quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Novo ministro impôs demissão de Rovisco Duarte de Chefe do Estado-Maior do Exército

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Rovisco Duarte, Chefe de Estado-Maior do Exército, apresentou a demissão ao ministro da Defesa. Foi o novo ministro, João Gomes Cravinho, que "empurrou" o militar para a saída, apurou o Observador.

João Gomes Cravinho, novo ministro da Defesa, cumprimenta o agora demissionário chefe do Estado Maior durante a tomada de posse
JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
Rovisco Duarte, Chefe de Estado Maior do Exército, entregou um pedido de demissão ao ministro da Defesa esta quarta-feira de manhã. Fontes que acompanharam o processo garantiram ao Observador que o pedido de demissão surgiu depois de uma espécie de ultimato do novo ministro, João Gomes Cravinho. Ou seja, se Rovisco Duarte não se demitisse, teria provavelmente sido demitido, na sequência do escândalo do assalto a Tancos.
Numa mensagem enviada já esta tarde aos militares do ramo, Rovisco Duarte justifica a sua saída com o momento político, dando sinais de que as motivações são menos pessoais do que à partida se sugeria. “A todos vós, e unicamente a vós, devo uma explicação: as circunstâncias políticas assim o exigiram”, escreve o general sobre a sua saída, numa nota a que o Observador teve acesso.
Horas antes, em entrevista à TSF, Carlos César tinha dito que, após a demissão do ministro da Defesa, esperava “consequências do ponto de vista das Forças Armadas, em particular, do Exército”, o que já indiciava esta demissão.
Perante as contradições sobre o que levou Rovisco Duarte a apresentar esta quarta-feira a sua demissão, o Presidente da República optou por ser parco nas palavras. Em Vila Franca de Xira, Marcelo limitou-se a dizer que o “aquilo que está no sitio da presidência foi o que estava na carta” que recebeu em Belém da parte do general, ou seja, que foram suscitadas razões pessoais para deixar o cargo. “Não tenho mais nada a dizer”, a não ser que “foi apresentada” pelo general “a decisão de resignar” às funções que desempenhava” apresentando “razões pessoais” para esse efeito. Essa carta “foi enviada para o Governo”, que agora terá de ouvir o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas para a nomeação do próximo CEME e fazer aprovar essa escolha em Conselho de Ministros, para depois levar o nome a Belém.

Rovisco Duarte na cerimónia de tomada de posse dos novos ministros (JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)
Rovisco Duarte acrescenta que a ideia de que já esperava um mandato duro quando chegou ao cargo. “Quando assumi funções, estabeleci uma linha de ação para o meu comando que assentava sobre uma visão de modernidade, qualidade e equilíbrio entre os diferentes subsistemas que compõem o Exército. Sabia que iria ser uma campanha dura”, refere.
Depois de dois anos e seis meses de mandato, que terminava em março de 2019 – após ter substituído o anterior CEME na sequência da polémica sobre a discriminação de alunos homsexuais no Colégio Militar, – Rovisco Duarte fez um balanço aos seus homens: “Quando assumi funções, estabeleci uma linha de ação para o meu comando que assentava sobre uma visão de modernidade, qualidade e equilíbrio entre os diferentes subsistemas que compõem o Exército. Sabia que iria ser uma campanha dura”.
No site da Presidência — para o qual o Exército remeteu –, foi publicada uma nota em que se refere que o Presidente da República recebeu esta quarta-feira “uma carta do general Francisco José Rovisco Duarte, que, invocando razões pessoais, pede a resignação do cargo de Chefe de Estado-Maior do Exército”. De acordo com essa nota, “a carta foi transmitida ao Governo, a quem compete, nos termos constitucionais e da Lei orgânica das Forças Armadas, propor ao Presidente da República a exoneração de chefias militares, ouvido o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas”.

O primeiro-ministro, António Costa acompanhado pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Artur Pina Monteiro (2D), chefe do Estado Maior do Exército, general Rovisco Duarte (E), ministro da Defesa, José Azeredo Lopes (3E), chefe de Estado-Maior da Força Aérea, general Manuel Teixeira Rolo (2E), e pelo chefe de Estado-Maior da Armada, almirante Silva Ribeiro (D), numa reunião sobre segurança em instalações militares, no Palácio de São Bento no dia 11 de julho de 2017. (JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)
Fonte oficial do Exército acrescenta que apenas o CEME apresentou um pedido de demissão. O tenente-general Campos Serafino, atual vice-CEME, manter-se-á em funções, apesar de o seu nome ter sido intercetado nas escutas da Operação Húbris. Foi numa conversa com o major Vasco Brazão, na altura em missão na República Centro Africana, que o então diretor da PJ Militar se refere ao vice-CEME como tendo ouvido do general Rovisco Duarte a ideia de que o CEME não desejava que a Polícia Judiciária (PJ) civil encontrasse primeiro o material de guerra alegadamente furtado de Tancos.
Também o Ministério da Defesa Nacional confirmou que recebeu um pedido de demissão de Rovisco Duarte sustentado em “motivos pessoais”. Em comunicado, o ministério de Gomes Cravinho refere que “na sequência deste pedido, foram iniciados os procedimentos adequados com vista à nomeação de um novo Chefe do Estado-Maior do Exército”, sem adiantar qualquer outro dado a esse respeito.
Foram dois anos e meio atribulados, aqueles que Rovisco Duarte passou na chefia do maior ramo das Forças Armadas. O general alentejano chegou ao cargo em abril de 2016, em substituição de Carlos Jerónimo, que pediu para sair na sequência de uma polémica relacionada com a discriminação de alunos do Colégio Militar por motivos sexuais.
Meses mais tarde, dois recrutas do 127º curso de Comandos — Hugo Abreu e Dylan Araújo — morreram na primeira semana de formação, vítimas de golpes de calor. Foi o primeiro grande abalo na liderança de Rovisco Duarte e que culminou com a acusação do Ministério Público contra duas dezenas de militares com responsabilidades no curso por suspeitas de ameaças contra a integridade física.
O processo, cujo julgamento começou há duas semanas, envolveu diretamente o general CEME. Nomeadamente quando o diretor do curso de Comandos avançou com uma queixa judicial contra o chefe do Exército por alegadamente ter ignorado uma denúncia de irregularidades relacionadas com o guião da Prova Zero (durante a qual os dois militares morreram) onde se relatavam privações de água aplicadas aos recrutas. Alexandre Lafayette, advogado do tenente-coronel e diretor do curso 127, explicou que a queixa foi “apresentada porque se verificou que o CEME [chefe de Estado-Maior do Exército] ignorou uma denúncia feita em fevereiro de 2017”.
Depois, foram levadas várias toneladas de material de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos. E, durante mais de um ano, o general Rovisco Duarte resistiu às pressões para deixar a chefia do Exército. No Parlamento, essa pressão foi liderada pelo CDS, que aliava essa exigência à saída de Azeredo Lopes. Agora, cinco dias depois de o ministro sair, o general Rovisco Duarte toma a mesma decisão e sai.Joaquim Ribeiro
Não se preocupem, daqui a  6 meses, estamos a ouvir que o EX CEME foi convidado para um "tacho" qualquer na NATO ou afins.
Alexandre Policarpo
2 m
O ministro fez o óbvio, senão o que é que lá estava a fazer? mas este caso mostra para quem ainda tinha dúvidas que António Costa não tem estaleca para ser 1º ministro: é manhoso, mas também é cobarde e sobretudo não tem sentido de estado.
Como se viu nesta remodelação, Costa apenas consegue levar para o governo amigos do peito, ou porque é desconfiado, ou porque ninguém fora do seu restrito circulo de amigos quer participar num governo liderado por esta figura. Triste!
Por isso tem dificuldade em decidir o que tem de ser decidido em nome do interesse nacional. Foi assim com a ministra Constança, e foi assim com o ministro Azeredo, que juntamente com o CEME,   devia ter sido demitido quando se soube do roubo do material militar em Tancos. Em vez disso o que é que ele fez? passou um ano a brincar com o assunto, dizendo coisas que só ficam bem na boca de um 1º ministro do Burkina Faso como "podem tirar o cavalinho da chuva que eu não demito o ministro da defesa".
Mas como o Costa não é tão esperto como ele e os seu grupo de fãs  pensam que ele é,  e como andou a dizer graçolas e a empurrar com a barriga um assunto que envolve a segurança do estado e o prestigio do Exército em particular e das Forças Armadas em geral, agora o mais certo é isto cair-lhe tudo em cima, porque como já é mais do que certo que o ministro sabia como foi devolvido o material roubado, ele não tem como negar que também sabia.
Acho que vamos ter um ano de 2019 em cheio: à beira de uma duvidosa mas possivel maioria absoluta do PS, o mais certo é o Costa ter de se demitir por ter ajudado a encobrir vários crimes.
Eduardo Batista
3 m
Entrada de leão, saída de ca.galhão. Este ministro começa muito bem. - Primeiro apresenta no facebook fotografias do seu novo gabinete com vista para o Tejo e almoço servido diretamente na secretária (daqui, rapidamente se analisa o perfil psicológico do senhor). - Depois, força o CEME a demitir-se, ele que fez tudo para resolver um problema crónico vindo de outros CEMEs e outros governos - o avacalhamento da segurança e da missão das FA (lembrem- se dos carregadores selados). Quanto ao vice-ceme, com ligações públicas ao PSD, nada se fez. O civil ex- fuzileiro parece que é um segurança de uma empresa que trabalha para o partido da oposição que mais explorou esta situação, O PS, talvez por ter sido sempre o partido que melhores condições ofereceu às FA, não tem quase militares em que se apoiar. Daí toda esta trapalhada que não conseguiu controlar. Mas isto não é uma questão de pessoas ou partidos políticos. O problema está no tutano desta instituição de soberania - na realidade não é de soberania: - Está moralmente controlada por uma organização/Estado estrangeiro - o Vaticano. - Ao contrário daquilo que é a essência das repúblicas na Europa - o afastamento do império romano das estruturas de Estado desses países que fizeram uma revolução republicana (os que fizeram a reforma protestante foram mais eficazes neste objetivo) - existe no MDN uma capelania militar, onde se viola a constituição da república, onde se mistura Estado com Igre.ja, entenda- se aqui igre.ja como organização/Estado estrangeiro e não religião, o Vaticano ( embora esta organização seja operada por nacionais, deve lealdade a Roma, não ao MDN ou aos CEM) - Esta capelania militar tem vindo a sujeitar militares e polícias a uma atitude de lealdade e subserviência a um Estado estrangeiro, e não à república portuguesa. Esta é a base de todos os males e que outra instituição romana - a justiça - explorou para achincalhar mais ainda as instituições de soberania nacional. Mas ainda temos outros exemplos desta metodologia e estratégia - o caso dos comandos e do militar da GNR, o Hugo Ernano. Esperemos que este MDN resolva este problema basilar...
Francisco Pinto
27 m
O CEME sai sem honra nem glória. 
Não se demitiu quando o escândalo foi conhecido, tendo preferido escudar-se no anterior ministro, que por sua vez demonstrou ser uma anedota inqualificável para um país membro da Nato.
Agora deu de caras com um ministro da defesa que parece saber quais as expectativas do cargo, e demitiu-o. 
No final todos saem mal, desde o CEMGFA até ao PR. Ironicamente e por mais incrível que pareça, quem parece ter passado pelos pingos da chuva, pela enésima vez, foi o PM, 
Joaquim Marques
28 m
E se se vier a descobrir que o roubo também foi encenado, vai ser um fartote.
Manuel FerreiraJoaquim Marques
16 m
Começo a ter séria dúvidas, se...
Audio Vac
49 m
Sugiro que demita igualmente o CEMGFA, pois no meio disto tudo, não fez nem disse nada e nem se ouviu falar dele...

Por conseguinte é como se não existisse e não precisa de receber o salário!...
Manuel Ferreira
51 m
Pensem nisto. Tudo começou com um roubo de armas, o regime não consegue desvendar ou "descortinar" o roubo  e a estrutura de chefia vai-se desmoronando à nossa frente. Não fica por aqui.... 
Manuel Lisboa XII
1 h
Tarde...extremamente tarde...esperam-se mais demissões, pois importantes apenas duas, o ministro e agora chefe do estado-maior do exército...As Forças Armadas foram abaladas...
Passos, O senhor 24%
1 h
Parabéns ao ministro. Está a fazer muito rapidamente o que tinha de ser feito. O que não se percebe é como o CEME não se demitiu antes depois do director da PJM ter dito que o CEME também sabia da encenação e de toda a CS o ter divulgado!
E agora? Se Azeredo sabia, o PM também sabia! O PR também! E sabendo o CEME o CEMGFA também sabia! Quem é o senhor que se segue?

TODO o desgoverno, por supuesto....
Não ?
Bolas, ainda falta 1 ano.
Passos, O senhor 24%Dr. Feelgood
1 h
Vai tudo de uma só vez! PR, PM e CEMGFA. Nunca ouviste dizer que à dúzia é mais barato?
Sou eu!!!! Vou-me demitir na tua cara....
Manuel Ferreira
1 h
Como costumam dizer os comunas, os problemas não são de pessoas, são de políticas e eu digo que são estruturais. Se mudar um ministro e um general resolvessem os problemas, seria um dia histórico, mas não, é um dia triste para as Forças Armadas. Tenho sérias dúvidas que as instituições estejam a funcionar regularmente. Não vamos lá com selfies.
Alexandre Policarpo
1 h
Na semana passada estava tudo bem, 1º ministro e ministro da Defesa, vestidos a rigor de blusão de cabedal à moda da Força Aérea e tudo. De repente começaram a cair que nem tordos, afinal sabiam todos o que é que se passou com a devolução das armas, Depois das declarações do Sá Fernandes ontem à porta do tribunal, o ex ministro Azeredo tem que ir lá dizer que afinal sabia de tudo.E se ele sabia como é possivel o 1º ministro não saber? e se o 1º ministro sabia como é que é possivel o presidente da Republica não saber?
A demissão do CEME que peca por tardia, não resolve o problema que aí pode vir para 1º ministro e presidente da Republica. Vai ser outro caso Domingues: ficamos todos a saber que eles sabiam, mas ninguém o consegue provar...
Carlitos Sousa
1 h
Se Cravinho consegue isso, tiro-lhe o chapéu.
Rovisco deveria ter um pingo de vergonha e já ter saído.
Mas se o novo ministro não está bem "estribado", pode-lhe acontecer o mesmo que ao seu pai, e ser recambiado para Bruxelas. 
Alexandre PolicarpoCarlitos Sousa
1 h
Foi para Londres, não foi para Bruxelas, o BERD é em Londres. Como se costuma dizer, teve uma "vida santa e milagrosa", é um dos melhores empregos da Europa.
Jose Felix
1 h
Estas demissões todas fazem lembrar aquelas empregadas domésticas que limpam o lixo para debaixo dos tapetes dando a impressão de que fica limpo. Não fica!
Pedro GuedesJose Felix
1 h
Excelente comparação.
Dr. Feelgood
1 h
" Chef " novo, novos talleres....
Pedro GuedesDr. Feelgood
1 h
... mesmo tacho ...
Renato Cardoso
1 h
Ser CEME, não é estar CEME, Ser significa estar á frente dos seus homens e responsabilizar-se por eles,  Estar CEME é deixar o tempo passar nada resolver e esperar que o ordenado chorudo chegue à conta bancária a cada 30 dias
Radykal Chic
1 h
Vale mais tarde...
Cisca Impllit
1 h
exoneração suspensa

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