Resultante da informação anual sobre Estado da Nação (20/12/2017), dentre vários assuntos arrolados, uma das palavras que dominou o relatório apresentado pelo Chefe do Estado, foi o termo resiliente, que pelas minhas contas chegou a ser citada 17 vezes. Dai a minha indignação. Afinal, o que significa resiliente para dominar o Key Words deste informe anual da nação?
Ora, como um bom curioso para sanar a minha dúvida tive de recorrer ao dicionário, por sinal de Sociologia. Em relação a esta palavra específica, o que pude reter é o seguinte: Resiliência: “é a capacidade que um individuo ou uma população apresenta, após momento de adversidade, conseguindo adaptar-se ou evoluir positivamente frente à uma situação, seja ela crise económica e/ou politica”.
Conforme o termo, a primeira pergunta que fiz aos meus botões, é a seguinte: Será que já existe o momento que resulta dessa adversidade? Se sim, quais são as balizas cronológicas desse momento adverso? Ou seja: quais são os principais momentos que derivam desta resiliência? Em termos de significado e entendo que esta palavra não tem enquadramento concreto para o contexto que o Pais vive. Pois, até hoje ainda estamos numa situação incerta.
Em termos de ESTRUTURA o discurso tem o seu mérito, mas na generalidade o CONTEÚDO que o chefe do Estado apresentou não reflecte as dinâmicas do ano 2017, logo, foi mais um relatório não fiel e sobretudo pobre em termos dados. Ademais, não conheço um relatório objectivo sem dados.
Sobre a resenha anual do Estado na Nação no geral, dentre a apresentação da radiografia de diversos sectores, um dos pontos que chamou-me atenção foi a análise das actividades desenvolvidas a nível dos sectores que mexem com a sensibilidade dos jovens e não só, nomeadamente: HABITAÇÃO, EMPREGO E DESPORTOS.
A) O informe sobre estes sectores particularmente, chamou a minha atenção, primeiro por ser jovem, segundo por saber que estes sectores constituem a prioridade do governo sobretudo em termos daquilo que nos tem habituado nos discursos do dia-a-dia. Alias, até em tempos de campanha eleitoral esses tem sido os sectores que tem sido vítimas da agenda da campanha eleitoral e não só.
B) Portanto, em relação às políticas em referencia, repito o interlucutor foi mais superficial ainda, E" que o chefe do Estado não trouxe dados (números), que REFLECTEM a radiografia das políticas destes sectores em referência. Pessoalmente, penso, que é impossível falar de esforços de governo em relação a habitação sem apresentar os números e sobretudo o tipo de jovens que beneficiam da “benevolência” das políticas de habitação por exemplo.
C) Ora vejamos, um licenciado que trabalha na função pública não tem condições para arrendar ou comprar uma casa a nível que resulta do famoso esforço a nível desta política. Segundo, a política de emprego ainda constitui um grande mártir para os jovens em Moçambique. Todos projectos de habitação para jovens estão acima de 25.000.00 MT mensal.
D) Igualmente, penso que é utópico falar sobre possíveis postos de emprego sem necessariamente falar de dados quantitativos referentes aos postos de emprego que foram criados e os que possivelmente serão criados e como isso irá se reflectir.
E) No desporto, falar de taças arrecadadas na categoria salto à corda é ser incoerente e injusto. Pois, estes mesmos troféus não resultam do esforço do governo, uma vez que esta modalidade pela sua natureza não se beneficia dos fundos do governo.
Face a este informe, acabei percebendo de forma clara e objectiva a pertinência pensar-se numa brecha de Lei para passar-se a discutir o Informe Anual do Estado da Nação na presença do Chefe do Estado no parlamento para ter maior relevância como um todo.
Alias, em jornalismo aprendi que uma informação só torna-se relevante a partir do momento em que obedece o princípio de contraditório. Ou seja, enquanto o relatório anual sobre Estado da Nação apresentado anualmente pelo Chefe do Estado, não for confrontado pelos parlamentares não passa de um simples informe . É que mesmo em conferências de imprensa o jornalista tem a possibilidade de confrontar o interlocutor em função dos dados disponíveis com vista a trazer a validade material ou imaterial do assunto.
MÉRITO, DEMÉRITO E NOVIDADE
Um dos MÉRITOS deste informe, e" a na protecção do sector da saúde e outros sectores sócias
Quanto aos DEMÉRITOS deste informe é que o chefe do Estado falou pouco ou quase nada sobre o assunto que preocupa mais a todos os moçambicanos, nomeadamente: Corrupção, Dividas Ocultas, Situação Económica e Direitos Humanos. Penso que devia ter dissecado um pouco mais este assunto.
NOVIDADE: Pela primeira vez o chefe do Estado pronunciou por completo o nome do líder da Renamo, Afonso Marceta Macacho Dhlakama.
Quanto a negociação da PAZ, o Chefe do Estado teve o mesmo que cuidado que 2016, descreveu o assunto de forma muito estratégica e cautelosa.
De tudo o que o Chefe do Estado apresentou, estou mais esperançoso em relação ao alcance de consensos sobre a Paz. O resto é para o boi dormir.
- Euclides Flavio FB.
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