segunda-feira, 16 de maio de 2016

Seca deixa quase 100 mil crianças angolanas em desnutrição aguda grave

Quase 100 mil crianças angolanas sofrem de desnutrição aguda grave devido à seca que afeta sobretudo o sul do país, informou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que está a reforçar o apoio humanitário.

© Lusa
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Os números foram divulgados a propósito da visita de dois dias a Angola que a diretora da Unicef para África austral e oriental, Leila Pakkala, iniciou hoje, para se "inteirarem das ações de apoio ao Governo" na resposta à epidemia de febre-amarela - e consequências nas crianças - bem como ao impacto das alterações climáticas no sul do país.
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"Estima-se que mais de 756 mil crianças estejam afetadas pela seca no país, provocada pelo fenómeno 'El Niño', das quais, mais de 95.877 sofrem de desnutrição aguda grave", lê-se na informação da Unicef enviada à Lusa, em Luanda.
A visita integra ainda o representante regional para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), Pete Manfield, sendo que o Sistema das Nações Unidas em Angola está a realizar intervenções "em estreita coordenação" com o Governo central e os governos das três províncias mais afetadas pela seca dos últimos três anos: Cunene, Namibe e Huíla.
A Unicef refere que apoia os governos das três províncias mais afetadas com intervenções no setor da saúde e nutrição, água e saneamento, incluindo a reabilitação de bombas manuais, o fortalecimento do saneamento rural com a extensão do programa de Saneamento liderado pela Comunidade (STLC).
O apoio daquele órgão das Nações Unidas envolve ainda a distribuição de "até 17 toneladas de artigos de emergência para água, saneamento e higiene, prioritariamente para famílias com crianças em tratamento da malnutrição", bem como a aquisição de mais de 46 mil caixas de produtos para o tratamento da malnutrição e com a formação de técnicos no Programa Terapêutico de Tratamento Ambulatório.
Além da seca, o combate à epidemia de febre-amarela, que desde dezembro já matou cerca de 300 pessoas em Angola, motiva a prioridade da visita dos dois responsáveis, com a Unicef a garantir que, em estreita colaboração com a Organização Mundial de Saúde, "apoia por meio da sua divisão de logística, na aquisição atempada das vacinas destinadas a campanha e no reforço da cadeia de frio com a obtenção de caixas de conservação e transporte de vacinas".
O apoio prende-se ainda no desenvolvimento e implementação da estratégia de comunicação e mobilização comunitária para apoiar as campanhas e também nas ações de combate ao vetor, que depois de Luanda estão agora a alargar-se a mais cinco províncias do país.
Tendo em conta "a situação económica que Angola vive", a Unicef admite que está a participar "também na mobilização de recursos financeiros substanciais complementada com a intervenção atempada da OCHA", através da sua janela de financiamento de emergência.
"Estes meios financeiros têm sido cruciais para a aquisição de insumos para fazer face a seca e no cofinanciamento para aquisição da vacina contra a febre-amarela", refere a organização, na mesma nota.
Os dois responsáveis são recebidos na terça-feira, em Luanda, pelo vice-Presidente da República, Manuel Vicente.

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