Rafik
Sidat, Presidente da Liga Desportiva de Maputo, vai processar
criminalmente Artur Semedo, treinador da União Desportiva do Songo, por
calúnia e difamação.
Artur Semedo disse, ontem, que o campeão nacional de futebol é decidido pelos irmãos Rafik Sidat e Shafee Sidat.
24
horas depois das declarações de Artur Semedo, Rafik Sidat fez uma
exposição à Liga Moçambicana de Futebol (LMF), organismo que gere o
Moçambola, na qual informa que irá apresentar uma denúncia contra o
técnico pela prática, em autoria moral, de um crime de difamação
agravada de calúnia.
Na
carta, a qual deu entrada igualmente no Ministério da Juventude e
Desporto, Sidat apela ainda à Liga Moçambicana de Futebol a instaurar um
processo disciplinar a Artur Semedo e a puni-lo exemplarmente. Pois,
refere Sidat na exposição, que passamos a citar, “concluímos que o
senhor Artur Semedo, sabendo que o que dizia não corresponde a verdade,
imputou um facto ao signatário, ofensivo da sua honra e consideração”.
Num
outro ponto, Sidat refere: “o senhor Artur Semedo actuou de forma
livre, voluntária, deliberada e consciente, bem sabendo que a sua supra
descrita conduta era proibida e punida por lei e regulamentação. Atento
todo o sobredito, verificamos que se encontram preenchidos todos
elementos (objectivo e subjectivo) do ilícito penal e disciplinar”.
Rafik
recorda, igualmente na exposição, que “nos termos legais comete o crime
de difamação e calúnia quem dirigindo-se a terceiro, imputar a outra
pessoa, mesmo sob a forma de suspeita, um facto ou formular sobre ela um
juízo, ofensivos da sua honra e consideração ou reproduzir uma tal
imputação de juízo”.
Acrescenta
Sidat: “se a ofensa for praticada através de meios ou em circunstâncias
que facilitem a sua divulgação, neste caso através de rádios e
televisões com público nacional e internacional as penas devem ser ainda
mais agravadas”.
Numa
outra passagem da carta, Rafik Sidat refere que: “por todo o exposto, o
signatário sugere que seja instaurado procedimento disciplinar contra o
senhor Artur Semedo para que este tenha oportunidade de cabalmente
demostrar que o que afirmou é verdadeiro e, não conseguindo, deverá ser
punido com pena exemplar”.
Presidente da Liga Moçambicana de Futebol reagia às declarações de Artur Semedo
Semedo disse, em 2012, que teve todo o apoio de Rafik Sidat na então Liga Muçulmana, equipa com a qual foi campeã nacional
“São pronunciamentos graves que colocam em causa o esforço de empresas públicas”, Ananias Couana
O
presidente da Liga Moçambicana de Futebol, Ananias Couana, diz que os
pronunciamentos de Artur Semedo são “muito graves”, na medida em que não
afectam apenas Rafik e Shaffe Sidat, mas o desporto moçambicano no
geral. Couna refere, ainda, que as declarações do treinador da União
Desportiva do Songo afectam “todo o esforço que é feito ao nível das
empresas públicas em Moçambique, assim como aquilo que os clubes têm
feito para competir”.
Cauteloso,
o número um da Liga Moçambicana de Futebol é da opinião que Artur
Semedo deve, para já, provar o que disse no final do encontro entre a
União Desportiva do Songo e o Ferroviário da Beira, embate que terminou
com a vitória da segunda formação por um a zero. “Agora, ele tem de
provar que estas duas pessoas – Rafik e Shaffee Sidat – é que controlam o futebol em Moçambique”, desafiou Couna.
O
dirigente recordou, por outro lado, que existe um órgão competente, o
Conselho de Disciplina da Liga Moçambicana de Futebol, que irá analisar o
caso. “O que está claro é que o nosso regulamento é regulado. Portanto,
os pronunciamentos contra os dirigentes desportivos e árbitros estão
regulados. Já se sabe o que deve ser feito”.
Quando
questionado sobre as penalizações previstas no caso de pronunciamentos
que vão contra o regulado pelo Conselho de Disciplina da Liga
Moçambicana de Futebol, Ananias Couna pronunciou-se nos seguintes
termos: “Estão previstas várias penalizações, que vão desde o pagamento
de uma multa, suspensão até mesmo ao banimento”.
Recuando
no tempo, Ananias Couna lembrou que “alguns treinadores foram banidos
do futebol”. Disse, igualmente, que “já tivemos jogadores que foram
banidos do futebol. Nós temos que nos comportar como desportistas”.
De
recordar que, na passada quinta-feira, o presidente da Liga Moçambicana
de Futebol apelou a todos os intervenientes da 29ª jornada do Moçambola
a pautarem por fair-play, civismo e imparcialidade. “Nós
sabemos que esta jornada reserva-nos jogos importantes, que decidem
muita coisa. O nosso apelo aos desportistas é no sentido de os mesmos
olharem para o futebol como uma festa e campo de fair-play e civismo”, apelou, na altura, Ananias Couana.
O que disse Artur Semedo no passado sobre os mesmos dirigentes desportivos?
Em
2012, após a sua saída da então Liga Muçulmana de Maputo, Semedo disse,
no programa Grande Entrevista da Stv, que apenas Rafik Sidat, a quem
hoje acusa de ser o “dono do futebol”, era um dos únicos que o apoiavam
enquanto técnico do clube.
Semedo
disse, ainda, que havia respondido apenas ao convite pessoal de Rafik
Sidat para treinar o clube na altura. “Foram dois anos e meio de ligação
à Liga, a convite do presidente do clube. Na verdade, o apoio a minha
pessoa estava apenas vinculado ao presidente do clube e, eventualmente,
ao Sheik Cássimo David”, disse na referida entrevista.
Ainda
assim, Semedo apontava Zuneid Sidat e Shaffee Sidat como as pessoas que
interferiam no seu trabalho, facto que tinha contribuído para o seu
afastamento do comando técnico da então equipa “muçulmana”. O agora
técnico da União Desportiva de Songo dizia serem pessoas que tinham
cumplicidade com o clube, ou seja, “ligação afectiva ao clube”. E
justificava a sua posição com o facto de achar que “não fosse uma pessoa
grata, simpática para essas duas pessoas, desde o início” da sua
ligação com a Liga (Muçulmana). “Portanto, eles deviam ter outro tipo de
interesses, desde a integração de jogadores no plantel, planificação da
época, constituição do plantel, inviabilização de contratação de
jogadores, entre muitos outros factores”, só para citar alguns exemplos
dados por Artur Semedo. E acrescentou que “usavam até métodos
subversivos e algumas vezes profanos contra a equipa de futebol” que
resultaram na sua saída do clube.
Na
mesma entrevista, Artur Semedo acusou Zuneid Sidat, agente FIFA, e
Shafee Sidat, actual presidente da Federação Moçambicana de Atletismo,
de terem influenciado a sua saída do clube, pois não se justificava que
um “casamento” de dois anos e meio fosse interrompido sem que tenha sido
por maus resultados. Disse, na ocasião, há quatro anos, que a sua
ruptura foi por influência de alguém. “Não faz sentido que, decorridos
estes anos, tendo eu inclusivamente proposto ao clube que escolhesse um
outro treinador, por termos tido algumas desavenças, que foram públicas,
isso não tenha sido aceite. É claro que o clima de alguma instabilidade
estava criado e as relações estavam cada vez mais a deteriorar-se. E
chegámos a um desfecho que é ocultado pelos resultados. Sublinho, uma
vez mais, ocultado pelos resultados”, para justificar não ter sido
problema de resultados que o tenham afastado do clube.
A
referida entrevista concedida à Stv foi veiculada no dia 11 de Julho de
2012 e transcrita para o jornal “O País”, na edição do dia 12 do mesmo
mês.
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