sexta-feira, 6 de maio de 2016

Fonte dos Panama Papers fala pela primeira vez.

PANAMA PAPERS

“Não trabalho para nenhum governo”

Fonte que divulgou os Panama Papers diz que ofereceu documentos a outros media mas que não foram aceites. E garante que não trabalha para nenhum governo, nem agência. "Os media falharam", acusa.
The Asahi Shimbun via Getty Imag
Não se sabe o nome, nem sequer se é homem ou mulher. A fonte que denunciou os Panama Papers tem um nome fictício, John Doe, e foi assim que pediu para ser identificado quando contactou o jornal Süddeutsche Zeitung. Foi há mais de um ano. Queria permanecer anónimo, enquanto oferecia dados internos da empresa de advocacia sediada no Panamá, a Mossack Fonseca. Esta sexta-feira, numa cartapublicada no mesmo jornal, fala pela primeira vez.
“Para que conste, eu não trabalho para nenhum governo nem para nenhuma agência secreta, nem diretamente nem indiretamente. Não trabalho nem nunca trabalhei. A minha visão é apenas minha”, destaca John Doe. E justifica o porquê de ter libertado os mais de 11 milhões de documentos. “Decidi denunciar a Mossack Fonseca porque considero que os seus fundadores, empregados e clientes devem ser confrontados com o seu papel nestes crimes”, escreve, e destaca que, até agora, só foram revelados pela investigação alguns dos delitos que considera estarem em causa.
“As sociedades offshore são habitualmente associadas ao crime de evasão fiscal. Mas os Panama Papers mostram uma nuvem gigante de dúvidas. Apesar de estas sociedades não serem ilegais, são usadas para levar a cabo uma série de crimes graves”, destaca a fonte. “Há coisas permitidas que são de facto escandalosas e precisam de ser alteradas”, acrescentou. O material do jornal alemão foi partilhado com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICJ) e tem sido divulgado todas as semanas, desde há um mês. Em Portugal, o Expresso e a TVI associaram-se à divulgação da informação libertada por John Doe.
John Doe diz que decidiu divulgar as informações depois de perceber “a escalada de injustiças” que os documentos descreviam. Mas aquele jornal alemão não terá sido a primeira opção. É o próprio que garante que ofereceu os documentos a “vários grupos de media” mas que, no fim, “decidiram não publicar”. Doe não especificou que grupos de media foram, mas aponta o dedo: “Os media falharam”. John Doe considera cooperar com a justiça mas, para o fazer, pede proteção, evocando os problemas que enfrentam, atualmente, Edward Snowden, ex-funcionário da CIA e da National Security Agency, e Antoine Deltour, o responsável pela divulgação dos Luxleaks.
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