refém para se alcançar o poder.
Antes de terminar, quero vos lembrar que nesta actual situação de dificuldade
económica e financeira, tanto a nível nacional quanto global, a instituição
militar precisa de ser recordada a orientar-se para uma gestão rigorosa e
disciplinada dos escassos recursos humanos, financeiros e patrimoniais colocadas
à sua disposição, pautando pela eficácia na despesa”.
A outra coisa que chamou atenção foi quando o Presidente da República
disse que as Forças de Defesa e Segurança devem estar em prontidão combativa.
Ficámos assustados. A questão de caminharmos rumo à paz efectiva
não é uma hipótese a ter em conta?
Os moçambicanos não querem a guerra. Assistimos a situações nas estradas
do país que nos assustam cada vez mais. Queremos a paz e uma justiça social
para todos. Fazemos um apelo para que as partes em conflito entrem em
consenso quanto à tensão político-militar que o país vive cada dia que passa.
Que as Forças de Defesa e Segurança tenham melhor discernimento em
relação à situação de guerra que vivemos. O país não tem condições para
mergulhar numa nova guerra. Nem sequer estão ainda saradas as feridas
causadas pela guerra civil que durou 16 anos.
Temos muitos problemas por resolver neste país: criminalidade, sequestro,
justiça, educação, saúde, só para citar alguns. Por isso juntamos as nossas
vozes aos que estão preocupados com uma paz efectiva para que Moçambique
continue a lutar por esta causa. É melhor ser pobre em paz. O resto
podemos melhorar quando tivermos vida e saúde. Queremos apenas a paz
acompanhada de uma justiça social plena para o nosso país.
Prontidão combativa
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz gm55
/(")55hfgl5R55 5R5o
1171 Diz-se... Diz-se
Foto: Naíta Ussene
A
Frelimo vai reagir com
relutância à necessidade
de imprimir reformas
económicas exigidas pela
austeridade imposta pela urgência
da actual conjuntura económica,
considera a Economist Intelligence
Unit (EIU).
“Esperamos que o Governo acabe
por tomar medidas para recuperar
o apoio dos doadores e reforme as
empresas públicas deficitárias, mas
para um partido dominante que
está relutante em permitir transparência
orçamental e é ideologicamente
oposto à privatização, uma
mudança política rápida é imprová-
vel”, vaticinam os analistas da Economist,
numa análise com o título
^5/-.,#5'),]_8
)5 -/5 (.(#'(.)65 )-5 *,#.)-5
da unidade de análise económica
da revista britânica The Economist
consideram que “a transparência e a
privatização são direcções políticas
que não estão normalmente dentro
da cabeça do partido no poder,
e o Governo vai estar relutante em
aceitar que Moçambique precisa de
$/52.,(_8
Para os analistas da Economist, “a
suspensão do apoio orçamental do
G14 sobe o défice orçamental para
'#-55lz5)5 65 -5)5)0,()5
mantiver o plano de despesa iniImpostas
pela crise originada pela dívida
Frelimo vai tentar resistir às reformas
$ÀUPDR(FRQRPLVW
#&_8
)5 (.(.)65 ,-(.'65 ^/'5
vez que a actividade empresarial e
o consumo privado diminuíram, as
receitas vão ficar aquém das metas
orçamentais”, situação que forçará a
um ajustamento a curto prazo que
.,á55-,5 #.)5*&)5),é'(.)8
Esse panorama, diz a avaliação da
Economist, resultará em consequências
negativas para o crescimento
económico e para numerosas
empresas que dependem dos con-
.,.)-5)'5)5-.)_8
5 -#5 5 ).éã)5 )5 '.#&5
e a escassez de dólares pode, “no
pior cenário, obrigar o Governo a
cobrir o custo dos bens básicos”, o
+/65 *,5 5 65 -,á5'/#.)5 # ù#&5
de acontecer se o Governo for obrigado
a cobrir os empréstimos das
empresas públicas, que atiraram à
dívida pública e garantida pelo Es-
.)5*,50&),-5#(-/-.(.á0#-8
5 5, ,5+/5
)é'#+/50#/5
a sua economia a entrar em degradação,
na sequência da divulgação
de dívidas ocultas de mais 1,4 mil
milhões de dólares, o que levou à
suspensão da ajuda dos doadores
internacionais e do programa de
ajuda técnica e financeira do Fun-
)5
)(.á,#)5 (.,(#)(&65 *,5
além de um agravamento das condições
dos mercados financeiros, já
com efeitos no incumprimento do
*!'(.)55/'5\.,("]55gmn5
milhões de dólares da Mozambique
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jornalistas irem à polícia explicar porque é que publicaram
certa matéria, com tentativas de obrigá-los a revelar as suas
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ainda não foram dadas ordens para suspender a Constituição
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R5 5--5*,)*ĉ-#.)65)'5.(.)5,#'5(ã)5-&,#)5à5-)&.65(ã)5
seria aconselhável direcionar os poucos recursos disponíveis
para combater os raptos, a ladroagem avulsa e outros males
que afligem a sociedade, em vez de andar atrás dos homens
da caneta e do bloco?
R5 5(.-55-,#'#(éã)554)(5(),.5)5*ù-5,50#-.5'5
termos de distribuição de oportunidades para o desenvolvimento,
o técnico com mais títulos no futebol nacional fez
uma radiografia do seu sector e concluio que há falta de igual-
55)*),./(#-5(.,5-5+/#*-5)5-/&55)5(),.855
!),5
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#-.5*,*,55'#-5!/,-
5#'#,53/-#5;5"&65(5+/&5)5)--#,5'#&#.,5 ,á5*,.5
do rol das matérias em debate, o PR amoleceu o coração da
sua contraparte devolvendo a direcção da força aérea à Per-
#48
R5 -.5-'(65-5),!(#4éċ-55+/5)-5',-5(ã)5!)--
tam levantaram a voz e anunciaram a manifestação de espe-
,(é85,á5+/5-.5045(ã)5"0,á5ã-55&,,555#(.#'#-
,5*&-5,/-55
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R5 5 .(-ã)5 *)&ù.#)7'#&#.,5 *)5 .,#),,5 -5 ,&éċ-5 )'5
vizinho Peter Mutharika que lançou um aviso à navegação
segundo o qual caso não seja revista a situação não descarta a
possibilidade de recorrer a Harare para buscar o seu combus-
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R5 '50,#,)5*--)65 )#5*,&#-)5)5*ù-5*,5/'5)(&05
que tinha um único ponto de agenda: supressão de irregula-
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-5+/#-5#,,!/&,#->5*)#-5)-5)(0(#(.-5
gastos aos cofres do Estado, num país onde a relação partido-
-Estado é cultura, até hoje os tipos que se dizia estarem em
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dívidas escondidas das contas pú-
blicas de 1,4 mil milhões de dólares,
justificando com razões de seguran-
ça e infra-estruturas estratégicas do
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5 ,0&éã)5 5 '*,ï-.#')-5 )'5
aval do Governo, contraídos entre
2013 e 2014, levou o Fundo Mo-
(.á,#)5 (.,(#)(&5 B
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pender a segunda parcela de um
empréstimo a Moçambique e a des-
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5!,/*)55gj5)),-5)5,é-
mento do Estado também suspendeu
os seus pagamentos, uma me-
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anunciaram que vão rever o apoio
)5*ù-8
5 '#(#-.,)5 -5 #((é-5 ')é'-
bicano disse que o volume total da
dívida do país atinge 11,6 mil mi-
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(.-55ù0#5#(.,(8
Este valor representa mais de 70%
)5,)/.)5 (.,()5,/.)5 B C55
traduz uma escalada de endividamento
desde 2012, quando se fixava
'5jhz8
Savana 17-06-2016 1
0DSXWRGH-XQKRGH$12;;,,,1o 1171
Banco Único abre balcão em Chimoio
O
Banco Único inaugurou
esta semana mais um
Balcão, na cidade de Chimoio,
acrescendo deste
modo as suas unidades de negócio
no país. Por conseguinte, este é o
primeiro balcão na cidade de Chimoio
e na província de Manica, o
que oferece mais oportunidades de
serviços oferecidos sector bancário
naquela área do país.
A margem desta inauguração, o
Presidente da Comissão Executiva
(CEO), António Correia, afirmou:
“este é um balcão muito especial
não só porque marca a chegada do
Banco Único a mais uma província,
mas também porque reafirma
o nosso forte compromisso de
contribuir de forma decisiva para o
desenvolvimento e aceleração dos
níveis de inclusão financeira no
país em geral e em Chimoio em
particular. Continuamos a acreditar
no potencial da nossa economia
nacional e queremos, através da
nossa actividade, ser parte activa
do desenvolvimento de Moçambique.
E por isso, nesta fase difícil
que o país atravessa, continuamos a
investir na expansão da nossa rede
de balcões e no desenvolvimento
do negócio e do país.”
O Banco reafirma assim o seu
compromisso inicial de a médio
prazo contar com a sua presença
em todas as províncias e se posicionar
como um Banco de referência
no país.
O Banco Único, sedeado em Mo-
çambique, é um banco universal,
com forte vocação de retalho,
inaugurado há quase cinco anos, a
22 de Agosto de 2011, e que conta
já com uma rede de 20 balcões,
cobrindo as oito cidades economicamente
mais importantes do país.
Liderado por António Correia e
com accionistas portugueses, sul-
-africanos e moçambicanos de
referência, como Grupo Américo
Amorim, Grupo Visabeira, Nedbank
Group, João Figueiredo,
Instituto Nacional de Segurança
Social, DHD e SF Holdings, o
Banco Único conseguiu posicionar-se
entre os maiores e mais
antigos bancos a actuar em Mo-
çambique, estando em sexto lugar
em termos de quota de mercado.
(Edson Bernardo)
Savana 17-06-2016 2
O
Banco Comercial e de
Investimentos (BCI)
firmou, na última ter-
ça-feira, um Protocolo
Financeiro e de Cooperação
com o Fundo para o Fomento
de Habitação (FFH). Os
signatários foram o Presidente
da Comissão Executiva (PCE)
do BCI, Paulo Sousa, e o Presidente
do Conselho de Administração
(PCA) do Fundo,
Rui Francisco Costa.
Para o PCA do FFH, Rui
Francisco Costa, a formaliza-
ção do Protocolo “é a materialização
de um sonho antigo.
Julgamos que este é o casamento
perfeito. O FFH trabalha na
perspectiva de encontrar habitação
acessível ao seu grupo
alvo. Foi nessa perspectiva que
aceitámos, de braços abertos,
assinar este memorando com o
BCI. Estamos empenhados em
proporcionar aos nossos beneficiários
serviços de excelente
qualidade e, com o BCI, temos
a certeza absoluta que estamos
BCI e FFH firmam parceria
a dar um passo em frente nesse sentido.
Esperamos que, o mais cedo
possível, consigamos concretizar e
atingir as razões que nos levaram a
estar hoje aqui.”
Por sua vez, Paulo Sousa lembrou
os benefícios que este protocolo irá
trazer tanto para os beneficiários
do Fundo como para os seus colaboradores.
“As vantagens para os
primeiros são Serviços de Apoio ao
dia-a-dia, à Tesouraria e ao Investimento,
nas melhores condições de
mercado; e Serviços Electrónicos
daki, via Internet (e Banking
| App) para acesso à informa-
ção e à realização de uma vasta
gama de operações bancárias
de forma segura e eficiente. Já
para os segundos são: Crédito
Ordenado; Crédito ao Consumo,
Leasing Auto e Crédito
à habitação para aquisição,
construção e obras, e atendimento
especializado para
cada caso particular; Acesso a
cartões de débito e de crédito,
entre outros”.
F
inanciado pelo Banco Mundial,
no valor de 31 milhões
de dólares, o Projecto de
Governo Electrónico e Infra-
-estruturas de Comunicação contribuiu
para a redução de custos
de acesso às redes de comunicação
e melhoria na eficácia do processo
de governação e da administração
pública.
O Ministério da Ciência e Tecnologia,
Ensino Superior e Técnico
Profissional (MCTESTP), apresentou
na última sexta-feira, em
Maputo, os resultados do “Projecto
de Governo Electrónico e de
Infra-estruturas de Comunicação
(MEGCIP). O projecto é coordenado
pelo MCTESTP e pelo Ministério
dos Transportes e Comunicações.
Foi elaborado para apoiar os
esforços do Governo na implementação
das políticas na área de Tecnologias
de Informação e Comunicação.
Inicialmente programado
USD 31 milhões investidos no MEGCIP
para ter uma duração de cinco anos
(de Agosto de 2009 a Fevereiro de
2015) o prazo foi prorrogado para
Junho de 2016.
De acordo com Jorge Nhambiu,
Ministro da Ciência e Tecnologia,
Ensino Superior e Técnico Profissional,
esta iniciativa do Governo
Moçambicano e dos seus parceiros
internacionais surgiu da necessidade
de expandir a cobertura geográ-
fica das redes de telecomunicações
e de reduzir os custos de acesso aos
serviços de comunicação de dados
bem como de melhorar a eficácia,
eficiência e transparência do processo
de governação e da administração
pública, através da promoção
da prestação de serviços públicos
com recurso aos sistemas de Governo
Electrónico.
Ao longo dos seis anos de realização
do projecto foram implementadas
actividades em três componentes,
nomeadamente Assistência Técnica,
Conectividade e Governo Electrónico.
A intenção era de melhorar
a capacidade das instituições nacionais
para desenvolver, implementar
e monitorar políticas, estratégias,
legislação e regulamentação na área
das TICs; garantir a segurança e a
privacidade nas transações electró-
nicas; e introduzir novos operadores
no sector das telecomunicações.
“Com a implementação do Projecto
MEGCIP, o acesso às tecnologias
de informação e comunicação
tem tido impactos importantes no
desenvolvimento do País, pela cria-
ção de novas oportunidades, facilitando
a comunicação e a melhoria
do acesso à informação e conhecimento
em diversos sectores econó-
micos e sociais”, disse Nhambiu.
Para atingirem-se estes objectivos
foram programadas diversas
actividades, entre elas o apoio no
Incremento da competitividade
no sector das telecomunicações
que resultou na entrada da terceira
operadora de telefonia móvel
(a Movitel); Desenvolvimento do
Regulamento para transição da radiodifusão
analógica para digital;
Revisão da Lei, desempenho da
Estratégia para o sector das telecomunicações;
Aumento do acesso e
da capacidade de largura de banda
para as instituições públicas e nas
zonas rurais; entre outras.
Nhambiu referiu ainda que, com
a implementação do MEGCIP, o
acesso às tecnologias de informação
e comunicação tem tido impactos
importantes no desenvolvimento
do país, pela criação de novas oportunidades,
facilitando a comunica-
ção e a melhoria do acesso à informação
e conhecimento em diversos
sectores económicos e sociais”.
O
Moza e o Conselho Municipal
da cidade de Quelimane
(CMCQ) rubricaram, nesta
terça-feira, um protocolo
de cooperação institucional com o
objectivo de optimizar o processo
de recepção, segurança e tratamento
das receitas municipais, melhorando
o serviço ao Munícipe. O protocolo
prevê ainda a concessão em condi-
ções preferenciais do vasto leque de
produtos e serviços financeiros do
Moza ao Município de Quelimane e
respectivos colaboradores.
O acordo foi assinado em Maputo,
por Manuel de Araújo, Presidente do
Conselho Municipal de Quelimane,
e Ibraimo Ibraimo, Presidente da
Moza e CMCQ firmam
parceria de cooperação
Comissão Executiva do Moza.
Intervindo momentos após a assinatura
do acordo, Manuel de Araújo
considerou que o protocolo irá flexibilizar
o processo de cobrança de
receitas pelo Município. “Este protocolo
materializa a vontade expressa
de facilitar o processo de cobrança de
receitas pelo município, traduzindo-
-se num ganho para os munícipes de
Quelimane, que passarão a dispor de
um serviço de maior qualidade e segurança,
assim como para nós como
Município que teremos um sistema
de cobrança mais eficiente. É para
nós uma honra poder contar com o
equipamento, com os serviços e a experiência
do Moza neste processo”.
Savana 17-06-2016
3
PUBLICIDADE
15
Savana 17-06-2016 4
A
plataforma StarTimes
inaugurou recentemente,
nas cidades da Maxixe e de
Inhambane, mais duas lojas.
Esta iniciativa vem dar respostas
ao seu plano de expansão pelo
país, com intuito de chegar a mais
clientes. Com uma rede de novos
sites, esta passará a transmitir mais
de 52 canais de TV em HD através
de emissores com potências de 1
KW, utilizando a norma DBVT2,
aumentando assim grandemente o
acesso à TV Digital para a popula-
ção.
De acordo com Liang Mu, CEO
da StarTimes em Moçambique,
“este é mais um passo no cumprimento
da visão da StarTimes, a de
levar o entretenimento digital a toStarTimes
já em
Inhambane e Maxixe
das as casas moçambicanas”.
A StarTimes passa a ter lojas em
todas as capitais provinciais, alargando
assim os seus canais de vendas.
Até então contava com mais
de 170 trabalhadores, 12 lojas a
funcionar em pleno. A entrada da
StarTimes nestas novas eleva 15 o
número de lojas, para além de oferecer
uma rede de distribuição com
mais de 300 agentes e um conjunto
de várias dezenas de pontos de venda.
Esta fase de crescimento eleva
para um investimento total de cerca
de cento e trinta milhões de dólares
de 2010 a esta parte, tendo os
fundos do projecto sido utilizados
maioritariamente na elaboração
de estudos técnicos, instalação das
infra-estruturas, investimento em
equipamentos, formação de pessoal
e aquisição de conteúdos.
A
cidade da Matola
acolheu a 4 de Junho
o primeiro jogo da
11ª edição do torneio
“Mini Basquete Millennium
bim”, uma competição que se
realiza ao longo de quatro semanas.
Rapazes e raparigas
com idades compreendidas entre
os oito e os 12 anos estão
a viver uma experiência única
ao participarem no torneio que
ocupa já um lugar de referência
no calendário desportivo
nacional.
No dia 11 de Junho, as provas
iniciaram-se nas cidades de
Maputo, Inhambane, Xai-Xai,
Chimoio, Beira, Quelimane,
Tete, Nampula e Nacala. Os
pavilhões e campos destas cidades
serão certamente peque-
11ª Edição do Mini Basquete
Millennium bim
nos para acolher os mais de 1.750
jovens atletas que participam no
torneio. Esta competição tem sido
uma verdadeira escola de talentos,
tendo formado atletas que actualmente
representam as selecções nacionais
de sub-16 e sub-18.
A iniciativa insere-se no programa
de responsabilidade social do Millennium
Bim “Mais Moçambique
Pra Mim”, e esta edição conta
com o apoio da Seguradora
Ímpar. O que o Mini Basquete
Millennium bim tem
promovido, no seio dos mais
novos, é a partilha de conhecimentos
e de ensinamentos
através da prática desportiva
e de hábitos de vida saudáveis.
O
governo norte-americano
convidou recentemente o
actor, encenador, produtor,
realizador e apresentador
Gilberto Mendes a participar
do projecto do Departamento de
Estado dos Estados Unidos “Promoting
Social Change trough the
Arts” (Promover Mudança Social a
partir das Artes).
Com as malas aviadas, Gilberto
Mendes parte hoje para apresentar
algo sobre Moçambique e o seu
povo.
Gilberto Mendes deverá visitar a
Gilberto Mendes convidado
pelo Governo Norte-Americano
capital Washington onde tomará
conhecimento sobre a política do
governo federal no apoio às artes,
onde observará como se utiliza o
cinema e a televisão como meio de
promoção e inclusão na diversidade
e engajamento da juventude bem
como utilizar a arte na resolução de
conflitos.
Na sua viagem, o mesmo tirará
proveito para visitar outros estados
daquela grande potência mundial,
para trocar experiências com diversos
intervenientes da cultura norte-
-americana e mundial.
O
Ministro da Educação e
Desenvolvimento Humano,
Jorge Ferrão, visitou,
nesta quarta-feira, as instalações
da Save The Children na
cidade de Maputo. A visita contou
com a participação de mais 30
crianças de vários cantos do país,
evento que se enquadra nas celebrações
da quinzena da criança.
As crianças tiveram durante toda a
manhã do dia 15 a oportunidade de
conhecer e interagir com o Ministro
e também com os trabalhadores
daquela organização não-governamental.
Falando naquela ocasião, Jorge
Ferrão destacou a importância da
educação para o estabelecimento
da paz e desenvolvimento do país.
“A retenção da criança na escola
constitui ainda um dos maiores desafios
para o sistema, por isso apelo
a todos os meninos para que se
Jorge Ferrão visita
Save The Children
mantenham na escola e mobilizem
também os vossos amigos”.
O ministro referiu ainda que em
2014 ingressaram na 1ª classe cerca
1300.000 meninos, dos quais
em 2015 apenas 800.000 fizeram
os exames da 2ª classe, o significa
que 500.000 desistiram. Para responder
a este desafio, em 2015 o
MINEDH iniciou o programa de
ensino Pré-escolar, que vem sendo
implementado pela Save The Children
desde 2008, e que visa essencialmente
fomentar a inserção da
criança em grupos sociais diversos
e contribuir para a igualdade de
oportunidades no acesso à escola e
para o sucesso da aprendizagem.
Actualmente o programa de ensino
pré-escolar acontece, em Cabo
Delgado, Tete, Nampula, Gaza
em Maputo abrangendo cerca de
15000 crianças, com objectivo
de alcançar uma meta de 84.000
crianças nos próximos anos.
P
or ocasião do Dia de
Portugal, Camões
e das Comunidades
Portuguesas, celebrado
no dia 10 de Junho, a
Embaixada de Portugal em
Maputo promoveu no dia 14
de Junho uma noite mágica
que lembrou boa parte da
cultura daquele país. Um dos
picos da celebração foi a presença
da voz incontornável da
fadista Mariza, que por sinal
representa a longa intimidade
existente entre Moçambique
e Portugal. O seu fado
encantou todos os presentes,
marcando alguns emocionalmente,
pela saudade que sentem
do seu país.
Nascida em Maputo e filha de
pai português e mãe moçambicana,
Mariza conquistou
Portugal celebrado ao som do fado
uma carreira internacional repleta
de sucessos, tendo passado pelos
palcos mais importantes do mundo,
desde Paris a Nova Iorque, sendo
hoje uma das mais aplaudidas estrelas
do circuito mundial da World
Music, o que lhe permitiu alcançar
vários prémios e distinções de enorme
prestígio.
A lembrar a fusão, a irmandade
existente entre estes dois países,
a noite mágica contou ainda com
a presença em palco dos Timbila
Muzimba, orquestra formada por
oito músicos e bailarinos moçambicanos,
que com o seu som único,
de melodias complexas e mágicas,
conseguiu levar até ao público o orgulho
da cultura Moçambicana.
O Embaixador de Portugal em Maputo,
José Augusto Duarte, tornou
aquele momento mais emblemá-
tico ao tecer algumas palavras de
orgulho da relação existente entre
estes dois povos, “orgulho-me
profundamente da comunidade
portuguesa de Moçambique.
Nos dias de hoje as
relações entre os portugueses
e moçambicanos são marcadas
pelo trabalho e pelo contributo
ímpar que os meus
compatriotas têm dado para
a criação de emprego para
os moçambicanos, sendo os
portugueses o maior criador
de emprego neste país, para
formação profissional de um
sem número moçambicanos e
por via da criação de emprego
e formação profissional os
portugueses dão um contributo
inestimável a favor da inclusão
social, no crescimento
económico e para a criação e
desenvolvimento de uma classe
média indispensável para
Moçambique”
A
Livaningo, Organiza-
ção Não-Governamental
(ONG) pioneira em Mo-
çambique no tratamento
dos assuntos de gestão do meio
ambiente, recursos naturais e bem-
-estar social das comunidades, realizou
nos dias 3, 4 e 5 de Maio uma
capacitação de reaproveitamento de
resíduos sólidos na Escola Primária
do 4º Congresso, onde participaram
cerca de 60 alunos representantes
das escolas primárias “4 de Outubro”
e da próprio “4º Congresso”.
O principal objectivo da capacita-
ção era de ensinar os alunos a reciclar
e dar vida a tudo que eles consiLivaningo
treina alunos em
matérias de reciclagem de lixo
deravam lixo e pintura. O processo
visa transformar materiais usados
em novos produtos com vista a sua
reutilização.
A capacitação acontece no cumprimento
do plano operacional de
2016 do “projecto escolas verdes”
que buscou reforçar a capacidade
dos alunos sobre a importância de
reciclar resíduos sólidos para que
estes possam contribuir para uma
sociedade livre do lixo, melhorando
assim as questões ambientais.
Os alunos aprenderam a fazer cestos
e vasos através do jornal, fazer
brincos através do cafulo de coco,
pulseiras através das garrafas plásticas
de água e vasos com garrafas
de refrescos, a forrar livros, caderno,
blocos de notas com retalhos
de capulanas e tecidos e porta-joias
através do papelão e retalhos de capulana.
A Livaningo entende que alunos
têm uma visão positiva sobre a preservação
do meio ambiente, pois,
sentiram-se entusiasmados com
a iniciativa e aderiram da melhor
forma. Durante os três dias, os formandos
fizeram-se presentes com
carteiras feitas com pacotes de vinho.
Espera-se que esses dêem segmento
do ensinamento, passando
para os outros alunos o que aprenderam
para tornar Moçambique livre
da poluição.
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1 comentário:
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