Fan Bingbing foi acusada de corrupção. Ao reaparecer ao público, pediu desculpas nas redes sociais e elogiou as "excelentes políticas" do Partido Comunista da China.
FRANCK ROBICHON/EPA
A atriz mais conhecida da China reapareceu ao fim de 100 dias sem se saber nada dela. Mas ainda há muitos mistérios por detrás do seu desaparecimento durante três meses. Fan Bingbing pediu entretanto desculpas nas redes sociais e elogiou as “excelentes políticas” do Partido Comunista.
As indagações sobre o seu paradeiro foram frequentes, durante os últimos meses, e chegou a ser publicada uma notícia, no início do mês de setembro, a explicar o desaparecimento da estrela de cinema que dizia que a atriz estaria “sob custódia estatal e prestes a ir a um julgamento legal”; porém, a notícia foi apagada do site da publicação.
O regresso de Bingbing confirma, agora, o seu futuro sombrio: o fisco reclama dela uma multa de 883 milhões de yuan (cerca de 111 milhões de euros) por fuga aos impostos e por outros delitos relacionados. Se a atriz pagar a multa dentro do prazo estabelecido, não serão feitas acusações penais contra ela.
Nas redes sociais, Fan Bingbing escreveu uma mensagem a pedir desculpa pela ausência, dizendo que “nunca tinha passado por tormento igual na vida”. Afirmou aceitar o castigo das autoridades e disse que ia pagar a multa. Aproveitou ainda o momento para elogiar as políticas da China, ao dizer: “Sem as excelentes políticas do Partido Comunista da China e o país, sem o carinho das pessoas, não existiria Fan Bingbing”.
A estrela de 36 anos soma já duas décadas de carreira no cinema, sendo que esta se expande a campanhas publicitárias, que usam o seu rosto — considerado cânone da beleza perfeita na China.
Em maio passado, o apresentador chinês Cui Yongyuan acusou a atriz de um crime fraude fiscal na Internet, dizendo que Fan utilizava contratos de duas partes — designados “yin-yang” —, mas chegou a pedir desculpa mais tarde, quando a sua equipa reagiu às acusações de forma “furiosa”, conta a CNN.
O que é certo é que a atriz não era vista em público desde então e a denúncia confirmou-se: no último filme que fez, Air Strike, o contrato real estipulava uma retribuição de cerca de 2.52 milhões de euros e o oficial reduzia o valor a cerca de 1.26 milhões de euros.
A última vez que a atriz tinha aparecido publicamente tinha sido no dia 1 de julho, desde que os rumores sobre os seus problemas com as autoridades fiscais da China tinha surgido. A marca australiana de suplementos Swisee, que tinha contratado a atriz para ser a cara da sua campanha de publicidade, também tinha rompido o acordo. Fan deixou de estar igualmente ativa nas redes sociais — Weibo e Twitter.
Segundo um artigo publicado no South China Morning Post, Fan Bingbing encontrava-se detida no balneário da província de Jiangsu, na costa chinesa, sob um registo de controlo que se aplica normalmente aos suspeitos de corrupção e aos dissidentes políticos.
A investigação dos serviços fiscais fez com que um dos assessores da estrela de cinema tivesse sido igualmente detido, acusado da destruição de documentos para esconder a sua cliente. Foi também descoberto que a atriz deixara de pagar cerca de 32 milhões de euros de impostos das suas empresas, dos quais 25 milhões classificados como fuga ao fisco. Agora esse dinheiro terá de ser reposto e serão feitas buscas ao resto da ‘comunidade’ de cinema para perceber se também usa as mesmas práticas.
Fan Bingbing é protagonista de filmes como “I Am Not Madame Bovary” (2016), de Feng Xiaogang, e de “Lost in Beijing” (2009), bem como de séries populares de televisão e comédias românticas. É considerada a atriz melhor paga na China continental.
