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Escrito por Adérito Caldeira em 15 Novembro 2016 |
Aprovado pelo Conselho de Ministros o Fundo de Garantia de Depósitos foi criado a 9 de Agosto de 2010, “visando reembolsar depósitos constituídos em instituições de crédito autorizadas a captar depósitos”, todavia desde então nunca havia sido estabelecido nenhum limite para o reembolso do valor global dos saldos de cada depositante tendo ficado prevista essa determinação a um Diploma do Ministério das Finanças, sob proposta do Banco de Moçambique, “considerando-se os saldos existentes à data em que se verificar a indisponibilidade dos depósitos”. A crise económica e financeira que Moçambique está a viver, precipitada pelas dívidas escondidas das empresas Proindicus, MAM e EMATUM, tem trazido à tona diversas situações anómalas que faziam parte do nosso sistema financeiro e bancário. A intervenção no Moza Banco deixou a impressão que tal atitude teria ficado-se a dever a mudança do Governador do Banco de Moçambique, no início de Setembro Rogério Zandamela substituiu Ernesto Gove. Todavia, passada a surpreendente “dissolução e liquidação” do Nosso Banco, uma instituição participada pelo Estado(através do INSS e da EDM), e pelo partido Frelimo, uma leitura mais atenta dos comunicados do banco Central sobre o processo revela que o limite de reembolso do valor dos depósitos dos clientes de instituições bancárias foi estabelecido formalmente a 21 de Setembro, data da publicação em Boletim da República do Diploma Ministerial 61/2016, que no entanto estava preparado pelo Ministério da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, desde 29 de Março do corrente ano.
Nosso Banco (ex-BMI): Falência
Pode até ter sido novidade para muitos, o anúncio feito sexta-feira pelo Banco de Moçambique sobre a liquidação do Nosso Banco. Eu, Nini Satar, em Novembro do ano passado, numa matéria sobre o colapso, já havia escrito sobre a falência de muitos bancos moçambicanos. Aos poucos o véu se vai destapando e coloca a nu toda a realidade em que chafurda a economia moçambicana. O Nosso Banco é detido maioritariamente pelo Estado. Senão vejamos: o INSS tem 77,2%, EDM 15,1% e SPI (uma empresa ligada à elite frelimista) 4%. Como se pode ver, o maior capital era do Estado, ou seja, dinheiro do povo que foi mal empregue usando os mecanismos obscuros de sempre para o turbinar. O Nosso Banco tinha quase cem trabalhadores, alguns balcões e uma perspectiva de expansão para a zona norte do país, concretamente em Nampula onde estava prestes a inaugurar um balcão. A falência do Nosso Banco não só jogou os trabalhadores ao desemprego, mas mostrou o que se faz neste país com o dinheiro do povo. Dinheiro esse que o pobre trabalhador desconta mensalmente sob forma de imposto. São as velhas trafulhices de sempre. O compadrio e a promiscuidade ainda são tónica dominante neste país. No vídeo aqui postado, o administrador do Banco de Moçambique diz que os detentores de contas individuais vão receber apenas 20 mil meticais. Não interessa se alguém havia depositado 100 mil, 500 mil ou um milhão de meticais. Do Fundo de Garantia só se desembolsa 20 mil meticais por cliente. O que isto significa? Roubalheira!!!! E não temos nada que crucificar Rogério Zandamela pelo que está acontecer. Esta podridão é dos tempos da outra senhora. Ernesto Gove sabia de tudo isto e andou a passar paninhos quentes. Gove prejudicou o povo (clientes menos afortunados do Nosso Banco). Devia ter colocado freios a isto. Deixou andar sabe-se lá porque cargas de água. E cá estamos: só 20 mil meticais. E o dinheiro do povo que o INSS colocou lá, como recuperá-lo? Pode-se dizer que em termos de investimento, a atitude do INSS foi mal pensada. Foi um fiasco. Como é que uma instituição que guarda o dinheiro do humilhado povo moçambicano investe esse mesmo dinheiro numa num banco com pouca expressão como o Nosso Banco? A intenção do INSS era mesmo de assegurar um investimento rentável? Desconfio que este foi um dos muitos esquemas existentes para drenar o dinheiro do povo. Quanto é que ganha mensalmente um pensionista? Quer dizer, alguém desconta a vida inteira e ao cabo recebe miséria quando o seu dinheiro alimenta uma burguesia sedenta de explorar cada vez mais o pobre moçambicano?! Por outro lado, a catástrofe no sector bancário ainda está longe de se dissipar. Instituições como o BIM,BCI,Barclays ou Standard Bank, há muito que não apresentam lucros apenas apresentam números falsos para enganar os clientes que o Banco e Solido. E mais: até ajoelham-se aos seus clientes para fazerem um DP (Depósito a Prazo). Os bancos não têm dinheiro. Vivem de aparências. Querem manter o nome na praça mas lá dentro a podridão é extrema. Voltando ao INSS, asseguro-vos que se tivesse comprado obrigações do tesouro ou emprestar o dinheiro ao Banco de Moçambique cobrando juros modestos, teria feito um bom investimento. Isto não é porque os gestores do INSS não sabiam. São interesses obscuros. É a promiscuidade. O saque ao Estado, que caracteriza a elite governamental. Até sempre Nini Satar
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Publicado por Momade Assife Abdul Satar
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terça-feira, 15 de novembro de 2016
Dissolução do Nosso Banco estava a ser preparada desde Março
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