terça-feira, 25 de outubro de 2016

Paul Kagame (Presidente do Ruanda) de visita a Moçambique: para celebrar ou para chorar?


O presidente do Ruanda, Paul Kagame, visita, a partir de amanhã, o nosso país. Apesar de as estatísticas mostrarem que Ruanda se está a desenvolver, sobretudo em termos econômicos, são abundantes as reservas sobre se tal desenvolvimento será sustentável, dado, dentre outros:
- O facto de Kagame de tudo fazer, até manipular a Constituição, para se manter no poder;
- O facto de Kagame perseguir ferozmente os seus críticos, os que se recusam a cometer ilicitudes a bem do seu regime, na esteira do que se diz (ver links abaixo) que ele possui um Death Squad (Esquadrão da Morte), que opera em várias partes do mundo, Moçambique incluso.
Quanto ao segundo e último facto exemplificativo acima - NB: para se saber se a sopa está ou não boa, não é preciso tomar toda a panelona para um casamento com mil convidados, como costumava dizer um docente meu - há a referir que uma das vítimas do sobredito Death Squad foi o jovem Theogene Turatsintse, cujo corpo foi achado a flutuar [e sem vida] na orla Moçambicana, em 2012, depois de ter sido raptado três dias antes.
Theogene Turatsintse, ou, simplesmente, Theo, como era tratado pelos que lhe eram próximo, assumiu, de 2005 a 2007, a pasta de PCA do Banco Ruandês de Desenvolvimento, depois que descoberto por Kagame num encontro com a comunidade ruandesa em Maputo, instituição financeira que se encontrava com uma excessiva carteira de financiamentos mal-parados, todos eles para elementos do regime de Kagame ou para outras figuras próximas àquele (Kagame). No seu reinado, Theo fez de tudo para recuperar os fundos públicos que se achavam em mãos de supostos democratas e supostos amigos do povo.
Em 2007, foi instruído pelo regime de Kagame a declarar falência do Banco Ruandês de Desenvolvimento, que fora constituído por fundos do Banco Mundial. Recusou, pois achava ele que a instituição financeira era viável, o que o inspirava a cobrar os devedores. Como resultado dessa sua "teimosia", Theo foi demitido.
Regressa, então, ele a Moçambique, onde se estabelecera desde 1994, fugindo ao genocídio, tendo por cá feito o primeiro degrau universitário em economia, tendo depois tirado um mestrado na Austrália. Quando foi abatido em Maputo, era vice-presidente da Fundação Dom Alexandre dos Santos, entidade mentora da USTM (instituição que ele ajudou a criar) e managing partner de uma firma de consultoria. Antes, trabalhou para entidades como a Cooperação Suíça e Cooperação Técnica Alemã, como programme officer e gestor, respectivamente.
Depois que Theogene Turatsintse foi demitido, um lacaio do regime foi nomeado PCA do Banco Ruandês de Desenvolvimento, que fez num ápice o que aquele recusara: declarou falência e queimou todas as pastas de devedores. Quando Theo foi assassinado, os que deram dinheiro a Kagame para criar aquela instituição financeira estavam em processo de auditoria, num contexto em que quase todas as fontes documentais tinham sido queimadas, rasgadas ou dissipadas (mesmo no sistema digital), no quadro do que tudo tinha que ser reconstituído. Nisso, Theo era uma peça-chave...
Há, por este mundo, vários Theos que foram e continuam a ser vítimas do regime de Kagame. Não sei se devemos aplaudir ou chorar a visita deste senhor ao nosso país. Celebrar Kagame pode ser uma irresponsabilidade, acho eu, somente por Ruanda estar a registar algum desenvolvimento. Será esse desenvolvimento sustentável, sem respeito ao pensar diferente e com atropelos comprovados à boa gestão da coisa pública?
E, muito curioso, Kagame visita Mocambique numa altura em que já não há dúvidas de que opera, por cá, um Esquadrão de Morte...
http://www.theglobeandmail.com/…/secret-r…/article18396349/…
http://www.independent.co.uk/…/assassins-linked-to-kagame-r…

Faustin Kayumba Nyamwasa had only been in South Africa for a few months when, returning home from a shopping trip with his wife and children, a gunman tried to kill him.
www.independent.co.uk

Vi por aqui "festejos" com coma vinda do PR ruandes, na expectativa de que ele pudesse nos transmitir a experiência deles na área da no governação e tal...pode ser! Mas o que me chamou atenção mesmo foi no ponto em que se discutiu a situação dos refugiados daquele país que andou em pancadaria mãos sérias que a nossa. Por isso que ainda hoje tem refugiados nos 4 cantos do mundo.
Ora a stv fez meio trabalho (como sempre) sobre esta questão: apenas "ouviu" o MNE Baloi sobre sobre a possibilidade de serem extraditados os tais 12 cidadãos daquele país, por supostos crimes de guerra por lá.
Ainda bem que Moçambique tem a mania de diplomacia cautelosa; assim este caso de extradição só pode andar depois de analisados os factores jurídicos e políticos por detrás da pretensão do Kagame!
Mas como dizia, faltava ouvir os ruandeses refugiados aqui, a tvMiramar fez esse trabalho e alguns dos que falaram fizeram na condição de anonimato pois segundo eles, Kagame e seu regime estão a abater pelo mundo afora, muitos deles considerados perigosos pra o regime dele (e aqui lembrei que ali na 10 de Novembro, anos atrás foi assassinado .cidadão se não me engano ruandes e na altura alegou se que era mesmo assunto que tem a ver com política)...
Diziam os cidadãos ruandeses à miramar que com a visita do Kagame e sua team, estão com receio agora pelas suas vidas, não sei como!
P.s. sei é conheço alguns ruandeses que já estão estabelecidos aqui e com filhos já C nacionalidade moçambicana....se não há nada de ilícito criminal contra eles, porque não pensar em atribui - los a nacionalidade? Os macondes moçambicanos no Quénia foram bafejados por essa sorte por decisão do PR daquele país. No vale a pena movimentar gente nesta altura.
Gosto
Comentar
Eddy Prínce Simbine É um mestre que vem dar aulas n terreno aos seus discípulos
Mussá Roots "EV"entualmente era este o exemplo de que falava o outro...
Muhamad Yassine Não sei como fazer , mas se ele vier ao parlamento terei dificuldades de sorrir
Innocent H. Ab Nao merece sorizo de ninguem. Kkkk
Eddy Prínce Simbine Pelo que percebi n parlamento so vai ao emcontro da mulher melancia, mother voicex buz
Muhamad Yassine Não se pode encontrar com ele sem o presidente ou vice Presidente da Comissão de Relações Internacionais e Comunidades
Eddy Prínce Simbine Eu quero estar bem atento às imagems das camaras, para cm os meus naturais olhos ver a ausencia do sorriso kkkk
Innocent H. Ab Sheikh, posso dar um recado para ele? Kkkk
Peça ele libertar a Sra Victoire Ingabire. A mulher que foi concorrer as presidenciais com Kagame, e este, com medo de perder, lhe meteu na cadeia para ficar la15 anos, equivalente de dois mandatos de sete anos de Kagame.
Nairinho Mabote Queria ter escrito isso que escreveste mas como comentário no post do Egídio Vaz. Não escrevi porque estou com babalaza.
Jeck Alcolete Eu desconfio que temos 2 Paul Kagame. Um, aqui descrito, e outro que o Egidio Vaz descreve na sua página. Quem de facto visitará a República de Moçambique?
Egidio Vaz O Kagame que vem a Moçambique 🇲🇿 é o descrito por mim. É preciso ir para além casos particulares para perceber o trabalho que ele faz para manter a nação una e em Franco progresso. Em segundo lugar, qualquer estado tem os seus esquadrões de morte. Gostaria de conhecer um único estado que não tenha esquadrão de morte. O risco de termos uma única versão da história é de perdermos a perspectiva de conjunto. Perdi os últimos trinta dias a estudar Rwanda 🇷🇼, pelo que julgo que Kagame tem boas lições para partilhar
Célio Gaspar Ruco Agora percebo pk um dos jornais da praça apelidou alguém de polémico historiador .... força E. S
Egidio Vaz O Celio so sabe acusar, apelidar e etiquetar. Debate que é bom nada
Juma Aiuba Egidio Vaz, a quanto tempo Kagame está no poder? E o que dizia a Constituição de Rwanda quando Kagame entrava no poder? O que é que Kagame fez para ainda estar no poder?
Andre Gandi Egidio Vaz, desculpe, pode me explicar por favor isso de todos estados têm esquadrões da morte.
Para teu conhecimento, os que inventam esquadrões da morte saõ ditadores.
Egidio Vaz Eu não sei se existem tais esquadrões de morte nos termos colocados aqui caro Andre Gandi Mas estou seguro que estes esquadrões existem em todo estado, num braço dos serviços de segurança.
Augusto Gildo Buanaissa Egidio, esse teu comentário me lembra como falavas da governação do Guebusa. Existe na tua perspectiva algum presidente africano, que esteja em exercício, e que não seja o tal, que trabalha para o desenvolvimento, paz, unificação, progresso, etc?
Outra pergunta: te congratulas com a existência de esquadrões da morte, seja de qual for o estado? Quando um estado tem esquadrões da morte, podemos dizer que existe liberdade? Para que serviria exatamente um esquadrão da morte pertencente a um estado, se não for para eliminar os opositores do regime?
Para casos de terrorismo, criminalidade, etc. já basta as instituições de justiça, proteção e segurança. Não é necessário um esquadrão da morte.
Um esquadrão de morte só pode servir a uma gangue.
Egidio Vaz Ducho, eu não me congratulo de nada. Apenas estou a dizer o que existe.
Augusto Gildo Buanaissa Em outras palavras estás a dizer que os estados são geridos por membros de gangues? Se existe, eu só posso entender assim. Sentenciar alguém a pena de morte por execução, sem que seja no mínimo julgado nalgum tribunal e sem que tenha direito de se defender ou provar sua inocência é bandidismo. Mesmo em estados em que a pena de morte é legal, carece de julgamento em tribunal (institucional). Não são os esquadrões da morte que executam a sentença.
Esquadrão da morte pertence a marginais, aos fora da lei, aos bandidos.
Se esses bandidos, marginais, etc. são chefes de estado, não deixam de agir fora da lei e não deixam de ser criminosos.
Não conheço nenhuma constituição que estabeleça a criação ou existência de esquadrões da morte.
Innocent H. Ab Um post que merece tda classificacao de excelente. Ja esta preparado uma manifestacao na terca feira contra esse assassino. Na praca dos herois. viva
Heleno Bombe mestres dos mestres em execuções selectivas aos opositores do regime
Tony Ciprix Não me mate Ericino: Theo, na altura da sua morte era Vice-Presidente da Fundação Dom Alexandre dos Santos, entidade manentodora da USTM. Em 2012, mosdéstia a parte, eu que exercia o cargo de Vice-Reitor da USTM. Convivi com o Theo nessas nossas duas funções, pois praticamente, dada a Saúde do Cardeal, ele era efectivamente o Presidente da Fundação. Vezes sem conta ficamos a desenhar estratégias de Desenvolvimento da USTM e sou testemunha da sua integridade e perspicácia de Gestão, até o dia em que a bomba explodiu sobre mim.. O resto não cabe a mim comentar......
Ericino de Salema Obrigado pela correção, Tony Ciprix, e indulgências por eventuais transtornos. Já procedi à correção!!! Abraços
Tony Ciprix De nada Ericino de Salema. Há uma gramática de profundidade em tudo isso. Abraços
Antonio A. S. Kawaria Não há desenvolvimento sustentável com regimes como os de Kagame porque esses só produzem explosões que tarde ou cedo acabarão explodindo. Simples. E depois não nos esquecamos dos seus actos na RDC.
Ismael Chutumia Já fomos a Angola e agora é o Ruanda que vem até nós...muito mau prenúncio
Eddy Prínce Simbine É tudo um esforço para acabar cm a oposição, mas chego a pensar que nós o povão temos meia culpa n cartório, porque até hoje ainda não movemos palha sequer para impedirmos a instalação da ditadura em Moz
Ismael Chutumia Quanto é que estamos de rácio alfabetizados/escolarizados/licenciados/Doutores? Talvez explique alguma coisa. Enquanto o preço do pão e transportes estiver controlado, no stress...
Andre Gandi Este sr presidente da Ruanda, não tem mais nada para dar do que aumentar mais confusão na nossa crise.
Didixo Taju Esse vem dar aulas particulares ...Vem partilhar a sua experiência e dar orientação de como graduar na matéria. ..!A nossa sociedade civil devia agir ...!
Fernando Veloso Aliança Scatô...
Fernando Veloso Kaga-me lá....
Domingos Gundana Já há banquete presidencial marcado para a grande recepção.

Sem comentários: