segunda-feira, 15 de abril de 2013

Eu admiro Dhlakama

 

Por Elisio Macamo 

"...E lá vou eu outra vez com mais uma confissão longa. Gostaria de premiar quem lê até ao fim. por favor, use o inbox para eu lhe enviar um teste de leitura e compreensão, quem sabe, ainda ganha brindes...
 
Este texto tem um carácter preventivo. Já que o descontentamento no país parece ser tão grande, existe, teoricamente, uma forte possibilidade de a Frelimo vir a perder as próximas eleições. Não estou a incluir a fraude na computação. Se assim acontecer, alguns de nós lambe-botas vamos ficar mal. Então, justamente para prevenir essa possibilidade gostaria de escrever um texto a elogiar uma pessoa que pode, potencialmente, também ganhar as próximas eleições. Refiro-me a Afonso Dhlakama, líder da Renamo. Homem prevenido vale por dois. Eu quero valer por dois. Admiro-o por duas razões principais.
Admiro-o, primeiro, pela forma como pôs termo à guerra. Reconheço que este aspecto é condicionado pelo entendimento que eu, juntamente com muitos outros moçambicanos vivendo no país na altura da guerra dos 16 anos, tínhamos da natureza da Renamo. A noção introduzida por Samora Machel de “Bandidos Armados” levou alguns de nós a pensar que a Renamo fosse mesmo isso, isto é algo sem estrutura, nem organização. Fiquei estupefacto quando com o Acordo Geral da Paz a guerra terminou mesmo. Não esperava que a liderança da Renamo tivesse essa capacidade.
 
Foi uma impressionante demonstração de organização e disciplina. A minha surpresa é uma chamada de atenção para os perigos da propaganda e, acima de tudo, para a necessidade de formação de juízo próprio com base numa avaliação crítica dos elementos ao nosso dispôr. É verdade que a Renamo no contexto da paz não conseguiu manter a organização e disciplina que, aparentemente, lhe foi característica durante a guerra, mas isso é assunto dum outro pelouro que tem a ver com o facto de ela não ter perdido a guerra, mas decididamente perdido a paz.
Admiro-o também pela capacidade incrível de ser dono da sua personalidade e escapar às, por isso mesmo até ao ponto de confundir, as ideias mais ou menos sistemáticas que dele se tem na nossa esfera pública. Na verdade, o homem não tem boa imprensa em Moçambique, nem do lado dos apoiantes do governo, nem do lado dos que se consideram esclarecidos, portanto, críticos do governo. Do lado do governo há muitos que ainda não o conseguiram perdoar pela desfeita que foi a paz negociada. Sobretudo da parte de quem associa o fim da guerra com o fim do projecto socialista o rancor é enorme que chega ao ponto de não permitir nenhuma reconciliação que seja.
 
Mas mesmo da parte de quem já ultrapassou estes rancores, existe a ideia de que Afonso Dhlakama é um chato que contraria planos hegemónicos de quem tem um entendimento mesquinho, mas maquiavélico, do poder político. Do lado dos “esclarecidos” imperam dois impulsos na diabolização de Dhlakama. Um tem a ver com o facto de aquilo que é considerado como sendo a sua inépcia política colocar em perigo o grande plano de desalojar a Frelimo do poder. O outro impulso está relacionado com a dependência da forma hábil como Dhlakama continua a jogar o trunfo militar para obter concessões não só da Frelimo, mas também de todo o país sem nenhuma necessidade de passar pelos argumentos finos e zangados que os “esclarecidos” têm que esgrimir para serem ouvidos. Só para serem ouvidos!
Há um certo romantismo na minha admiração. Dhlakama, talvez mais do que ninguém em Moçambique, representa a versatilidade do homem comum moçambicano e, talvez até, africano. É um documento vivo da razão quotidiana, da razão impermeável aos nossos elaborados esquemas analíticos, do pulsar vernáculo da vida que uma juventude impetuosa e com as mentes toldadas por conceitos estrangeiros mal digeridos dificilmente entenderá. Admiro Dhlakama pelo facto de o seu agir político ser um melhor guia à racionalidade da acção política em Moçambique do que os tratados facebookianos enformados pela encenação da indignação.
 
É verdade que esse agir compromete muito do que nós consideramos santo no contexto da democracia. Mas bem vistas as coisas, não há muita diferença entre ameaçar o retorno à guerra – se isso ajudar a obter concessões – nem mesmo quando como em Muxúngué há mortes por um lado e, por outro, instrumentalizar o sofrimento do povo – do povo digo bem – para benefício duma existência parasita ao abrigo do rótulo “sociedade civil”. Não há mortes, claro, e aí há uma grande diferença, só que quando as há alguns acham bem, festejam e até vivem sonhando que haja mais, pois as coisas chegaram a um extremo insustentável.
 
No calor da indignação o que conta, num primeiro momento, não é a preservação da ordem democrática e, por isso, um posicionamento político que seja consequentemente pró-democracia e Estado de Direito. Se o interesse é fazer estremecer os que na arrogância do poder se esqueceram do povo, tudo, pelo menos argumentativamente, pode valer. Já agora, também não há muita diferença com a proclamação da luta contra a pobreza absoluta e seu uso no silenciamento da crítica como, por exemplo, têm feito alguns estrategas do governo. Aqui também não há mortes, claro, mas quantas vidas poderiam ter sido salvas se o conhecimento produzido pelo IESE, por exemplo, não tivesse sido visto como sendo anti-patriótico?
O meu lambe-botismo não me permite declarar Dhlakama como meu herói, isso não. Entre agora e as próximas eleições Guebuza ainda vai a tempo de me nomear qualquer coisa – de preferência Governador de Gaza – por isso tenho que ter cuidado com o que escrevo. Também não posso esquecer as atrocidades da guerra que nenhum “tu quoque” – isto é, nenhuma referência às atrocidades do exército governamental – pode anular. A forma como ele conduziu a guerra e os aliados que ele escolheu para esse efeito são, infelizmente, uma mancha da qual ele aos meus olhos nunca se livrará. Mas a admiração permanecerá.
 
E ela permanecerá pelas razões já indicadas. Agora, para muitos a simples elaboração da lista dos seus defeitos e virtudes é suficiente como guia analítico para o político e sua política. Para mim não. Não porque, apesar de tudo quanto escrevi até aqui, Afonso Dhlakama é produto do nosso país, ou melhor ainda, da nossa sociedade e, como tal, não escapa à sociologia política que percisamos de fazer para entender as coisas da nossa terra. Essa sociologia é mais abrangente do que a sociologia do poder que eu exigia na análise do Chefe de Estado e está intrinsicamente ligada aos nossos hábitos de reflexão. Na verdade, esses hábitos de reflexão tornam Dhlakama numa figura trágica, o que aumenta a minha admiração pelo simples facto de o herói se recusar a vergar-se perante as exigências duma narrativa já feita.
No nosso país o grande desafio intelectual ao nível político foi sempre de formular uma posição em relação à Frelimo. É nisto que se constitui um discurso político mais ou menos coerente em Moçambique. Ou somos a favor ou contra a Frelimo, indiferentes não podemos ser. Julgam muitos. Com o fim da guerra e com a capacidade revelada pela Frelimo de se agarrar de forma ciumenta ao poder muitos que se fazem ao debate público viram-se cada vez mais obrigados a falar para a Frelimo no sentido de criticarem – ou apoiarem. Neste contexto, a imagem de Dhlakama não é necessariamente a descrição de suas qualidades como indivíduo e como político, mas sim a manifestação dum espantalho que é funcional ou à crítica ou ao apoio à Frelimo.
 
O fascínio por tudo quanto é militar numa sociedade traumatizada pela guerra levou muita gente a exagerar as qualidades militares de Dhlakama mesmo ao ponto de esquecerem que, no fundo, a guerra dos 16 anos foi uma guerra entre uma das piores guerrilhas do mundo e um dos piores exércitos do mundo. O médio-volante do Chingale de Tete é médio-volante, mas não é a mesma coisa que o médio-volante do Futebol Clube do Porto.
 
A necessidade de encontrar pontos de pressão contra a “arrogância do poder” conduziu a reflexão política à legitimação de posições extremamente problemáticas em relação ao Estado de Direito que, por sua vez, criou os espaços dentro de cujos interstícios se construíu uma imagem de Dhlakama funcional ao pseudo-debate político interno. Mas o que realmente acontece, e aí volto a confessar a minha admiração por Dhlakama por me permitir ver isso com clareza (creio), é que muito do que passa por crítica no nosso país – naturalmente com honrosas excepções – não se fundamenta numa ideia clara do político. Um olhar atento a muita dessa crítica revela posições fundamentalmente autoritárias e intolerantes que dificilmente se coadunam com a democracia que todo o mundo reclama para si. Curiosamente, há muita “Frelimo” na filosofia política de muitos críticos, razão pela qual a crítica tende a ser o mais agressiva possível – para vincar uma diferença que na essência não existe.
 
A minha confissão ficou longa e como ela tem a função de lamber botas não pode ter o mesmo comprimento que a outra. No lambe-botismo há que respeitar proporções. Vou fechar com uma tentativa de resumir o texto para poupar essa maçada ao leitor e limitar ao máximo as tentativas de deturpar o meu texto com leitura descuidada. Pois bem, o argumento é simples. A tese que estou a defender é de que devemos admirar Afonso Dhlakama. Ela apoia-se em duas premissas fundamentais. Uma é de que existem qualidades individuais dignas de nota – por exemplo, o controlo que ele afinal tinha sobre o seu exército bem como a sua capacidade de se furtar ao nosso olhar científico – e a outra é de que ele é a manifestação duma sociologia política bem típica da nossa sociedade.
 
Há uma premissa implícita que vou explicitar agora: tudo quanto nos permite perceber melhor a estrutura da nossa sociedade e, sobretudo, como ela produz os seus actores políticos que depois abominamos ou emulamos, é digno da nossa admiração. Com isto espero ter desencorajado também os que não aguentavam mais ler o texto até ao fim para poderem postar o seu excelente e inadiável comentário do estilo “eu não admiro Dhlakama” ou “eu também admiro Dhlakama” ou ainda “o autor está completamente enganado.”
Quem me dera!..."
  • Khuberra Kndc Acidino Gostei do texto.
  • Manuel J. P. Sumbana Eu estou a tentar acordar. E como sou lento.
  • Bernardo De Araujo Rodge Intriguing... Porém, muito Interessante!
  • Joaquim João Antes de o Dlakama ser lider é um ser humano, e como ser humano merece ser compreendido o seu pensar, mesmo com concordancia ou discodancia do seu agir. Concordo com a sua maneira de observar os fatos mano!
  • Amelia Naftal Acho que todo o ser humano tem qualidade e ele nao seria nenhuma excepcao. devia ponderar no uso do termo admiro porque fere um pouco. Perdemos familia amigos até conhecidos durante a guerra orientada por ele e assim tira-lhe todo o merito. Se o Dr. afirma de que foi a pior guerrilha do mundo é porque perdeu o controle de tudo... ja visitou o interior de Mocambique principalmente o interior de gorongosa e Maringue para ver o estado em que ficou a populacao?
  • Marílio Wane gostei mais deste texto. do texo, nao de Dhlakama hehe.
  • Cristina Mpyombo "Neste contexto, a imagem de Dhlakama não é necessariamente a descrição de suas qualidades como indivíduo e como político, mas sim a manifestação dum espantalho que é funcional ou à crítica ou ao apoio à Frelimo.. " as atitudes do lider da Renamo; acho que nos remetem as teorias parsonianas em que as expressões como adaptação, integração, manutenção, colocam-no claramente no campo conservador do pensamento sociológico, alguém que ve a política apenas como um instrumento de garantia do bom andar do todo, jamais como instrumento da transformação. Porque o que Dhlakama quer é alertar o povo dos disturbios ou da segunda burguesia, onde os dirigentes fazem parte e o povo aplaudi o que não deveria acontecer.
  • Cremildo Bahule Eu compreendo Dlakhama. Ele devia fazer parte do dicionário da da nossa independência porque com ele podemos aprender a trepar o país da paz pelos ramos e caules. heheh
  • Euclides Cumbe até certo ponto se o texto revela uma ironia.
  • Ezequiel Mavota Eu penso que um politico nao pode ter duvidas das suas capacidades e muito menos das pessoas que o apoiam.Senao nao feriamos futebol, o Desportivo teria fechado as portas e por ai ...Dlhakama deve aceitar as regras do jogo democrático e por a sua maquina eleitoral a funcionar.As armas so alimentam o medo e distorcem o sentido de participaçao dos cidadaos.Deviam ser entregues ao Conselho Cristao de Moçambique.
  • Euclides Cumbe parece-me que o Ezequiel Mavota, quer trazer um exemplo igual ao do Salomao Moiana que proferiu a quando da conferencia de imprensa concedida pelo lider da RENAQmo,
  • Euclides Cumbe Salomao Moiana foi infeliz no exemplo.
  • Herminio Nhantumbo Professor, uma das carecteristicas de um homem de sucesso e' comecar e terminar uma tarefa. ja fiz a minha parte, li do principio ao fim o seu texto e espero que os demais leitores tambem o facam. O professor convida-nos a olhar cientificamente o lider da renamo (isto e' como objecto e de forma imparcial) para poder tecer comentarios de base. abracos.
  • Paulo Balango A essencia da democracia também reside nisto: respeitar e admitir as diferencas de opiniao. Isto e, opiniao respeitada mais nao comungada, carissimo Mpoyombo Elisio Macamo
  • Ilidio Lobato Excelente texto, e me parece uma reaccao a sintese deturpada ao texto anterior feita por um tal Karmikaze.
  • Morais Correia Concordo com a essência do texto mas já não com posicionamento de Ezequiel Mavota, a quem não tributo idoneidade e nem isenção ideológica para comentar imparcialmente qualquer assunto político nacional.
  • Tomás Queface Eu confesso que nao percebi nada. Nao consegui localizar o argumento central e nao cheguei a entender sequer o proprio resumo. Se calhar tenho de ler por outras tres vezes para perceber o texto.
  • Bayano Valy hehehe Elisio, já tinha pensado em armadilhas no outro texto. e concordamos que a armadilha visava mesmo obrigar-nos a olhar para o país e os seus políticos duma outra maneira. pessoalmente, olhei para o teu argumento então como um exercício meramente académico de pegar numa posição e defendê-la. até que podias pegar em sibindy ou ripua, amanhã.

    volto mais logo. neste momento o trabalho chama-me

    abraços
  • Jerry Revelador Fonseca Um texto irónico mas que destaca a personalidade do general que admiro. Nota, admiro-o, não sou seu fã. Ele consegue pôr a frelimo no lugar, já que esta à uma manifestação legítima do povo desarmado responde com a FIR.
  • Tomás Timbane Logo que li o texto sobre Guebuza, percebi que havia ali armadilhas. Os dois textos fazem-nos reflectir ainda mais e não "trepar a arvoré pelos ramos". Fantástico texto que apenas - foi como eu o entendi - pretende a problematizar a forma como nós vemos as coisas. Depois de responder as perguntas sobre o texto de compreensão, perecebi melhor a ironia educativa dos dois textos. Percebi que o Professor chama a atenção sobre os erros da avaliação que fazemos da nossa vida, da nossa sociedade. Eu sou fã de Moçambique.
  • Jose Luis Barbosa Pereira Professor falou e disse...
  • Livre Pensador Bem, parece que o Professor Elisio Macamo anda a divertir-se à grande e à francesa com a nossa desgraça colectiva. Já agora, não vou comentar mais nada a respeito do que li. Melhor assim...para me deliciar com coisas destas: http://www.verdade.co.mz/opiniao/editorial/36190-sonho-inalcancavel
  • Felicia Macuacua Prof.Macamo li ate ao fim,eu cresci ouvindo com meus pais,tios,primos, que os nossos familiares que morreram na guerra foram mortos por bandidos armados (homens da renamo chefiados por Dlakama) e claro sabbia que a palavra de ordem era detextar a renamo,mas de um tempo para ca comecei a fazer umas analises,e tenho muitas perguntas sem rexpostas ,uma delas eh (se a frelimo e a renamo tavam a lutar e os inocentes tavam a perecer qua eh a prova de que os meus familiares moreram so das balas da renamo?e as balas da frelimo a quem matavam os MATXANGAISAS APENAS?nao sei,e com este episodio de muxungue e a entrevista do lider da renamo descobri que tbm admiro DLAKAMA,ainda bem que meu pai nao me pode ouvir pk hj de certeza levaria umas cintadas mesmo sendo grandinha!Deviamus sim deixar de olhar como bandido e tentar escutar e percebermus certas coisas que nao andam bem,que por arrogancia ou desleixo de algumas pessoas podemus voltar a 20 anos atras!
  • Ernst Habermas Caro Livre Pensador, há sempre uma maneira de teorizar o político, no sentido mais abrangente da Palavra, é claro. Sendo assim, o Prof. Elisio, agiu acertadamente! Este texto, é daquele tipo de "parábola" que só entende que tem "ouvidos" para ler...!
  • Livre Pensador É um contra-ponto Ernst Habermas. É o seu modo de fazer política, ensinando ciência. Um texto bem ensaiado, ironias à parte.
  • Ernst Habermas Exactamente Livre Pensador!!! Foi o que notei, usando a ciência para teorizar o Político...!
  • Livre Pensador Porque afinal, mesmo convidado para ministro, deputado ou governador, Elisio Macamo não se encaixaria no perfil de quem está num sistema como caixa de ressonância da liderança ou então, a disciplinar ideias para poder receber elogios certos dos seus críticos ou seguidores. É um pensador livre (Eu sou um livre pensador), por isso precisa de espaço para observar, analisar, sistematizar e concluir, o que normalmente faz com cautelas acrescidas. Seja pela sua formação ideológica de base, seja pela natureza da sua profissão. Porque, como dizia Carlos Cardoso, a um académico não se perdoam os erros. A um diplomado da vida, todos, desde que produto do experimentalismo feito com honestidade de aprender mais e melhor. Esta é a minha opinião pessoal.
  • Ernst Habermas Mas uma vez devo concordar com o que diz (mas antes, deixe-me comentar nestes parênteses: Gostei do jogo de palavras "Pensador Livre e Livre Pensador". Aqui parece-me que um pensa porque é livre, e o outro, é livre porque pensa, mas no fim de tudo, todos pensam e perpetuam as suas liberdades!). A Natureza com que Elisio Macamo vai nos escrevendo - analisando o social - tem sido construída de forma bastante rigorosa sob ponto de vista epistemológico, que as vezes foge-lhe a possibilidade de ser bem-compreendido pela maioria. E este, é talvez o risco que os cientistas sociais ainda não conseguiram escapar, desde mesmo, os tempos do Antigo Egipto, se quisermos inclui-los na basificação das ciências.
  • Julio Machava Dlhakama deve ser compreedido do jeito como se apresenta no tempo e espaço. Buscar uma compreesão do seu percuso é complexo e um exercício penoso. Mas também julgo que a FRELIMO cria a imagem que muitos dos cidadão, nós, temos de Dlhakama.Usam a psicologia da pressão, do desgaste, da subjugação. Apertam o Homen até ele ser um ser da reacção, um molusco. Raras veze, apereçe na acção, nas propostas de mudança, em vários cenários ele aperece para discordar, e sem dar muitas saídas (excepção para a última aparição de santugira). Não vivi o tempo da guerra mas sinto, leio e noto nos vários relatos que esta foi feita dos 2 lados, a FRELIMO matou na mesma proporção que a RENAMO. Julgo Dlhakama ser um actor que a Política domestica precisa! Congratulo-me por ele estar de volta, e em grande, usando a linguagem que a FRELIMO usa.
  • Elisio Macamo caros amigos, penso que já estamos a conversar. que bom! afinal, como escreve tomás timbane, somos todos fãs de moçambique! ou como diz ernst habermas, parafraseando e interpretando o livre pensador, perpetuamos as nossas liberdades quando pensamos. bem. ilidio lobato, o texto não é reacção a esse resumo deturpado, mas o resumo no fim sim e não só. é difícil conversar quando os intervenientes não estão abertos à apreciação honesta do que os seus interlocutores dizem. claro que podem discordar, esse direito é inalienável. mas discordar com o que se disse, não com o que entendemos porque há sempre o perigo de não termos entendido. pois, bayano, não é armadilha pedir que se pense o país de forma mais séria (que presunção da minha parte). é um imperativo nacional! por isso, julio machava, não é dhlakama que devemos compreender, mas sim a sociedade que produz dhlakama. ela também é parte do problema. a propósito, Manuel, já acordaste? o país (eu) chama por ti! enfim, já estamos mesmo a conversar. água mole bate na pedra... abraços.
  • Elisio Macamo cara Amelia Naftal, longe de mim idealizar atrocidades. creio que me distanciei suficientemente disso no texto. todos nós perdemos entes queridos nessa guerra. não preciso de ir a essa região para saber o que a guerra nos fez e como ela atrasou este país. mas espero que entenda a importância de tentar perceber, que é o que faço aqui. mais do que responsabilizar uns mais do que os outros, Felicia Macuacua, que é assunto ainda por tratar no nosso país, interessar-me-ia a cultura de responsabilidade que não gritou "presente!" quando quem nos devia ter protegido não o fez. acho que é por aí que precisamos também de pensar o nosso passado recente porque só isso é que vai edificar uma verdadeira cultura de responsabilidade que, por acaso, é uma das maiores preocupações do actual chefe de estado, mesmo se algumas pessoas decidiram que isso é inconcebível. cumprimentos.
  • Elisio Macamo caro Ezequiel Mavota, não é só dhlakama que deve aceitar as regras do jogo democrático. se calhar até isso nem é fundamental. nós é que devemos aceitar as regras do jogo democrático e sermos firmes nisso. veja o comentário algo problemático de Jerry Revelador Fonseca, aliás um excelente exemplo do que critico aqui. numa cultura verdadeiramente democrática não pode haver nenhuma concessão ao que é contra o estado de direito, por mais legítimo que nos possa parecer. dhlakama ficará na linha, se é que precisa de ficar na linha, quando mais gente do bem pensar o país a partir dum verdadeiro compromisso com a democracia. nao se defende a democracia com excepções. abraços.
  • Joaquim Macanguisse parabens por esta capacidade de criacao de ficcao.... em vias de agradar gregos e troianos ....mas a distancia temporal entre os dois textos!
  • Elisio Macamo pois, caro joaquim macanguisse, a ficção é capaz de ser o nosso último refúgio. os gregos e troianos é que lixam este país.
  • Fatima Mendonça Aguarda-se a próximo capítulo e respectivas reacções.
  • Joaquim Macanguisse Fatima Mendonca jamais havera reaccao igual a primeira ficcao.....epa na primeira ficcao chegou-se a admitir que a conta( Facebook) do Dr Elisio Macamo tivesse sido asaltado.
  • Eunice Themba Professor, confesso, saltei linhas, o texto é longo. Mas neste texto, eu vou elogiá-lo, porque é frontal, diz o que pensa e ainda desafia-nos a reflectir ou a revelar o nosso lado escuro.
    Meu lado escuro gostou mais de reflectir sobre o texto 2 do que sobre o texto 1
  • Bayano Valy tenho tido pouco tempo para o facebook ultimamente, daí não poder participar com assuidade nos debates. só vou fazer uma provocação.

    será que dhakama existe? é que parece convenção dizer-se que moçambique e por extensão os moçambicanos são pacifcos. como é que explicamos a existência dum dhlakama no nosso seio; sempre com um discurso beligerante
    .
  • Nietzsche Bin Mindu Admiro muito as abordagem postadas. Reagindo mais uma vez: admiro muito os intelectuais nascidos da imancipação negra; eles gostam de usar a sua fama para desviarem atenção de mentes buscantes de afecto admiração que o mundo real não os dá. Portanto, sugiro-os a plantarem o jardim deles, decorarem a alma e não esperaram que lhes sejam tragos flores. Uma Sociologia política moçambica nascerá de que??? Da macamonização do guebuzismo e do dlakhamismo que passa do fanatismo à admiração?
  • Zandie Ubisse Para alem d ler, compreender, intender, perceber, comentar e etc etc, tenho que lhe confessar meu compatriota que tiro chapeu para a forma como balança a arvore para ver se a fruta madura caia (incluindo a fruta podre). Para alem do Dr. Elisio Macamo, admiro a frontalidade e maturidade nas abordagens do Simião Ponguane e do Crimildo Lipangue. digo mais, o receio pelo troco pela tentativa de filiar se do lado da verdade, da luta pela Justiça (Social, politica e etc) evidencia um aparente analfabetismo politico e uma aparente dificuladede de interpretação dos fenominos nos rostos do maior nr d moçambicanos dentro e fora da patria amada. Nada disse e muito obgd.
  • Elisio Macamo pois, Fatima Mendonça, esta é capaz de ser uma narrativa de pernas para o ar: começa pela resolução da crise e vai para a sua descrição... Eunice Themba, eu gostei mais do texto 2 porque me deu mais informação sobre os nossos maus hábitos de reflexão. a sério! Bayano Valy, essa pergunta vale para guebuza também. ele existe? existe sim, mas nos seus defeitos e virtudes - e eu insisto: ele tem mais virtudes do que defeitos - ele é apenas intelegível a partir do tipo de sociedade que somos. abraços.
  • Elisio Macamo obrigado, Zandie Ubisse, mas deixe-me dizer-lhe que não existe o lado da verdade. existe o lado da procura conjunta da verdade. esse é que interessa. a verdade morre onde alguém acredita que a encontrou. todos os dias, de cada vez que falamos a partir do pódio da verdade que reclamamos para as nossas posições, matamo-la. ela morre todos os dias no facebook político. e era tão bom que na nossa sociedade a frontalidade não fosse celebrada como virtude, mas sim como algo normal. isso também mostra a nossa difícil relação com a procura da verdade. cumprimentos.
  • Manuel J. P. Sumbana Acordei agora. Mas, jâ estamos a falar.

3 comentários:

Flávio A. Chongola disse...

Elísio (como se fossemos próximos), concordo e discordo de alguns aspectos e vou apontar dois:
1. Eu admiro Afonso M.Dlhakama – mas eu admiro Dlhakama por ter ganho a guerra [acho que aqui concidimos] e por ter ganho a paz [já aqui poderemos não concidir]. Veja: em qualquer momento da história eu tenho que seremos (eu + Elísio + ignotos) firmes em dizer que Dlhakama venceu a guerra mas, quanto ao perder a paz, considero que até o presente dia o presidente Afonso Dlhakama perdeu a paz (e perdeu não só por dispor de menores creditos, na impensa colectiva de todos, e posições político-governativas; assim como perdeu-a no sentido espiritual – de tal forma que, imagino que esteja lhe faltando mais sossego, tranquilidade e certezas nestes tempos do que quando ainda “andava nas matas” –). Repara, acima digo que até o presente dia...perdeu a paz. Ora, se é até o presente dia, tendo em conta que o actor ainda está vivo e em cena, o certo era dizer que até o presente dia Dlhakama está perdendo a paz. E, chamando a este texto o raciocío de fetebol: o jogo ainda não acabou, mesmo estando a “equipa D” em chamas e, a “equipa F” ganhando por 5-0, nada está terminado, antes do apito final, pois já viu equipas ganhar revirarem o jogo nos derradeiros minutos, levando os a prolongamentos e, quiça, ganha-los no fim (pode até ser a penaltes) – não que eu esteja acreditando que isso venha a acontecer, assim como quase ninguém nunca acredita nessa viradas de futebol, contudo, não posso deixar de “conjugar o verbo no tempo e no modo certo”.
1.1. Eu admiro Dlhakama por ter ganho a guerra e por ter ganho a paz (aqui interessa ver o ter ganho a paz não até o presente dia mas, a partir dos processos negociais que culminaram com a assinatura dos Acordos Gerais de Paz até, no mínimo, nos seus primeiros anos de consolidação e quando se começou a ter por consolidada).
Se consideramos que efectivamente a “equipa D” ganhou a guerra; se considerarmos que as vozes de pânico e medo, da RENAMO, chegavam a alcansar níveis de terror; se considerarmos que um governo se recusou de ínicio (com o Presidente Samora) e seguidamente com Chissano (este se não recusou, pode-se dizer que durante, pelo menos 4anos não pautou) a ser mais ouvinte e dialogante, pautando por ser mais beligerante, vindo a se arrastar essa posição de tentativa de solução da guerra pelas armas, por 16 anos; se ponderarmos que em Tsalala e na cidade de Maputo já se tinha pânico da RENAMO; se considerarmos que a “equipa D” tinha condições e havia preparado o campo (na fé de que tinha), para mais dia, ou menos dia, mais 2 ou 3 anos entrar na Ponta Vermelha a marchar; SE CONSIDERARMOS QUE TODO AQUELE QUE ESTÁ NO PODER, SE NÃO CEDE, ab initio, POR POLITEZ E BOA VONTADE, SÓ CEDE ANOS DEPOIS POR INCOTORNÁVEL DECLÍNIO – Afonso Dlhakama ganhou a paz.

Flávio A. Chongola disse...


2. Quanto a “lembrança” que nos traz de não “ esquecerem que, no fundo, a guerra dos 16 anos foi uma guerra entre uma das piores guerrilhas do mundo e um dos piores exércitos do mundo.”. Tenho que, está afirmação só pode ser verdadeira se se estiver olhando os quer a tal guerrilha e o tal exército de fora, isto, tendo como foco de análise a capacidade militar em termos de material bélico disponível, fontes e tempo de acesso à esses materiais, quantidade de homens e tipo de treinamento e experiência de combate vividos. Mas noutro olhar ela peca.
E que olhar é esse? Quero dizer que a avaliação qualitativa de uma guerrilha e dum exército não pode ser feito numa prisma estático, que, embora necessário, não oferece a enfusão efectiva do que decorre numa guerra efectiva, nem a vertigem de sangue que uma guerra em actividade cria. As guerrilhas e os exércitos são acertadamente avaliadas num prisma dinâmico, por aquilo que fazem num guerra em curso, E UMA GUERRA É SEMPRE UMA GUERRA – única e imprevisível.
Respeitado Elísio, esta minha posição é, alias, a que se pode concatenar de Sun Tzu (Arte de Guerra), no sentido de que numa guerra os números, os armamentos, as vantagens técnica e táctica não são o determinante para vence-la, sendo o engano e a supresa o mais importante. Pelo que a guerrilha e o exército, no artigo lembrados como dos piores, numa guerra em actividade podem (fora das previsões) acocorar ou vencer o exercícito dos EUA, bastando para tal que benefeciem do necessário engano e surpresa.

Terra Queimada disse...

Destaco o seu comentário, Flávio, A. Chongola. Em http://ambicanos.blogspot.pt/2013/05/eu-admiro-dhlakama-1-comentario-de.html