Maputo, 12 de Outubro de 2018 • ANO XXV • No
1292 • Preço: 60,00 Mt • Moçambique
Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2018 PMR Africa
Frelimo derrapa e Renamo ascende
Naíta Ussene
20,00MT
15,00MT
VALOR DO 1º PRÉMIO DO JOKER -250.000,00MT
Actualizaçao dos preços das apostas
42º CONCURSO
PREVISÕES DO JACKPOT
1º PRÉMIO - 2.000.000,00MT
PRÓXIMA, 41ª EXTRACÇÃO DA LOTARIA 13/10/2018
1º PRÉMIO DE TOTOBOLA - 319.684,58MT
JACKPOT DO TOTOLOTO - 400.530,03MT
TOTOBOLA
JOKER
TOTOLOTO
10,00MT
52ª EXTRACÇÃO, LOTARIA SUPER TALUDA DE NATAL - 1º PRÉMIO - 4.000.000,00MT
• Manuel Bissopo:
eterno perdedor
• Daviz salva MDM
TEMA DA SEMANA 2 Savana 05-10-2018 TEMA DA SEMANA
A
inda que com resultados
provisórios, a votação
desta quarta-feira nas 53
vilas e cidades municipais
sugere mudanças de vulto na cartografia
política do país. Destaque
vai o regresso da Renamo e a derrapagem
da Frelimo em algumas das
mais importantes autarquias do
país. O grande perdedor foi o Movimento
Democrático de Moçambique
(MDM), que averbou a pior
derrota de sempre na sua história,
apesar de que seja necessário lhe
atribuir o mérito de ter conseguido
manter o controlo da segunda
maior cidade do país, a Beira.
Estas foram as quintas eleições
autárquicas na história de Moçambique,
depois das primeiras, em
1998. Perto de quatro milhões de
eleitores inscritos foram chamados
às urnas, neste 10 de Outubro, para
eleger os dirigentes autárquicos e os
membros das Assembleias Municipais
para os próximos cinco anos.
O escrutínio contou com cinco
mil observadores nacionais e 250
estrangeiros, bem como mil jornalistas,
entre nacionais e internacionais,
distribuídos pelos mais de mil
postos de votação [correspondentes
a cinco mil mesas de votação] em
todas as 53 autarquias.
Foi o escrutínio mais renhido de
sempre na história da municipalização
em Moçambique. A Frelimo,
o partido no poder desde a independência
em 1975, foi à votação
ensombrada por uma crise sem precedentes,
agudizada pelas chamadas
dívidas ocultas, que agravaram
o custo de vida dos moçambicanos.
O MDM, que pela primeira vez
compete em autárquicas lado a lado
com a Renamo, teve o seu grande
teste de sempre, depois de, em
2013, ter se beneficiado da ausência
do maior partido da oposição.
Por sua vez, a Renamo, que teve
as primeiras eleições sem o seu líder
histórico, Afonso Dhlakama,
regressou na sua máxima força,
jogando-lhe a favor as desinteligências
internas no MDM e a crescente
impopularidade da Frelimo.
É preciso sublinhar ainda o surgimento
de um eleitorado jovem que
tem cada vez mais se demarcado
dos métodos autocráticos de governação
da Frelimo. Jovens nascidos
em 2000 votaram pela primeira
vez, representando um eleitorado
sem qualquer compromisso com o
passado.
Ainda que preliminares, dados disponíveis
até ao fecho desta edição
mostravam que a Frelimo derrapou
nas principais autarquias do país,
onde a Renamo teve um crescimento
substancial, enquanto o
MDM teve o seu pior desempenho
de sempre.
Na região sul, por exemplo, historicamente
bastião da Frelimo, houve
reviravoltas. Na Matola, os munícipes
emitiram cartão amarelo para
a Frelimo, que tinha como cabeça-
-lista Calisto de Cossa, o edil em
exercício que teve uma vitória sofrida
face à Renamo, que concorria
com António Muchanga. Foram
123 mil votos (48%) contra 117 mil
votos da Renamo (46%).
O MDM, que voltou a apostar em
Silverio Ronguane, conseguiu apenas
12 mil votos (5%).
Na capital, Maputo, onde a eliminação
de Venâncio Mondlane e
Samora Machel Júnior abriu caminho
à vitória para a Frelimo, os
camaradas não alcançaram as habituais
“vitórias retumbantes, esmagadores
e asfixiantes”. A Frelimo,
que apostou no octogenário Eneas
Comiche, não foi para além de
68 mil votos (56%) contra 45 mil
(37%) da Renamo, que concorria
com Hermínio Morais. O MDM,
que avançou com Augusto Mbazo,
chegou a disputar um terceiro lugar
com o grupo cívico Juntos pela Cidade
( JPC) de Filipe Gagnaux. O
MDM teve seis mil votos (5%).
A Renamo arrasou na província de
Nampula, onde das sete autarquias,
recuperou cinco que estavam nas
mãos da Frelimo. Na capital provincial,
a chamada capital do norte,
o partido, que concorria com Paulo
Vahanle, cilindrou a Frelimo, que
voltou a apostar em Amisse Cololo.
Em conferência de imprensa, no
início da tarde desta quinta-feira, o
porta-voz da CNE, Paulo Cuinica,
disse que havia municípios onde
nem sequer resultados provisórios
estavam disponíveis. Tais são os
casos de Mocuba, na Zambézia,
Moatize e Tete, na província de
Tete.
O MDM perdeu terreno em Nampula,
onde havia apostado em Fernando
Bismarque, um antigo apresentador
de televisão.
A Renamo também venceu Nacala
Porto, onde concorreu com Raul
Vinte, que derrotou o actual edil,
Rui Chong Saw, da Frelimo. Em
Monapo, a Renamo [Pedro Florêncio]
teve nove mil (49%) e a FreFrelimo
em derrapagem
Renamo ganha terreno
limo [Abdul Alimamad] teve oito
mil (45%), contra 609 votos (3%)
do MDM.
Em Angoche, a Renamo [Ossufo
Raja] teve 8.112 votos (46%)
contra 7. 694 (45%) da Frelimo
[Bernardino Elias] e 848 (5%) do
MDM. Na Ilha de Moçambique, a
Renamo [Gulamo Mamudo] obteve
4 mil votos (50%) contra 3 mil
votos (37%) da Frelimo [Abdurramane
Gimba]. O MDM teve 742
votos (10%).
Em Quelimane, a Renamo, que
concorria com Manuel de Araújo,
cujo futuro ainda está por decidir
pelo Tribunal Administrativo, venceu
com 23 mil votos (56%) contra
16 mil (40%) da Frelimo, que concorria
com Carlos Carneiro, e mil
votos (4%) do MDM, que concorria
com Waro Waro.
Ainda na Zambézia, o MDM, que
voltou a apostar em Orlando Janeiro,
que dirigia Gurúè desde as
últimas autárquicas, perdeu com
11 mil (44%) para a Frelimo [ José
Fernando], que teve 13 mil (51%).
Na província de Tete, onde voltou a
apostar em César Carvalho, a Frelimo
vencia com uma margem mínima
contra a Renamo, que tinha
como cabeça-de-lista o deputado
Ricardo Tomás.
Em Moatize, a Renamo, com Virgílio
Gumbe, venceu a Frelimo, que
voltou a apostar em Carlos Portimão,
que lutava pela renovação.
A Frelimo mantém controlo dos
municípios da província de Manica.
Em Chomoio, a capital provincial,
onde concorria com João Ferreira,
a Frelimo teve 52 mil (53%) contra
44 mil votos (44%) da Renamo, que
tinha como cabeça-de-lista Manuel
Macocove e 3 mil votos (3%)
do MDM, que tinha como rosto
Alberto Alfredo.
Na Beira, o quartel-general do
MDM, o partido de Daviz Simango
renovou, folgadamente, com 70
mil (47%) votos contra 44 mil votos
(29) da Frelimo, que concorria com
Augusta Maita. O grande perdedor
foi o secretário-geral da Renamo,
Manuel Bissopo, que não foi para
além de 36 mil votos (24%). É a segunda
vez que Bissopo perde uma
eleição autárquica, depois de em
2008 ter perdido na corrida à presidência
do Conselho Municipal de
Dondo.
Na província de Cabo Delgado,
a Renamo ganhou o município
de Chiure com 9 mil votos (56%)
contra 6 mil da Frelimo (38) e 578
votos (4%).
Calisto Cossa, Frelimo Augusta Maíta, Frelimo Eneas Comiche, Frelimo Hermínio Morais, Renamo Paulo Vahanle, Renamo
Pavilhão dos Desportos do Clube Ferroviário de Nampula. Eleitores em massa para exercer o seu direito cívico
TEMA DA SEMANA Savana 05-10-2018 3
Amisse Cololo, Frelimo Daviz Simango, MDM Manuel de Araújo, Renamo Manuel Bissopo, Renamo António Muchanga, Renamo
A
s quintas eleições autárquicas,
que tiveram
lugar nas 53 cidades e
vilas municipais do país,
voltaram a ser marcadas por um
clima de desorganização, com
grande destaque para os órgãos
eleitorais, responsáveis pela gestão
do processo, nomeadamente,
a Comissão Nacional de Eleições
(CNE) e o Secretariado Técnicos
de Administração Eleitoral
(STAE). Coincidência ou não,
a desorganização, com intervenções
atrapalhadas da Polícia
da República de Moçambique
(PRM), tem lugar nas zonas de
forte influência da oposição, o
que é visto como uma desesperada
tentativa de fabricar vitória
para Frelimo na secretaria.
A afluência às urnas, logo às primeiras
horas dia, foi notória em
diversas Assembleias de voto espalhadas
pelo país, tendo havido
eleitores que se fizeram aos locais
de votação às 4:00 horas. Num
universo de 3 910 712 eleitores
inscritos para o presente escrutínio,
espera-se que, no final, o
nível de participação tenha alcançado
a fasquia dos 50%, contrariando
as eleições de 2013 que,
dos 3 059 804 inscritos, apenas 1
393 990 exerceram o seu direito
cívico, representando 45,56% de
participação.
Embora no geral as mesas de
votação tivessem aberto pontualmente
às 7:00 horas, houve atrasos
que mancharam o processo.
Na cidade da Beira, bastião da
oposição, no posto de votação da
Piscina de Goto, algumas mesas
não estavam em funcionamento
até uma hora depois da hora oficial
de abertura das mesas.
Na mesma cidade, uma das mesas
que funciona na EPC de Inhamízua
só abriu às 11:00 horas porque
um dos membros da mesa de
voto em representação do Partido
Renamo não se encontrava presente.
Situação idêntica aconteceu na
EPC Amílcar Cabral, na Autarquia
da Beira, onde uma das Mesas
de Voto ali instaladas registou
um atraso de mais de duas horas,
devido à chegada tardia da urna,
o que provocou descontentamento
no seio dos eleitores.
“Não há urnas. É para ficarmos
com cartões? Estamos a precisar
de urnas para votar”, queixava
uma cidadã preocupada, que estava
na fila há cerca de cinco horas.
Em Quelimane, uma forte base
da Renamo, o cabeça-de-lista do
maior partido da oposição, Manuel
de Araújo, denunciou a ausência,
nos cadernos eleitorais, de
nomes de perto de 400 eleitores,
incluindo o cabeça-de-lista e sua
esposa, que não poderiam exercer
o seu direito de voto na Escola
Primária do Coalane.
“Imagine se isto acontece com
o cabeça-de-lista, quantos mais
moçambicanos devem passar por
isto”, lamentou Araújo, que considerou
a situação como sendo
extremamente grave para o processo
democrático e reconciliação
nacional.
Responsabilizou ainda o director
do Secretariado Técnico de Administração
Eleitoral (STAE).
“O Dr. Naife está no STAE há
cerca de 10 anos, então, deveríamos
ter um STAE mais organizado”,
disse.
Em Incídua, ainda no município
de Quelimane, uma mesa abriu
45 minutos depois da hora estabelecida
porque o presidente e o
vice-presidente se recusavam a
assumir as suas posições.
O mesmo cenário verificou-se
também na cidade de Maputo,
onde as Assembleias de Voto do
Instituto Industrial 1º de Maio
e da Escola Primária Completa
(EPC) da Polana-Caniço B abriram
tardiamente, alegadamente
por falta de cabines de votação.
Registou-se também falta de alguns
materiais, como tinteiro em
algumas mesas de voto da Escola
Luís Cabral em Maputo. Em
Chiango, uma das Assembleias
de Voto do Quarteirão 20, na
cidade de Maputo, foi deslocada
para a Escola Primária do Chiango
e os eleitores não tiveram informação,
pelo que não exerceram
o seu direito de voto.
Em Magoanine C, as mesas de
voto também não tinham aberto
pelo menos até perto das 8:00
horas.
Em Inhambane, na Escola Secundária
Três de Fevereiro, em algumas
mesas verificou-se falta de
boletins de voto e, mais tarde, foi
necessário introduzir mais uma
cabine de votação dada a afluência
de eleitores.
Foram verificados muitos casos
de candidatos de Membros de
Mesas de Voto (MMV’s), que
não foram integrados nos seus
postos, casos da Beira, cidade de
Maputo e Lichinga, neste último
ponto com destaque para os provenientes
da Renamo.
Nota dominante um pouco por
todo o país eram as queixas de
lentidão no processo de votação,
uma mancha aos órgãos eleitorais.
Enchimentos de urnas
O fenómeno “Fernanda Moçambique”,
especialista em enchimento
de urnas, foi outra mancha
na votação desta quarta-feira.
Desta vez, teve como principais
contendores os presidentes de algumas
mesas de voto, que foram
flagrados a duplicarem boletins
de voto para alguns eleitores.
Embora os casos tenham sido registados
em quatros municípios,
apenas os presidentes das Mesas
de Votos dos Municípios da
Massinga, província de Inhambane,
e da Ilha de Moçambique,
na província de Nampula, foram
detidos.
Os outros casos deram-se nos
Municípios de Angoche, província
de Nampula, e Maganja da
Costa, na Zambézia, mas sem nenhum
desfecho, segundo anunciou
a Renamo, ao meio da tarde.
Caso caricato no município de
Nampula, onde numa das escolas
onde os munícipes se recensearam,
não foram instaladas assembleias
de voto, privando eleitores
recenseados de exercer um direito
cívico.
Ecos das V Eleições autárquicas
Novas eleições, velhos problemas!
(LVDJHRJUDÀDGRVJRYHUQRVDXWiUTXLFRV QDVFDSLWDLV
provinciais, a partir do Janeiro de 2019
TEMA DA SEMANA 4 Savana 05-10-2018
Em Nacala Porto, foi reportada a
chegada de cidadãos provenientes
de fora da área municipal, casos
dos distritos de Erati, Nacala-à-
-Velha e Memba, alegadamente
para votar na Frelimo, que oferecia
kits de alimentos.
Dois idosos confessos de serem
de Nacala-à-Velha e Mossuril terão
sido neutralizados em Nacala
Porto, portando documentos da
Frelimo.
Ainda pela manhã, o programa
“Votar Moçambique”, constituído
por seis organizações da Sociedade
Civil, que acompanha o
processo, desde as intercalares de
Nampula, fazia referência à situação,
na autarquia de Gurúè, mas
sublinhou que o incidente foi,
prontamente, resolvido.
No Município de Marromeu foram
encontrados boletins de voto
na posse de uma senhora que não
estava inscrita neste município, o
que criou uma situação de agitação.
Aliás, nesta autarquia, alguns
MMV’s, ligados à Renamo, negaram
de assinar os editais, numa
atitude que revela sinuosidade do
processo, naquela autarquia.
Incidentes
Outro “condimento” que não falta
nos processos eleitorais moçambicanos
é a violência, que voltou
a marcar presença, neste dia 10 de
Outubro, em algumas autarquias,
porém, minimizada, como sempre,
pelas autoridades.
Os primeiros sinais de violência
registaram-se, logo nas primeiras
horas da manhã, envolvendo
MMV’s, delegados de candidatura
e eleitores, tal como descreveu,
ao longo do dia, o programa “Votar
Moçambique”.
Com um total de 105 monitores e
colaboração de 17 Rádios Comunitárias,
o programa acompanhou
o processo em 20 Autarquias, das
53 existentes no país, e denunciou
desentendimentos entre os
delegados de candidatura e os
MMV’s, nas EPC’s de Milamba
e III Congresso, na autarquia de
Mocímboa da Praia, província de
Cabo Delgado, devido ao posicionamento
das cabinas de votação,
facto que paralisou, momentaneamente,
o processo em todas
as escolas.
Pelos mesmos motivos, a situação
observou-se, também, em Quelimane,
província da Zambézia,
e, em Marromeu, província de
Sofala, na EPC Josina Machel,
onde o delegado de candidatura
do Movimento Democrático de
Moçambique (MDM) intimidou
delegados de outros partidos e o
presidente da mesa, facto que mereceu
intervenção da Polícia.
De acordo com os dados recolhidos
pelo programa, em Gurúè,
província da Zambézia, registou-
-se, no bairro Montes Namuli,
um incidente violento entre simpatizantes
do MDM e da Frelimo,
mas sem consequências e, na
capital provincial de Manica, a
presidente de uma das Mesas de
Voto da EPC FEPOM impediu
o acesso, à Mesa, dos observadores.
Ainda na manhã desta quarta-
-feira, aquele grupo de organizações
da sociedade civil registou
confrontos físicos e violência
verbal entre eleitores, na Escola
Industrial de Nampula, devido à
lentidão do processo de votação,
que saldou em oito feridos. Mesma
situação observou-se na EPC
25 Setembro, em Nacala-Porto,
com três feridos e na EPC 1º de
Maio, na Gorongosa, província
de Sofala, tendo originado uma
interrupção temporária da votação.
Em Tete, no município de Nhamayábwè,
na EPC de Maenda,
a Polícia disparou para dispersar
pessoas que se haviam amotinado
para reclamar o facto de não terem
votado por ausência dos seus
nomes nos cadernos. Os MMV’s
saíram a correr deixando as urnas
à sorte. O delegado distrital da
Renamo disse que o seu partido
vai se vingar da situação, sem dizer
como.
No município de Dondo, Sofala,
a Polícia disparou armas de fogo
na EPC do Centro Emissor, no
bairro Samora Machel, para dispersar
manifestantes. Segundo a
“Sala da Paz”, uma plataforma da
Sociedade Civil, tudo começou
quando um grupo de indivíduos,
provenientes do posto Administrativo
Mafambisse, tentou votar
na Assembleia, uma tentativa
“frustrada” por um delegado do
MDM, mas que deixou a mesa às
moscas.
Já no final do dia, após o encerramento
das urnas, os tiroteios
regressaram às ruas, com a Polícia
a lançar gás lacrimogénio e a
disparar balas de borracha contra
a população, alegadamente, para
dispersá-la, nos Municípios de
Quelimane, Ilha de Moçambique,
Mocímboa da Praia, Gurúè e
Lichinga. A população pretendia
“controlar” os seus votos.
PRM fala de processo
ordeiro
Falando, esta quarta-feira, o porta-voz
do Comando-Geral da
Polícia, Inácio Dina, classificou
o processo de ordeiro, apesar das
ocorrências registadas.
Falando em relação aos tumultos
verificados nos municípios de
Quelimane e Mocímboa da Praia,
Dina disse que a Polícia foi obrigada
a intervir, prontamente, para
repor a ordem, de modo a garantir
o início do processo de contagem
dos votos.
“Em relação às escaramuças protagonizadas
pela população, no
Conselho Autárquico de Mocímboa
da Praia, continuamos a
fazer o apuramento da informação”,
disse Dina, frisando que
não houve nenhuma situação de
perturbação na fase de contagem
dos votos, mas “uma tendência de
desinformar os cidadãos sobre a
necessidade de se retirarem junto
das Assembleias de Voto”.
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TEMA DA SEMANA Savana 05-10-2018 5
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Savana 12-10-2018 6
SOCIEDADE
O
ministro das Finanças da
África do Sul, Nhlanhla
Nene, demitiu-se terça-
-feira, após uma série de
escândalos, que incluem um caso
sobre a aprovação de financiamentos
públicos a favor da S&S Refinarias
de Óleos, LDA, do empresário
moçambicano Momade Rassul
Rahim, que opera em Nacala.
Uma reportagem do Mail & Guardian
diz que em 2014, a entidade
gestora do fundo de pensões dos
funcionários públicos da África do
Sul, Public Investment Corporation
(PIC), envolveu-se em negócios de
milhões de randes com uma empresa
em que Syabonga Nene, filho do
agora demitido ministro das Finança
da África do Sul, é accionista.
A ideia era que a PIC comprasse
50% da S&S Refinarias, LDA, uma
refinaria de óleo alimentar de Mohamad
Rassul Rahim, que opera
em Nacala, província de Nampula
e o maior devedor do Nosso Banco
(NB). Foi o crédito concedido pelo
NB ao Momade Rassul, avaliado
em cerca de USD30 milhões, que
concorreu para o colapso do ex-
-Banco Mercantil e de Investimentos.
Num esforço para o perdão da
dívida, Momade Rassul entregou
ao NB um prédio, em Nacala Porto,
que um relatório de avaliação produzido
pela Moz Valuers, e assinado
pelo seu partner, João Jorge Comé
(Não o antigo administrador do
Moza), diz valer USD32.5 milhões.
Porém, outras avaliações fazem notar
que o prédio (um edifício Multi
Funcional de seis pisos projectado
para ser o Hotel S&S) não vale
USD1milhão, o que sugere que
Momade Rassul deve explicar onde
foram os remanescentes USD29
milhões. Grande parte do valor do
empréstimo pertence ao Instituto
Nacional de Segurança Social
(INSS), o accionista maioritário do
NB com 77%.
Nhlanhla Nene nega
acusações
Na altura do negócio, Nhlanhla
Nene era presidente do fundo de
pensões por inerência da sua função
de vice-ministro das Finanças.
O M&G enfatiza que a PIC fez
vista grossa em relação aos riscos de
um negócio potencialmente problemático.
O negócio não foi feito no interesse
dos pensionistas do Governo, mas
foi realizado pela necessidade de
gratificar Nene Júnior e o seu parceiro
de negócios.
Syabonga Nene envolveu-se na
operação através da sua sociedade
lndiafrec Trade & Invest (Pty) Ltd,
na qual é co-sócio com Muhammad
Amir Mirza.
Na sequência dos rumores de que
terá agido em favorecimento do seu
filho, o governante negou categoricamente
qualquer acto ilícito.
“Nunca agi de forma inapropriada
em relação a qualquer investimento
feito pela PIC. Nego qualquer
e todas as alegações de que agi
Negócios com Momade Rassul Rahim em Nacala
Ministro sul-africano acusado de favorecimento
conscientemente para proporcionar
qualquer financiamento da PIC
para qualquer negócio envolvendo
o meu filho”, declarou Nhlanhla
Nene.
O seu porta-voz, Jabulani Sikhakhane,
disse mais tarde ao Mail
& Guardian: “O ministro Nene
apenas soube do negócio da Indiafrec
em Moçambique, quando o seu
filho, numa conversa casual de pai
para filho, mencionou que ele e o
seu parceiro estavam em problemas
num negócio envolvendo a Public
Investment Corporation”, afirmou
Sikhakhane.
Em nenhum momento, o ministro
Nene discutiu negócios da Indiafrec
com a PIC, prosseguiu.
O porta-voz negou a existência de
conflito de interesses na operação
entre a PIC e a Indiafrec, assinalando
que o âmbito do negócio não
exigia a aprovação da direcção presidida
por Nhlanhla Nene.
“A questão de conflito de interesses
seria levantada se o ministro tivesse
dirigido o encontro da PIC que
discutiu a proposta de financiamento
que estava em agenda…de todo
o modo, o pedido da Indiafrec foi
recusado”, acrescentou Jabulani Sikhakhane.
O M&G assinala que ainda não se
sabe até que ponto Nhlanha Nene
estava a par da operação entre a
PIC e a Indiafrec.
Momade Rassul Rahim
investigado
O jornal sul-africano recorda que
Momade Rassul Rahim é, desde o
ano passado, alvo de um processo-
-crime em Moçambique por lavagem
de dinheiro, fuga ao fisco e
contrabando.
Momade Rassul, prossegue o jornal,
viu, em circunstâncias suspeitas,
um dos seus armazéns em Nacala,
repleto de motas importadas, a ser
destruído por um incêndio.
Vários círculos relacionam o incêndio
a um esquema de fuga ao fisco
que permitia que entrassem no país
motas importadas com o argumento
de que eram para o partido Frelimo,
refere o jornal. No passado,
Momade Rassul Rahim foi citado
como tendo beneficiado das isenções
fiscais do partido Frelimo, operação
usada para importar motas.
Vários rumores indicam que os
tanques de combustível das motas
carregavam heroína. Vários relatórios
sobre o tráfico de drogas citam
o norte de Moçambique, sobretudo,
Nampula e Cabo Delgado, como
a placa giratória da droga enviada
para a Europa a partir do Afeganistão.
Seria prematuro especular que o
empresário moçambicano tenha
algo a ver com tais crimes, contudo,
a sua detenção no ano passado
adensou as suspeitas que recaem sobre
ele, refere o jornal sul-africano.
Precisamente em Fevereiro de 2014,
mês em que se verificou o incêndio
das motas, a PIC estava a avaliar a
possibilidade de meter 29.25 milhões
de dólares na S&S Refinarias,
que ainda estava a construir a fábrica
que iria refinar óleo de copra,
gorduras consumíveis e sabão.
Metade daquele valor seria destinado
à Indiafrec para a entrada
na refinaria e a outra metade seria
para a parcela destinada ao fundo
de pensões.
No início de Abril de 2014, Momade
Rassul Rahim assinou um contrato-promessa
que a PIC preparou,
no qual era referido que o fundo de
pensões sul-africano e a Indiafrec
estavam interessados em comprar,
cada, 25% da S&S Refinarias.
O documento apontava os passos
subsequentes da operação e estimava
o negócio em 52.5 milhões de
dólares.
Nessa altura, Nene, o pai, era vice-
-ministro das Finanças e presidente
da PIC. No mês seguinte, em Maio,
foi nomeado ministro das Finanças.
Deixou a presidência da PIC, mas
esta entidade prestava-lhe contas.
O jornal questiona o pagamento de
uma comissão equivalente a 1.5%
dos 115.1 milhões de dólares do
projecto da refinaria a uma entidade
que supostamente identificou a
oportunidade de negócio, Zaid International
Trade and Investment.
O pagamento desse valor lança dúvidas,
tendo em conta que a PIC já
tinha qualificado antes Moçambique
como um país com oportunidades
de negócios.
Por outro lado, o jornal questiona
porque é que a taxa da comissão não
foi calculada sobre o investimento
de 62.5-milhões de dólares que a
PIC iria realizar. O jornal assinala
que nem Syabonga Nene nem Momad
Rassul Rahim responderam a
pedidos de reacção. Nhlanhla Nene
foi substituído ainda esta semana
na pasta das Finanças por Tito
Mboweni.
O ministro cessante também está a
ser investigado pelas ligações à família
Gupta, que fugiu da África do
Sul após ser acusada de influenciar a
nomeação de ministros no governo
do antigo Presidente Jacob Zuma,
num escândalo que ficou conhecido
por “captura do Estado”.
Nhlanhla Nene não revelou ao actual
chefe de Estado sul-africano
que se terá encontrado com os
Guptas, omitindo uma informação
considerada crucial para a avaliação
da integridade do governo.
A
gigante petroquímica
sul-africana Sasol vai
disponibilizar 40 milhões
de dólares para
projectos energéticos em Moçambique,
num programa interpretado
por vários círculos
como visando diluir críticas de
que a empresa faz pouco pelo
país onde explora gás natural.
Em Julho, a Sasol anunciou
que não poderá construir a fábrica
de produção de gás natural
em Moçambique, recuando
num compromisso que assumira
anteriormente.
A companhia disse na altura
que iria discutir com o goverProjectos
energéticos em Moçambique
Sasol assegura USD40 milhões
no moçambicano a sua modalidade
de comparticipação numa fábrica
de gás natural que o Estado pretende
construir em Temane, perto dos
campos de gás da Sasol.
Em Junho, o ministro dos Recursos
Minerais e Energia de Moçambique,
Max Tonela, anunciou ter cancelado
um concurso lançado pela
Sasol para a selecção de empresas
de transporte, porque a oferta era
dirigida apenas a empresas sul-
-africanas.
O executivo moçambicano e o governo
da província de Inhambane,
onde opera a Sasol, tem criticado
a contribuição da empresa para a
economia de Moçambique.
A verba que a Sasol está disposta
a libertar para projectos de energia
em Moçambique prevê a canalização
de 35 milhões de dólares para
um central eléctrica que será construída
na zona de fronteira com a
África do Sul.
O projecto é uma parceria entre a
Sasol e a EDM e vai ser concretizado
através do consórcio Central
Térmica de Ressano Garcia.
Uma parte do dinheiro vai financiar
o desenvolvimento do projecto
de utilização de gás natural em veículos,
que Moçambique tem vindo
a implementar timidamente há vários
anos.
A Sasol e o MIREME vão assinar
nos próximos dias um contrato
de concessão e exploração para
um novo bloco de exploração
de gás natural numa área adjacente
aos actuais campos de
gás natural que a petroquímica
detém em Inhambane.
O acordo de concessão resulta
do quinto concurso internacional
para a pesquisa e prospecção
de hidrocarbonetos
lançado pelo governo moçambicano.
O primeiro acordo no âmbito
do referido concurso foi assinado
na segunda-feira entre
o governo moçambicano e a
multinacional norte-americana
Exxon Mobil, que vai operar
em consórcio com a russa
Rosneft.
Nhlanhla Nene (demitiu-se nesta terça-feira do cargo de ministro das Finanças) no centro de uma polémica na África do Sul.
Na origem está um negócio com o empresário moçambicano baseado em Nampula, Momade Rassul, um dos responsáveis
pelo crédito que colapsou o Nosso Banco
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Savana 12-10-2018
7
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Savana 12-10-2018 8
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Em parceria com o Programa AGIR a WLSA Moçambique elaborou um relatório
de pesquisa intitulado: 6LOHQFLDQGRD'LVFULPLQDomR FRQÁLWRVHQWUHIRQWHVGHSRGHUHRV
GLUHLWRVKXPDQRVGDVPXOKHUHVHP3HPED.
Tendo como foco os impactos da expropriação da terra, num país onde cerca de 80%
das pessoas sobrevive da agricultura e, numa província onde o analfabetismo atinge
proporções alarmantes, com esta pesquisa pretendíamos, observar o respeito pelos
direitos humanos das populações atingidas pelo projecto de construção da base logística
e portuária de Pemba, particularmente das mulheres.
Uma vez que a concessão para operar e gerir o terminal portuário e logístico de
Pemba foi legalmente atribuída à empresa Portos de Cabo Delgado SA – PCD (Resolução
nº 18/2013), analisámos os dispositivos legais que regulam as actividades
desta empresa.
Das três dimensões que orientaram este estudo,
i) Tentámos articular as mudanças discursivas com as propostas de acção que
FDUDFWHUL]DPRTXHQyVLGHQWLÀFiPRVFRPRDVWUrVIDVHVTXHGHÀQHPRGHVHQvolvimento
e acções ligadas ao projecto do terminal portuário e logístico de
Pemba. Procurámos assim, reconhecer como foram interpretados os dispositivos
legais que se referem à aplicação de compensações e/ou indemnizações.
Observámos por isso os impactos que diferentes discursos e estratégias
tiveram sobre a vida das pessoas abrangidas pela construção da base logística
e terminal portuário de Pemba, e o papel desempenhado pelas OSC, as
instituições do Estado e o PCD.
ii) Imprimimos particular atenção à análise sobre o modo como os Direitos
Humanos das mulheres foram respeitados em contexto de expropriação, e
tomando em conta não apenas dispositivos internacionais e regionais, mas
com maior ênfase, as políticas e estratégias do Estado, principalmente de
sectores-chave como a saúde, educação, terra e ambiente, agricultura e segurança
alimentar.
LLL )LQDOPHQWH SURFXUiPRVFRPSUHHQGHUFRPRQXPFRQWH[WRLQÁXHQFLDGRSRU
factores de ordem social, cultural e religiosa se produzem discursos de contestação
às políticas do Estado, nomeadamente à laicidade e aos princípios e
YDORUHVTXHGHIHQGH HFRPRHVVDFRQWHVWDomRVHUHÁHFWHQDSURGXomRHGHIHVD
de novos elementos identitários.
A análise da legislação tem sido objecto de amplo debate, dando lugar a inúmeras
FRQWULEXLo}HV SDUD D FODULÀFDomR GHODFXQDV H HODERUDomR GH SURSRVWDV YLVDQGR D
criação de um quadro legal que regule, de forma inequívoca, o processo de implantação
das corporações económicas. No caso do nosso estudo, para além de revisitar
dispositivos legais tomados como centrais para a compreensão do problema, como
os que dizem respeito à terra e meio ambiente, debruçámo-nos sobre três questões
que aparecem como transversais na legislação consultada e que dizem respeito aos
direitos das comunidades.
Primeiro, a consulta às comunidades afectadas pelas actividades da empresa PCD.
Se a lei é clara relativamente aos procedimentos a respeitar, nomeadamente sobre
a necessidade de informar, esclarecer e negociar sobre as actividades a realizar, os
possíveis impactos sobre as comunidades e medidas a adoptar no respeito dos direitos
das pessoas afectadas, na realidade e no caso da PCD, a consulta foi substituída
por informação duma decisão superiormente tomada. Se o Decreto nº 60/2006
refere a possibilidade de expropriação por utilidade pública, isto não passa pela
isenção de consulta às comunidades tal como é esclarecido pelo Diploma Ministerial
nº 158/2011.
A segunda e a terceira fases do processo foram caracterizadas pela rejeição da participação
das comunidades. Ou seja, depois do cadastro das machambas e da entrega
de um cartão que apenas informa sobre o número e a pertença do talhão expropriado,
às pessoas foram entregues indemnizações, de forma inesperada e sem consulta,
FXMRPRQWDQWHIRLGHÀQLGRVHPTXHWLYHVVHVLGRSUHFHGLGRGHTXDOTXHUH[SOLFDomR
Portanto e no que à consulta diz respeito, mais que a inexistência de informação
clara e honesta sobre o processo, o que aparece aos olhos mesmo de qualquer observador
é uma quase conspiração inter institucional para, em nome do Estado, violar
direitos de que esse mesmo Estado deve ser o zelador. Das expectativas criadas por
SURPHVVDVTXHGLÀFLOPHQWHSRGLDPVHUFXPSULGDV SDVVD VHDEUXSWDPHQWHSDUDD
imposição violenta de uma expropriação assente num discurso de “superiores interesses
do Estado”. Não tendo sido informadas, não tendo havido nem tempo nem
oportunidade para a concertação de posições, as pessoas foram apanhadas numa
ratoeira construída pela PCD e pelo Município (sob a vigilância policial), tendo sido
FRHUFLGDV D UHFHEHU DVLQGHPQL]Do}HV GHÀQLGDV SHODV DXWRULGDGHV GD 3&' RX GR
Município.
Ao contrário da consulta em que a lei é bem explícita, a questão das indemnizações
YHUVXV FRPSHQVDo}HV QmR HVWDQGR EHP FODULÀFDGD WHP SHUPLWLGR D SURGXomRGH
diferentes interpretações que podem conduzir à violação dos direitos comunitários.
Isto é, numa lógica em que se articula o interesse público com o facto de não haver
lugar para reassentamentos, os mega projectos e o Estado procedem segundo regras
sem que os critérios e o contexto da sua aplicabilidade sejam claros. No caso
das comunidades dos Bairros de Muxara, Alto Gingone e Mahate, num total de 873
famílias, foi determinado retribuir com 7.5 meticais/m2 a terra expropriada. Para
uma população que tem principalmente na agricultura, mas também na pesca, fonte
de sobrevivência, e que não pode ser deslocada, na sua maioria, para empregos
formais, as indemnizações deveriam ser acompanhadas por compensações. Isto é,
mesmo não havendo lugar para reassentamentos, devem ser, reproduzidas e melhoradas
as condições de vida dos expropriados.
8PD WHUFHLUDTXHVWmRTXHPHUHFH DOJXPD UHÁH[mR DLQGDQRFDPSRGDOHJLVODomR
p R TXH VLJQLÀFD D5HVSRQVDELOLGDGH 6RFLDO QR TXDGUR GDLPSODQWDomR GRVPHJD
projectos, principalmente o que compete às empresas e ao Estado realizar. No caso
em estudo, para além do emprego pontual de algumas mulheres na fase inicial do
projecto, as pessoas que trabalham na construção da base logística não foram recrutadas
nas comunidades afectadas pelo projecto.
Face a este processo as pessoas, primeiro expectantes e depois surpresas e revoltadas
recorrem a formas de luta, que vão desde a procura negociada de soluções,
elaboração de petições, até a manifestações públicas de repúdio e reivindicação de
direitos num contexto em que município e empresa produzem discursos de mútua
responsabilização. À solidariedade que é devida a estas comunidades, a grande
maioria das organizações da sociedade civil (embora haja excepções notáveis)
mantém-se em silêncio, ou são mesmo cooptadas pelo poder.
$QRVVDSULPHLUDFRQFOXVmRH SURFXUDQGRQmRVLPSOLÀFDUXPSURFHVVRTXHpFRPplexo,
é que para além do incumprimento da lei, ou da sua interpretação distorcida,
os direitos das comunidades foram e são violados.
Como fomos desenvolvendo ao longo da pesquisa o impacto da exploração dos recursos
naturais atinge de forma mais gravosa as mulheres, não só porque lhes retira,
na maioria dos casos a fonte de sobrevivência das famílias, mas porque a terra tem
HPVLXPDFRPSRQHQWHVLPEyOLFDLPSRUWDQWHTXHSRGHLQÁXHQFLDUDFDSDFLGDGHGH
negociação das mulheres no contexto familiar, em que as relações de poder não lhes
são favoráveis. Contudo, no caso do nosso estudo, foi visível que as reivindicações
das mulheres sobre a terra foram mediadas no espaço público pelas vozes masculinas,
a quem é dada a legitimidade de representação. A utilização do argumento de
que os homens têm naturalmente a competência de transmissão das inquietações
e expectativas das famílias, sendo que no campo da negociação o “outro lado” é
também representado por homens, expõe o reconhecimento de uma hierarquia que
autoriza a partilha de funções. Esta partilha não pode ser vista como uma forma
harmoniosa de diferenciação em igualdade, mas principalmente como um meio de
imobilizar os “lugares” e de conservação da ordem.
Quando observamos o papel das políticas e estratégias do Estado de promover diUHLWRV RTXHÀFDHYLGHQWH FRPRDPSODPHQWHGHVHQYROYHPRV pTXHHPERUDH[LVWDP
GLVSRVLWLYRVTXHGHÀQHPSULQFtSLRVHYDORUHVGHLJXDOGDGH RVPHFDQLVPRVXWLOL]Ddos
na sua transposição para a mudança da realidade não têm sido completamente
HÀFD]HV ,VWRp VHSRUXPODGR DVSROtWLFDV VHFWRULDLVRULHQWDPSDUDRFRPEDWH j
discriminação, por outro lado, as acções que se desenvolvem para as pôr em prática
não atingem a estrutura de poder que está na origem do desigual acesso a direitos
por parte das mulheres. Com excepção do sector da educação que enfatiza, na sua
estratégias de género, a necessidade de se perceber e actuar sobre os factores que
LPSHGHPDDVVXPSomRGDLJXDOGDGH RTXHVHYHULÀFD HPSULPHLUROXJDUpDYDORrização
da informação, por exemplo, sobre o corpo, e em segundo lugar a existênFLDGHXPDÀORVRÀDTXHVHPDWHQGHUjGHVLJXDOGDGHHVWUXWXUDO DJUXSDPXOKHUHVH
homens, sem ter em conta as necessidades práticas e estratégicas de cada um dos
sexos. Neste sentido, procurámos entender como as mulheres e homens que vivem
em Muxara e Mahate se auto-representam, se reconhecem como pertença a um grupo
e como se expressa a alteridade, não tanto no sentido de se colocar no lugar do
“outro, mas de “conformação” com a diferenciação entre o “meu lugar” e o “lugar
do “outro”.
Como quisemos evidenciar ao longo do estudo, há no caso de Cabo Delgado, e em
Pemba em particular, uma combinação de factores culturais e religiosos que contriEXHPSDUDVXSRUWDURVGLVSRVLWLYRVGDGHVLJXDOGDGHDWUDYpVGRVLVWHPDGHVLJQLÀcações
sobre a autoridade, os direitos e a ordem. Ou seja, o mandato masculino para
a dominação assente numa cultura que desapropria as mulheres de direitos, como
é o caso da cumplicidade com os casamentos prematuros e com a violação sexual
entre parceiros é acentuado por factores religiosos que legitimam e agravam a situação
das mulheres. Nas duas últimas décadas o saber investido de poder das novas
lideranças religiosas suportam com um discurso, já não assente na cultura mas na
ordem divina, uma estrutura de subalternidade feminina. Não é por acaso, do que
ao contrário do que encontrámos noutros lugares, o argumentário “é a nossa cultura,
que fazer?!” é substituído pela pregação que é feita sobre a idade núbil, sobre o
planeamento familiar, sobre os deveres e direitos de mulheres e de homens.
A quase inexistência de planeamento familiar traduzida num número elevado de
ÀOKRV DREHGLrQFLDHDVHUYLGmRGDPXOKHUUHODWLYDPHQWHDRPDULGRHRSDSHOGH
provedor do homem são recursos devedores fundamentalmente de uma ordem religiosa.
Ou seja, mesmo que a conservação do modelo cultural possa estar de acordo
com estes marcadores identitários, a realidade mostrou-nos a existência de uma legitimidade
conferida pela autoridade que vem da sacralização de uma determinada
interpretação do Islão. Se o modelo cultural, se é que é lícito ainda hoje falar de um
modelo cultural, é sujeito a mudanças, a rejeições, a novas incorporações, e também
a religião, ela própria, se ajusta e se adapta, procurando novos caminhos para a adeVmR RTXHVHYHULÀFDDFWXDOPHQWHpRUHWRUQRDIRQWHVSULPiULDVGRVDEHUUHOLJLRVR
num contexto em que a laicidade do Estado é questionada. Esta nova ordem que é
“apresentada” às pessoas oferecendo-lhes respostas e lugar pode constituir-se como
factor de coesão abrindo campo a novas pertenças.
Finalmente, e ainda no que diz respeito ao exercício de direitos pelas mulheres no
contexto da pesquisa, tivemos em conta, como referimos, para além das políticas
do Estado e das dinâmicas culturais a componente religiosa que opõe à igualdade
e universalidade de direitos, à inquestionabilidade do divino que é tanto mais
poderoso, quanto a expectativas das pessoas não são satisfeitas. Quando as mulheres,
independentemente da idade, consideram que a vida das suas mães e avós são
incomparavelmente melhores que as suas, estamos perante um descontentamento
que tem a ver com as condições materiais de existência, mas também como uma
certa anomia social a que os discursos proselitistas dão resposta. O mesmo se passa
com a introdução das vestes pretas das mulheres que emitem claramente um sinal
de superioridade moral e de convivência com o sagrado que as outras mulheres,
cobertas pelas luminosas capulanas, ainda não atingiram. Contudo, e porque nos
interstícios da ordem surgem os elementos da desordem, algumas mulheres, mesmo
não rejeitando o que o divino lhes impõe (e até servindo-se dele como recurso),
nomeiam as adversidades e desenvolvem estratégias, como, por exemplo, no caso
do planeamento familiar, lhes permite negociar, mesmo em contexto muito adverso.
$SXEOLFDomRGRUHODWyULRDWpDRÀQDOGH SHUPLWLUijVLQVWLWXLo}HVH26&DPSOLDU
R GHEDWH H GHÀQLU HVWUDWpJLDV GH DFWXDomR YLVDQGR SURWHJHU RV GLUHLWRV GRV H GDV
cidadãs/ãos.
WLSA MOÇAMBIQUE
Maria da Conceição Osório
Teresa Cruz e Silva
O impacto da Base logística de Pemba sobre as comunidades
Savana 12-10-2018 9
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Savana 12-10-2018 10
SOCIEDADE SOCIEDADE
T
rês dias depois de anunciar o
arranque formal do processo
de Desmobilização, Desmilitarização
e Reintegração
(DDR) dos guerrilheiros da Renamo,
o Presidente da República (PR),
Filipe Nyusi, mandou publicar, na
última terça-feira, o conteúdo do
Memorando de Entendimento sobre
Assuntos Militares.
O documento de 12 páginas resulta
dos consensos alcançados entre Filipe
Nyusi e Ossufo Momade, coordenador
da Comissão Política da Renamo,
no passado dia 6 de Agosto.
O Memorando estabelece que a Renamo
deverá ser um partido político
não armado até Março de 2019, visto
que as forças residuais da Renamo
deverão ser desarmadas e reintegradas
em sete meses, contados a partir
do mês de Agosto passado.
Assim, o maior partido da oposição
deverá entrar nas eleições gerais de
2019 como um partido civil.
Para além de elementos indicados
pelo governo e pela RENAMO, a
gestão do processo de desarmamento
e reintegração das forças residuais
será garantida por uma equipa internacional
composta por oficiais militares
da Alemanha, Estados Unidos,
Índia, Argentina, Noruega, Irlanda,
Suíça, Zimbabué e Tanzânia.
A missão internacional é chefiada
pelo general argentino Javier António
Perez Aquino, que anteriormente
esteve envolvido no desarmamento
das Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia (FARC). Toda a equipa
já se encontra em Moçambique.
O Memorando de Entendimento,
que para além de Nyusi e Momade,
foi também assinado por Mirko
Manzoni, embaixador da Suíça
em Moçambique e presidente do
grupo de contacto, na qualidade de
testemunha, abre espaço para o enquadramento
de oficiais oriundos
da Renamo nas Forças Armadas de
Defesa de Moçambique (FADM) e
da Polícia da República de Moçambique
(PRM), uma das principais
exigências do então presidente do
partido, Afonso Dhlakama.
O documento em alusão determina
que os oficiais da Renamo passarão a
ocupar cargos de chefia ao nível das
Forças Armadas.
Ao nível do Estado Maior General,
os oficiais serão responsáveis pelos
Departamentos de Operações, de
Informações Militares, e de Comunicações.
Ao nível do ramo do exército, de um
total de 12 repartições, a Renamo
vai chefiar quatro, nomeadamente
do Pessoal, da Saúde, da Educação
Cívica e Patriótica e de Artilharia
Anti-aérea.
O acordo estabelece ainda que ao
nível das três brigadas das FADM,
nomeadamente Cuamba, Tete e
Chókwè, a RENAMO terá o comando
de Tete.
No que diz respeito aos batalhões
independentes, a RENAMO terá
sob seu comando as de Pemba e de
Quelimane, mantendo-se as de SonNyusi
divulga Memorando de Entendimento sobre Assuntos Militares
Renamo deverá ser desarmada até Março
2DFRUGRSUHYrDLQWHJUDomRGH RÀFLDLVGD5HQDPRQRVFDUJRVGHFKHÀDGDV)$'0H QDOLGHUDQoDGRVFRPDQGRVGD350
go e de Chimoio sob comando do
governo.
Nesta terça-feira, o ministro da Defesa
Nacional, Atanásio Mtumuke,
mandou cessar funções os directores
dos departamentos de Informações
Militares e de Operações Militares
do Estado Maior General, Mateus
Ijamulha e Atanásio Barassa respectivamente.
Os dois departamentos
deverão ser chefiados pela Renamo.
No capítulo introdutório, o memorando
com 12 pontos refere que o
enquadramento de oficiais oriundos
da Renamo nas estruturas das
FADM, a reintegração dos efectivos
da Renamo é pressuposto para
a concórdia e reconciliação nacional.
Para além das Forças Armadas, o
acordo também prevê a integração
dos oficiais da Renamo nas diferentes
unidades da Polícia da República
de Moçambique.
Sublinha que o enquadramento dos
oficiais da Renamo visa ainda profissionalizar
as FDS e reforçar a confiança
entre as partes.
“O DDR tem por objectivo garantir
a segurança e estabilidade do país,
construir um ambiente de confiança
e reconciliação entre os moçambicanos
na estreita observância dos princípios
do Estado de Direito Democrático”,
lê-se no documento.
O DDR será dirigido pela Comissão
de Assuntos Militares que tem
como responsabilidade a supervisão
e monitoria de implementação do
processo. A Comissão também será
responsável pela elaboração dos termos
de referência para os grupos técnicos
especializados.
A Comissão de assuntos Militares
será coadjuvada por três grupos
técnicos a saber: o Grupo Técnico
Conjunto para o enquadramento nas
FADM a funcionar junto ao Estado
Maior General, o Grupo Técnico
Conjunto para o Desarmamento,
Desmobilização e Reintegração com
sede na cidade da Beira e o grupo de
Monitoria e Verificação, com a sede
nas matas de Nhaucunga, na Serra
da Gorongosa, província de Sofala.
De acordo com o memorando, o enquadramento
será feito mediante a
apresentação da lista da Renamo dos
oficias cuja situação requer a devida
regularização, tanto em termos de
patente, como de afectação na orgânica
das FADM. Os grupos técnicos
serão responsáveis pela avaliação dos
processos individuais de cada elemento.
No caso em que a formação académica
dos oficiais se revele inadequada,
será feita uma formação específica
juntamente com outros oficiais de
modo a ajustarem às suas patentes e
funções.
O acordo prevê que o enquadramento
dos oficiais da Renamo nas
FADM e na Polícia da República de
Moçambique (PRM) deverá ter uma
duração não superior a quatro meses,
contados a partir da data da confirmação
dos consensos.
O período de treino especializado
dos elementos da Renamo a enquadrar
nas unidades da PRM será
de 55 dias. Para a PRM, a Renamo
deverá entregar nomes de 10 oficiais
para ocupar postos de direcção de
comando.
Nessa linha, todos os oficiais da Renamo
que vão às FADM deverão ser
enquadrados até 6 de Dezembro de
2018.
Desarmamento, Desmobilização
e Reintegração
Depois da conclusão do processo de
reintegração dos oficiais da Renamo
nas FDS, em Dezembro próximo,
terá início o DDR, que segundo a
cronologia acordada deverá terminar
em Março de 2019. Para tal, sob supervisão
da equipa de oficiais militares
internacionais, a Renamo deverá
entregar toda a informação sobre os
seus efectivos militares, localização, o
armamento em sua posse para além
de outro material bélico.
Com base na informação recolhida,
o Grupo Técnico de Monitoria irá
proceder ao mapeamento das bases
e indicar a localização geográfica dos
centros de acantonamento. Todos os
efectivos da Renamo que se encontram
nas bases serão movimentados
para os centros de acantonamento
onde deverão permanecer até ao fim
do processo.
A fonte sublinha que o armamento
recolhido será identificado, registado,
colectado e destruído.
O acordo estabelece que as FADM
e a PRM não se devem movimentar
nas proximidades dos centros de
acomodação enquanto decorrer o
DDR.
As acções de implementação do
DDR são financiadas por fundos do
governo através da cooperação com
o grupo Técnico e da comunidade
internacional.
Será desta que a Renamo vai
desarmar-se?
Desde a assinatura do Acordo Geral
da Paz em Roma, em 1992, esta é a
terceira vez que se procura desarmar
a Renamo. A primeira vez foi em
1992/3 pouco depois dos acordos
de Roma. Este processo foi dirigido
pelas Nações Unidas, através da
ONUMOZ.
O segundo ensaio foi feito depois da
assinatura do acordo de cessação das
hostilidades militares, a 5 de Setembro
de 2014, entre o então presidente
da República, Armando Guebuza, e
o falecido líder da Renamo, Afonso
Dhlakama. Para a empreitada, foi
criada a Equipa Militar de Observadores
internacionais de Cessação
das Hostilidades Militares (EMOCHM).
A equipa era composta por peritos
provenientes de Botswana, Zimbabwe,
África do Sul, Quénia, Cabo
Verde, Portugal, Itália e Grã-Bretanha
e Estados Unidos da América.
A EMOCHM tinha a missão de,
em 135 dias, após o acordo de cessação
das hostilidades, terminar o processo
de desarmamento das forças da
Renamo.
Porém, o processo não chegou a
avançar e os peritos voltaram aos
seus países sem cumprimir a sua
missão.
Por Raul Senda
O
s Casamentos Prematuros continuam a ser uma grande preocupação
para o país. Para colmatar a situação, o Fórum da
Sociedade Civil para os Direitos da Criança (ROSC), através
da Coligação para Eliminação dos Casamentos Prematuros
(CECAP) em parceria com a Comissão dos Assuntos Sociais, do Género,
Tecnologias e Comunicação Social da Assembleia da República
(3ª Comissão), elaborou um Draft do Anteprojecto de Lei de Prevenção
e Combate aos Noivados, Casamentos e Uniões Prematuras.
O documento que deverá ser depositado na Assembleia da República
para aprovação, está no processo de audições com vista a colher sensibilidades
de diferentes esferas para o enriquecimento do mesmo.
Semana passada, as audições chegaram aos juízes e procuradores. Os
magistrados elogiaram a iniciativa e referiram que a Lei será bastante
importante para a regulamentação duma situação que até certo ponto
atenta contra dos direitos da criança.
Ricardo Morresse, representante da Ordem dos Advogados de Moçambique
(OAM), referiu que falar de Casamentos Prematuros equivale
falar dum crime hediondo e que atenta contra a saúde e a vida da
criança.
Carlos Mondlane, presidente da Associação Moçambicana dos Juízes,
enalteceu o esforço que a CECAP e parceiros tem feito na luta contra
Casamentos Prematuros e lançou um alerta para toda a sociedade
moçambicana para que se envolvam nesta luta contra este mal, que
segundo ele, é uma catástrofe social para o país.
Para a materialização deste evento a CECAP contou com o apoio da
Embaixada do Canadá em Moçambique e de parceiros estratégicos
como a Visão Mundial, Plan International, AmplifyChange, Terre des
Hommes, CESC, a União Europeia, WLSA Moçambique, e FORCOM.
Contra casamentos prematuros
ROSC e parceiros
buscam subsídios para
o Anteprojecto de Lei
Homens armados da Renamo deverão ser desarmados até Março de 2018
Savana 12-10-2018 11
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PUBLICIDADE Savana 12-10-2018 13 PUBLICIDADE
SUPLEMENTO INSS 1 OUTUBRO/2018
INSTITUTO NACIONAL DE SEGURANÇA SOCIAL z MODERNIZAR PARA MELHOR SERVIR
INSTITUTO NACIONAL DE SEGURANÇA SOCIAL z INSTITUTO NACIONAL DE SEGURANÇA SOCIAL
SUPLEMENTO INSS
MODERNI OUTUBRO
2018
Este caderno faz
parte integrante
desta edição.
Não deve
ser vendido
separadamente
Oestadista, que falava
durante a gala alusiva
aos 30 anos do INSS-
-Instituto Nacional de Segurança
Social, ocorrida, recentemente,
em Maputo, recomendou,
igualmente, aos Trabalhadores
por Conta Própria, para que cultivem
o hábito de canalizar as
suas contribuições, de modo a
que possam, também, ter acesso
aos benefícios do Sistema.
Num outro desenvolvimento,
Filipe Jacinto Nyusi disse que
o sonho do Governo é ver Moçambique
dispor de um Sistema
de Segurança Social sustentável
e moderno, que responda às exigências
dos contribuintes, dos
EHQH¿FLiULRVHGRVSHQVLRQLVWDV
acompanhando a dinâmica do
desenvolvimento tecnológico.
Nesta senda, “os utentes do Sistema
não precisam de percorrer
longas distâncias para tratar de
assuntos relativos à Segurança Social,
pois é possível em tempo real,
através de um simples telefone ou
computador ter acesso a toda a
situação contributiva e remeter a
declaração de remunerações”.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, A PROPÓSITO DOS 30 ANOS DO INSS
Canalização das contribuições
fundamental para robustez do Sistema
O Chefe do Estado enalteceu a
introdução da plataforma M-Contribuição
(Minha Contribuição,
Meu Benefício), que possibilita
ao trabalhador consultar a sua situação
contributiva, tornando-se
DVVLPQRSULPHLUR¿VFDO GDVVXDV
contribuições: “Desde Maio de
2017 já acederam a esta plataforPDPDLVGH EHQH¿FLiULRV´
sublinhou.
Na sua intervenção, Filipe Jacinto
Nyusi considerou que os
empresários, foram igualmenWH
EHQH¿FLDGRV FRP D RQGD GH
reformas que têm sido introduzidas
no INSS, pois, o Sistema
tornou possível a emissão automática
da certidão de quitação:
“Sentado, a partir do conforto de
um gabinete já é possível entrar
no Sistema e emitir a certidão de
quitação, desde que não tenha
qualquer tipo de irregularidades
com o INSS”, referiu o Presidente
da República, destacando
o facto de a inovação habilitar
ao empresário de participar em
tempo oportuno nos concursos
públicos abertos pelo Estado.
Acordos com Portugal
e África do Sul
Ciente de que existem muitos
compatriotas que trabalham e
residem na diáspora, o Governo
tem estado a trabalhar para facilitar
a situação da Segurança Social
dos mesmos. De acordo com
Filipe Jacinto Nyusi, foi neste
contexto que foi rubricado um
acordo com Portugal, que permite
aos moçambicanos que trabalham
e residem naquele país,
receberem as suas pensões em
Portugal, o mesmo acontecendo
com os portugueses que trabalham
e vivem em Moçambique.
“Após um aturado processo
negocial, com as autoridades sul-
-africanas, os trabalhadores moçambicanos
nas minas da África
do Sul, suas viúvas e seus dependentes,
já podem receber as suas
pensões, entre outros benefícios
de providência social aqui em
Moçambique”, sublinhou.
Avançou ainda que fruto das reformas
em curso no sector, o proFHVVR
GH¿[DomR GH SHQV}HV TXH
durava um a dois anos, já é feito
num prazo de trinta dias: “É uma
grande vitória, porque as pessoas,
às vezes, perdiam a vida à espera,
pois um mês não é o mesmo que
dois anos”, realçou, ajuntando
que o subsídio por doença, hoje,
p ¿[DGR HP VHWH GLDV R VXEVtGLR
de funeral é concedido no mesmo
dia em que é solicitado, enquanto
a certidão de quitação é emitida
electronicamente no mesmo instante.
A gala de celebração dos 30
anos do INSS contou com a participação
de aproximadamente
1.000 convidados, entre titulares
de órgãos de soberania, membros
do Governo, parceiros sociais do
INSS, contribuintes do Sistema,
pensionistas, representantes de
partidos políticos, membros do
corpo diplomático, representantes
da sociedade civil, sector privado,
entre outros.
O Presidente da República, Filipe
Jacinto Nyusi, considera ser fundamental,
para a manutenção do
Sistema de Segurança Social robusto
e sustentável, que todos os
trabalhadores descontem e que as
entidades empregadoras canalizem
as contribuições ao INSS.
Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República discursando na gala
PUBLICIDADE 14 Savana 12-10-2018
2
INSTITUTO NACIONAL DE SEGURANÇA SOCIAL
OUTUBRO/2018 SUPLEMENTO INSS
Os melhores contribuintes distinguidos, no decurso da
gala alusiva aos 30 anos do INSS, foram apurados através
de sorteios realizados a nível provincial, regional e nacional.
Abordados momentos após terem recebido as respectivas
distinções, os representantes das empresas laureadas
expressaram-se nos seguintes termos:
Distinguidos melhores contribuintes do Sistema
“Estou muito satisfeito por ter recebido esta distinção.
6LJQL¿FDTXHWHQKRTXHFRQWLQXDUDFXPSULUFRPDV
minhas obrigações em relação ao Sistema de Segurança
Social.
Estou a trabalhar há vinte anos na área dos transportes
como privado e como TCP tenho canalizado as minhas
contribuições ao Sistema de Segurança Social.
Estou a gostar dos serviços que o INSS presta, pois
cada vez mais vai tornando a vida dos contribuintes e
EHQH¿FLiULRVIDFLOLWDGD´
“É uma grande satisfação receber esta distinção
do INSS, pois é a demonstração da dimensão
que o BIM tem como um grande banco em Moçambique.
O Millennium BIM tem 23 anos de existência e
desde o início - o INSS faz hoje 30 anos - inscreveu
a todos os seus trabalhadores no INSS,
como uma forma de reconhecer a grande importância
do Sistema de Segurança Social na vida
dos trabalhadores.
Nós estamos numa era em que as plataformas
tecnológicas e digitais são muito importantes,
uma vez que permitem que toda a população e
trabalhadores consigam aceder aos serviços públicos,
bancários e privados de uma forma mais
simples e em qualquer ponto do País.
Por isso, é com grande satisfação que vejo que
o INSS está também a aderir a essas plataformas
tecnológicas, permitindo aos contribuintes
acederem aos seus serviços, através dos seus telemóveis
ou computadores, em qualquer lugar,
onde estiverem.
Parabéns ao INSS, desejo maiores felicidades
e continuação de um bom trabalho em prol dos
trabalhadores moçambicanos”.
Melhor Contribuinte Grande Empresa
- Millennium BIM
³6HURSULPHLURFODVVL¿FDGRGHQWUHPLOKDUHVGHFRQWULEXLQWHV QD
categoria de Média Empresa, imagine a alegria que isso nos traz.
Os 30 anos do INSS trazem consigo inovações que nos deixam
satisfeitos, na Empresa Moderna, pois vemos que tudo é possível,
daí que achamos que todos os agentes económicos ou Trabalhadores
por Conta Própria, que ainda não aderiram ao Sistema,
VHULDERPTXHR¿]HVVHP SDUDSRGHUHPFROKHURVEHQHItFLRV
As plataformas tecnológicas introduzidas no Sistema são óptimas,
uma vez que permitem que possamos acompanhar de perto
todo o processo, faltando apenas que os trabalhadores e os empregadores
façam a sua parte”.
Melhor Contribuinte Média Empresa
- Empresa Moderna
Ricardo Portugal
José Reino da Costa “Esta distinção constitui um motivo de grande saWLVIDomR
H JUDWLGmR SRUTXH DFKDPRV TXH UHÀHFWH D
forma como nós servimos aos nossos clientes e aos
nossos trabalhadores. Espelha a rigorosidade que a
empresa observa no sentido de cumprir com as suas
obrigações no Sistema de Segurança Social.
Desejamos que o INSS continue a trabalhar com os
seus parceiros para melhor servir o povo moçambicano.
Agora, tem sido mais fácil canalizar as contribuições,
através dos meios tecnológicos introduzidos, o
que nos ajuda a reduzir os custos operacionais”.
Melhor Contribuinte Pequena Empresa
- Summa Lda
Graça Macuácua
Melhor Contribuinte Trabalhador
por Conta Própria - Miguel Zefanias
Miguel Zefanias
Foto de família entre os distinguidos, parceiros sociais e o Presidente da República
Os contribuintes Millennium Bim (província de
Nampula), Empresa Moderna (província de Sofala)
e Summa Lda, (província de Gaza), foram
anunciados como melhores contribuintes ao
Sistema de Segurança Social, em três categorias,
designadamente Grande Empresa, Média
Empresa e Pequena Empresa. Miguel Zefanias,
da província de Maputo, foi considerado o melhor
contribuinte na categoria de Trabalhadores
por Conta Própria.
PUBLICIDADE Savana 12-10-2018 15
MODERNIZAR PARA MELHOR SERVIR
SUPLEMENTO INSS 3 OUTUBRO/2018
“Um marco que consideramos importante desses trinta
anos do INSS é a crescente melhoria dos serviços que o
Instituto tem vindo a prestar aos contribuintes, dos quais
queremos destacar a implementação, com sucesso, do
SISSMO Fase II, que compreende a fase de pagamento,
com a introdução das seguintes plataformas: a Prova
Anual de Vida biométrica e também a Minha ContribuiomR 0HX%HQHItFLR
TXH SHUPLWH DRV EHQH¿FLiULRV ID]HUHPDVXDSUySULD¿VFDOL]DomR HDLQGDDHPLVVmRGDFHUWLdão
de quitação electrónica”.
Certidão de quitação só para empresas
quites com o Sistema
Enquanto existir uma dívida
comprovada de um
empresário para com o
Sistema de Seguranca Social
Obrigatória, esse não terá como
obter a certidão de quitação, participar
em concursos públicos, nem
para a contratação de mão de obra
estrangeira, pois deve-se garantir
que os direitos fundamentais do
trabalhador sejam respeitados e
salvaguardados.
Vitória Diogo apelou aos empresários
com dívida a aproximarem-se
voluntariamente ao INSS
e sanarem as dívidas por forma a
garantirem que os direitos fundamentais
dos trabalhadores sejam
assegurados.
A dirigente fez alusão à busca
da excelência na prestação de
serviços aos utentes dos serviços
do Sistema de Segurança Social
Obrigatória como uma acção que
deve ser permanente e para o caso
do INSS tem vindo a ser materializada,
através da sua informatização
e extensão dos serviços para
os distritos, o que tem resultado
na redução do tempo de espera
pela resposta e processamento célere
das prestações.
“O empresário já pode, no conforto
do seu escritório, declarar as
remunerações, obter a guia de pagamento
das contribuições, veri-
¿FDUDVXDVLWXDomRFRQWULEXWLYDH
emitir a certidão de quitação, para
participar em concursos públicos
e até para demonstrar a sua idoneidade
junto dos seus potenciais
parceiros”, disse a Ministra.
Desde que foi lançada a certidão
de quitação automática, há
sensivelmente três meses, já foram
emitidas acima de cinco mil
certidões, conforme indicou a
governante. “Quem não se recorda
do empresário que acordava
GH PDQKm H ID]LD ¿OD QR ,166
dependia da boa disposição do
pessoal de atendimento e queixava-se
de ser vítima de actos de
corrupção”, vincou.
Trabalho abnegado
Mais adiante, esclareceu que a
informatização do Sistema tinha
por objectivo eliminar tais casos e
assegurar que aquele empresário
que está quite para com o Sistema,
que não tem dívida, que cumpre
com as suas obrigações, tenha
a sua certidão de quitação emitida
e seja um exemplo para os outros
contribuintes.
Entretanto, a governante reconheceu
que a abordagem sobre
os casos de irregularidades no
Sistema não deve ser generalista,
sendo que a descoberta hoje de
dívidas do ano 2000 resulta da informatização
do Sistema.
Prosseguindo, Vitória Diogo
exortou aos funcionários do
INSS, que têm feito um trabalho
abnegado e rigoroso, para que se
PDQWHQKDP¿UPHV UHDOL]DQGRXP
trabalho profundo e pormenorizado,
para preencher as linhas
que, por erros humanos ou outras
situações, não tenham sido preenchidas,
no sentido de até 31 de
Dezembro sanarem a situação.
Em relação às empresas que
apresentam situações de falta de
Bilhete de Identidade, a Ministra
considerou ser responsabilidade
do Governo, que com os seus parceiros,
nomeadamente empregadores,
sindicatos e representantes
da sociedade civil, assegurar que
gradualmente cada moçambicano
possa ter acesso ao Bilhete de
Identidade.
“É por isso que no âmbito das
reformas que o Estado tem estado
a realizar contemplam os serviços
de Registo e Notariado, de Identi-
¿FDomR&LYLOHGD$XWRULGDGH7ULbutária
de Moçambique. Quero
exortar aos nossos empregadores
e sindicatos para que se organizem,
com vista à promoção de
campanhas, em articulação com
a administração da Justiça, para a
emissão do Bilhete de Identidade
no local de trabalho”.
“Operação Limpeza”
Num outro desenvolvimento,
Vitória Diogo anunciou que o
INSS vai prosseguir com o processo
de correcção dos dados,
designado “Operação Limpeza”,
com vista a sanar todas e possíveis
inconsistências, decorrentes
da informatização e modernização
do Sistema de Segurança Social
em Moçambique.
Esta operação, a ser levada a
FDER DWp ¿QDLV GH 1RYHPEUR
próximo, em coordenação com
as entidades empregadoras, representações
sindicais e com os
trabalhadores, visa esclarecer e
sanar possíveis inconsistências
detectadas no âmbito do processo
de informatização.
Ainda na ocasião, a Ministra referiu-se
ao alargamento do âmbito
pessoal e material da Segurança
Social, consubstanciado pela
cobertura dos Trabalhadores por
Conta Própria e pela introdução
do subsídio de maternidade, que
tem implicações quer nas receitas
captadas como também nas despesas
do Sistema.
O conhecimento da magnitude
desta situação, conforme salientou
Vitória Diogo, possibilita a aferição
do impacto das referidas reIRUPDV
QD VXVWHQWDELOLGDGH ¿QDQceira
do Sistema: “Para o efeito,
arrancou em Setembro o Estudo
Actuarial da Segurança Social
Obrigatória, cuja conclusão está
prevista para o mês de Dezembro
do corrente ano”, indicou.
Deste modo, a Ministra considerou
ser de capital importância
a integração de técnicos do INSS
na equipa de trabalho liderada por
peritos da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), tendo
em vista a sua capacitação para
assumir a dianteira na realização
de futuras avaliações, tendo em
conta o comando legal que estabelece
a realização das referidas
avaliações de três em três anos.
Durante a abertura da Reunião Nacional do INSS, recentemente
realizada em Maputo, a Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança
Social, Vitória Diogo, reiterou que só os empresários que
cumprem regularmente com as suas obrigações para com o Sistema
de Segurança Social podem obter a certidão de quitação.
“A Organização dos Trabalhadores de Moçambique – Central
Sindical dá nota positiva ao trabalho desenvolvido, nos últimos
tempos pelo INSS, que permitiu elevar a qualidade dos
VHUYLoRVSUHVWDGRVDRVEHQH¿FLiULRVGR6LVWHPD $VJUDQGHV
medidas tomadas estão a produzir efeitos positivos com granGHLPSDFWRQRDWHQGLPHQWRDRVEHQH¿FLiULRV RTXHPHUHFH
a nossa apreciação positiva. O processo de informatização e
PRGHUQL]DomRGR6LVWHPD MiQDVXD IDVH¿QDO HVWiDWRUQDU
o atendimento mais célere, a tramitação do expediente e a
respectiva resposta mais rápida”.
“É com grande satisfação que a Confederação dos
Sindicatos Independentes e Livres de MoçambiTXH
DVVLQDOD R DYDQoR VLJQL¿FDWLYR QD LPSODQWDção
e utilização das Tecnologias de Informação e
Comunicação, com a instalação, com sucesso, do
SISSMO, que neste momento, tem uma cobertura
territorial, facilitando o acesso dos trabalhadores
aos serviços prestados pelo INSS, revelando, deste
modo, a sua extensão, até às zonas mais recônditas
deste grande e belo Moçambique”.
Parceiros sociais satisfeitos com evolução do Sistema
Os parceiros sociais do Sistema de Segurança Social, nomeadamente a CTA-Confederação das Associações Económicas de Moçambique e os
Sindicatos (OTM-CS e CONSILMO) congratularam o Instituto, pelos avanços registados ao longo dos 30 anos da sua existência, sobretudo na
Ƥ
Ǥ
Agostinho Vuma – Presidente da CTA Alexandre Munguambe – Secretário Geral da OTM Naftal Simbine – Representante da CONSILMO
Vitória Diogo, ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social
PUBLICIDADE 16 Savana 12-10-2018
4
INSTITUTO NACIONAL DE SEGURANÇA SOCIAL
OUTUBRO/2018 SUPLEMENTO INSS
Para o Presidente do
Conselho de Administração
(PCA), Francisco
Mazoio, o Instituto está a
envidar esforços no sentido de
alcançar este objectivo ainda
este ano.
Recuando no tempo, Francisco
Mazoio lembrou que,
quando o INSS foi criado há 30
anos, não possuia instalações
próprias.
“Foram feitos grandes sacrifícios
e constituiu-se um regime
de trabalho em que tudo era feito
manualmente. Colegas nosVRV
VDFUL¿FDUDP VH H WUDEDOKDram
de forma bastante intensa,
para garantir que hoje tenhamos
uma sede nacional de grande dimensão
e delegações em todas
as províncias do País, para além
de representações nos distritos
com maior expressão económica”,
indicou.
Na opinião do PCA, isto
VLJQL¿FD TXH KRXYH XP FUHVcimento
extremamente grande
em várias vertentes: “Há dois
DQRV SDUD ¿[DU XPD SHQVmR
levávamos até seis meses, hoje
levamos duas semanas. Isto é
um sinónimo de crescimento.
Os contribuintes tinham que se
deslocar ao INSS, entregar a folha
de remuneração e o dinheiro
da contribuição. Hoje podem
fazer tudo isso a partir da empresa”,
frisou.
No passado, segundo Francisco
Mazoio, muitos pensioQLVWDVIRUPDYDP¿ODVQR,166
para receber as suas pensões.
Hoje recebem-nas nas suas respectivas
contas bancárias.
“Hoje é possível emitir a certidão
de quitação estando na
empresa, e todos os trabalhos
que eram feitos manualmente
são feitos electronicamente.
Hoje por via da plataforma M-
-Contribuição, um trabalhador
SRGH VDEHU H ¿VFDOL]DU D VXD
situação contributiva e solicitar
serviços ao INSS”.
Apesar deste salto qualitativo,
que revela muito empenho
no trabalho, o PCA do INSS
quer alcançar ainda mais conquistas
de modo a que quando
um trabalhador solicitar serviços
ao INSS seja atendido e
obtenha a resposta sobre a sua
pensão no mesmo dia, uma vez
que o sistema informático permite
isso.
Para garantir a sustentabilidade
do Sistema, o INSS tem estado
a apostar em investimentos
diversos, entre eles aplicações
na área do desenvolvimento
imobiliário, depósitos a prazo,
obrigações e bilhetes de tesouro,
participações em sociedades
e o património da ex-FAST.
Dívida realista
e cobrável
Ainda no conjunto das grandes
realizações, Francisco Mazoio
mencionou o alargamento
do Sistema de Segurança Social
aos Trabalhadores por Conta
Própria. Entretanto, persiste o
GHVD¿RGHIDFLOLWDURSDJDPHQWR
das suas contribuições, permitindo
que a partir de uma banca
de venda de produtos no mercaGR
RX GXPD R¿FLQD GH UHSDUDção
de automóveis ou electrodomésticos,
possam, por meio
de um simples telefone, pagar
as contribuições.
“Estamos a desenvolver estas
funcionalidades, neste momento,
e acreditamos que ainda
neste ano vamos ter resultados
positivos”, disse.
Quanto à situação das dívidas
dos contribuintes, Francisco
Mazoio referiu-se ao desenvolvimento
de acções educativas,
para demonstrar o quão bom
é estar quite com o Sistema de
Segurança Social.
O INSS, segundo indicou, accionou
mecanismos legais que
permitem aos contribuintes em
situação de dívida pagar as contribuições
correntes e pouco a
pouco amortizar os valores em
dívida.
“Estamos a trabalhar com as
empresas, associações de empregadores
e com os sindicatos,
para que tenhamos sucesso nesta
empreitada. Estamos ainda a
fazer um trabalho profundo de
saneamento da dívida, porque
estão registadas no Sistema
dívidas que já não são recuperáveis,
correspondentes às empresas
que já desapareceram há
PXLWRWHPSR´ D¿UPRX
O que sucede é que como
as referidas empresas não declararam
o seu encerramento
ao INSS, o Sistema continua
a emitir dívidas, daí que o Instituto
resolveu fazer o saneamento,
obedecendo todos os
termos legais para que o registo
da dívida seja mais realista e
cobrável.
Aposta na excelência
em serviços e investimentos
Francisco Mazoio, Presidente do Conselho de Administração do INSS
A maior aposta do INSS,
a curto prazo, é atingir a
excelência no atendimento
e na prestação de serviços
aos utentes. Atingir o
mesmo nível, também, na
vertente dos investimentos
que garantem a sustentabilidade
do Sistema de Segurança
Social. Para já, o
INSS está a criar condições
técnicas para que os Trabalhadores
por Conta Própria,
possam pagar as suas contribuições
a partir de qualquer
lugar onde estiverem,
por meio de um simples telemóvel.
12 Savana 12-10-2018 Savana 12-10-2018 17
NO CENTRO DO FURACÃO
As recentes detenções de
altas figuras do regime de
José Eduardo dos Santos,
por suspeita de crimes de
corrupção, têm estado a galvanizar
a sociedade, mas pouco ou nada se
tem falado sobre o arresto de bens
adquiridos ilicitamente com fundos
públicos.
Um caso paradigmático é o da empresa
Portmill Investimentos e Telecomunicações
S.A, hoje travestida
de Lektron Capital S.A, que detém
30,98 por cento do Banco Económico.
Esta empresa obteve dois
créditos totalizando 750 milhões
de dólares para a compra de 24 por
cento das acções do Banco Espírito
Santo Angola (BESA), o actual
Banco Económico. As acções foram
pagas com 375 milhões concedidos
pelo próprio BESA. A outra metade,
concedida pelo Banco Angolano
de Investimentos (BAI) teve um
destino que só Manuel Vicente e os
generais Kopelipa e Dino, os fundadores
da Portmill, podem explicar.
Acontece que o BAI tem como
principal accionista a Sonangol E.P,
uma empresa estatal. Logo, o Estado
deve reclamar esse valor.
Há um outro golpe maior. Em 2014,
realizou-se a assembleia-geral do
BESA, comandada pelo general
Dino e coadjuvada pelo então administrador
do Banco Nacional de
Angola (BNA), António Ramos da
Cruz, destinada ao aumento de capitais.
Nessa assembleia, a Sonangol
entrou com o total do aumento de
capital, de 650 milhões de dólares.
Com esse aumento global, não só
financiou os 30 por cento do seu capital,
como também os da Lektron
e a Geni, que se tornaram sócios
maioritários. Ou seja, mais uma
vez, os “Irmãos Metralha” – isto é, o
triunvirato constituído por Manuel
Vicente e os generais Manuel Hélder
Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e
Leopoldino Fragoso do Nascimento
“Dino” – literalmente roubaram do
Estado mais 325 milhões de dólares,
que lhes permitiram tomar 51 por
cento do capital do banco.
Quando João Lourenço demitiu
António Ramos da Cruz da administração
do BNA, este imediatamente
assumiu a função de administrador
do Banco Económico, por
ter sido o assessor oficial do golpe.
Aqui é clara a cumplicidade de José
de Lima Massano, como governador
do BNA, no caucionamento de mais
este saque.
Os factos
Três empresas-fantasma, com sede
no mesmo endereço, na Rua Luís
Mota Fêo, Porta 3, 2º Andar, Apto.
5, receberam créditos do BESA no
valor total de 375 milhões de dólares
que, no mesmo dia, repassaram
a uma quarta empresa, a Portmill
Investimentos e Telecomunicações
S.A, para a compra de 24 por cento
das acções do próprio BESA. Essas
empresas são a Althis Siderurgia e
Delta Inertes e Betão, ambas constituídas
a 27 de Dezembro de 2007, e
a Nazaki Hidrocarbonetos, legalizada
a 23 de Julho de 2008.
As quatro empresas foram constituídas
como subsidiárias do Grupo
Aquattro, pertença do então triunvirato
presidencial: Manuel Domingos
Vicente, generais Manuel Hélder
Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e
Leopoldino Fragoso do Nascimento
“Dino”. Este grupo chegou a criar
cerca de 40 empresas entre 2007 e
2008, incluindo o grupo Medianova
(TV Zimbo, jornal O País, Rádio
Mais), a Zahara (supermercados
Kero), entre outros, que passaram a
dominar a economia política angolana
a par do conglomerado de Isabel
dos Santos.
Mas comecemos por 20 de Novembro
de 2009.
A Portmill Investimentos e Telecomunicações
S.A responsabilizou-se
integralmente pelo pagamento das
dívidas a serem contraídas por três
empresas do mesmo grupo junto
do Banco Espírito Santo Angola
(BESA). Zandre Eudénio de Campos
Finda, o testa-de-ferro do então
triunvirato presidencial, em representação
da Portmill, assinou as cartas
de conforto ao BESA, em caso
de incumprimento das três empresas
irmãs: Althis, Delta e Nazaki.
A 27 de Novembro de 2009, a Althis
Siderurgia S.A. recebeu um crédito
de 135 milhões de dólares do
BESA. No mesmo dia, a Althis procedeu
ao levantamento do montante
integral, conforme atestam documentos
em posse do Maka Angola.
No mesmo dia, a Nazaki Hidrocarbonetos
S.A e a Delta Inertes e
Betão S.A. receberam, cada uma,
um crédito de 120 milhões de dólares
do BESA. No mesmo dia, as
duas subsidiárias também fizeram o
levantamento do montante total de
240 milhões de dólares, de acordo
com os documentos em nossa posse.
Portanto, as empresas do Grupo
Aquattro receberam um crédito
total de 375 milhões de dólares, e
fizeram o levantamento total deste
valor no mesmo dia, de acordo com
os devidos comprovantes. Ora, esse
era o valor exacto exigido pelo Banco
Espírito Santo (BES) pela venda
de 24 por cento das acções que detinha
no BESA. Na altura, o BES
controlava 75,94 por cento das acções
do Banco.
Os contratos estipulavam que os três
empréstimos deveriam ser reembolsados
até 27 de Novembro de 2017,
a uma taxa de juros anual de dois
por cento. António Carlos Oliveira,
primo do general Dino, serviu como
avalista das operações de crédito, de
acordo com informação em posse do
Maka Angola.
Ora bem, ainda no dia 27 de Novembro
de 2009 e por “artes mágicas”,
a conta da Portmill Investimentos
e Telecomunicações S.A
no BESA (00006317320), recebeu
um depósito em numerário de 375
milhões de dólares. Antes desse depósito
inconcebível, em termos de
transacções bancárias no mundo, a
conta da empresa tinha zero dólares.
Na verdade, o que ocorreu, segundo
dois analistas financeiros internacionais
consultados pelo Maka Angola,
foi uma simulação de levantamentos
dos 375 milhões de dólares, em dinheiro
vivo, e o seu depósito imediato
na conta da Portmill.
“Tratou-se de uma operação destinada
a não deixar rastos de que o
BESA estava a conceder o empréstimo
para a Portmill se tornar accionista
do próprio banco.”
Com esse ardil, a Portmill recebeu,
na verdade, um crédito de 375 milhões
de dólares do BESA para a
compra de 24 por cento das acções
do próprio BESA.
Finalmente, a 10 de Dezembro de
2009, a Portmill Investimentos e
Telecomunicações S.A depositou
o montante total na conta do BES
Portugal, através do Bank of America
em Nova Iorque, conforme estipulava
o contrato. O Maka Angola
tem informações que este montante
acabou na conta do BES, no Banque
Privée, da Suíça.
“Esta é uma operação de fraude
clássica, em que se retirou o dinheiro
dos depositantes e se colocou o
mesmo no bolso do principal accionista,
o Banco Espírito Santo em
Portugal”, explica um investidor dos
Estados Unidos da América, que
também prefere o anonimato.
O investidor cita como exemplos similares
o colapso dos bancos Anglo-
-Irish Bank e o Allied Irish Bank, na
Irlanda, e o Lehman Brothers nos
EUA que, cientes da sua situação financeira
desesperada, davam crédito
para a compra de acções nas suas
instituições de modo a valorizá-las.
Com a operação ainda encaixavam
ganhos.
A questão que se coloca, nesse caso,
é: por que razão o triunvirato presidencial,
famoso pela sua ganância
desmedida, daria a ganhar ao Banco
Espírito Santo Portugal, contentando-se
apenas com as acções de um
banco em queda livre?
Em todo esse esquema, o papel do
general Dino – que, paralelamente,
ordenava e contra-ordenava como
patrão do Banco – é extraordinário.
Para além de ser membro do
triunvirato, o general Dino é também
o sócio maioritário (62%) da
Geni Novas Tecnologias S.A., que
detinha 18,99 por cento das acções
do BESA. Os outros sócios significantes
da Geni são o ex-secretário
do Conselho de Ministros, António
Pereira Van-Dúnem, com 20 por
cento do capital, e Inocêncio Francisco
Miguel, com 14 por cento.
No sucedâneo Banco Económico,
a Geni Novas Tecnologias S.A.
aumentou o seu capital para 19, 90
por cento. Como já escrevemos no
Maka Angola, a transformação do
BESA em Banco Económico resultou
de um verdadeiro golpe ilegal do
general Leopoldino do Nascimento
“Dino”, com total cumplicidade do
Banco Nacional de Angola, sob liderança
de José de Lima Massano.
Na altura das transacções fraudulentas,
o general Dino, através da
sua empresa privada Dinagest, era
um dos maiores clientes do banco,
com um depósito de cerca de 300
milhões de dólares.
A mentira da PGR
Mas, revisitemos antes a cumplicidade
da Procuradoria-Geral da
República (PGR), no encobrimento
desta extraordinária fraude.
No âmbito das suas investigações
sobre as negociatas do triunvirato
presidencial, incluindo a participação
da Portmill no BESA, o autor
remeteu as suas suspeitas à PGR,
o que deu origem, em 2012, ao inquérito
preliminar n.º 06-A/2012-
-INQ.
No seu despacho de arquivamento,
o PGR adjunto, Domingos André
Baxe, e o então vice-PGR, Henrique
dos Santos, justificaram o modo
como a Portmill adquiriu as acções
do BESA: “Os fundos foram desembolsados
pela sociedade Portmill
Investimentos e Telecomunicações,
S.A. com recurso a fundos próprios
fruto da sua actividade – já era então
accionista da Movicel Telecomunicações,
S.A – e a um financiamento
bancário que visou a expansão dos
seus negócios, após prévia autorização
do Banco Nacional de Angola,
de 4 de Dezembro de 2009 (…).”
O esquema arquitectado pela Portmill,
com o BESA, demonstra claramente
como os magistrados Domingos
André Baxe e Henrique
Santos (ora reformado) mentiram
descaradamente para proteger o
triunvirato.
O segundo empréstimo e a
cumplicidade portuguesa
Na realidade, o triunvirato obteve
um segundo empréstimo de 375
milhões de dólares, do Banco Angolano
de Investimentos, também
para a compra das mesmas acções
do BESA. Foi este o ganho dos “Irmãos
Metralha”.
A 11 de Novembro de 2013, em
Portugal, o procurador Paulo Gonçalves,
do Departamento Central
de Investigação Penal (DCIAP),
arquivou a investigação sobre a
Portmill (Proc. n.º142/12.OTELSB),
em que o autor era assistente.
O procurador argumentou que a
referida empresa tinha apresentado
documentação sobre as suas transacções
“mais vultuosas” e fez prova
de rendimentos compatíveis com as
operações que efectuou. No mesmo
processo, o procurador arquivou
Ahistória aqui contada e
assente em documentos
demonstra, em primeiro
lugar, que foi o “falido”
BESA que financiou os seus “salvadores”.
Isto é, o capital novo exigido pelo
Banco Nacional de Angola para relançar
o Banco Espírito Santo de
Angola veio do próprio Banco…
Afinal, era capital velho.
Sendo assim, o Banco Nacional de
Angola deve explicações públicas
pelo facto de ter deixado que tamanha
quebra na confiança pública
tenha ocorrido “debaixo de seu
nariz”.
É cada vez mais evidente que no
caso do BESA estivemos perante
um esquema fraudulento divisado
pelo poder político angolano da
época para se apoderar de um banco,
e que existem dois actores fundamentais
neste esquema: o General
Dino e o Banco Nacional de
Angola, liderado por José de Lima
Massano.
Em termos jurídicos, esta fraude
teve como veículo predominante a
Lektron. A boa prudência imporia
que, além de ser aberto o respectivo
inquérito criminal na PGR, se
procedesse a um “congelamento”
da sua participação no Banco e de
bens suficientes para garantir as
eventuais responsabilidades criminais.
A Lei das Medidas Cautelares
(Lei n.º 25/15, de 18 de Setembro)
dispõe de mecanismos adequados
para fazer face a estes imperativos,
designadamente as medidas de
garantia patrimonial previstas nos
artigos n.º 1 c) e 43.º e seguintes.
Neste caso, poder-se-ia proceder
a um arresto preventivo (“congelamento
de activos e bens”), nos
termos do artigo 45.º da mesma
Lei, seguindo os procedimentos aí
estabelecidos, nomeadamente, em
termos de caução económica.
O combate contra a corrupção e
impunidade tem sempre dois vectores:
a investigação pessoal e a
recuperação dos valores indevidamente
obtidos. Em situações muito
graves, a prisão preventiva deve ser
acompanhada pelo arresto preventivo.
Finalmente, há uma grande nota
de estranheza face à não actuação
das autoridades portuguesas, quer o
Banco de Portugal, quer os corpos
judiciários. Muitos dos actos descritos
prejudicam objectivamente o
Estado e o contribuinte português,
quer em termos financeiros, quer
em termos reputacionais. Outros
actos ocorrem em Portugal. No
entanto, a postura portuguesa é
habitualmente a de ignorar o que
se passa. Nem defende os interesses
dos contribuintes portugueses,
nem aplica a sua lei. O argumento
deve ser a “amizade” e os “negócios”
com Angola. Há aqui um erro de
raciocínio. Do outro lado, não está
Angola, mas um grupo de pilhadores
angolanos que só fizeram mal a
este país. Portugal devia ajudar Angola
a combater a corrupção, e não
a ser um oásis de impunidade para
a elite da roubalheira angolana.
Algumas conclusões e propostas de acção
BESA: a Pilhagem de Vicente, Dino e Kopelipa
Por Rafael Marques de Morais*
António Ramos da Cruz, ex-administrador do BNA, hoje administrador do Banco Económico (sucessor do BESA)
também o processo contra Manuel
Vicente e Higino Carneiro por
branqueamento de capitais.
“Espera-se que esta separação de
processos venha a contribuir para o
desanuviar o clima de tensão diplomática
que tem ensombrado com
mal entendidos a amizade entre
os dois povos irmãos, permitindo,
conforme decorre dos requerimentos
apresentados, a realização de
encontros e cimeiras sem estigmas
infundados, numa reciprocidade de
‘bom senso’”, justificou-se, de forma
absolutamente política, o procurador
português.
A 27 de Fevereiro de 2015, o procurador
português Ricardo Matos
decidiu manter o arquivamento do
processo 142/12.OTELSB aberto
em Portugal contra o triunvirato,
envolvendo a aquisição das acções
do BESA pela Portmill.
No seu despacho, o procurador reconheceu
que “o Banco Angolano
de Investimentos, S.A., terá concedido
[empréstimo] à sociedade
Portmill, tendo em vista a aquisição
das acções acima referidas, em 07-
12-2009, no valor de 375 milhões de
dólares americanos”.
Esta foi a informação prestada pelos
“Irmãos Metralha” às autoridades
judiciais portuguesas. Considerada
irrelevante aos autos, porque dele
já constavam, o procurador decidiu
“não reabrir o presente inquérito”.
A informação dos dois créditos recebidos
pela Portmill, do BESA e
do BAI, num total de 750 milhões
de dólares para o pagamento das
acções no BESA, eram do conhecimento
das autoridades judiciais
portuguesas. O Departamento Central
de Investigação Penal (DCIAP)
do Ministério Público português
fez menção a ambos os créditos no
Processo n.º 333/14.9TELSB, de
16 de Fevereiro de 2017. Trata-se
do processo que levou à acusação
do procurador Orlando Figueira
de ter sido corrompido por Manuel
Vicente, com a cumplicidade do seu
advogado Paulo Amaral Blanco,
para arquivamento dos processos
que envolviam o seu nome em Portugal,
incluindo o da Portmill.
General Dino, Dias Kopelika, José Eduardo dos Santos e Manuel Vicente
José de Lima Massano, governador do BNA
18 Savana 12-10-2018 OPINIÃO
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Cartoon EDITORIAL
Hoje, quarta, é dia de eleições.
Vou contar-vos uma história.
O primeiro objecto que recordo
é um avião de lata. O
primeiro toque de que me lembro não
é o de uma pele mas o da lata. Havia
intrusa em casa, reclamada de mão
em mão, armada de fraldas, pulmões,
vagidos de aço e com regurgitos múltiplos.
A minha irmã. Levei dias a lançar
o avião de lata sobre o berço, num
pretenso bombardeio. E não é que falhei,
na mira e na aviação?
Aos cinco anos, apanhando a minha
avó a urinar de porta aberta, eu, no
corredor, fiz o pino para ver se lhe via
o... O quê, espicaçou uma vez o Piruças.
O ouriço, respondi-lhe pronto.
Aos seis anos tive o primeiro sonho
erótico e percebi que me marimbava
para o Édipo. Caminhava de mãos dadas
com uma miúda ao longo de um
socalco estreito, a meio de uma falésia
ilimitada para cima e inacabável para
baixo. O dia nascia, e cheirava a acetona.
Andávamos aos espargos e sorríamos
com a lâmina do caminho, no
leve tremor dos afortunados.
Aos nove, à nonagésima oitava vez em
que me masturbei, cismei que uma
coisa tão boa só podia acontecer cem
vezes na vida. Guardei as duas últimas
para quando casasse. Aguentei-
-me três semanas, num desespero,
até que me enfiei na casa de banho e
meia hora depois ia na cento e quatro,
enquanto a minha mãe perguntava,
Caíste da pia?
Entrava-se na oficina por uma rampa.
Aí, dois homens deitaram a primeira
chapa de alumínio, com círculos
perfeitos desenhados de alto a baixo;
tendo-me depois um deles passado a
tesoura para a mão. Eram para cima
de 50 círculos, sem espinhas.
Tinha doze anos e tinha querido experimentar
ser operário, numa serralharia.
Fiquei surpreendido pela facilidade
com que a tesoura cortava o alumínio.
E animei-me. Apesar do segundo
A genealogia dos ursos
círculo me ter parecido mais bicudo.
Mas continuei a sorrir até ao sétimo
círculo.
Ao almoço, o encarregado despediu-
-me com uma palmada nas costas,
amarfanhando-me uma nota de vinte
na mão. “É lixado, mas talvez nunca
venhas a ser operário, rapaz!”. E ofereceu-me
um dos quadrados de alumínio
que tão arduamente recortara.
Aprendi aí a ambivalência dos verbos.
Os manos Ginga moravam ao lado
dos meus tios-avós, na Azinhaga dos
Besouros, na Pontinha. Três compinchas
de Verão com uma pontinha de
queques (os primeiros humanos que
conheci atascados em polos e pulôveres)
mas que não regateavam palmilhar
o extenso vale de zínias e girassóis
que nos separava da colina onde se
empoleirava, clandestina, a Brandoa.
Uma tarde, nesse vale, a meio de um
canavial descobrimos uma conduta
de esgotos, relativamente seca e com
tamanho suficiente para avançarmos
agachados em fila indiana, até misteriosos
meandros. A conduta atravessava
à Colina da Luz e desembocava
num canal de drenagem, mesmo ao
lado de uma boutique para senhora
onde trabalhavam dois mimos de raparigas
que inquietaram os nossos
plácidos sonhos de Verão. Foi a conduta
que me levou ao primeiro beijo.
Veio o 25 de Abril e os irmãos Ginga
puseram-se ao fresco: o pai era da
Pide.
Acordei tarde para os primeiros mortos,
aos quinze anos. Já tinha visto
amigos meus fecharem a cancela sobre
o rosto e um deles, gémeo do falecido,
cortou os pulsos. Nada me calhava,
uma infância feliz, capciosa, sem fios
de prumo.
Primeiro, uma avó, duma leucemia
que apenas lhe carregou nos olhos a
sombra chinesa que fora a sua vida.
Depois o luto da namorada que me
corneou.
Eu tinha-a acariciado a tarde inteira
de sábado por cima dos collants. No
domingo ela foi a uma festa com uma
amiga onde um marmanjo a massajou
por dentro.
Decidi vingar-me. Não fui um libertino,
mas não me queixo.
Tive uma dúzia de namoradas, quatro
mulheres, alguns encontros ocasionais
e escrevi uma versão de Don Juan,
um Don Juan cego que chegava às
mil conquistas, até que em Sevilha o
Papa fazia o primeiro milagre do seu
pontifício e punha-o a ver. E ele perdia
o dom, baratinado pela diferença
que pela primeira vez descobria entre
as mulheres.
Há vinte e dois anos encontrei a minha
mulher actual. Farto-me de a trair,
com as personagens femininas dos livros
que leio, ou com as que escrevo.
Dizem que as personagens femininas
dos meus livros são mais fortes que os
meus homens: é porque as conheço biblicamente.
E nunca até hoje me tinha acontecido
uma coisa tão grave.
Bebia uma cerveja no Mimmos e vejo
uma miúda expressiva, loquaz, com
uma sensualidade exultante. Conversa
divertidíssima com o namorado e vejo
com raiva que não o invejo, renuncio
a que um meteorito lhe caia em cima,
não desejo estar no seu lugar; apanho-
-me mesmo a pensar no quanto gostaria
que ela fosse minha filha e no
prazer que me daria tê-la ajudado a
tornar-se no que é.
Deve ser isto a maldita maturidade, já
não me deprime conceder que a minha
apropriação do mundo não tenha
de passar pelo sexo.
Mas pedi para ser maduro? Não me
consola o desabafo do cineasta Luís
Bunuel, ao chegar aos sessenta: “finalmente,
vou libertar-me da tirania do
sexo!”.
Francamente, meu caro Bunuel, não
passamos de duas bestas desemparelhadas
da sã genealogia dos ursos, dois
moles que preferem o desejo e a sedução
ao estupro.
D
epois de um longo e controverso processo que culminou com
a eliminação de alguns candidatos, e uma campanha eleitoral
que no início parecia pacífica mas que terminou com alguns
actos de violência, mais de quatro milhões de cidadãos nas
53 autarquias do país acorreram às respectivas assembleias de voto na
última quarta-feira, para escolher os seus representantes nas futuras
assembleias municipais.
Sendo estas as primeiras eleições que se realizam no novo quadro em
que os candidatos a presidentes de município são assumidos numa lista
e não individualmente, e onde está presente a possibilidade da lista
vencedora não comandar necessariamente a maioria na assembleia municipal,
surge um novo cenário em que os detentores do poder executivo
serão obrigados a negociar com outros partidos para garantirem
a viabilização das suas decisões. O que será um grande teste quanto à
maturidade do sistema político nacional. Os resultados finais esclarecerão
melhor como vai ser a nova governação autárquica nos próximos
cinco anos.
Mas enquanto se espera pelos resultados finais, vale a pena reflectir um
pouco sobre o que foi todo este processo eleitoral; desde o momento
em que as listas das várias formações começaram a ser entregues à Comissão
Nacional de Eleições (CNE) até à sua aceitação final.
E aqui não pode passar sem referência o mau serviço prestado à nação
pelo Conselho Constitucional, justamente o órgão que em última instância,
quando todos os recursos tiverem sido esgotados, tem a responsabilidade
e obrigação de defender todos os cidadãos no usufruto dos
seus direitos constitucionais.
De uma forma que causou estranheza para muitos, o Conselho Constitucional
assumiu-se como uma entidade política, posicionando-se do
lado dos poderosos na sua intenção de impedir que cidadãos vítimas de
injustiça tivessem o seu direito de regresso.
A recusa em ouvir casos de injustiça eleitoral, escudando-se no comodismo
dos caprichos processuais, colocou o Conselho Constitucional
numa situação de incumprimento das suas obrigações como a última
barreira em defesa da democracia e da justiça. Não precisou de fazer
muito esforço para perder o respeito e confiança dos cidadãos.
O Conselho Constitucional é o mais alto órgão de administração da
justiça em matéria jurídico-constitucional. Ele fixa a doutrina e a jurisprudência.
E nos casos cuja adjudicação a sua intervenção foi requerida,
não era apenas a questão de procedimentos o que estava em causa.
No caso da lista da AJUDEM, por exemplo, havia questões que não
podiam ser ignoradas só porque os requerentes bateram à porta errada.
Quando cidadãos que são candidatos a órgãos de governação surgem
publicamente a alegar que foram incorporados numa lista sem o seu conhecimento,
numa situação em que há documentos oficiais que devem
ser apresentados e assinados por eles próprios, significa, no mínimo,
que houve um acto de falsificação. E parece ser interesse do Conselho
Constitucional despoletar esse facto e instar as instituições relevantes
a instituir os devidos procedimentos. É do interesse da justiça responsabilizar
os autores de tais actos e dissuadir outros de seguir o exemplo.
Da mesma que era importante investigar alegações de que os referidos
candidatos foram coagidos a retirar os seus nomes da lista, num processo
em que em alguns casos, até se recorreu ao cárcere privado.
No caso do Venâncio Mondlane, teria sido importante que o Conselho
Constitucional se pronunciasse sobre os méritos de uma lei que
penaliza um cidadão que foi obrigado a renunciar ao seu lugar numa
assembleia hierarquicamente inferior para assumir lugar numa outra
superior, numa situação em que a pertença aos dois órgãos é mutuamente
exclusiva. E havendo casos similares em outras latitudes, o Conselho
Constitucional teria tido a oportunidade de se pronunciar sobre
a necessidade de observância do princípio da igualdade de todos os
cidadãos perante a lei.
Uma opinião do Conselho Constitucional sobre estas contradições na
lei mostraria que ela é injusta, e como tal desnecessária. Até porque
contraria a lógica da progressão que é natural entre seres humanos.
O Conselho Constitucional não quis se dar a esse trabalho porque estaria
a ser um incómodo para o poder político, ignorando o facto de
que faz parte da rotina de juízes que se prezem, incomodar aqueles que
tentam sempre colocar-se acima da lei.
Quando não se quer
incomodar o poder...
Savana 12-10-2018 19 OPINIÃO
S
ei que muitos não poderão
recomendar o voto
em Haddad, tal é o seu
ódio ao PT. Basta que
digam: não votem em Bolsonaro.
A democracia brasileira está à
beira do abismo. O golpe institucional
que se iniciou com o
impeachment da Presidente Dilma
e prosseguiu com a injusta
prisão do ex-presidente Lula da
Silva está quase consumado. A
consumação do golpe significa
hoje algo muito diferente do
que foi inicialmente pensado por
muitas das forças políticas e sociais
que o protagonizaram ou
dele não discordaram. Algumas
dessas forças agiram ou reagiram
no convencimento genuíno
de que o golpe visava regenerar a
democracia brasileira por via da
luta contra a corrupção; outros
entendiam que era o modo de
neutralizar a ascensão das classes
populares a um nível de vida que
mais tarde ou mais cedo ameaçaria
não apenas as elites mas
também as classes médias (muitas
delas produto das políticas
redistributivas contra as quais
agora se viravam). Obviamente,
nenhum destes grupos falava de
golpe e ambos acreditavam que
a democracia era estável. Não se
deram conta de que havia três
bombas-relógio construídas em
tempos muito diversos mas podendo
explodir simultaneamente.
Se tal ocorresse, a democracia
revelaria toda a sua fragilidade e
possivelmente não sobreviveria.
A primeira bomba-relógio foi
construída no tempo colonial e
no processo de independência,
foi acionada de modo particularmente
brutal várias vezes ao
longo da história moderna do
Brasil mas nunca foi eficazmente
desactivada. Trata-se do DNA
de uma sociedade dividida entre
senhores e servos, elites oligárquicas
e povo ignaro, entre
a normalidade institucional e
a violência extra-institucional,
uma sociedade extremamente
desigual em que a desigualdade
socio-económica nunca se pôde
separar do preconceito racial e
sexual. Pese embora todos os
erros e defeitos, os governos do
PT foram os que mais contribuíram
para desactivar essa bomba,
criando políticas de redistribuição
social e de luta contra a
discriminação racial e sexual sem
precedentes na história do Brasil.
Para a desactivação ser eficaz seria
necessário que essas políticas
fossem sustentáveis e permanecessem
por várias gerações a fim
de a memória da extrema desigualdade
e crua discriminação
deixar de ser politicamente reactivável.
Como tal não aconteceu,
as políticas tiveram outros efeitos
mas não o efeito de desactivar a
bomba-relógio. Pelo contrário,
provocaram quem tinha poder
para a activar e a fazê-lo quanto
antes, antes que fosse tarde de
mais e as ameaças para as elites
e classes médias se tornassem
irreversíveis. A avassaladora demonização
do PT pelos media
oligopolistas, sobretudo a partir
de 2013, revelou a urgência com
que se queria pôr fim à ameaça.
A segunda bomba-relógio foi
construída na ditadura militar
que governou o país entre 1964
e 1985 e no modo como foi negociada
a transição para a democracia.
Consistiu em manter as
Forças Armadas (FFAA) como
último garante da ordem política
interna e não apenas como
garante da defesa contra uma
ameaça estrangeira, como é normal
nas democracias. “Último”
quer dizer em estado de prontidão
para intervir em qualquer
momento definido pelas FFAA
como excepcional. Por isso, não
foi possível punir os crimes da
ditadura (ao contrário da Argentina
mas na mesma linha do Chile)
e, pelo contrário, os militares
impuseram aos constituintes de
1988 28 parágrafos sobre o estatuto
constitucional das FFAA.
Por isso, também muitos dos que
governaram durante a ditadura
puderam continuar a governar
como políticos eleitos no congresso
democrático. Apelar à
intervenção militar e à ideologia
militarista autoritária ficou sempre
latente, pronta a explodir. Por
isso, quando os militares começaram
a intervir mais activamente
na política interna nos últimos
meses (por exemplo, apelando à
permanência da prisão de Lula)
isso pareceu normal dadas as circunstâncias
excepcionais.
A terceira bomba-relógio foi
construída nos EUA a partir de
2009 (golpe institucional nas
Honduras) quando o governo
norte-americano se deu conta
de que o sub-continente estava
a fugir do seu controlo mantido
sem interrupção (com excepção
da “distração” em Cuba) ao longo
de todo o século XX. A perda de
controlo continha agora dois perigos
para a segurança dos EUA:
o questionamento do acesso
ilimitado aos imensos recursos
naturais e a presença cada vez
mais preocupante da China no
continente, o país que, muito antes
de Trump, fora considerado a
nova ameaça global à unipolaridade
internacional conquistada
pelos EUA depois da queda do
Muro de Berlim. A bomba começou
então a ser construída,
não apenas com os tradicionais
mecanismos da CIA e da Escola
Militar das Américas, mas sobretudo
com novos mecanismos da
chamada defesa da “democracia
amiga da economia de mercado”.
Isto significou que, além do
governo dos EUA, a intervenção
poderia incluir organizações da
sociedade civil vinculadas aos
interesses económicos dos EUA
(por exemplo, as financiadas pelos
irmãos Koch). Portanto, uma
defesa da democracia condicionada
pelos interesses do mercado
e por isso descartável sempre que
os interesses o exigissem. Esta
bomba-relógio mostrou que já
estava operacional no Brasil a
partir dos protestos de 2013. Foi
melhorada com a oportunidade
histórica que a corrupção política
lhe ofereceu. O grande investimento
norte-americano no
sistema judicial vinha do início
dos anos de 1990, na Rússia pós-
-soviética e também na Colômbia,
entre muitos outros países.
Quando a questão não é de “regime
change”, a intervenção tem
de ser despolitizada. A luta contra
a corrupção é isso. Sabemos
que os dados mais importantes
da operação Lava-Jato foram
fornecidos pelo Departamento
de Justiça dos EUA. O resto foi
resultado da miserável “delação
premiada”. O juiz Sérgio Moro
transformou-se no agente principal
dessa intervenção imperial.
Só que a luta contra a corrupção
por si só não seria suficiente no
caso do Brasil. Era suficiente
para neutralizar a aliança do
Brasil com a China no âmbito
dos BRICS, mas não para abrir
plenamente o Brasil aos interesses
das multinacionais. É que, em
resultado das políticas dos últimos
quarenta anos (e algumas
vindas da ditadura), o Brasil teve
até há pouco imensas reservas de
petróleo fora do mercado internacional,
tem duas importantes
empresas públicas e dois bancos
públicos, e 57 universidades federais
completamente gratuitas.
Ou seja, é um país muito longe
do ideal neoliberal, e para dele
o aproximar é preciso uma intervenção
mais autoritária, dada
a aceitação das políticas sociais
do PT pela população brasileira.
E assim surgiu Jair Bolsonaro
como candidato “preferido dos
mercados”. O que ele diz sobre
as mulheres, os negros ou os homossexuais
ou a tortura pouco
interessa aos “mercados” desde
que a sua política económica seja
semelhante à do Pinochet no
Chile. E tudo leva a crer que será
porque o seu economista-chefe
tem conhecimento directo dessa
infame política chilena. O político
de extrema-direita norte-
-americano Steve Bannon apoia
Bolsonaro, mas é apenas o balcão
da frente do apoio imperial. Os
analistas do mundo digital estão
surpreeendidos com a excelência
da técnica da campanha bolsonarista
nas redes sociais. Inclui
micro-direcionamento, marketing
digital ultra-personalizado,
manipulação de sentimentos,
fake news, etc. Para quem assistiu
na semana passada na televisão
pública norte-americana (PBS)
ao documentário intitulado Dark
Money, sobre a influência do dinheiro
nas eleições dos EUA,
pode concluir facilmente que as
fake news (sobre crianças, armas
e comunismo, etc.) no Brasil são
tradução em português das que
o “dark money” faz circular nos
EUA para promover ou destruir
candidatos. Se alguns dos centros
de emissão de mensagens
estão sediados em Miami e Lisboa
é pouco relevante (apesar de
verdadeiro).
A vitória de Jair Bolsonaro no
segundo turno significará a detonação
simultânea destas três
bombas-relógio. Dificilmente a
democracia brasileira sobreviverá
à destruição que causarão.
Por isso, a segunda volta é uma
questão de regime, um autêntico
plebiscito sobre se o Brasil deve
continuar a ser uma democracia
ou passar a ser uma ditadura de
tipo novo. É certo que a direita
brasileira revelou nos últimos
dois anos um apego muito condicional
à democracia ao alinhar
com o comportamento descontrolado
(mas bem controlado
noutras paragens) de parte do
judiciário, mas estou certo de
que largos sectores dela não estarão
dispostos a suicidar-se
para servir “os mercados”. Têm
de unir-se activamente na luta
contra Bolsonaro. Sei que muitos
não poderão recomendar o voto
em Haddad, tal é o seu ódio ao
PT. Basta que digam: não votem
em Bolsonaro. Imagino e espero
que isso seja dito publicamente
e muitas vezes por alguém que
em tempos foi um grande amigo
meu, Fernando Henrique Cardoso,
ex-presidente do Brasil e,
antes disso, um grande sociólogo
e doutor Honoris Causa pela
Universidade de Coimbra, de
quem eu fiz o elogio. Todos e
todas (as mulheres não vão ter
nos próximos tempos um papel
mais decisivo para as suas vidas e
a de todos os brasileiros) devem
envolver-se activamente e porta-
-a-porta. E é bom que tenham
em mente duas coisas. Primeiro,
o fascismo de massas nunca foi
feito de massas fascistas, mas sim
de minorias fascistas bem organizadas
que souberam capitalizar
nas aspirações legítimas dos
cidadãos comuns a viverem com
um emprego digno e em segurança.
Segundo, ao ponto que
chegámos, para assegurar uma
certo regresso à normalidade democrática
não basta que Haddad
ganhe, tem de ganhar por uma
margem folgada.
* Professor Catedrático Jubilado da
Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra
601
Email: diariodeumsociologo@gmail.com
Portal: https://oficinadesociologia.blogspot.com
Democratas brasileiros, uni-vos!
Uma coleção internacional [24]
Por Boaventura Sousa Santos*
20 Savana 12-10-2018 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
D
esde os anos 1970 que a China
tem vindo a levar a cabo projectos
de ajuda externa em África, gerando
grandes relações de amizade
e parceria com vários países africanos.
Desde 2000, com o crescimento do poder
chinês e o aumento constante dos seus recursos
disponíveis, a China tem vindo a
aumentar todos os anos o investimento no
continente africano. Durante a edição do
Fórum de Cooperação China-África este
ano em Pequim, a China anunciou que
irá oferecer 60 mil milhões de dólares de
apoio financeiro ao continente africano e
dar início a cerca de 300 programas de auxílio
externo. Na minha opinião, existem
três principais razões para este envolvimento
chinês no continente africano.
Em primeiro lugar, a sua compreensão
da actual situação política internacional.
A China acredita que a guerra comercial
com os Estados Unidos não irá acalmar
num futuro próximo, mas a relação entre
os dois países também não irá rapidamente
passar da competição para a rivalidade.
Esta convicção faz com que o país seja capaz
de direcionar cada vez mais recursos
para África. Além do mais, para que a sua
relevância dentro da comunidade internacional
cresça, a China necessita de apoio
político por parte do continente africano.
Vários países africanos, tal como a China,
são países em desenvolvimento, que tendo
passado por situações históricas semelhantes
partilham uma certa “afinidade”.
Sendo assim, em relação ao seu desenvolvimento
económico partilham opiniões
semelhantes, como por exemplo a não-
-interferência em assuntos de política interna.
Com o lema “A América Primeiro”
de Trump em prática, a China necessita
cada vez mais do apoio dos seus “irmãos
africanos” em assuntos como soberania e
comércio. Finalmente, também é economicamente
benéfico para a China apoiar o
Porque é que a China continua a apostar em África
Por Tian Xintong *
continente africano. Com base no desenvolvimento
económico de nações de elevado
rendimento como o Reino Unido, os
EUA ou o Japão, depois de uma acumulação
inicial de capital doméstico, é normal
uma expansão além-fronteiras, procurando
novos mercados internacionais para
bens de base e desta forma acumulando
ainda mais capital. Avaliando o país através
do seu PIB per capita, a China já é um
país de médio rendimento. No entanto, se
ficar dependente apenas do seu consumo
doméstico, poderá facilmente cair na “ratoeira”
do médio rendimento. Após quatro
décadas de um rápido crescimento, a escassez
de recursos naturais e energéticos
tem vindo a tornar-se cada vez mais um
obstáculo para o desenvolvimento chinês.
A China precisa por isso de matérias-
-primas e bens industriais africanos para
apoiar o seu desenvolvimento económico.
Em segundo lugar, recentemente a China
tem propositadamente alterado a sua estratégia
de apoio ao continente africano,
passando de uma abordagem com base
em “empréstimos em troca de petróleo”
para uma de “cooperação em capacidade
de produção”. Esta evolução indica
também indiretamente que a China está
a tirar maior partido do potencial de desenvolvimento
africano. Segundo algumas
opiniões, esta alteração deveu-se à pressão
de algumas organizações internacionais e
dos media. Eu sou de opinião contrária.
Para mim, esta mudança estratégica aconteceu
devido ao facto de a primeira fase
de desenvolvimento de infra-estruturas
de grande escala estar quase a chegar ao
fim. Por outras palavras, durante quase
20 anos, a China construiu, numa série
de países africanos estrategicamente definidos,
infra-estruturas necessárias para
serviços como água, electricidade, gás, linhas
ferroviárias, estradas, aeroportos ou
portos, respondendo às necessidades básicas
de produção industrial e de transporte
de produtos. É preciso também relembrar
que se as infra-estruturas existentes não
servirem o mercado de produção e exportação,
dificilmente será criada uma riqueza
significativa a curto prazo. Quando os
chineses falam sobre a sua experiência de
desenvolvimento, costumam dizer: “para
enriquecer, primeiro é preciso construir
caminho”. Mas então, o que fazer depois
deste caminho estar construído? Os chineses
compreendem que sem uma ligação
industrial, um caminho é apenas isso, não
é uma fonte de riqueza. Com base nesta
lógica, a estratégia de apoio a África irá
também sofrer alterações, o continente
africano será incentivado a desenvolver o
seu próprio sistema industrial através da
expansão da sua importação de produtos
fora da categoria de recursos e a modernizar
a sua tecnologia industrial através
de cooperação de capacidade de produção,
desta forma largando o modelo de
desenvolvimento dependente de recursos
naturais, e fazendo com que o seu lugar
na cadeia de valor global suba. Desenvolvimento
industrial irá também criar em
África novas áreas de crescimento económico,
aliviando problemas financeiros
a nível nacional causados pelo endividamento.
Em terceiro lugar, algumas particularidades
chinesas fazem do país um parceiro
indispensável para África. Primeiramente,
a principal diferença entre as políticas de
ajuda externa chinesas e ocidentais é que
as primeiras não exigem qualquer compromisso
político. Nações ou organizações
ocidentais, antes de oferecerem ajuda a
qualquer país, exigem ao país beneficiário
que implemente certas reformas políticas
e económicas, seguindo uma direcção ou
padrão de desenvolvimento já predeterminado.
A China, pelo contrário, ao não fazer
exigências políticas, possibilita que os
beneficiários ganhem uma maior autonomia
e força de desenvolvimento endógena.
Seguidamente, a China tem também
capacidade de assistir o continente no seu
desenvolvimento, visto que actualmente
o país possui capital e capacidade excedentária.
O capital poderá ser exportado
e alargado, para ser multiplicado, e a capacidade
excedentária é necessária para a
exportação. A China possui também uma
capacidade industrial sofisticada e técnicos
experientes. Estes três factores, capital,
capacidade de produção e tecnologia, são
indispensáveis para o desenvolvimento do
continente africano. Por último, o particular
sistema económico chinês dá ao seu
governo a capacidade de direccionar capital
para África, onde os custos de investimento
são altos e o retorno demorado. O
capital ocidental muito raramente segue
ordens governamentais para impulsionar
o desenvolvimento africano.
Por detrás desta generosidade para com o
continente africano, a China não possui
motivos políticos de lucro económico a
curto prazo através de pequenos projectos
de construção. Desde a primeira sessão
do Fórum de Cooperação China-África,
a China vê no continente africano um
importante parceiro estratégico, e por isso
continua a estimular o mercado africano
e as suas economias locais. Também por
este mesmo motivo, quaisquer que sejam
as mudanças que ocorram a nível internacional,
a China irá sempre direccionar os
seus recursos para o continente africano.
* Estudante no Curso de Formação Avançada
“A China e os Países de Língua Portuguesa
na Economia Mundial: Comércio,
Turismo, Cooperação e Desenvolvimento” e
aluno do mestrado de Relações Internacionais
na Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra. Artigo publicado no semanário
Plataforma Macau
E
nquanto esperávamos na fila,
aliás, na bicha, para que cada
um exercesse o seu direito de livre
escolha, fomos conversando
em função da aleatoriedade do tema.
Alguém comentou rapidamente sobre
uma reportagem dada a meio da manhã,
referente a ausência de urnas na escola
primária Amílcar Cabral, na cidade da
Beira, que impossibilitava a votação, e
não teve seguidores. Insistiu, perguntando
se alguém havia acompanhado a
referida reportagem e eu, com alguma
pena, respondi-lhe afirmativamente.
Dele ouvi simplesmente o seguinte: “são
maneiras, lá não está fácil”. Ao lado dele
uma senhora já de certa idade transmitia
a ideia de estar a resistir a qualquer coisa.
Esfregou as narinas e virou a cabeça
dando a entender que aquele homem
era a fonte de um bafo agressivo, repulsivo
e ainda não catalogado pela ciência
Já votamos
química. Isso despertou-me alguma curiosidade.
Entre eu e ele estavam cinco pessoas.
Mas, mesmo assim, deu para perceber que
o abominável bafo denunciava a qualidade
de bebida alcoólica consumida há algumas
horas para combater a ressaca. Uma senhora
foi ter com ele e ofereceu-lhe uma maçaroca
e depois uma laranja, que foram brutalmente
consumidas.
Enquanto isso, num tom de voz excessivamente
alto, uma rapariga comentava com
a outra a imagem que viam no telemóvel.
Uma delas fez questão de me apresentar
a imagem que era a fonte do mal-estar ali
provocado. Como que a justificar a razão de
falar em voz alta e exibindo alguma falta de
educação ainda disse: “mas é ministra isto
aqui? Estás a ver o penteado dela? Até parece
que não recebe um centavo. Não cuida da
imagem dela nem nada. A roupa até é bonita
e cara, mas o penteado dela não é de alguém
que as mulheres devem ter como modelo.
Uma mulher deve caprichar na roupa e no
penteado”. A outra concordou. No entanto,
alertou para que falasse mais baixo. “Desculpa,
não me controlei. É que este penteado
é de alguém que nunca se preocupou em
tratar do seu cabelo. Deve ser o problema
da política; exibir um penteado ainda bruto,
de mulher pobre, para se identificar com as
massas. Mas, qualquer mulher que se preze
quer ter um penteado que esteja na moda”.
E, depois, calou-se.
Quando o nosso homem do bafo abominável
acabou de limpar as últimas gotas de
laranja que pontilhavam na sua camisa, ouvimos
o seguinte: “Minha filha, ela não é só
pobre no tratamento da imagem visual, mas
também é pobre de ideias. O quê que fez
até agora? Nada. Esse teu penteado também
não é grande coisa... makanana autêntico.
Devem ter tirado esse cabelo de uma pobre
asiática, moribunda e se calhar pagaram-lhe
com comida reles. O quê que tu sabes de
cabelo? ” Imediatamente veio a resposta:
“Estamos a sofrer por causa do teu
cheiro. Tudo o que sai dessa boca polui
o ambiente de votação. Estás a ver essas
moscas no chão? Morreram ao aproximarem-se
de ti, cara sem vergonha. Se
falares mais uma palavra chamo a polícia
para aplicar a lei. Aqui não é lugar
para comer maçaroca e muito menos
para aturar pessoas embriagadas”. Estas
últimas palavras calaram magicamente
o homem que agora avançava para votar.
Quando ele saiu, depois da votação,
em jeito de vingança, simplesmente
disse em voz bem alta: “Eu já votei,
toma! Quero ver o que é que vai mudar”,
exibindo o indicador totalmente
marcado pela tinta indelével. Vi nele
uma elevada crença traduzida na relação
entre o voto e os esperados resultados
tangíveis. O que é que vai mudar
nos próximos tempos?
Savana 12-10-2018 21 PUBLICIDADE
22 Savana 12-10-2018 DESPORTO
E
stão criadas as condições
para a vitória, (porque não
retumbante) da selecção
nacional, os Mambas, no
desafio deste sábado, às 17 horas,
no Estádio Nacional do Zimpeto,
depois que, pontualmente, foram
ultrapassadas as dificuldades iniciais,
configuradas pela não realização
daquela que seria a primeira
sessão de treinos, que tinha sido
agendada para a tarde de segunda-
-feira.
Mas esperamos que estas não venham
a constituir justificação para
o seleccionador nacional, Abel Xavier,
caso o resultado, no final do
jogo, não seja favorável aos Mambas.
Na verdade, nas redes sociais circularam
nestes últimos dias, com
mais insistência, informações que
davam conta de vários atropelos,
alegadamente protagonizados pela
Federação Moçambicana de Futebol
na preparação desta dupla jornada
contra a Namíbia.
Entre as acusações feitas destaque
para o facto de as passagens para os
jogadores dos Mambas, que militam
no estrangeiro não terem chegado
atempadamente aos visados,
para além de que depois de viagens
longas, ninguém os foi buscar no
aeroporto.
Outras inquietações prendiam-se
com o facto de os jogadores terem
dormido na recepção do hotel, alegadamente
porque ninguém, da
organização, se dignou a pagar os
quartos.
Em jeito de esclarecimento, a Federação
Moçambicana de Futebol
(FMF) refutou estas acusações,
considerando-as “totalmente falsas”.
As fontes explicaram que questões
logísticas estiveram na origem da
não realização, na segunda-feira,
da primeira sessão de treinos dos
Mambas, no Estádio Nacional do
Zimpeto.
Ainda ao SAVANA, a FMF esclareceu
que deve ter havido equívocos,
porque a situação nunca se
apresentou tal como foi sendo badalada.
“Queremos vos garantir que não
há nenhum problema na selecção,
o adiamento da primeira sessão
de treinos foi devido a problemas
logísticos. Como sabe, a federação
conseguiu um patrocínio com o
Município da Matola para alojar
a selecção e é lá onde se encontra
neste momento. Houve, sim, um
ligeiro atraso neste processo, mas
prontamente tudo foi resolvido.
Portanto, não há nenhum problema
na selecção, tudo está a decorrer
normalmente segundo o programado”,
justificaram.
Entretanto...
Com quatro pontos, e em primeiro
lugar, de parceria com a Guiné
Bissau, como resultado de uma
vitória histórica sobre a Zâmbia,
em Ndola, por 0-1, e um empate
Moçambique defronta a Namíbia neste sábado num jogo em que é proibido perder
Mambas, lutem até à exaustão!
Por Paulo Mubalo
a uma bola frente a Guiné-Bissau,
no Estádio Nacional do Zimpeto,
Moçambique defronta, este sábado,
a Namíbia, em partida referente
à 3ª jornada do grupo K, de
qualificação para o CAN-2019, a
realizar-se nos Camarões.
Marcada para as 17 horas, a partida
é aguardada com inusitado
interesse e o seleccionador nacional,
Abel Xavier, já veio a público
afirmar que as perspectivas de Moçambique
continuam intactas, até
porque é líder do grupo por mérito
próprio.
Para já, o empate na jornada anterior,
frente à Guine-Bissau, num
desafio em que os Mambas apesar
de terem rubricado uma exibição
pálida, estiveram mais próximos da
vitória do que o adversário, claramente
já pertence ao passado.
Os jogadores, esses, estão mentalizados
para fazerem o uso das suas
capacidades até à exaustão por forma
a saírem vitoriosos.
A selecção da Namíbia certamente
não vai ser pera doce e só o facto
de ter empatado em casa com a
Zâmbia, depois de ter estado largo
período de tempo em vantagem,
mostra que tanto o jogo deste sábado
em Maputo, como o da quarta-
-feira, no seu reduto, vai encará-lo
com responsabilidades acrescidas.
Mas convenhamos que a pressão
recairá mais para os Mambas e
para o seleccionador Abel Xavier,
este que chegou quase a meio das
qualificações ao CAN-2017.
Com efeito, os Mambas perderam
essa corrida (CAN-2017) e a presença
no CHAN-2018, disputado
no Quénia, para além de terem
sido eliminados na fase de grupos
da Taça COSAFA de 2017 e 2018,
sendo que terminaram nos quartos-de-final
em 2016.
Um jogo que vale a liderança
Moçambique e Namíbia chegam
ao ENZ com quatro e um ponto
respectivamente, e os resultados
nesta dupla jornada podem começar
a definir o futuro das duas
equipas.
O seleccionador nacional, Abel
Xavier, afirma estar confiante num
bom resultado e para o sucesso
desta operação, chamou um misto
de jogadores que alinham no país e
no estrangeiro.
Conheça a lista. Guarda-redes:
Guirrugo (Costa do Sol) e Leonel
(UDS); Defesas: Edmilson (Cape
Town), Ifren (Liga Desportiva de
Maputo), Jeitoso (Ferroviário de
Maputo), Malembana (Dynamos,
Alemanha), Manucho (Costa do
Sol), Mexer (Rennes, Franca),
Reinildo (Belenenses, Portugal), e
Zainadine Júnior (Marítimo, Portugal).
Médios: Geraldo (Amora FC Portugal),
Kambala (UDS), Mapanguene
(Liga Desportiva de Maputo)
e Nené (Costa do Sol):
Avancados: Chelito (Berkane,
Marrocos), Clésio (Istabulsport,
Turquia), Luís Miquissone (Royal
Eagles, África do Sul), Nelson
(Costa do Sol), Raul (Costa do
Sol), Witi (Nacional da Madeira),
Dayo (Ferroviário da Beira), Domingues
(Bidvest Wits, África do
Sul), Maninho (Ferroviário da Beira),
Ratifo (Pforheim, Alemanha) e
Reginaldo ( Kukesi FK, Albânia).
As escolhas por estes jogadores
resumem-se no facto de serem os
que dão melhores garantias, uma
vez interpretarem melhor as ideias
e filosofia da equipa técnica.
“Também há outros que ficaram de
fora e querem estar nessa convocatória.
Temos cerca de 50 jogadores
seleccionáveis, mas esta é a minha
convocatória, analisada internamente
com os técnicos, respeitando
outras opiniões. É com estes
que queremos manter o primeiro
lugar por mérito do que já fizemos”,
disse o técnico.
“Esta é uma selecção que nos satisfaz.
São jogadores que nos dão
garantias. Têm padrões de avaliação
não só do momento, mas também
de continuidade”, sublinhou
Abel Xavier. Refira-se que na outra
partida do Grupo K, Guine-Bissau
defronta a selecção da Zâmbia,
uma equipa que ainda continua
com orgulho ferido tendo em conta
os resultados menos conseguidos
nas duas primeiras partidas.
O CAN-2019 contará, pela primeira
vez, com 24 selecções, pelo
que, qualificam-se, em cada grupo,
duas selecções, excepto o Grupo
B, onde qualifica-se uma, devido
à inclusão dos Camarões, selecção
anfitriã.
O público é chamado a encher o ENZ
Breves…breves…breves
Liga UEM chega ao fim...
A edição deste ano da Liga UEM, uma competição que movimenta
centenas de estudantes chegou ao fim. A competição
realiza-se anualmente e é considerada como a mais longa e regular
do desporto universitário que o país dispõe neste momento,
onde para além das unidades académicas da UEM conta também
com a participação de convidados de outras Instituições de
Ensino Superior.
A edição deste ano iniciou a 21 de Abril e contou com a presença
de 850 participantes, entre estudantes, atletas, massagistas,
árbitros, pessoal de apoio e gestores.
O encerramento contou com as partidas de voleibol, basquetebol
e futsal, em ambos os sexos, seguido de entrega dos prémios colectivos
dos 1º, 2º e 3º lugares, prémios dos melhores individuais,
e ainda prémios fair-play.
...e vem aí a Taça
Universitária
Enquanto isto, vai arrancar, a partir deste sábado até 17 de Novembro,
a VI edição da Taça Universitária, evento que se enquadra
no âmbito da prestação de serviços no domínio da extensão
universitária que vai culminar com as celebrações do dia Internacional
do Estudante, que se assinala no dia 17 de Novembro.
O mesmo realiza-se anualmente, sendo que nesta edição conta
com a Comissão de Gestão do Desporto Universitário da Cidade
de Maputo, e tem em vista preencher a ausência competitiva
do desporto universitário entre as selecções universitárias
da cidade e província de Maputo, proporcionando actividades
extracurriculares num ambiente de descontração e, consequentemente,
o bem-estar dos jovens estudantes.
Black Bulls campeão
da cidade de Maputo
Fazendo uma época extraordinária, 14 vitórias em 17 pontos e
sem nenhuma derrota, o Black Bulls sagrou-se campeão de futebol
da cidade de Maputo, deixando para trás o Matchedje, que
a uma jornada do fim da competição soma 28 pontos, contra 45
dos actuais campeões.
Assim, o Black Bulls vai disputar, no próximo ano, o campeonato
da segunda divisão pela zona sul, o que poderá abrir espaço para
o seu regresso ao Moçambola, numa competição que se espera
venha ser muito renhida, tendo em conta os outros correntes de
peso, nomeadamente, Desportivo e Estrela Vermelha.
Tubarões em
grande estilo
O Clube de Desportos Tubarões de Maputo foi o grande vencedor
do torneio longa distância, em natação, realizado no último
fim-de-semana, ao somar, na combinação das provas em masculinos
e femininos, 35 medalhas, assim distribuídas: 16 de ouro,
11 de prata e 8 de bronze. Na segunda posição ficou o Clube
Naval que totalizou 36, mas com apenas 13 de ouro, 12 de prata
e 11 de bronze.
O Golfinhos ocupou o terceiro lugar com 10 medalhas, ou seja,
menos três do que o Ferroviário. A última posição foi ocupada
pelo Zimpeto que apenas conquistou uma medalha.
Em masculinos, os Tubarões ocuparam o primeiro com 21 pontos,
seguido do Naval com 15. Em femininos, o Naval ocupou a
primeira posição com 21 pontos, ao que seguiram os Tubarões
com 14, Golfinhos com quatro e Ferroviário com 1.
Savana 12-10-2018 23 PUBLICIDADE DESPORTO
Doutoramento
Financiada pela Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional
BOLSA DE ESTUDO
Antropologia Cultural
Está aberto um concurso para atribuição de 1 (uma) bolsa de estudo no âmbito do Programa
UEM-Suécia 2018 -2023 tendo em vista o desenvolvimento de competências em ciências
sociais/humanas, capacitação institucional e produção de conhecimento científico. A bolsa
para Doutoramento em Antropologia Cultural na Universidade de Uppsala (Suécia) será
em regime de sandwich e está integrada no âmbito do projecto “Saúde, Política e Cultura.
i) Nacionalidade moçambicana;
ii) Mestrado em ciências sociais/humanas ou áreas afins;
iii) Média Final de Mestrado igual ou superior a 14 valores;
iv) Saber escrever e falar fluentemente a língua inglesa;
v) Estar disponível para estadia de um semestre por ano na Suécia;
vi) Experiência de docência no ensino superior assim como experiência
de pesquisa qualitativa e publicações científicas constituem vantagens.
viii) Em caso de igualdade de pontuação na avaliação das candidaturas,
será dada prioridade à candidatos do sexo feminino.
a) Carta de candidatura dirigida ao Director da Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS);
b) Diploma de Mestrado com respectivo certificado de cadeiras feitas;
c) Cópia integral da tese de Mestrado;
d) Síntese da tese de Mestrado (máximo de 8 páginas em língua inglesa);
e) CV(em língua inglesa enfatizando aspectos relevantes para a candidatura);
f) Fotocópia de BI ou Passaporte;
g) Pré-projecto de Doutoramento (máximo) de 8 páginas em língua inglesa) que deverá
estar em consonância com a temática do projecto acima mencionado;
h) Duas cartas de recomendação (inglês) redigidas por professores/professoras com
grau de Doutor(a) a exercerem actividades de docência e/ou investigação científica.
Os processos devidamente instruidos deverão ser submetidos até o dia 01 de Novembro de 2018, na
secretaria de Pós-Graduação da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, sita na Av. Julius Nyerere n°
453, edifício n° 10, 1° Andar Porta 203, através da dra Telma Maculuve, Telefone: 824572570 entre as
7h30 e 18 horas.
Informações adicionais poderão ser obtidas através da
Coordenadora do Projecto, Profa Doutora Carla Braga,
através do e-mail: carlamtbraga@gmail.com
Critérios de eligibilidade
Procedimentos para candidatura
Submissão de candidatura
FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
24 Savana 12-10-2018 CULTURA
O
escritor moçambicano
Carlos Paradona Rufino
Roque vai lançar, no próximo
dia 18 de Outubro, o
livro “Carota N’tchakatcha, Feitiços
e Mitos”. O livro é um romance
sobre património das narrativas de
transmissão oral, do Vale do Zambeze,
em particular, e de Moçambique
e porque não, africanas no geral
e nele o escritor Carlos Paradona
Rufino Roque recria a contribuição
das crenças de valores do mundo
físico e metafísico do Vale do Zambeze
na construção da história de
Moçambique. A edição da obra é
da Chil Editora, editora moçambicana,
e terá lugar na Mediateca do
BCI, estando a apresentação a cargo
do Professor Aurélio Ginja. Segundo
Marcelo Panguana “A escrita
de Carlos Paradona traz o cheiro
da nossa oralidade e a inesgotabilidade
das nossas tradições, maquiavélicas
ou não, reais algumas,
sobrenaturais outras, e que nos faz
imaginarmos alguém que sentado à
roda de uma fogueira, algures, nas
terras de Sofala, conta estórias que
enriquecem o imaginário de quem
Carota N’tchakatcha, Feitiços e Mitos
as escuta”. É uma escrita sem nenhuns
pretensiosismos. Sem excessivas
metáforas. Límpida. Transparente.
Sedutora. De um verdadeiro
contador de estórias. Como se disse,
a escrita de Paradona é simples.
Nada o move para a complexidade
discursiva, mesmo que a complexidade
da história que nos conta o
sugira. A história, refiro-me à história
que Paradona nos conta, deve
correr límpida como os rios. Como
o vento, destaca Panguana. Por seu
turno, o professor Lourenço do
Rosário, assevera: “Moçambique
pode orgulhar-se de autores como
Paradona Rufino Roque, que não
precisam de ficcionar nem nomes,
nem lugares, nem histórias, mas
demonstram competência para actualizarem
com arte o que nosso
povo vem fazendo e contando no
seu dia-a-dia”.
Os nomes das terras são aqueles,
não têm nada de ficção, os ritos, as
crenças e todo o sistema de valores
também são aqueles, não ficciona,
o que transforma a sua obra num
ensaio antropológico com uma
geografia bem determinada, reitera
Do Rosário. A capa de Carota
N’tchakatcha, Feitiços e Mitos, tem
a assinatura de Ídasse Tembe e o
prefácio foi escrito por Lourenço
do Rosário.
Carlos Paradona Rufino Roque
nasceu a 29 de Maio de 1963, em
Inhaminga, Sofala. É Doutorando
em Ciências Sociais e Políticas na
área de Desenvolvimento Socioeconómico,
no Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas - Universidade
Técnica de Lisboa; Doutorando
em Estudos Africanos, no
Instituto Universitário de Lisboa;
mestrado em Sociologia Industrial
e Estudos Laborais, pela Universidade
de Pretória (RSA) e Licenciado
em Direito, Universidade
Eduardo Mondlane. É membro
da AEMO desde a sua fundação,
onde desempenhou a função de
Secretário-Geral-Adjunto, entre
2008-2012. É Membro do Centro
de Estudos Africanos e Brasileiros,
na Universidade Técnica
de Lisboa; Membro Fundador do
Centro de Estudos Estratégicos da
Universidade de Trans-os-Montes
(Portugal). É professor universitário.
Como escritor, colaborou com
Diário de Moçambique, Jornal
Domingo, revista Tempo, Charrua,
Forja e Eco. Foi membro do júri do
Grande Prémio SONANGOL de
Literatura, de Angola. Actualmente,
é Advogado e Investigador em
ciências sociais. Tem os seguintes
livros publicados: A Gestação do
Luar (poesia, 1991), Tchanaze, a
donzela de Sena (romance, 2009),
N’tsai Tchassassa, a virgem de missangas
(Romance, 2013), Carota
N’tchakatcha, feitiços e mitos (Romance,
2018).
A.S
O
Centro Cultural Franco-
-Moçambicano (CCFM)
apresenta sexta-feira, dia
12 de Outubro, às 20:30h,
o Concerto “Hands up”, do músico
moçambicano Simba Sitoi.
O evento irá decorrer sob o mote
Hands Up, o mesmo que dá tema ao
seu mais recente single lançado no
showcase da MTV base, na África
do Sul, estando disponível em todas
as plataformas digitais. Hands Up
é também o single que dá entrada
ao próximo trabalho discográfico de
Simba Sitoi, ainda por publicar.
Na música, em alusão, estão impregnadas
as virtudes de um trabalho árduo
protagonizado por Simba Sitoi,
rapper moçambicano que conseguiu
firmar o próprio nome no mercado
nacional e singrar no circuito internacional.
A luta pela manutenção da chama
do Hip Hop moçambicano acesa no
mercado internacional – exercício a
que se devem juntar os fãs e admiradores
do artista – é dos mais nobres
pretextos para a realização do concerto
Hands Up.
O espectáculo, uma verdadeira caixinha
de surpresas, terá a duração de
duas horas e contará com a participação
de duas figuras renomadas, no
panorama da música moçambicana
e internacional, cujos nomes só serão
revelados na circunstância do
show.
Espera-se que seja uma verdadeira
celebração da cultura Hip Hop e
uma singela homenagem a milhares
de professores que dedicam as suas
vidas para a edificação de um futuro
risonho para Moçambique, qual pátria
de heróis.
Nelson Angelo da Conceição Sitoe,
conhecido como Simba, nasceu
na marginal de Maputo (MoçamSimba
homenageia professores
bique) sobre o 21 de Outubro de
1980. Este rapaz é um irmão gêmeo
de Sérgio, que perdeu sua vida
quando ele tinha apenas seis meses
de idade.
No início dos anos 80, Simba cresceu
ouvindo a música que ele foi exposto,
os gostos de Madonna, Lionel
Richie, Carlos Roberto, Michael
Jackson e outros.
Sua primeira paixão com o Hip-
-Hop começou em 1993 quando
viu a banda norte-americana “De
La Soul”, na TV. Mas ele só começou
a pensar seriamente sobre se engajando
no World Music em 1994,
quando ele ouviu “Eu costumava
amá-la”. Depois disso, nada mais
parou seus pensamentos e sonhos.
Ele começou a imitar cantores e em
1997 ele começou a compor suas
próprias letras, que, consequentemente,
formaram um grupo que foi
chamado Broxen.
Em 1999, ele afastou-se do grupo e
começou a trabalhar numa companhia
Individual que resultou numa
música chamada Glorious Food,
que foi lançada em 2001.
Este single foi um sucesso na capital
moçambicana, Maputo, que
o incentivou a gravar o álbum em
2005 com o título “Corra e conte a
sua mãe”. Ele apelou joburg gigantes
como a produção baseada iko e
dj papercutt.
Este é o seu primeiro álbum e já registrado,
mas mostra muita integridade
e principalmente vontade de
vencer na indústria da música.
Simba iniciou recentemente seu
próprio selo chamado “Brown Records”
e ele está muito animado com
os CDs que ele está à espera de liberação.
Simba não é apenas uma média artista
Hip-Pop, é um sonhador, um
homem jovem objectivo, que entende
a dificuldade dos meninos africanos
hoje. Ele sonha num melhor
amanhã, mas percebe que precisa
mais do que apenas um sonho, por
isso convida-o a ouvir o seu grito em
Run and Tell Your Mother. “Lovely
Day” - Simba
O álbum intemporal e insubstituível
“Corra e diga à sua mãe” é uma
obra-prima. É material para os mochileiros
e chefes alternativos, aqueles
que amam a mistura de Rap, Jazz
e Soul. Isto é para os colecionadores
de música e para os chefes que
querem saber mais sobre o hip-hop
moçambicano.
Simba apelou Jo’burg gigantes de
produção, tais como as Iko, possivelmente
um dos beat-makers mais
talentosos do momento e Papercutt
o rei dos mix tapes, provavelmente,
um dos maiores dj de hip-hop na
África a sul.
O projecto consiste em treze faixas,
a música e o trabalho mc conjunto,
resultando num bom produto final
que pode ser ouvido também mais
vezes.
Pessoas de todas as idades podem
apreciar este álbum por causa do
conteúdo lírico e entrega foram
bastante decente é quase impossível
ignorar a sua capacidade de tocar as
pessoas. Este é o alimento para o
pensamento, eu recomendo todos os
chefes a obter uma cópia. A.S
C
om a inauguração marcada
para 09 de Outubro,
a exposição do artista
Mudungaze vai estar
aberta ao público até ao dia 03
de Novembro, na galeria da Fundação
Fernando Leite Couto em
Maputo, focando-se na prática
tradicional do uso do “Remédio
da Lua” em Moçambique.
A exposição do artista moçambicano
Hélder Manhique, mais
conhecido como Mudungaze,
propõe uma visita ao mundo das
famíias moçambicanas através de
18 máscaras que foram produzidas
utilizando métodos de reciclagem
de resíduos sólidos. As
obras representam figuras com
personalidade própria que utilizam
o remédio da lua.
Mudungaze transfigura-se e
busca no simbolismo de três famílias
moçambicanas, olhar a
rica identidade cultural na nossa
sociedade, discutir a necessidade
do resgate dos valores culturais e
retratar semelhanças e diferenças
entre as classes sociais que usam o
Remédio da Lua, seja no escuro,
ao ar livre, na palhota ou no prédio
mais alto da cidade.
O artista Virgílio Ananias Sitole
descreve esta exposição que
tem a curadoria de Frédérique
Martin como “O simbolismo do
reencontro de Mudungaze com
as nossas tradições, a ligação e
comunicação com os nossos ancestrais,
o cordão umbilical com
“Famílias
Moçambicanas,
Remédios da Lua”
as crenças, com a lua, sendo esta,
o “guia” espiritual que ilumina as
visões e criatividade artística do
mascarado Hélder Manhique, um
homem livre na sua criatividade e
consciência”.
O remédio da Lua é um medicamento
da tradição moçambicana,
que se acredita proteger crianças
recém nascidas de doenças causadas
pela lua e outros elementos do
misticismo local.
O artista fez o curso médio de
documentação no Fundo Bibliográfico
de Língua Portuguesa
(CIDOC) e o de licenciatura
em Economia e Educação na
Universidade Pedagógica. Nutre
uma enorme paixão pelas danças
africanas com máscaras e dedicou
os últimos dois anos da sua vida
profissional a esculpir com restos
de metal e lixo. Fez parte de Exposições
colectivas em Maputo e
realizou em 2017 e 2018, as exposições
individuais Kinani “Jungle
Concrete” e “Second Chance
- Máscaras africanas no contexto
urbano” na 16Neto.
A Fundação Fernando Leite
Couto acolhe na sua galeria, pelo
menos uma exposição mensal, explorando
temas das vivências em
Moçambique e no mundo, usando
a arte como meio de conexão com
o exterior e intervenção social. A
exposição “Famílias Moçambicanas
– Remédio da Lua” estará disponível
até o início de Novembro,
levando magia a este espaço que
progressivamente se torna referência
incontornável das artes e
da cultura. A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1292 12 DE OUTUBRO DE 2018
2 Savana 12-10-2018 SUPLEMENTO Savana 12-10-2018 3
Savana 28-09-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) S
ão muitos os nossos compatriotas que vivem neste país, mas que
nunca usufruíram de uma boa vida. Conheceram o castigo do colono.
Conheceram a dita independência que na verdade nunca foi
independência, mas sim dependência. Aprendemos com a história
que o colonizado é pior que o colonizador. Parece conversa de um professor
de história.
Sabemos que os nossos pais tiveram dificuldades de ter uma vida condigna
desde a independência. A única coisa de que se orgulham é de ter comprado
casas a preço de banana. Já os jovens de hoje não têm essa sorte.
Reparem que nestas imagens vemos pessoas com idade para serem os pais
dos nossos pais, mas nunca perderam a esperança de um futuro melhor. Em
todos os processos eleitorais procuram estar lá a cumprir o seu dever cívico.
Sempre com a esperança de um futuro melhor. Um futuro melhor para si e
para a sua família. Entretanto, sabemos que este futuro está a milhas para os
pobres. Apenas um punhado de moçambicanos é que tem um futuro risonho.
O que marcou nestas imagens é a idade dos que aparecem. São moçambicanos
com idade avançada que já deviam ter perdido a esperança de um futuro
melhor, mas mesmo assim procuram lutar por um futuro melhor para os
seus netos.
Veja-se a senhora que aparece com duas bengalas, fez todo o esforço para
cumprir com o seu dever cívico. Esperamos que o vencedor tenha isso em
consideração. Os jovens no fundo procuram distrair o cenário com umas
risadas. Risadas momentâneas. Frustração vem aí mais uma vez.
Outros são estes dois idosos que representam a última esperança. Como
dizem a esperança é a última a morrer. Estes estão preocupados com futuro
de outras gerações. Vejam que outros de idade avançada cansaram de ficar
de pé, preferiram sentar. Mas não arredam o pé, querem cumprir com o seu
dever cívico, sempre com esperança de um futuro melhor. Mesmo que não
seja para eles.
Pela expressão facial demonstram que o futuro não será promissor. Ainda
falta muito para que o voto seja a realidade dos moçambicanos. Os moçambicanos
têm de saber o valor do seu voto. Se não conhecer vão sofrer até ao
fim das suas vidas.
Os jovens têm esperança de que será desta vez que as coisas vão mudar. O futuro
é visto como promissor. Nem a temperatura alta que se fez sentir impediu
as pessoas, principalmente os jovens, que aderissem às mesas de votação.
Agora, a pergunta que não quer calar é “qual será o futuro dos jovens”?
Os jovens querem saber o que lhes reserva o futuro. Mesmo com o roubo de
votos. Falam muito que querem a mudança para um futuro melhor. Assim
esperamos que esse futuro seja o desejável. É a última esperança que temos.
Porque depois disso não sabemos o que vem? Parece que a esperança é ultima
a morrer.
Última esperança
À HORA DO FECHO
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1292 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA Naita Ussene
C
om fortes chances de renovar
o mandato na presidência
do Conselho Autárquico
de Quelimane, o futuro
político de Manuel de Araújo continua
nas mãos do Tribunal Administrativo
(TA). Manuel de Araújo
diz que respondeu em tempo útil a
uma notificação do TA que, na semana
passada, solicitou a indicação
de contra-interessados na perca de
mandato do autarca que trocou a camisola
do Movimento Democrático
de Moçambique (MDM) pela Renamo.
Enquanto aguarda pelo veredicto
final, Araújo diz estar tranquilo
porque quem está a ser julgado
não é ele, mas a independência do
judiciário moçambicano.
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Futuro incerto para Manuel de Araújo
À espera do veredicto do TA
Por Armando Nhantumbo
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Em voz baixa
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Savana 12-10-2018 1
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EVENTOS
C
om uma carteira de fornecedores
que ascende aos 60
mil produtores espalhados
pelo país, a Olam Moçambique
está empenhada em promover
um agronegócio sustentável em
termos ambientais que, acima de
tudo, beneficie os agricultores, tornando
os actores activos, uma vez
que várias vezes são sacrificados
pela existência dos intermediários.
A Olam Moçambique apoia a produção
e comercialização anual de
cerca de 200 mil toneladas de produtos
agrícolas entre eles gergelim,
arroz, amendoim, castanha de cajú
através de financiamentos directos
juntos dos produtores.
A Olam, uma multinacional do
agronegócio com sede em Singapura,
que opera em Moçambique
desde 1998, tem nos pequenos
agricultores o seu principal aliado
para o sucesso do seu negócio, a
Pequenos produtores no agronegócios
companhia não possui campos de
produção, opta por trabalhar com
pequenos produtores dando-lhes
oportunidades de melhorarem a
sua condições de vida.
É neste prisma que tem apostado
numa relação de crescimento mútuo
com os produtores, promovendo
capacitações, disponibilização
de mudas ou sementes e assistência
técnica para o plantio, adubação e
colheita da produção.
Com lema “repensar a agricultura”,
a Olam Moçambique celebra este
ano o seu 20º aniversário, pensando
nos melhores modelos de criação
de capacidades para que o agricultor
não dependa exclusivamente de
um e único comprador ou daquele
produto, mas sim das necessidades
do mercado.
Segundo Claúdia Majante, directora
das Relações Públicas e Corporativas,
a Olam aposta na aquisição
da matéria-prima à porta do produtor
evitando o intermediário, o
que contribui em termos de ganhos
financeiros aos produtores.
Majante afirmou ainda que a empresa
tem incentivado os produtores
a cultivarem hortícolas,
distribuindo desta forma mudas e
sementes para o efeito, de modo
que não se tornem reféns dos produtos
que fornecem a companhia o
que lhes pode colocar em risco em
caso de ocorrência de calamidade.
O programa beneficia directamente
cerca de 60 mil pequenos produtos,
cuja maioria está agrupada em associações
e que se dedicam à produção
da castanha de caju, gergelim
e algodão.
A companhia tem duas fábricas
de processamento de castanha de
caju na província de Nampula, uma
no distrito de Monapo e outra no
distrito Angoche, que juntas empregam
seis mil trabalhadores. As
fábricas são responsáveis pela exportação
de 16 mil toneladas de
castanha de caju, o que representa
20% das exportações nacionais deste
produto.
Em Namaponda, no distrito de
Angoche, está baseada a associação
04 de Outubro que beneficia do
apoio técnico da Olam Moçambique.
Os agricultores contam que
com o apoio da companhia melhoram
as suas vidas, pois já conseguem
ter dinheiro para compra
de material escolar, roupa, medicamentos
e melhorar as casas.
A Olam Moçambique possui,
igualmente, duas refinarias de óleo
alimentar que operam nas cidades
da Beira e Matola, província de Sofala
e Maputo, respectivamente.
Possui, igualmente, três unidades
de descaroçamento de algodão
na Beira, Ribáuè, Morrumbala e
Guru, nas províncias de Sofala e
Zambézia.
No entanto, a fábrica, localizada
no distrito de Ribáuè, opera muito
abaixo do seu potencial. Está instalada
para processar 65 mil toneladas/ano,
mas só consegue fazer 12
mil toneladas no mesmo período.
Em causa está a qualidade do produto
disponibilizado pelos produtores
e, para reverter a situação, tem
apostado igualmente na assistência
técnica com recurso à tecnologia
GPS para avaliar a qualidade dos
campos fertilizados bem como o
momento exacto para sementeira.
O algodão disponibilizado actualmente
deve ser submetido à triagem
e subdivido em três categorias.
A Olam International é uma das
maiores empresas de agronegócios
do mundo com presença em 70
países, 60 mil trabalhadores, 16 mil
clientes, sendo considerada uma
das principais fornecedoras internacionais
de cacao, café, cajú, arroz
e algodão.
Savana 12-10-2018 2
DOCUMENTÁRIO SOBRE REASSENTAMENTO EM PALMA
Anúncio de lançamento público
Dia 15 de Outubro
Na Península de Afungi, distrito de Palma, Província de
Cabo Delgado, está em curso o processo de implementação
do Plano de Reassentamento das comunidades
vivendo na área do DUAT atribuído à Anadarko, para
a construção da Fábrica de Liquefação de Gás Natural
(LNG) a ser explorado na bacia do Rovuma.
Mais de 1500 agregados familiares serão física ou economicamente
afectadas, num processo social, económica e
mesmo culturalmente sensível.
Sobre este processo, SEKELEKANI, produziu um documentário,
abordando as suas fases mais marcantes, desde
consultas comunitárias e modalidades de participação
pública, critérios de cálculo de indemnizações ou compensações
e mecanismos de sua atribuição; comunicação
e mecanismos de reclamação das comunidades, entre outras
questões.
O referido documentário vai agora ser lançado publicaPHQWH
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Complexo Pedagógico da Universidade Eduardo (UEM),
em parceria com a Faculdade de Economia desta instituição
de ensino superior. Entre os participantes,
incluem-se os estudantes do Curso de Mestrado em
Economia e Gestão de Petróleo e Gás, que decorre
presentemente nesta Faculdade.
Espera-se também a participação de representantes
de instituições estatais, de empresas privadas; nomeadamente
da Anadarko, de membros da academia
e de pesquisadores, bem como de representantes
de organizações da sociedade civil e do público
em geral.
A sessão inicia as 17h00 e será seguida de debate público
aberto.
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Savana 12-10-2018 3
O
auditório do BCI, em Maputo,
acolhe, desde esta
terça-feira até ao dia 20
deste mês, a exposição fotográfica
sobre cancro da mama, intitulada
“Delaila”. Trata-se de uma
exibição composta por 20 obras que
pretende ilustrar a vida positiva e
um exemplo de superação da activista
Delaila Taju, através das fotografias
do fotógrafo moçambicano
Vladimir de Sousa.
Delaila Taju é natural de Memba,
província de Nampula, e residente
em Maputo, que trava um combate
contra o cancro de mama desde
2017.
Foi neste contexto que a activista
e Vladimir Sousa decidiram juntar
Delaila mostra “cara” na luta contra cancro da mama
-se no combate ao cancro de mama
através da fotografia com vista a
contribuir para a sensibilização da
sociedade acerca da importância do
diagnóstico e tratamento precoce,
como uma das chaves para sucesso
no tratamento do cancro de mama.
Na ocasião, Vladimir Sousa referiu
que, em Novembro de 2017 ate
meados de 2018, iniciou-se a colheita
e imagens para documentar
o processo de transformação que a
Delaila Taju estava a atravessar no
tratamento do cancro de mama.
“Ao longo de cerca de 10 meses
documentámos fotograficamente
as diversas transformações e o processo
delicado que é o tratamento
do cancro, desde a queda de cabelo,
o processo de quimioterapia, a ressaca
que se segue a cada processo
de quimioterapia e a pós-cirurgia
(remoção da mama em causa-mastectomia)”,
disse.
Acrescentou ainda que, em Moçambique,
apesar da doença contribuir
para morte de muitas mulheres,
nunca alguém tinha dado a
cara, para falar dos desafios e encorajar
as outras vítimas da doença.
Este ensaio fotográfico é para mostrar
que o cancro afecta as pessoas,
e mais ainda chocar a sociedade,
igualmente, alertar para o combate
contra o cancro de mama.
Refira-se que a exposição foi antecedida
por uma palestra sobre o
cancro de mama, que contou com
especialistas da área.
(E.C)
O
Banco Comercial e de Investimentos
(BCI) e a Comércio, Turismo e Agência
de Viagens Lda. (COTUR), assinaram
esta terça-feira, em Maputo, um protocolo
financeiro e de cooperação entre as duas
instituições, onde foi acordada a emissão de novo
cartão de crédito.
Trata-se de um documento que visa reforçar a relação
de parceria entre ambas entidades, abrindo
oportunidade para o desenvolvimento de novos
projectos que possam contribuir não só para a
melhoria de actividades conjuntas, mas também
dotar o país de ferramentas que permitam explorar
cada vez mais o potencial turístico existente e
incentivar cada vez mais os agentes e os operadores
afectos à área do turismo.
Conforme referiu o PCE do BCI, Paulo Sousa,
“era necessário dotar a empresa de meios adicionais,
não só no seu relacionamento bancário com
o BCI, mas também na sua relação com os seus
clientes e por isso fomos desenvolvendo as nossas
equipas que ao longo do tempo foram desenvolvendo
trabalho no sentido que este protocolo hoje
se pudesse materializar conferindo um conjunto
de vantagens para a empresa e para os seus clientes,
que seguramente a partir de hoje vão estar em
prática e visando também um fim adicional último
de emissão de um novo meio de pagamento
privado exclusivo para clientes da COTUR e que
vai ser uma ferramenta adicional para promover
a venda dos serviços que a COTUR presta aos
seus clientes com uma facilidade de crédito que é
conferida pelo BCI nesse cartão”’.
Por seu turno, o PCA da COTUR, Noor Momade,
indicou: “este é mais um passo que a COTUR
está a dar dentre tantos outros. Queremos
entrar num panorama completamente diferente.
A título de exemplo, o lounge VIP no aeroporto
internacional de Maputo. Não há nenhuma
agência no mundo inteiro que tenha um lounge
no aeroporto. São normalmente as companhias
aéreas que depois vendem o serviço”, disse, anunciando
que a COTUR vai, brevemente, inaugurar
um lounge no aeroporto. “Portanto este protocolo
vai alavancar o que estamos a fazer. Queremos de
algum modo facilitar, permitindo que as pessoas
que tenham dificuldades em pagar de imediato
possam efectuar as suas viagens não só de serviço
mas também de lazer. O nosso país é ainda um
diamante por lapidar”.
BCI e COTUR
firmam parceria Faça a diferença
Candidate-se a um Australian Award
Você tem potencial de ser um futuro líder contribuindo para o desenvolvimento
sustentável de Moçambique? Candidate-se agora para obter formação de nível
internacional e tornar-se líder na indústria com fortes laços de ligação à Austrália.
As candidaturas às bolsas de estudo Australia Awards – Africa, para estudar na Austrália,
estão abertas de 1 de setembro até 3 de dezembro de 2018. As candidaturas deverão ser
submetidas através do site www.australiaawardsafrica.org
O Australia Awards – Africa é um programa de bolsas de estudo prestigioso que tem
contribuído para o desenvolvimento de liderança e capacidade africana desde a década de
1960.
O programa oferece bolsas completas para cursos de pós-graduação de curta duração e de
mestrado para profissionais moçambicanos.
Os antigos estudantes das bolsas Australia Awards Africa regressam com competência
e conhecimento que os habilitam a contribuir para o desenvolvimento sustentável no seu
país. Para além disto, unem- se a uma comunidade global de antigos estudantes com laços
contínuos entre a África e a Austrália.
O processo de candidatura é aberto e competitivo, proporcionando igualdade de
oportunidades a todas as pessoas elegíveis, independentemente do género, etnia ou
deficiência.
Informação adicional:
( Os profissionais elegíveis podem candidatar-se através de:
www.australiaawardsafrica.org
( Para obter maiores informações sobre os estudos na Austrália, por favor visitar o site:
www.studyinaustralia.gov.au
Savana 12-10-2018 4
O
s jovens devem trazer soluções
para o desenvolvimento
do País, usando os
incentivos injectados nas
associações dos diversos extractos
da sociedade, com contribuições e
maior aproveitamento, produzindo
soluções para uma maior produtividade
juvenil, apoiando a rapariga e
trazendo os jovens do sector informal
para o formal.
Estas considerações foram feitas por
Ana Flávia Azinheira, vice-ministra
da Juventude e Desportos, que falava
à margem da abertura oficial do seminário
de líderes do Sul da África
AIESEC promove seminário de líderes africanos
(Southern Africa Summit), que decorreu
na cidade de Maputo, entre os
dias 3 e 7 de Outubro.
De uma forma geral, conforme referiu
a governante, espera-se que os líderes
reunidos tragam bases para que
os jovens sejam vistos como maiores
transformadores da nossa economia
e devem ainda estar preparados para
a quarta revolução industrial que o
continente africano vai sofrer.
A vice-ministra explicou ainda que o
nosso País está alinhado com as políticas
da região e das Nações Unidas
(ONU): “Temos as metas dos Objectivos
de Desenvolvimento Sustentável,
das várias plataformas que concorrem
para a redução da pobreza e
para o empoderamento da juventude
como a maior luta do Governo”.
A presidente da Associação Internacional
de Estudantes em Ciências
Económicas e Empresariais, Deasy
Muzima, disse que o encontro não se
restringe somente aos membros desta
agremiação, mas a todos os extractos
sociais interessados em reverter o actual
cenário económico do País, através
de políticas e acções para o empoderamento
da mulher e, ainda, buscar
mecanismos para impactar esse meio
geográfico e contribuir para a agenda
2030.
Em relação aos Objectivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS),
que foi um dos principais pontos deste
encontro, Deasy apontou a qualidade
de educação, por ser uma forma
poderosa para a mudança da situação
no País.
“Faz todo o sentido, porque no final
do dia é preciso definir acções para o
estágio profissional internacional, enviando
cérebros para uma formação
prática que criem um efeito multiplicador
com uma acção pequena de
intercâmbio multicultural que muda
o cenário do capital humano local”,
sustentou.
O representante das Nações Unidas,
residente em Moçambique, Helvisney
Cardoso, disse que para o País é
uma mais-valia acolher este encontro,
para discutir os ODS, podendo
cada um dos líderes presentes veicular
os cinco (05) Ps, nomeadamente a
paz, parceiros, prosperidade, planeta
e plenitude.
Os líderes do sul de África têm a
missão de transformar os ODS em
prática, criando iniciativas para o
autoemprego, o empoderamento da
mulher e tirar os jovens do sector informal
para o formal.
Importa referir que este é o terceiro
encontro dos líderes do sul de África
e o primeiro a ter lugar em Moçambique.
A
empresa internacional líder
em petróleo e gás denominada
Total lançou, esta semana,
o Desafio Startupper
do ano 2018-2019. O desafio tem
como objectivo apoiar e premiar jovens
empresários locais em qualquer
sector empresarial com um projecto
ou negócio a operar há menos de dois
anos.
Após o seu sucesso na primeira edição
realizada em 2015 em cerca de
30 países africanos, a empresa Total
traz de volta o desafio desta vez com
quase 40 países envolvidos ao nível
do continente.
De acordo com a organização do
evento, os projectos serão avaliados
com base na sua natureza inovadora,
Total lança Desafio Startupper
o impacto social e comunitário, como
também a viabilidade e potencial
para o desenvolvimento.
Cada vencedor receberá a designação
de “Startupper do Ano da Total”
e ainda apoio financeiro assim como
treinamento profissional e publicidade
extensa para divulgar o seu projecto.
Segundo o director-geral da Total
Moçambique, Frederik de Vos o Desafio
Startupper do Ano 2018-2019
é uma forma de reafirmar o compromisso
da empresa em termos de
capacitação, auxiliando os jovens empresários
a realizar os seus projectos.
Esperança Bias, madrinha do projecto
Startupper, afirma que a programa
vem promover a iniciativa dos Jovens,
perspectivando que haja maior adesão
e fazer com que a camada juvenil
sinta-se acarinhada por poder ter um
apoio financeiro e técnico para desenvolver
o seu projecto.
No presente ano, a inovação consiste
em apoiar as mulheres empresárias
nomeando a melhor mulher empresária
em cada país onde irá decorrer
o desafio. Bias, uma antiga ministra
dos Recursos Minerais, considera que
esta é uma das formas de encorajar
mais as mulheres a participarem no
Desafio.
A Total está presente em mais de 130
países do mundo inteiro, provendo e
produzindo energia de forma consistente,
com benefícios económicos,
sociais e ambientais. Entretanto, as
candidaturas devem ser submetidas
de 9 de Outubro até ao dia 13 de Novembro.
(C.C)
A
Água da Namaacha, uma
marca da Sociedade de
Águas de Moçambique
(SAM), venceu o prémio
internacional de Qualidade onde
foi galardoado com o The Winner
Award 2018, numa cerimónia que
decorreu em São Paulo no Brasil.
Segundo os responsáveis pela premiação,
a mesma está baseada num
aprofundado estudo de mercado realizado
em Moçambique e que abarcou
todas as marcas disponíveis no
mercado.
Água da Namaacha premiada
A organização referenciou que a
Água da Namaacha notabiliza-se
como sendo aquela que mais confiança
transmite aos consumidores, que
apresenta uma metodologia de produção
mais moderna e rigorosa, com
maior qualidade e que mais e melhor
comunica com o público-alvo.
Márcia Lumbela, directora comercial
da SAM, considera que esta premiação
faz justiça ao esforço integrado
que a empresa tem levado a cabo, ao
nível do investimento industrial, da
formação dos seus funcionários, da
modernização da imagem, alcançando
os mais elevados índices de satisfação
do cliente.
A directora comercial da Água da
Namaacha revelou ainda que está
para breve a introdução de novas garrafas
de 500 ml e 1,5 L no mercado
com imagem moderna, oferecendo
conforto e elegância aos consumidores,
que irão aumentar ainda mais
os níveis de satisfação e fidelização
àquela que é considerada, por vários
estudos independentes, a melhor
água de Moçambique. (C.C)
O
Millennium bim apoiou
a produção e execução
de um mural de azulejos
feito a partir de plástico
reciclado recolhido nas praias e
ruas da Cidade de Maputo. Os
azulejos, que compõem o painel,
foram feitos através de duas máquinas
especialmente concebidas
para depurar e triturar detritos
de plástico e que depois transformam
este lixo altamente poluente
em peças que podem ser úteis
Inaugurado na quarta-feira passada,
o mural encontra-se junto
à rotunda situada no início da
Avenida Marginal em Maputo, e
é primeiro ao nível do continente
africano, segundo os promotores
da iniciativa, a Reciclagem Serviços,
LDA.
O evento contou ainda com uma
acção, no mesmo local, de pintuConstruído
primeiro
mural de azulejos de
plástico reciclado
ra de esculturas que representam
duas espécies animais – uma tartaruga
marinha e um hipopótamo.
Vários estudantes da Escola
Secundária 3 de Fevereiro, de
Maputo, pintaram com as suas
mãos estes símbolos da fauna
moçambicana como forma de
sensibilização sobre os riscos de
poluição causada pelo lixo plástico
nos rios e praias do país.
Este apoio do Millennium bim
insere-se no projecto ‘Uma Cidade
Limpa pra Mim’ no âmbito
do programa de responsabilidade
do Banco ‘Mais Moçambique
pra Mim’ e pretende alertar a sociedade
civil para a valorização e
conservação dos espaços públicos
bem como sensibilizar as crianças
e jovens para a importância da
implementação dos bons hábitos
de higiene nas escolas e bairros.
(E.C)
Ciclo de cinema no CCBM
A
s embaixadas de Brasil, Rússia,
Índia, China e África
do Sul realizam o Ciclo de
Cinema dos BRICS entre
os dias 8 e 13 de Outubro, no Centro
Cultural Brasil-Moçambique
(CCBM).
O Ciclo, organizado conjuntamente
pelas embaixadas dos países dos
BRICS em Maputo, contará com
filmes recentes e nunca exibidos em
Moçambique. Busca-se oferecer importante
oportunidade ao público da
cidade de assistir filmes de qualidade,
com grande sucesso de público, que
não puderam e não costumam entrar
no circuito comercial da cidade. Os
filmes serão exibidos na língua original,
com legendas em português.
A sessão de abertura do Ciclo terá
lugar a 8 de Outubro, às 18:00h, com
a exibição do filme brasileiro Gabriel
e a Montanha, de 2017. A película
é uma narrativa poética sobre
a viagem de Gabriel Buchmann pelo
continente africano e sua decisão de
escalar o mítico Monte Mulanje. Foi
exibido pela primeira vez na Semaine
de la Critique, seção do Festival de
Cannes 2017, tendo conquistado o
Prêmio Visionário France 4.
Em seguida, no dia 9 de Outubro,
sempre no horário das 18:00h, será
exibido o filme russo Sobibor, baseado
na história da insurreição do campo
de extermínio Sobibor, durante a
Segunda Guerra Mundial. Alexander
Pechersky, oficial soviético e prisioneiro
de guerra, conseguiu fazer o
impossível - organizar uma fuga em
massa dos prisioneiros. O filme foi
seleccionado pela Rússia para concorrer
ao Óscar de Melhor Filme
Estrangeiro.
No dia 11 de Outubro, pelas 18:00h,
será exibido o filme indiano Mary
Kom, uma crónica de uma realização
audaciosa da pugilista Indiana Mary
Kom (Priyanka Chopra), que ultrapassou
todas as dificuldades antes de
realizar o seu sonho de vencer medalhas
no campeonato mundial e no
Jogos Olímpicos para a Índia.
No dia 12 de Outubro, às 18:00h,
será a vez da exibição da comédia romântica
chinesa “If you are the one”
(Se és a pessoa certa), que conta a história
de Qin Fen, um inventor solteiro,
honesto e divertido, que conhece
Smiley, deprimida pela traição pelo
término de seu relacionamento. Os
dois viajam para Hokkaido para tentar
aliviar a dor de Smiley, e ambos
gradualmente encontram amor verdadeiro
e redenção durante a jornada.
O filme sul-africano Kalushi encerra
o Ciclo, no dia 13 de Outubro, às
18:00h. O filme é baseado na história
real de Solomon Kalushi Mahlangu,
vendedor ambulante de rua quando o
Levantamento Estudantil de Soweto
eclodiu, a 16 de Junho de 1976. Mesmo
sem ter participado nos protestos
estudantis, Salomon foi brutalmente
espancado por um policial por viajar
ilegalmente de comboio. Após o incidente,
vai para o exílio com o ANC,
para ser treinado como combatente.
Após o seu retorno à África do Sul,
ele torna-se um ícone internacional
do movimento de libertação do país.
Realizado pelo cineasta sul-africano
negro Mandla Walter Dube, contando
com equipa totalmente sul-africana
e contado inteiramente sob uma
perspectiva negra, Kalushi é uma importante
história anti-apartheid e um
filme importante sobre o longo percurso
do país em busca da verdade,
igualdade, compaixão e reconciliação.
(em Inglês, Africâner e Tsotsi-Taal,
com legendas em Inglês). A.S
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