O líder da Renamo deu, sexta-feira passada, uma conferência de imprensa por telefone. Afonso Dhlakama, que falava a partir das matas de Gorongosa, diz esperar pelo diálogo com a presença de mediadores ainda esta semana e refere que acordou com o Presidente da República, Filipe Nyusi, que a prioridade não é o encontro entre os dois, mas sim o alcance de consensos pelas equipas criadas pelo Governo e pela Renamo.
“Quando tudo estiver cozinhado já podemos apadrinhar e nos abraçarmos”, disse o líder da Renamo, explicando que foi do contacto que manteve com o Presidente da República, Filipe Nyusi, entre quarta-feira e quinta-feira, que os dois chegaram a vários consensos.
“A pedido do Presidente Nyusi conversamos e chegamos ao entendimento de que tínhamos que arranjar solução como moçambicanos, e que as armas não resolvem quase nada”, disse o líder da Renamo, apontando que Filipe Nyusi aceitou a mediação internacional, nomeadamente da União Europeia, África do Sul e Igreja Católica”.
Dhlakama diz que as duas partes (Governo e Renamo) já tem os pontos do diálogo claros e que as equipas deverão ser reforçadas.
“A Renamo apresentou dois pontos, tais como a governação das seis províncias ganhas pela Renamo e a entrada de quadros militares da Renamo para lugares chaves nas Forças Armadas (de Defesa de Moçambique). O Governo, em contrapartida, também apresentou dois pontos. No primeiro, que será objecto de destaque durante as negociações, o Governo quer a cessação das hostilidades militares de imediato. E no segundo ponto é o desarmamento da guarda da Renamo. Já que as equipas que negociaram a agenda, cada equipa é composta por três pessoas, combinamos que poderiam ampliar mais três pessoas, portanto dos três homens da Renamo que estão lá vamos apresentar mais três nomes para serem seis, e o Governo também vai apresentar para serem seis”, referiu.
A conferência de imprensa dada pelo líder da Renamo aconteceu um dia depois de o Presidente da República ter pessoalmente anunciado que aceita a presença de mediadores no diálogo político.
Líder da Renamo quer garantias da sua segurança para cessar ataques
Apesar dos consensos anunciados por Dhlakama, o líder da Renamo não promete cessar os ataques sem que haja garantias de que os seus homens (e ele) não serão atacados. Dhlakama diz que para a cessação das hostilidades militares, é preciso haver boa vontade entre as duas partes.
“A Frelimo é que movimenta contingentes militares, que andam mais de 1500 quilómetros à caça de Dhlakama. Tudo pode ser negociado para que haja, de facto, a tranquilidade nas estradas e nas famílias. Cessar-fogo significa pararmos. Você pára e alguém está escondido. Você pensa que já está, paramos, e vai-te capturar e matar”, disse o líder da Renamo, acrescentando que “tudo é possível se existir boa vontade em ambos os lados”.
O PAÍS – 19.06.2016
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Kkj
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