Se eu disser que aos actores desta tensão política-militar urge uma nova abordagem de diálogo e assumidamente novos “players”, estarei a mentir?
Na verdade, esta situação político-militar que remonta desde as primeiras eleições em Moçambique gravitam sobre o mesmo pomo. O pomo da profunda desconfiança entre as partes, neste caso a Renamo e o Regime no Poder. É preciso que se saia desse terreiro movediço para uma realidade que deve ser assumida de frente, sem desfalecimentos nem recriminações.
Ora, os últimos acontecimentos da tensa situação político-militar em que três caravanas do Líder da Renamo foi atacada e buscas a sua casa sem mandato nos levam a acreditar que algo deve mudar no desiderato único de alcançarmos a Paz.
Por um lado, o lado do Governo me parece que prevalecem ideias fixas sobre como chegar a Paz. Desarmar a Renamo nem que para tal se derrame sangue e essencialmente ‘manter’ o regime. Tal visão que felizmente não é partilhada pela maioria dos que militam naquele partido histórico africano, teima a ser um ‘artifício’ defendido por uma meia ‘dúzia de gatos pingados’ que tem grande influência sobre as Forças de Defesa e Segurança (UIR, PRM, FADM etc.). Esse ‘triunvirato’ (M. Mosse,2015) actua agora “underground” ditando até o que o regime de Maputo dirigido pelo Eng. Nyusi deve fazer, inclusive protelá-lo a liderar o processo de negociações com a Renamo. O que é mais preocupante é o facto da Presidência da República insistir em esconder que levou uma trepa mas não pode continuar com os expedientes dilatórios e silêncios ‘ensurdecedores’ sobre o que se está passar no Partido do ‘batuque e maçaroca’. Portanto, o ‘camarada’ Presidente deve fazer algo, sob pena de ser ‘engolido’ por ‘crocodilos’.
Por outro, a Renamo ao que percebo precisa de reformas profundas no seu seio. Por mais justa que seja a vossa causa, sem que a cada momento adoptem estratégias consentâneas com o que se pretende; ou seja, a Paz e Desenvolvimento, muito dificilmente se operaram mudanças reais. A orgânica do partido não deve ser ‘tabu’ ela deve ser dinâmica para os desafios impostos. A aposta por uma visão partilhada deve nortear vossa acção, e esmerar-se num discurso pragmático de consolidação dos ganhos pós-Roma que ‘soletrem’ a bom som os ‘dossiers’ ainda por fechar. Vejo com preocupação que alguma ‘ala’ dentro deste partido de luta pela democracia continue a privilegiar que é só com armas em punho que se levará o adversário político ao ‘debaclé’. Talvez seja uma visão ou falta dela. A luta de ‘ideias’ deve irromper e imperar para esse fim.
À guisa de conclusão vamos alegrar o debate das ideias a mais actores (players) e deixem-me reiterar aqui palavras sábias do Dom Dinis Matsolo expressas na TVM (18.10.15) de que “somos diferentes” e “ainda bem que somos diferentes” mas é necessário fazer “esforço deliberado de aceitar o outro” e “celebrar essa diversidade”. DC

Sem comentários:
Enviar um comentário