"Porque temos de pagar um dinheiro que, aparentemente, não foi gasto em vez de o devolver pura e simplesmente?"
MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Olá, amigo Nuno
Espero que estejas bem de saúde. Do meu lado tudo bem, apesar de uma tosse própria da época fresca.
Mas não te escrevo para te falar da minha saúde, mas sim para te dar ideia de algumas das minhas actuais dúvidas. Dúvidas sobre as dívidas, é claro.
E uma delas diz respeito à MAM, empresa que pediu emprestados $500 milhões, ao que parece, para construir dois estaleiros de reparação naval, um em Pemba e outro em Maputo.
Ora estaleiros construídos não há nenhum e não tenho notícia de que algum tivesse sequer sido iniciado.
Onde estão, portanto, os $500 milhões? No Banco de Moçambique? Se não estão no Banco de Moçambique onde estão? A quem é que os bancos que emprestaram entregaram o dinheiro?
Porque temos de pagar um dinheiro que, aparentemente, não foi gasto em vez de o devolver pura e simplesmente?
Outra dúvida diz respeito à afirmação de Adriano Maleiane de que os barcos da EMATUM não obedecem as especificações necessárias para a exportação para a Europa.
Ora os barcos não foram comprados já feitos. Foram mandados fazer. E, imagino eu, foram mandados fazer com especificações concretas do comprador, a EMATUM. Quem elaborou essas especificações? O nosso Ministério das Pescas?
Maleiane diz que a transformação dos barcos é muitíssimo cara, e eu pergunto de onde está a sair o dinheiro para essa transformação? Até onde sei, a EMATUM está falida. Portanto, quem está a pagar?
Ou o trabalho está a ser feito a crédito aumentando o valor da dívida externa?
São dúvidas que me afligem e esperava ter visto esclarecidas na sessão da Assembleia da República.
Mas, ao que parece, ninguém se lembrou de as fazer ao Governo...
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 14.06.2016
Governo moçambicano espera esclarecer com FMI consequências de dívidas escondidas
O primeiro-ministro moçambicano, Agostinho do Rosário, disse hoje que o Governo está à espera da missão do FMI, que chega a Maputo nos próximos dias, para analisar as consequências das chamadas dívidas escondidas.
"Dentro de dias, o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai chegar e com eles vamos analisar as consequências macroeconómicas da dívida", disse Rosário, falando à margem da abertura da Assembleia Geral da Organização Cooperativista da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre hoje em Maputo.
Para o primeiro-ministro moçambicano, o importante para o país é "olhar para frente", estudando estratégias para aproveitar o potencial que o país possui, como forma de fazer face aos desafios económicos.
"O passado é passado", declarou o governante, observando que o país é rico em recursos naturais e é capaz de superar as adversidades económicas que enfrenta.
Na semana passada, o Governo moçambicano esteve no parlamento para explicar os contornos de dívidas escondidas de mais de mil milhões de euros contraídas e avalizadas pelo anterior executivo, entre 2013 e 2014.
Falando na ocasião, o primeiro-ministro moçambicano reconheceu a existência de dívidas fora das contas públicas de 1,4 mil milhões de dólares (1,25 mil milhões de euros), justificando com razões de segurança e infra-estruturas estratégicas do país, o que levou o FMI a suspender a segunda parcela de um empréstimo a Moçambique e a deslocação de uma missão a Maputo.
O grupo de 14 doadores do Orçamento do Estado também suspendeu os seus pagamentos, uma medida acompanhada pelos Estados Unidos, que anunciaram que vão rever o seu apoio e exigiram, à semelhança do Reino Unido, uma auditoria forense internacional.
A Procuradoria-Geral da República de Moçambique instaurou um processo para averiguar a legalidade das dívidas.
O embaixador da União Europeia em Moçambique reuniu-se na segunda-feira com a procuradora-geral de Moçambique, Beatriz Buchili, e o processo instaurado pela instituição moçambicana foi um dos temas da agenda.
Com a revelação dos novos empréstimos, a dívida pública de Moçambique é agora de 11,66 mil milhões de dólares (10,1 mil milhões de euros), dos quais 9,89 mil milhões de dólares (8,6 mil milhões de euros) são dívida externa.
EYAC // VM
Lusa – 14.06.2016
Posted at 14:24 in Economia - Transportes - Obras Públicas - Comunicações, Política - Partidos | Permalink ShareThis
Comments
1
Sabio said...
O seu estupido do Primeiro Ministro. Poode se roubar nao ha problema depois pode o passado fica o passado. Aqui é preciso prender Guebuza, Chang e depois com tempo o Nyusi. O nyusi é o outro ladrao. alias esse embecil do Prim. ministro disse que tem que deixar a justiça trabalhar. Ele ja sabe que a justiça Moçambicana não funciona.
15/06/2016 at 12:25