17 | 07 | 2012 18.58H
Dois moradores de rua encontraram R$ 20 mil (cerca de € 8 mil) numa rua de São Paulo na semana passada. O dinheiro era de um assalto a um restaurante ocorrido anteontem e fora arremessado pelos ladrões em fuga para ser recuperado depois. Sem saber a quem pertencia, o casal de catadores de lixo fez o incrível: entregou a quantia à polícia.
A justificativa é tão inimaginável quanto acessível: «Parei para pensar no que minha mãe me falou: nunca roubar nada que é dos outros», afirmou Rejaniel Santos, 36, companheiro de Sandra Domingues, mesma idade. Cada um deles ganha, em média, € 40 por mês. Encontrados, os sócios do restaurante ofereceram aos “heróis” uma refeição e emprego no próprio estabelecimento.
«Renasce a esperança na humanidade!» é o comentário mais recorrente a respeito do “milagre” da honestidade dos miseráveis. É curioso que quem comenta se coloque sempre fora da “humanidade”. Ao meu lado, ninguém admite que voltou a crer em si mesmo. No fundo, não é bem o mendigo que nos surpreende, mas nossa própria certeza de que faríamos diferente. «Não seria errado manter o dinheiro encontrado, ainda mais sendo pobre», ressaltam alguns; bem observado, mas não seria o mais certo. E para fazer o mais certo, é preciso acreditar só nessas lições de mãe.A situação me recorda à do deputado Antonio Reguffe, de Brasília, que gastou em 18 meses de mandato surpreendentes € 5,2 mil das verbas reservadas ao seu gabinete.
Sua colega de Congresso e conterrânea Erica Kokay torrou no mesmo período € 158 mil – o equivalente a 30 Reguffes– e está mais próxima da média dos demais deputados do que o colega. Ninguém cometeu crime, Reguffe é quem economizou demais, dirão alguns, «e isso acaba por embaraçar a outros». De fato, mas será que não cabe a um deputado legislar ao custo mais baixo possível? A questão não nos deveria surpreender, porque, como ensinou a mãe de Rejaniel, é dinheiro dos outros.
A justificativa é tão inimaginável quanto acessível: «Parei para pensar no que minha mãe me falou: nunca roubar nada que é dos outros», afirmou Rejaniel Santos, 36, companheiro de Sandra Domingues, mesma idade. Cada um deles ganha, em média, € 40 por mês. Encontrados, os sócios do restaurante ofereceram aos “heróis” uma refeição e emprego no próprio estabelecimento.
«Renasce a esperança na humanidade!» é o comentário mais recorrente a respeito do “milagre” da honestidade dos miseráveis. É curioso que quem comenta se coloque sempre fora da “humanidade”. Ao meu lado, ninguém admite que voltou a crer em si mesmo. No fundo, não é bem o mendigo que nos surpreende, mas nossa própria certeza de que faríamos diferente. «Não seria errado manter o dinheiro encontrado, ainda mais sendo pobre», ressaltam alguns; bem observado, mas não seria o mais certo. E para fazer o mais certo, é preciso acreditar só nessas lições de mãe.A situação me recorda à do deputado Antonio Reguffe, de Brasília, que gastou em 18 meses de mandato surpreendentes € 5,2 mil das verbas reservadas ao seu gabinete.
Sua colega de Congresso e conterrânea Erica Kokay torrou no mesmo período € 158 mil – o equivalente a 30 Reguffes– e está mais próxima da média dos demais deputados do que o colega. Ninguém cometeu crime, Reguffe é quem economizou demais, dirão alguns, «e isso acaba por embaraçar a outros». De fato, mas será que não cabe a um deputado legislar ao custo mais baixo possível? A questão não nos deveria surpreender, porque, como ensinou a mãe de Rejaniel, é dinheiro dos outros.
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