Pyongyang acende novamente “fogão nuclear”: Voz da Rússia

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Andrei Fedyashin, Alexei Lyakhov

3.04.2013, 11:55, hora de Moscou

EPA

A Coreia do Norte anunciou que reinicia o uso operacional do centro nuclear de pesquisas em Yongbyon, na província de Pyongan-Norte.

Um representante do Departamento Geral da Indústria Nuclear para a Geração de Energia da República Popular Democrática da Coreia declarou que serão postos em funcionamento todos os reatores deste centro e todos os seus objetos, incluindo a fabrica de enriquecimento do urânio e o reator com núcleo de grafite de 5 MWt, irão reiniciar a sua atividade. Este reator foi desativado há alguns anos no quadro do acordo, feito nas conversações hexalaterais a respeito do problema nuclear da Península da Coreia.

Ionben é o único centro da República Popular Democrática da Coreia, capaz de produzir o plutônio militar. Em 2007 Pyongyang desativou o reator de Ionben no outro dia depois da vinda ao país da primeira partida de 50 mil toneladas de mazute. O fornecimento do combustível foi custeado pela Rússia, EUA, China e Coreia do Sul em troca da suspensão do programa nuclear da Coreia do Norte,

Agora é possível que a história do centro de Yongbyon se repita. A República Popular Democrática da Coreia recorreu várias vezes à ameaça de intensificar os seus programas nucleares a fim de obter do Ocidente a ajuda em forma de fornecimento de hidrocarbonetos e de alimentos. Mas hoje este processo tem como pano de fundo o crescimento da tensão entre os dois Estados coreanos.

Pyongyang reagiu asperamente ao endurecimento das sanções da ONU. Um outro fator que não contribui absolutamente para a estabilidade na região é a realização de manobras americano-sul-coreanas conjuntas “Águia jovem”. O líder da República Popular Democrática da Coréia Kim Jong-un assinou em 29 de março o “plano de preparação técnica das balísticas estratégicas para um golpe contra as bases militares na parte continental dos EUA, nas ilhas de Guam e Havaianas, assim como na Coréia do Sul no caso de provocações por parte do inimigo”. Pyongyang anunciou também que rompe o acordo de 1953 sobre o armistício com a Coreia do Sul e os EUA e que doravante pretende resolver todos os problemas com Seul em conformidade com as leis da época de guerra.

A reação de Washington a estes passos de Pyongyang foi comedida. Tudo isso já se deu no passado e quaisquer conversas sobre a possibilidade de um golpe preventivo contra o Norte não são sérias, - declarou o secretário de imprensa da Casa Branca Jay Carney.

"Apesar da retórica dura que temos ouvido por parte de Pyongyang, não vemos a alteração do estado das forças armadas da República Popular Democrática da Coreia, como, por exemplo, a mobilização em grande escala ou o deslocamento das tropas. Mas nós interpretamos tudo isso seriamente. Realizamos ações bem ponderadas a fim de consolidar a defesa antimíssil do nosso país e dos países que são os nossos aliados."

Alguns peritos russos afirmam que encarar as ameaças de Pyongyang como mera chantagem a fim de conseguir uma nova partida de arroz ou de combustível quer dizer simplificar o problema. Vem a seguir o comentário de Konstantin Asmolov, analista do Centro Coreano do Extremo Oriente junto da Academia de Ciências Russa.

"É bastante comum a opinião de que desta maneira Pyongyang procurasse extorquir mais ajuda. Eu diria que quando Pyongyang ficar isento das sanções e deixar de ser um país-renegado, não vai necessitar da ajuda. O mais importante para ela é a alteração do seu estado. Os peritos americanos duvidam de que a Coréia do Norte esteja em condições de obter proximamente mísseis, capazes de levar cargas nucleares ao território dos EUA. Ao mesmo tempo o contratorpedeiro porta-mísseis norte-americanos Fitzgerald deslocou-se em direção ao litoral da Coreia. Esta belonave porta o complexo de rastreamento e de apontamento Aegis e é capaz de eliminar os mísseis balísticos."