quinta-feira, 5 de maio de 2016

O encontro de desentendimento ente Mondlane e Ché Guevara


Uma das fotos históricas na História da Frelimo (1965)
1. Eduardo Mondlane
2. Che guevara
3. Uria Simango
4. Samuel Magaia

Morgado Justino, Zito Tomas, Haquilene Daniel Galimoto and 101 others like this.
Comments
Alcidio Do Rosario
Alcidio Do Rosario Esta vai para o meu acervo.
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Raposo Andrade
Raposo Andrade A 5a figura?!
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Joao Cabrita
Joao Cabrita O mais provável é a 5ª figura ser o Capitão Pablo Rivalta, na altura embaixador cubano em Dar-es-Salam,e que participou nas reuniões com os movimentos de libertação. Antes do encontro de Che Guevara com o presidente da Frelimo, Rivalta advertiu Guevara de que "os acampamentos de treino de guerrilheiros da FRELIMO na Tanzânia, estavam 'contaminados' por membros do 'Corpo da Paz' (Peace Corps)". No entanto, Rivalta informou Che Guevara que dentro da Frelimo poderia contar com "Marcelino dos Santos, como um elemento de toda a confiança." Rivalta havia conhecido Marcelino dos Santos durante umencontro da União Internacional de Estudantes em Praga.
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Eusébio A. P. Gwembe
Eusébio A. P. Gwembe Joao Cabrita, segundo a acta do encontro, os elementos presentes eram:
1. Eduardo Mondlane
2. Uria Simango
3. Lourenço Mutaca
4. Feliciano Gundana
5. Embaixador de Cuba na Argélia (assinalado com 5 na foto)
6. Ernesto Che Guevara
7. Francisco Sumbane
8. Jeremias Jacob
9. Filipe Magaia
10. Francisco Cufa
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Joao Cabrita
Joao Cabrita Eusébio A. P. Gwembe, leia o artigo de Azaria Mbughuni, “Why Did Che Guevara Come Secretly in Tanzania”, em que assinala a presença de Rivalta no encontro de Che Cuevara em Dar-es-Salam em Fevereiro de 1965:

« Arrangements were made for a meeting for Che and at least 50 representatives of various liberation groups from 10 countries. The black Cuban Ambassador to Tanzania Pablo Rivalta and Juan Carretero, Head of Latin America Section of the Intelligence Department for Cuba, took part in the talks. The meeting was held at the Cuban Embassy in Upanga, Dar es Salaam.»

O embaixador cubano em Argel em 1965 era Jorge “Papito” Serguera (ver foto em anexo).
O número 5 da foto poderá ser um dos chefes da "CIA" cubana (DGI), Juan Carretero.
10 hrsEdited
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Reunião que tornou Mondlane "persona non grata" na Revolução Cubana. Mondlane não se entendeu com Che Guevara. Este queria que os combatentes africanos, incluindo os da FRELIMO, se concentrassem no Congo (actual RDC) donde, depois do respectivo triunfo, irradiaria depois a Revolução Africana para o resto dos países.
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Antonio A. S. Kawaria
Antonio A. S. Kawaria Mondlane agiu muito bem e a bem de Moçambique e África toda. Para mim, isso teria isso mais confusão do que temos agora em África.
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Claro, amigo Antonio A. S. Kawaria. Partilho desse ponto de vista.
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Alvaro Simao Cossa
Alvaro Simao Cossa Gabriel Muthisse a outra coisa que fez com que Eduardo Mondlane e Che Guevarra nao se entendessem foi porque Eduardo Mondlane reprovou o plano de guerra feito por Che, de transferir a guerra para as grandes cidades.
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Alvaro Simao Cossa
Alvaro Simao Cossa Gabriel Muthisse, Fidel Castro reconheceu mais tarde que a Frelimo e MPLA tiveram melhor estrategia de luta que aquela proprosta pelo Che. O problema e' que os latinoamericanos sempre viram Africa como um pais e nao como continente.
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Júlio Mutisse
Júlio Mutisse E continuam a ver.
118 hrs
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Alcidio Do Rosario
Alcidio Do Rosario Em que ano aconteceu a reuniao?
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Eusébio A. P. Gwembe
Eusébio A. P. Gwembe Nas 5 fotos que consegui, não consegui descobrir a identidade da 5ª pessoa, Raposo Andrade. Pois é Gabriel Muthisse, foi nesta reunião que surgiu o desentendimento entre ambos. Mas Mondlane justificou-se, mais tarde, numa entrevista a um Jornal Ocidental.
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Fevereiro de 1965. Período da reunia, Alcidio Do Rosario
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Alcidio Do Rosario
Alcidio Do Rosario Logo na fase embrionaria da nossa luta. Seria uma traicao as expectativas do povo oprimido, se as FPLM tivessem abandonado a nossa luta para concentrarem-se noutro ponto, Congo.
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Foi isso que Mondlane não aceitou, Alcidio Do Rosario. Isso valeu-lhe epítetos de agente da CIA.
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Eusébio A. P. Gwembe
Eusébio A. P. Gwembe Até hoje há gente bem formada e bem informada que se convence que Mondlane era agente da CIA, Gabriel Muthisse. Para essas pessoas, todas as relações que Mondlane estabeleceu com o Oriente e bloco socialista e sua postura de neutralidade quando o assunto não fosse apoio, pouco contam.
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Brazao Catopola
Brazao Catopola A ideia deNeutralidade é o que complica... Shubbin (1983). Expõe entrevistas de Marcelino dos Santos na qual questiona a neutralidade e assumindo Mondlane como agente do Ocidente. Achei interessante essa versão porque Mário Pinto de Andrade tem também uma entrevista no mesmo livro a reconhecer Marcelino dos Santos como figura Central. no entanto pondo Eduardo Mondlane cono figura necessária mas não determinante pois ele só servia para angariar apoio do Ocidente. Razão pela qual na crise de armamento 1967/8 foi recusada o apoio a Frelimo pelo bloco socialista (russia) e para o desbloqueio foi necessário intervenção de MdS
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Benjamim Muaprato
Benjamim Muaprato Se esteve na fase embrionária do partido, quando e onde comecou aquea história de reacionário?
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Eusébio A. P. Gwembe
Eusébio A. P. Gwembe Claro que é complicada, Brazao Catopola, mas vendo o percurso de pedidos de ajudas e de participação em encontros internacionais, vê-se uma certa postura mediana que todos os argumentos de chamá-lo agente da CIA não encontram sustentação plausível. Mesmo a documentação conseguida por Joao Cabrita, pouco ilucidam sobre este facto. Mondlane era muito tolerante.
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Alcidio Do Rosario
Alcidio Do Rosario A historia de racionario comeca por volta do ano 67, quando comeca a surgir clivagens nitidas no seio do movimento. Que me corrijam se estiver errado
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Eusébio A. P. Gwembe
Eusébio A. P. Gwembe A História de reaccionários é muito anterior a este encontro. Paulo Gumane, Fanuel Mahluza e David Mabunda, já em Outubro (3) de 1962 queriam golpear Mondlane.
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Brazao Catopola
Brazao Catopola Não disse que era da CIA mas há muita coisa que o leva a sustentar essa posição. Vale lembrar por exemplo o facto de Mondlane ter uma forte ligação com o irmão de John Kennedy e a ajuda a Frelimo de forma oficial ter sido apenas rejeitada no senado americano. Ademais muitas armas da Frelimo foram de apoio inglês e americano. muita coisa ainda por esclarecer e bem haja esse teu lado acadêmico
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Alessandro Carmo
Alessandro Carmo Os reacionarios e as suas estratégias. Aqui no Brasil não é muito diferente.
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Eugenio Chimbutane
Eugenio Chimbutane E carimbado o "passaporte" para um pesadelo que parece que vai durar até ao fim dos séculos ...

Egidio Vaz nosso futurologista: que sorte seria a nossa, com Mondlane no comando até hoje (ou até a década de 90)?
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Afonso Nassone Macaiele
Afonso Nassone Macaiele historias e estorias...hahahah, o que interessa a nos agora e compreender esse passado tragico, para vivermos um presente sem surpresas e perspectivarmos um futuro risonho, mas parece que o passado teima em repetir-se constantemente em Moçambique.... pena nao termos compreendido o que SAMORA MACHEL falava foi um futorologista.
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Iris Maria Monteiro
Iris Maria Monteiro Todos na vala
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Joao Cabrita
Joao Cabrita Eusébio A. P. Gwembe, um reparo ao seu texto e aos comentários que ele suscitou:

1. Os apoios que um país presta a organizações como a Frelimo contam geralmente com o envolvimento dos serviços de segurança, neste caso a CIA. Mas isso não significa que os recipientes da ajuda prestada sejam membros das instituições que a canaliza. Quem tem o hábito de promover este conceito é a chamada ̏esquerda˝, mas quando esta é a visada, evidencia-se o embaraço.

2. Cuba não pretendia que a Frelimo e outros movimentos de libertação deixassem de lutar ao se envolverem no Congo com o corpo expedicionário cubano de Guevara-Risquet. O que os cubanos pretendiam era que os movimentos de libertação contribuíssem com efectivos. O MPLA, o ANC e outros apoiaram em princípio o plano.

3. A recusa de Mondlane foi apenas pelo facto do plano cubano na essência visar os interesses dos Estados Unidos dos quais o presidente da Frelimo era um incondicional aliado. De salientar um outro facto: no mesmo ano em que Cuba interveio no Congo, Mondlane e os Estados Unidos trabalhavam em conjunto na elaboração de uma proposta que foi apresentada a Salazar tendo em vista uma solução política do problema colonial; proposta essa que não incluía o direito de Moçambique à independência.
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse O seu numero 3 ee uma hipótese, Joao Cabrita. Carece de ser verificada. Ha outras explicacoes para essa recusa. Por exemplo, a de que a FRELIMO havia sido fundada para lutar pela libertação de Mocambique. E a não disponibilidade para alienar esse objectivo pela libertação do Congo. Mais ainda, as fontes que eu li, que irei procurar para partilhar, não referem uma simples contribuição em efectivos. Referem o adiamento das lutas de libertação nos respectivos países, em prol da concentração dos esforços no "foco insurrecional do Congo". Seria apenas apôs a libertação do Congo que os outros países seriam libertados. Alias, Che Guevara teorizou esta estratégia nos seus livros sobre guerrilha (creio que no livro "a guerra de guerrilhas"). Che foi ate as ultimas conseqüências com esta fe estratégica, na Bolivia, que seria um outro "foco insurrecional".
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Francisco Wache Wache
Francisco Wache Wache Devia ter escolhido o.oficio de historiador. Admiro os teus comentários em relação a história de Moçambique. Tens muito domínio sobre ele. Acho um dia, com. Joao Cabrita e Eusebio guembe, devia reescrever a historia de Moçambique. PARABENS
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Joao Cabrita
Joao Cabrita Gabriel Muthisse, em aditamento às palavras de Pablo Rivalta que citei anteriormente, e para demonstrar o alinhamento de Mondlane em relação aos Estados Unidos – o que, julgo, tornava impossível um compromisso da Frelimo com o plano cubano no Congo – de referir que Mondlane recusou instrutores cubanos.

Numa mensagem expedida de Dar-es-Salam para Che Guevara no Congo-Kinshasa a 19 de Agosto de 1965, Pablo Rivalta falou da necessidade de se alterar o plano sobre o uso de instrutores militares cubanos que a pedido de Julius Nyerere haviam chegado à Tanzânia para o treino de guerrilheiros da Frelimo em Tabora.

Anos depois, Rivalta esclareceria o teor da mensagem, afirmando que "alguns companheiros que o Che pensava enviar para Moçambique não puderam ir porque os contactos que tínhamos estabelecido com o governo da Tanzânia e com os moçambicanos disseram que não era ainda o momento, e o Che deu-me instruções para que fossem para o Congo e para o Congo os enviei."
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Joao Cabrita, Mondlane nao recusou instrutores cubanos. O que disse foi que os únicos instrutores que a FRELIMO aceitava nas suas bases na Tanzania, eram os chineses. Os outros instrutores e países deveriam treinar os nossos quadros fora da Tanzania, nos seus respectivos países. Foi essa a lógica seguida com a Argelia, com Marrocos, com Egipto, com Israel e com a URSS. Nenhum destes países tinha instrutores na Tanzania. Mais ainda, a quantidade de instrutores que os cubanos enviavam era muito grande. Vendo aquela quantidade, poderia subsumir-se tratar-se de uma forca combatente, e não de simples treinamento. Esse numeroso contigente foi sugerido apôs a recusa de Mondlane, Marcelino e Magaia de alinharem com os planos do Che no Congo. Por ultimo, referir que nem os Tanzanianos estavam confortáveis com esse contigente, tao numeroso. Posso procurar os dados que confirmam esta indisponibilidade Tanzaniana se insistires. Mais uma vez, não se tratou de responder a nenhuma estratégia americana. Tanto mais que a FRELIMO tinha chineses, na Tanzania, que não eram mais amigos dos Americanos que os cubanos. E treinava outros contigentes em outros paises que não eram amigos dos americanos. O problema era o de que os cubanos mandavam contigentes ávidos de entrar em combate. Com o risco de subalternizarem a liderança política do Movimento de Libertacao. Jorge Risquet, que eu conheci, que dirigia esses numerosos contigentes de instrução, era um dirigente de primeiro escalão da revolução cubana. Veio a ser membro do bureaux político do PCC e negociador chefe da retirada cubana de Angola, conducente aa libertação da Namibia. Joao Cabrita, estamos a falar de uma estratégia hegemônica, de controlo político dos cubanos, como vieram a faze-lo na Bolivia.
123 hrs
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Joao Cabrita, no livro "Conflictin Missions, de Piero Gleijess, retirei as seguintes passagens: (i) "This is indirectly confirmed by a FRELIMO leader, Marcelino dos Santos, who attended the meeting. He addressed the issue discreetly. ("We told Che, he said, about our situation, about the armed struggle that had just begun, and questions were raised about our facts. Some of these facts struck Che as rather extraordinary. We told him about the battles we'd fought against the portuguese, of how we'd prepared for the struggle. These facts seem to have surprised Che a little. As for Che's view of the struggle in Africa: the Cuban believed that it was important to FOCUS - meu sublinhado - on Zaire. It was one point of view. We explained that FRELIMO had a different point of view")"; (ii) "But instead of scattering Cuban instructors in different countries, Che continued, there should be a CENTRALIZED (outro sublinhado meu) training center, and it should be in Zaire. Moreover, before the guerrillas returned to their homeland, they should help to free Zaire"
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Maria Paula Meneses
Maria Paula Meneses Confirmo, ouvi essa versão já de dois antigos combatentes. Creio que o Che continuava muito influenciado pela teoria do foco (Régis Debray), e que privilegia a ação armada à ação de consciencialização politica. Na FRELIMO, a opção era por uma formação politico-militar, que consciencializasse cada um dos guerrilheiros sobre a razão da luta (colonialismo).
22 hrs
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Joao Cabrita
Joao Cabrita O plano do Congo não era exclusivo de Che Guevara, mas um projecto do regime cubano. Apesar daquela encenação de Fidel Castro (lendo a 'carta de despedida' de Che Guevara quando este já estava no Congo), o facto é que os contactos entre Havana e Guevara continuaram. Houve troca de correspondência entre Castro e Che Guevara quando este estava no Congo. Aliás, ele aparece depois na Bolívia vindo de Cuba. Régis Debray narra a teoria do 'foco', recolhida de Che na Bolívia. Portanto, não foi Debray a influenciar Guevara.
22 hrs
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Sim, não era exclusivo do Che. Jorge Risquet e o embaixador na Tanzânia pertenciam ao núcleo duro da Revolução Cubana. Risquet, que conheci, veio a ser membro do Bureaux Político do Partido Comunista e principal negociador cubano nas questões de Angola e Namíbia. Mas esta não parece ser a questão da Maria Paula Meneses. A questão dela é a de o Congo ter sido concebido como o focus insurrecional, como o fora a Serra Maestra e como seria Bolívia.

E ela define muito bem o princípio fundamental do foquismo: negligência do trabalho político, no pressuposto de que as vitórias espectaculares da guerrilha acabariam por ganhar a adesão das massas. Quando, na Bolívia, este pressuposto não se verificou, Che não se coibiu de defender "terror localizado" sobre os camponeses, para força-los a cooperar.
217 hrs
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Maria Paula Meneses
Maria Paula Meneses E o Congo não foi 'só' um plano de Cuba. Também o foi dos Estados Unidos e da Bélgica. Ou seja, como Angola foi mais tarde, tratou-se de mais um palco da 'quente' guerra fria.
9 hrs
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Agora diz-me, amigo Joao Cabrita, acha que esses combatentes (fossem da FRELIMO, fossem d MPLA, fossem de outro Movimento) depois de trinados pelos cubanos, depois de terem combatido durante meses ou anos, depois da gloria de terem libertado o Congo, voltariam a obedecer aos comandos políticos dos seus movimentos originais? Acredita nisso? Ou, depois disso, a libertação de Africa estaria sob o comando de Che Guevara? Conhece as tricas que Che teve na Bolivia, com o Secretario Geral do Partido Comunista Boliviano? Houve la uma clara disputa pelo comando da guerrilha de Che. Mario Monge, o SG, defendia que a liderança deveria estar com um Boliviano. Che Guevara defendia que a liderança deveria estar com um experimentado chefe de guerrilha - ele próprio, neste caso. Não acredita que isto teria ocorrido com a FRELIMO, com o MPLA, com o ANC, com a ZAPU...? Isto, do meu ponto de vista, justifica a recusa de um líder maduro como Mondlane, em entregar centenas de seus homens para um projecto que ele não controlaria jamais. Veja o que diz Alvaro Simao Cossa sobre o conceito que os latino-americanos tinham sobre Africa (e teem ate hoje). Para eles Africa ee uma massa amorfa, sem diferenças... Quase como uma pagina branca em que cada um pode escrever. Ainda hoje encontram-se latino-americanos cultos que se referem a Africa como se fosse um paiis. E que te perguntam se, por acaso, não conheces um obscuro enfermeiro que mora em Bamako, quando tu vens de Mandlhakaze!
117 hrsEdited
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Porque ee que Che Guevara pretendeu minimizar e negar seriedade aos comunicados militares da FRELIMO? A minha hipotese ee a de que tratava-se de sugerir que a guerrilha daquele movimento era ainda incipiente, sem preparacao para levar uma verdadeira guerra de libertação. E que a solução era levar todos eles para o Congo, para serem treinados e "antes de regressar aa FRELIMO, ajudar a libertar o Congo". Discutimos mais acima as implicações políticas deste facto. Mondlane e a FRELIMO perderiam, definitivamente, o controlo político sobre os seus guerrilheiros. Perderiam relevância política. Daii em diante, a nossa libertação passaria para as maos do Che. So um ingênuo aceitaria isso. E Mondlane e Marcelino não o eram. A sua recusa não tem, em minha opinião, nada a ver com estratégia americana global. Mesmo que se sugira que Mondlane era um peao dos americanos, que eu saiba, essa sugestão nunca foi feita em relação a Marcelino. Como se ve acima, Marcelino esteve com Mondlane na recusa de entregar os seus homens para o Congo.
23 hrsEdited
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Joao Cabrita
Joao Cabrita Gabriel Muthisse,deve ter reparado que não me referi ao mérito ou demérito do plano cubano no Congo, mas ao facto dele ter deparado com a oposição da Frelimo de Mondlane, não pelas razões que apontou mas pelo facto desse plano não se enquadrar na orientação ideológica do então presidente da Frelimo.

E quanto à perda de controlo sobre militares treinados por cubanos, o que dizer dos que haviam sido treinados por argelinos? e depois por chineses?

Aliás, Mondlane e os demais políticos da Frelimo em Dar-es-Salam, já começavam a perder o controlo sobre a guerrilha em Moçambique antes do surgimento do plano cubano no Congo. Filipe Magaia foi eliminado por representar essa ameaça. Veja o comunicado saído da sessão do Comité Central da Frelimo (Outubro de 1966) que fala da existência de duas linhas – a dos militares (Magaia) e a dos políticos (Mondlane) – detectadas logo a seguir ao início da luta armada em 1964.

O fenómeno da supremacia dos militares em movimentos de libertação não é exclusivo da Frelimo.
123 hrsEdited
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Elton Bila
Elton Bila Lots to diggest....
19 hrs
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Joao Cabrita, referi-me às implicações políticas de entregar centenas de homens "para serem treinados pelo Che" para mostrar-lhe que só um ingénuo deixaria de notar nisso. E, como Mondlane, Magaia e Marcelino não o eram, recusaram. E que essa recusa, portanto, não tinha nada a ver com alinhamento com estratégia americana alguma. Aliás, nem Marcelino, nem Magaia (que concordaram com Mondlane) foram jamais acusados de serem peões dos americanos.

Che visitou Dar-es-Salam em Fevereiro de 1965. Nessa altura, os conflitos entre políticos e militares na FRELIMO não estavam ainda visíveis. A luta só começara uns meros 4 meses antes. Esses conflitos vieram a ganhar momentum só nos finais de 1966, o que justificou a sessão mais longa do Comité Central que a FRELIMO tivera até aí. A de Outubro. Não confirmo, porque não tenho dados credíveis, que essa sessão, ou esse conflito, tenham sido as causas da morte de Magaia.
17 hrs
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Mais uma coisa João Joao Cabrita, veja como Che se senta em algumas das fotos dessas reuniões: como um Grande Chefe!!!! No centro da Mesa!!! Uma pessoa sofisticada como Mondlane ou como Marcelino, deixariam de notar isso e as respectivas implicações!!!!??? Se até eu pude notar! Eu não entregaria os meus homens àquele indivíduo. Com americanos ou sem eles.
117 hrs
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Joao Cabrita
Joao Cabrita É interessante ver militantes da Frelimo a insurgirem-se contra o envolvimento de guerrilheiros da Frelimo em outras lutas, mormente no Congo. Terão a mesma opinião em relação aos combatentes da Frelimo desdobrados em Angola em 1975 (juntamente com os mesmos cubanos)? e no Zimbabwe? ou ainda no Uganda? E em relação ao que foram treinados na Líbia em 1984? e por ingleses no Zimbabwe? e antes na RDA e na URSS?

Gabriel Muthisse pretende negar o comprometimento de Mondlane com os Estados Unidos, alvo principal do plano cubano no Congo, mas os factos são claros: o primeiro presidente da Frelimo era declaradamente anticomunista (por isso regozijou-se, perante diplomatas americanos em Dar-es-Salam, pelo facto das autoridades tanzanianas não terem autorizado João Ferreira a permanecer no país quando fugiu de Moçambique com Jacinto Veloso em 1963 por ser um ‘comunista’), e que ascendeu ao poder e consolidou-o graças a apoios americanos. É óbvio que um político com este perfil não poderia nunca participar num plano que visava um aliado.

Muthisse alega que Marcelino dos Santos se havia oposto ao plano cubano, mas não apresenta provas que contrariem as declarações de Pablo Rivalta, de que Che Guevara não devia contar com Mondlane, mas com uma pessoa da máxima confiança: Marcelino dos Santos.

Quem disse que Mondlane havia recusado instrutores cubanos foi o embaixador de Cuba em Dar-es-Salam, como atrás citei.

Ao contrário do que alega Muthisse, o surgimento das alas militar e política no interior da Frelimo é anterior a 1966.

E quanto à foto, escapa-me significado da forma como Che Guevara está sentado. Qual seria o lugar apropriado, Gabriel Muthisse, tendo em conta que a reunião foi numa missão diplomática cubana?
19 hrs
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Bom, Joao Cabrita já não está a debater fraternalmente. Nem está a responder aos pontos vivos do debate.

Primeiro, eu não neguei o envolvimento da FRELIMO em outras lutas. Expliquei o meu entendimento sobre a recusa de Mondlane em mandar os seus homens combaterem no Congo, em detrimento dos objetivos para os quais a FRELIMO havia sido formada. E apresentei argumentos que contrariam a ideia de que essa recusa de Mondlane se deveria ao facto de ele ser peão dos Americanos. São esses argumentos que Cabrita deveria debater.

Em segundo lugar, eu coloquei um trecho em que o próprio Marcelino explica a racionalidade da recusa da FRELIMO. Nessa explicação de Marcelino ele não se coloca ao lado de Pablo Ribalta, mas sim ao lado de Mondlane. Nem sei se Marcelino tinha ciência da avaliação que Ribalta fazia dele, quase o colocando como opositor a Mondlane.

Em terceiro lugar, nem Mondlane, nem a FRELIMO puseram jamais em causa a sua solidariedade com outros povos. Mas sempre que isso não colidisse com os objectivos estratégicos de expulsão do colonialismo, proclamação e consolidação da independência de Moçambique. Por isso mesmo que a FRELIMO se tenha envolvido nas lutas do Zimbabwe, de Angola, do Uganda, da RSA, de Timor e outras.

Em quarto lugar, o conflito entre políticos e militares na FRELIMO não surgiu automaticamente com o desencadeamento da luta armada. Tratou-se de um sentimento que se foi consolidando à medida que a luta progredia. Essa contradição não poderia estar explícita poucas semanas após o 25 de Setembro de 1964. Che chegou a Dar-es-Salam poucas semanas depois do desencadeamento da luta. Essas contradições não estavam ainda patentes.

O facto de a reunião se realizar na Embaixada Cubana não implica necessariamente que Che a presidisse explicitamente. Principalmente se considerarmos que estavam presentes líderes de movimentos de libertação que, em muitos países, eram recebidos quase como Chefes de Estado. Questões de protocolo. Existe uma disposição neutra das cadeiras que não cria a impressão de subordinação de uns sobre outros.

Em último lugar, Mondlane poderia não ser Comunista. Haveria, contudo, que substanciar o alegado anti-comunismo referido por Cabrita. Li muita coisa sobre Mondlane, mas nunca encontrei nada que o classificasse como anti-comunista. Cabrita teria de provar com factos.
19 hrsEdited
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Brazao Catopola
Brazao Catopola Good too much to learn. Bit thanks for the lessons.
7 hrs
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Joao Cabrita
Joao Cabrita Gabriel Muthisse, não posso debater questões que não levantei - a de Mondlane ser alegadamente um peão dos americanos. Nunca me referi a Mondlane como “peão”. No entanto, creio ter-me referido aos pontos por si levantados. Uma vez que me pede agora que prove com factos que Mondlane era um anticomunista, passo a citar alguns dados:

1. Num encontro com entidades americanas, realizado no Departamento de Estado em Washington a 8 de Fevereiro de 1962, Mondlane referiu que havia “abordado Holden Roberto para que este obtivesse apoios do presidente tunisino, Habid Bourguiba, para um movimento de independência de Moçambique” que ele, Mondlane, pretendia criar. Segundo declarou Mondlane nesse encontro, “Habid Bourguiba estava profundamente preocupado com a penetração comunista na África subsariana, e em particular com o envio de armas soviéticas para países desta região”.

2. Em 18 de Junho de 1962, Mondlane contactou o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos em Dar-es-Salam, Thomas Byrne, tendo manifestado “consternação face ao completo comprometimento de Adelino Gwambe para com Nkrumah e países do bloco comunista”. Mondlane disse ainda ao diplomata americano que havia “instado Oscar Kambona a considerar a vantagem de assegurar fundos de fontes ocidentais a fim de libertar o movimento moçambicano de Gwambe”. Um informe de Thomas Byrne para o Departamento de Estado refere que “no regresso a Siracusa, Mondlane tenciona fazer escala no Cairo, Tunes, Genebra e Londres para angariar fundos” e que “logo que chegue aos Estados Unidos planeia avistar-se com Wayne Fredericks, subsecretário adjunto americano para os
assuntos africanos”.

3. Num outro encontro com Thomas Byrne em Dar-es-Salam a 28 de Junho de 1962, Mondlane pediu ao diplomata americano que “informasse Fredericks de que necessitava desesperadamente de fundos tendo em vista consolidar a independência da Frelimo em relação ao Gana e aos países do bloco comunista”.

4. Em meados de Abril de 1963, Mondlane reuniu-se em Washington com Wayne Fredericks e Robert Kennedy. Foi como resultado deste encontro que Mondlane obteve $96,000 da Fundação Ford da qual o secretário da defesa americano, Robert McNamara, havia sido presidente.

Gabriel Muthisse, os exemplos que acabei de citar baseiam-se em documentação que obtive junto do Departamento de Estado ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação. Poderá ler essa e outra documentação no portal electrónico do CPHRC (Contemporary Portuguese Political History Research Centre) em http://www.cphrc.org
12 hrs
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Joao Cabrita, também posso citar fontes credíveis, de estudiosos que pesquisaram a vida de Eduardo Mondlane, que demonstram que este nunca se posicionou como um anticomunista militante. Por exemplo, num Ensaio com o titulo “O Projecto Pessoal e Político de Eduardo Mondlane”, Pedro Borges Graça, do Centro de Estudos Africanos e Brasileiros no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Universidade Técnica de Lisboa, escreveu: “Quem não o toma por um revolucionário marxista- leninista? Na verdade nunca se posicionou claramente como tal e defendia que os africanos tinham de desenvolver os seus próprios e específicos modelos de sociedade…” Ou seja, segundo este investigador, Mondlane evitou expressar um posicionamento inequívoco, pelo menos até 1968, sobre este debate ideológico.
Outro exemplo, Lorenzo Macagno, Professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná , num Ensaio com o titulo “Lendo Marx “pela segunda vez: experiência colonial e a construção da nação em Moçambique” afirma que um sintoma indicativo de que a orientação da Frelimo cairia, cedo ou tarde, sob os postulados teóricos do “marxismo-leninismo” pode ser rastreado em uma famosa entrevista que Aquino de Bragança realizou com Eduardo Mondlane em 1969, pouco antes deste ultimo ser assassinado. Naquela entrevista o fundador da Frelimo admite que não havia nenhuma outra alternativa afora a adoção do “marxismo-leninismo”. Há uma coalescência de pensamento que actuou durante os últimos seis anos, dizia Mondlane, “...que me autoriza a concluir que a Frelimo realmente agora é muito mais socialista, revolucionaria e progressista do que nunca. E é a linha, agora, a tendência, mais e mais em direcção ao socialismo do tipo marxista-leninista. Porque as condições de vida de Moçambique, o tipo de inimigo que nós temos, não admite qualquer outra alternativa”.
Isto é, num dado momento, Mondlane teria evoluído no seu posicionamento ideológico publico até ao ponto de admitir um socialismo de tipo marxista para a nação em forja na luta de libertação nacional. Ademais, é necessário termos em conta que estamos em presença de um ente político, que se treina a si próprio a, algumas vezes, dizer o que o seu auditório quer ouvir. Pela pena de João Cabrita, sabemos o que Mondlane dizia aos Americanos. Haveria que ir aos arquivos Chineses e Soviéticos para apurar o que Mondlane diria quando estava com eles. Posso suspeitar que, naqueles fóruns específicos, Mondlane não proferiria um discurso particularmente anticomunista.

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