terça-feira, 2 de abril de 2013

Verdades e mentiras sobre o conflito das Coreias

 

RIO - As constantes ameaças entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul criaram todo tipo de fantasia sobre os países e seus líderes, inclusive aquelas alimentadas por eles mesmos. Confira algumas verdades, mentiras e suposições mais repetidas sobre um conflito que já dura mais de 60 anos. As duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra, pois a Guerra da Coreia de 1950-53 terminou com um armistício, e não com um tratado de paz.
Mentiras
Alcance dos mísseis
O governo norte-coreano ameaça quase diariamente lançar um ataque nuclear contra os Estados Unidos. O problema é que o país carece de tecnologia para realizá-lo. O mais potente de seus mísseis, o Taepodong-2, tem alcance máximo de 6.000 quilômetros, suficiente para chegar a duras penas no Alasca. Utilizar bombas atômicas contra a Coreia do Sul seria dar um tiro no pé: as capitais Pyongyang e Seul estão a menos de 200 quilômetros de distância.
Loucura estratégica dos líderes
A imagem de um líder irracional com o dedo no botão nuclear resume muitas das análises das lideranças norte-coreanas. Mas as decisões do falecido Kim Jong-il e agora de seu filho Kim Jong-un sempre foram estratégias, a ponto de lhes garantir ajuda externa e uma posição forte na hora de negociar. Os dirigentes conduzem com perfeição a arte da tensão na península coreana, elevando-a e reduzindo-a de acordo com os interesses do momento.
Comunismo
A Coreia do Norte tem uma legião de fãs no Ocidente, a maioria convencidos de que o país é o último lugar onde se aplica o comunismo puro. Na realidade, o país está controlado por uma elite que vive rodeada de luxos que são proibidos aos cidadãos. A ideologia marxista é secundária em um sistema que combina dinastia hereditária, ultranacionalismo e resquícios fascistas que influem conceitos como a pureza e a superioridade da raça coreana.
Verdades
A guerra
O fato de não existir perigo de enfrentamento nuclear não significa que a Coreia do Norte não tenha capacidade de criar um conflito de consequências imprevisíveis. Seus mísseis podem chegar a Tóquio e a Seul em minutos, forçando uma intervenção dos Estados Unidos. A China, o principal aliado da Coreia do Norte, se veria obrigada a defendê-la, como fez na Guerra da Coreia, que começou com a invasão da Coreia do Sul por tropas norte-coreanas. Apesar de Pyongyang não descartar a possibilidade de unificar a península, é improvável que tente.
O país mais fechado do mundo
Ainda que nos últimos anos ocorreram várias mudanças, a Coreia do Norte continua sendo o país mais fechado do mundo. A tímida abertura econômica, a chegada de telefones móveis e o aumento da oferta de treinamentos na capital não mudaram a natureza totalitária do regime. Seus cidadãos não podem sair do país livremente e todos os aspectos da vida estão controlados: onde vivem, em que trabalham e, inclusive, que corte de cabelo usam. O mínimo desvio pode levar à prisão.
Fome
A Coreia do Norte conseguiu desenvolver armas nucleares, mas tem dificuldades de alimentar sua população. Várias crises de fome já mataram centenas de milhares de pessoas. A maioria dos recursos nacionais é desviada para as forças armadas dentro da política conhecida como o "exército primeiro".
Rede de gulags
Ex-presos, dissidentes e antigos funcionários de prisões confirmam que a Coreia do Norte mantém uma rede de gulags, onde poderiam estar presas mais de 200 mil pessoas. Pyongyang aplica um conceito de repressão conhecido como "responsabilidade compartilhada": não só a pessoa acusada, mas familiares e amigos também são detidos. A maior prisão do país tem cerca de 50 mil presos. A evidência de sua existência levou as Nações Unidas a iniciar uma investigação.

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