30/04/2010
Contrariamente ao que vem escrito no livro, “Participei, por isso testemunho”, de Sérgio Vieira, o mecânico de bordo do Tupolev presidencial, Vladimir Novoselov, que sobreviveu ao acidente de Mbuzini, foi evacuado do Hospital Militar 1 em Pretória para Maputo.
O autor afirma que “na saída do tripulante soviético para a URSS, directamente da África do Sul, onde esteve hospitalizado, em nada houve envolvimento moçambicano”. (p. 49)
Segundo o jornal «The Star» de Joanesburgo, edição da tarde de 29 de Outubro de 1986, Vladimir Novoselov, acompanhado da esposa, Nadejna Novoselov, e de um médico, seguiu para Maputo num voo regular da LAM que partiu do Aeroporto Internacional de Jan Smuts pelas 1015 da manhã do mesmo dia. A evacuação de Novoselov foi efectuada num Boeing-737.
A esposa de Novoselov havia chegado a Pretória no dia 22 de Outubro, tendo aparecido em público acompanhada de Nikolai Karpenko, segundo secretário da Embaixada da União Soviética em Maputo. Funcionários desta embaixada, enviados a Pretória, impediram que membros da Comissão de Inquérito sul-africana entrevistassem, livremente, o tripulante soviético que sobrevivera ao acidente. De procedimento semelhante por parte do pessoal de segurança da embaixada soviética em Maputo queixou-se a Comissão Nacional de Inquérito, como revela Jacinto Veloso no livro, «Memórias em voo rasante».
Posteriormente, e à revelia da Comissão Nacional de Inquérito, a Embaixada Soviética em Moçambique tratou de evacuar Vladimir Novoselov para Moscovo, impedindo assim que este sobrevivente prestasse declarações sobre as circunstâncias do voo do Tupolev presidencial. A evacuação, de Maputo para Moscovo, foi feita com conhecimento do Ministério da Segurança-Snasp, na altura dirigido pelo autor de “Participei, por isso testemunho”.
Em Moscovo, nos finais de Novembro de 1986, membros das comissões de inquérito moçambicana e sul-africana apresentaram um pedido formal às autoridades soviéticas para uma entrevista com Vladimir Novoselov. O regime soviético recusou o pedido, alegando que Novoselov “se encontrava em São Petersburgo e que não era possível uma deslocação a esta cidade”. (João Cabrita)
CANALMOZ – 30.04.2010
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