REPARTIÇÃO DE GABINETE DO
GOVERNO-GERAL
LUANDA, aos 22 de Dezembro do 1974.
Camarada
Agostinho Neto
A FNLA e a UNITA insistem na minha substituição por um
reaccionário que lhes apare o jogo,
o que a concretizar-se seria o desmoronamento do que arquitectamos no sentido de
entregar e poder unicamente ao MPLA. Apoiam-se aqueles movimentos fantoches em
brancos que pretendem perpetuar o execrando colonialismo e imperialismo
português - o tal da Fé e do Império, o que é o mesmo que dizer do Bafio da
Sacristia e da Exploração do Papa e dos Plutocratas.
Pretendem essas
forças imperialistas contrariar os nossos acordos secretos de Praga, que o
camarada Cunhal assinou em nome do PCP, afim de que sob a égide do glorioso PC
da URSS possamos estender o comunismo de Tânger ao Cabo e de Lisboa a
Washington.
A implantação do MPLA em Angola é vital para apearmos o
canalha MOBUTU, lacaio do imperialismo e nos apoderarmos da plataforma do
Zaire. Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas
do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do
plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o
colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos
militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando,
pilhando e incendiando, afim de provocar a sua debandada de Angola. Sede
cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais
corajosos. Tão arreigados estão à Terra esses cães exploradores brancos que só o
terror os fará fugir. O FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos
brancos, de seus capitais e de sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal
maneira que com a queda dos brancos se arruine toda a estrutura capitalista e se
possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a
reconstrução daquela.
Saudações
revolucionárias A Vitória é
certa
António Alves Rosa
Coutinho
Vice-Almirante
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