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- Publicado em terça, 30 outubro 2012
Pelo que toca à hierarquia militar, que fora o critério da hierarquia dos Estados, o século XX despediu-se com a invasão do Koweit em 1991, pelo Iraque, e pela demonstração de força superior, e no caso juridicamente coberta, dos EUA. Mas este ponto alto da demonstração da superpotência marca aparentemente, sendo esta uma qualificação defensiva da serenidade, o início da realidade em que estamos de decadência dos ocidentais.
Está a começar pela separação entre a capacidade militar e a capacidade económica, antes inseparáveis da predominância no processo internacional, e que agora se dispersam, designadamente na Europa: o país que procede como se a liderança lhe pertencesse, que é a Alemanha, é militarmente menos dotado do que o parceiro que a acompanha frequentemente com reverência, o qual pertence ao alargado grupo das potências atómicas.
Os próprios EUA, cujo orçamento e capacidade militar, segundo as candidaturas à presidência, entraram em conflito, não puderam prever nem evitar que Bin Laden, educado pelas universidades americanas, surpreendesse as estruturas defensivas, e a si próprio, com a eficácia e simplicidade com que produziu três mil mortos e aterrorizou o mundo.
A mudança da ordem mundial formulada nos textos em vigor agrava-se de modo a que a distância entre eles e os factos implica a falta de autenticidade que é a tónica do ambiente que escurece a possibilidade de uma previsão animadora de um futuro aceitável.
E todavia as potencialidades da ciência e da técnica, os anúncios dos triunfos dos investigadores nos domínios das ciências da vida e da qualidade de vida são animadoras.
Animadoras, visto os avanços que conseguiram no século passado, mas não, designadamente, perante a crise demográfica, o esgotamento dos recursos não renováveis, os desafios com êxito do fraco contra o forte, as guerras sem fundamento, os desastres naturais, a incapacidade de um número crescente de Estados para enfrentarem os desafios da natureza, o todo emoldurado por um conjunto de lideranças inquietantes, como Saddam Hussein, Khomeney, cujo sinal mais significativo foi a condenação lançada contra Salmon Rushie, a inteligência moderada de responsáveis ocidentais que visaram o Iraque e o Afeganistão existentes, a crise financeira e económica mundial, a ONU empurrada praticamente para ser um templo de orações a um Deus desconhecido, em vez de ser o centro de oposição à desordem globalista em que predomina a ganância à solta.
O resultado mais visível desta discordância entre as capacidades ao dispor para que os Objectivos do Milénio não sejam uma ilusão, ou a Conferência do Rio+20 uma inutilidade, é a angústia generalizada, que já reveste a natureza de medo pelo futuro, que movimenta multidões com justa causa, muito inquietantemente no Ocidente europeu surpreendido por estar abrangido pela fronteira da pobreza. Uma situação que faz regressar à década de 80 quando os relatórios da Comissão presidida por Willy Brandt (Norh-South: a Program for survival, e Common Crises - North - South Cooperation for World Recovery) levariam a advertir que a pobreza é uma ameaça para a paz tão grave como a proliferação das armas de destruição maciça.
Tudo chama também agudamente para a meditação sobre a crise dos valores, a desatenção aos padrões mundiais proclamados em nome da ética, e sobretudo para o sacrifício dos responsáveis pelos avanços científicos que acompanharam a exigência de os mesmos serem usados com respeito pela ética.
Teme-se o desaparecimento de dirigentes europeus que compreendam a importância de não perder de vista esta obrigatória relação, assume-se que tem de ser recuperada a busca da esperança, e da superação do medo pelo futuro que cresce perante a gravidade do aprofundamento da crise.
Era dispensável que fosse na Europa, que isso se tornasse evidente, quando a linha da arrogância por vezes parece querer levantar um novo muro entre ambos os domínios.
*Professor universitário
Está a começar pela separação entre a capacidade militar e a capacidade económica, antes inseparáveis da predominância no processo internacional, e que agora se dispersam, designadamente na Europa: o país que procede como se a liderança lhe pertencesse, que é a Alemanha, é militarmente menos dotado do que o parceiro que a acompanha frequentemente com reverência, o qual pertence ao alargado grupo das potências atómicas.
Os próprios EUA, cujo orçamento e capacidade militar, segundo as candidaturas à presidência, entraram em conflito, não puderam prever nem evitar que Bin Laden, educado pelas universidades americanas, surpreendesse as estruturas defensivas, e a si próprio, com a eficácia e simplicidade com que produziu três mil mortos e aterrorizou o mundo.
A mudança da ordem mundial formulada nos textos em vigor agrava-se de modo a que a distância entre eles e os factos implica a falta de autenticidade que é a tónica do ambiente que escurece a possibilidade de uma previsão animadora de um futuro aceitável.
E todavia as potencialidades da ciência e da técnica, os anúncios dos triunfos dos investigadores nos domínios das ciências da vida e da qualidade de vida são animadoras.
Animadoras, visto os avanços que conseguiram no século passado, mas não, designadamente, perante a crise demográfica, o esgotamento dos recursos não renováveis, os desafios com êxito do fraco contra o forte, as guerras sem fundamento, os desastres naturais, a incapacidade de um número crescente de Estados para enfrentarem os desafios da natureza, o todo emoldurado por um conjunto de lideranças inquietantes, como Saddam Hussein, Khomeney, cujo sinal mais significativo foi a condenação lançada contra Salmon Rushie, a inteligência moderada de responsáveis ocidentais que visaram o Iraque e o Afeganistão existentes, a crise financeira e económica mundial, a ONU empurrada praticamente para ser um templo de orações a um Deus desconhecido, em vez de ser o centro de oposição à desordem globalista em que predomina a ganância à solta.
O resultado mais visível desta discordância entre as capacidades ao dispor para que os Objectivos do Milénio não sejam uma ilusão, ou a Conferência do Rio+20 uma inutilidade, é a angústia generalizada, que já reveste a natureza de medo pelo futuro, que movimenta multidões com justa causa, muito inquietantemente no Ocidente europeu surpreendido por estar abrangido pela fronteira da pobreza. Uma situação que faz regressar à década de 80 quando os relatórios da Comissão presidida por Willy Brandt (Norh-South: a Program for survival, e Common Crises - North - South Cooperation for World Recovery) levariam a advertir que a pobreza é uma ameaça para a paz tão grave como a proliferação das armas de destruição maciça.
Tudo chama também agudamente para a meditação sobre a crise dos valores, a desatenção aos padrões mundiais proclamados em nome da ética, e sobretudo para o sacrifício dos responsáveis pelos avanços científicos que acompanharam a exigência de os mesmos serem usados com respeito pela ética.
Teme-se o desaparecimento de dirigentes europeus que compreendam a importância de não perder de vista esta obrigatória relação, assume-se que tem de ser recuperada a busca da esperança, e da superação do medo pelo futuro que cresce perante a gravidade do aprofundamento da crise.
Era dispensável que fosse na Europa, que isso se tornasse evidente, quando a linha da arrogância por vezes parece querer levantar um novo muro entre ambos os domínios.
*Professor universitário
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