segunda-feira, 16 de maio de 2016

Criminosos semeiam terror em Intaka


Não se prega olho no Intaka, na província de Maputo. Definitivamente, criminosos tomaram conta do bairro. “domingo” apurou que eles dão se ao luxo de elaborarem, na maior tranquilidade, listas com chapas de inscrição de carros que pretendem roubar , reunindo todos detalhes possíveis, nomeadamente nome do proprietário e residência.
Procuram também saber se, no lote de animais de estimação, tem cães de guarda ou não.
As vítimas são indicados à dedo, facto que leva os residentes daquele bairro a acreditarem na possibilidade de haver informantes, dada riqueza de detalhes que têm a cerca dos perfis preferíveis.
Com vista a evitar o roubo de suas viaturas algumas famílias deixam os carros estacionados sem as respectivas baterias, mas debalde, porque os ladrões trazem consigo guincho eléctrico afixado à um camião com tracção às quatro rodas e carregam a viatura escolhida.
Há casos em que executam as suas operações em plena luz de dia. Amarram as empregadas e retiram tudo dentro de casa.  
A tortura de crianças e mulheres, protagonizada pelos larápios, deixa os moradores aterrorizados. Pedem à Polícia da República de Moçambique (PRM) para efectuar patrulha ou instalar uma esquadra policial naquele bairro em expansão.
Dados disponíveis indicam que pelo menos cinco residências são assaltadas por semana no Intaka. Os bandidos usam um alicate específico para cortar grades das portas, janelas, varandas e usam pé-de-cabra para arrombar a porta de madeira.
A nossa Reportagem conversou com F. Mabote, residente do bairro de Intaka, assaltado recentemente. No seu rosto é ainda notável o desespero .
“No interior da minha casa entraram cinco bandidos com armas do tipo AKM-47. Outros estavam no quintal a vigiar. Amarram-nos e exigiram dinheiro e chaves de carro. Quando viram que alguns vizinhos já se tinham apercebido do barulho, deram um tiro para dispersá-los. Estamos com medo. Não há esquadra policial neste bairro e as ruas não têm iluminação pública”, afirmou.
Por sua vez, Carlota Conjo, outra moradora daquela zona, pediu às autoridades competentes para instalar uma esquadra policial naquele bairro. “Somos roubados todos os dias, por isso já nãodormimos. Temos de fazer patrulhamentoMesmo assim não conseguimos assustá-los porque quando estamos a fazer ronda numa rua, (eles) ficam a roubar noutra rua”, disse.
PRM desdramatiza
Emídio Mabunda, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) no Comando Provincial de Maputo, garantiu à nossa Reportagem que, diariamente, a corporação tem alocado um efectivo para efectuar patrulhamento no bairro de Intaka, com auxílio de agentes afectos nas esquadras dos bairros vizinhos como Boquisso e Khongolote.
Para o porta-voz da PRM, Intaka é um bairro populoso, em expansão, o que leva ao envio de reforço em termos de efectivo policial com vista a estancar a onda de criminalidade que tem tirado “sono” àqueles moradores.
De referir que, no ano passado, quando o Comandante da PRM ao nível provincial efectuou uma visita de trabalho àquela zona, os moradores manifestaram o interesse de se construir uma esquadra para garantir a sua segurança e até ofereceram o espaço para a efectivação do projecto.
A criminalidade no bairro de Intaka está controlada”, disse Mabunda, respondendo ao nosso jornal em relação a inquietação dos residentes.
Relativamente à construção de uma esquadra, o porta-voz da PRM disse que ia lembrar às entidades superiores sobre a promessa feita aos residentes.
“Homens-catana”
de volta à capital
Os bairros Polana-Caniço “A” e “B”, Magoanine e Mahotas estão também a passar por momentos de terror devido à onda de criminalidade que tende a ganhar espaço, depois de uma relativa calma. São os intitulados “homens-catana” que já actuaram em várias zonas num passado recente.
Numa ronda efectuada, recentemente, pela nossa Reportagem àqueles bairros, os moradores contaram-nos que os assaltos na via pública e violações sexuais são alguns dos crimes violentos mais frequentes.
Os larápios, para despojar os bens das suas vítimas, ameaçam-nas com instrumentos contundentes, como facas da cozinha, chaves de fenda, catana e garrafas partidas.
Segundo contam, a partir das 19:00 horas os moradores se sentem interditados de circular em algumas ruas sem iluminação, como a Rua das Cascatas de Namaancha e Govuro, no bairro das Mahotas.
No bairro da Polana-Caniço também escondem-se debaixo de árvores e em casas ainda em construção, existentes naquelas zonas. Suas principais vítimas são pessoas que estão a regressar de trabalho, alunos do curso nocturno, entre outros, apoderando-se de quase tudo desde as carteiras, telefones celulares e valores monetários. Em alguns casos as vítimas perdem até a roupa que trazem no corpo.
Segundo os residentes há sensivelmente um ano que já se registava alguma tranquilidade quando havia comités de vigilância, que envolviam homens e mulheres daquelas zonas, faziam patrulhamento no período nocturno.
 “Sempre que metemos uma queixa à esquadra dizem que não há meios, o carro está avariado. Recentemente uma mulher foi assaltada a escassos metros do posto policial e levada a força pelos meliantes e até hoje não se sabe nada dela”, desabafou Alfredo Namburete, morador no bairro de Polana-Caniço “A”.
Maurício Chirindza, residente do bairro da Polana Caniço “B”, disse que os moradores estão também a passar por maus momentos e pede socorro à quem de direito para minimizar o terror vivido ali.
Há dias, no Quarteirão 32, quatro homens, munidos de catanas e facas da cozinha, invadiram uma residência. Exigiram dinheiro e o proprietário deu o que tinha naquele momento. Mesmo assim amarraram o chefe de família, violaram sexualmente a sua esposa, duas filhas, e apoderaram-se também dos seus bens”, relatou.
Chirindza contou-nos outro episódio que envolveu uma cidadã que contraiu ferimentos graves após golpes com recurso à catana por indivíduos desconhecidos quando regressava à casa ao sair da igreja. Segundo ele, feriram-na alegadamente porque naquele momento a mulher não trazia nada valioso que poderiam tirar.
Texto de Idnórcio Muchanga


.Em causa está a restauração das 217 barracas destruídas pelo fogo em Março último
Vendedores da Feira de Actividades Económicas em Quelimane declararam guerra a Manuel de Araújo, o presidente do município, alegando que este tem revelado pouco interesse na restauração das 217 barracas consumidas num incêndio em Março último.
Dizem que o presidente muda de cor imitando um camaleão e produz discursos que pouco sentido providenciam à urgência que têm de reerguerem as suas vidas. Manuel de Araújo fala de um projecto de requalificação a médio prazo e está a busca de fundos.
Duzentas e dezassete barracas pegaram fogo em Março último na cidade de Quelimane, a capital provincial da Zambézia. Cinquenta e sete comerciantes moçambicanos e cento e sessenta comerciantes estrangeiros (sobretudo somalis, guineenses, tanzanianos e nigerianos) caíram imediatamente na desgraça após perderem tudo, como adiante ver-se-á.
No local da ocorrência do incêndio a nossa Reportagem apurou que a desgraça atingiu comerciantes moçambicanos seguindo a máxima popular que diz: “um pouco de fermento leveda toda a massa”.
É que circunstantes relataram que o objectivo principal era atingir comerciantes estrangeiros que pululam em cada vez maior número na Feira de Actividades Económicas da Zambézia, outrora ex-líbris do comércio local.
A feira era réplica da FACIM quando a Zambézia capitaneava o mundo na produção de copra e o chá florescia a olhos vistos. Estas duas culturas formatavam binómio que tornava rijo o músculo de uma província que hoje cambaleia sob ponto de vista económico.
Voltando ao incêndio, dizíamos que os moçambicanos acabaram sofrendo por azar. Quelimane está apinhado de estrangeiros indocumentados que, por isso, têm receio de solicitar serviços à banca. Resultado: têm fama de guardarem avultadas somas em dinheiro nas bancas e em armazéns.
O que vimos na Feira das Actividades Económicas da Zambézia é mesmo espantoso: metade do mercado ardeu, outra permanece intacta. E a parcela dos estrangeiros foi literalmente consumida pelo fogo.
Parece inacusável, desde já, apontar o assalto aos bens e ao dinheiro como razão de tanta crueldade ali demonstrada no passado 8 de Março.
BOMBEIROS E POLÍCIAS
NA PILHAGEM
Paulo António Chicote, natural de Chinde, é um dos comerciantes moçambicanos afectados. Disse que tomou conhecimento do incêndio a uma hora de madrugada de 8 de Março quando alguém telefonou dando conta da ocorrência.
Referiu que quando chegou à feira duas barracas ardiam. As pessoas, entre as quais membros dos Bombeiros de Quelimane, assistiam, impávidas e serenas, a progressão das línguas de fogo.
Chicote disse que os bombeiros de Quelimane alegaram falta de água para se transformarem em mirones durante cerca de hora e meia, tempo suficiente para assistirem tantas barracas a serem devoradas.
Duas horas depois, fizeram-se ao terreno os bombeiros do Porto (Cornelder) que prontamente expeliram água sobre as barracas em chamas, cujo número entretanto aumentara.  Tendo esgotado água sem dominar o fogo, foram socorridos pelos bombeiros da empresa Aeroportos de Moçambique quando já eram duas horas e trinta minutos de 8 de Março.
Segundo o nosso entrevistado, as duas equipas de bombeiros, do Porto e Aeroporto, permaneceram no local até as seis horas da manhã combatendo o incêndio, o que de certo modo evitou o alastramento do fogo para outras barracas.
"Nenhum comerciante conseguiu recuperar alguma mercadoria", disse Paulo Chicote, acrescentando que no momento de agitação, alguns populares não identificados e agentes da Polícia apoderavam-se de alguns bens.
Chicote tinha um armazém de venda a grosso e uma banca de venda a retalho e estima o valor total de mercadoria  perdida (capulanas) em um milhão e duzentos mil meticais.
Refira-se que o total de  comerciantes afectados pelo incêndio é de 217, sendo 57 moçambicanos e 160 estrangeiros de várias nacionalidades, destacando-se somalis, guineenses, tanzanianos e nigerianos.
Dos 57 moçambicanos, 5 eram armazenistas  e retalhistas que movimentavam mercadoria em grande volume. Deste grupo havia dois comerciantes que guardavam valores nas respectivas bancas.
Angelina Rafael Sidique perdeu 30 mil meticais em dinheiro no incêndio. Em mercadoria, composta por sapatos, estima  ter perdido 120 mil meticais,
Manova Pinto Pinho, vendedora de capulanas, tinha guardado 500 mil meticais no dia de incêndio e tinha mercadoria avaliada em 900 mil meticais.
Lucas Augusto Matanha, comerciante e proprietário de uma banca de sapatos usados disse que tinha na banca 680 pares de sapatos para homens e 57 pares de sapatos para senhoras. Perdeu tudo. A mercadoria é avaliada em 400 mil meticais.
Carlos Luanda, outro comerciante, referiu que perdeu três fardos com peças que totalizavam 900 capulanas ao preço dev150 meticais cada. O prejuízo total ronda os 92 mil meticais.
Disse que ao chegar ao local do incêndio deparou-se com bombeiros  de Quelimane que nada faziam alegando que não tinham água no tanque.
Disse ainda que, para seu espanto, viu a viatura de bombeiros carregada de bens.
Ticiana Conde é chefe dos comerciantes da comunidade da Guine-Conacri. Disse que dedicava-se à venda de capulanas e chinelos. Possuía duas bancas e três armazéns, tendo perdido tudo no incêndio. Todo prejuízo ascende os três milhões e quinhentos mil meticais.
Tierno Amadou Diallo, da Guine-Conacri, disse que também perdeu tudo. "Bombeiros assistiram nossas bancas e armazéns a arderem, dizendo que não tinham água", disse, acrescentando que os bombeiros participaram nos roubos.
Mesma opinião tem Manomed Diabi. "Caí na desgraça. Tenho família que não sei como sustentar", lamentou.
O Conselho Municipal de Quelimane também confirma a presença de equipa de bombeiros do Corpo de Salvação Pública no local do incêndio, trinta minutos após chamada telefónica.  
Sublinha, contudo, que chegados ao local, os bombeiros, de facto, apresentaram uma viatura sem água para debelar o fogo.
O Município de Quelimame diz não perceber como uma equipa que tinha como missão debelar o fogo ficou sem água no tanque da viatura, tendo em conta o facto de que o centro de abastecimento de água na cidade de Quelimane dista a cinquenta metros do quartel de bombeiros, na mesma rua.
O BUSÍLIS DA QUESTÃO
Tierno Suleymanedisse que neste momento nada serve lamentar. Quer reconstruir sua barraca, contudo o Município de Quelimane não deixa. "Temos pouco dinheiro para nós reerguermos mas não nos dão margem de manobra. Estamos a morrer a fome", grita.
Oumou Hawa Diallo, outra comerciante, disse que o Município de Quelimane tem um plano ambicioso de requalificação, a médio e longo prazos, que não se coaduna com a urgência de quem está com fome.
"Nós queremos reconstruir já as nossas barracas e armazéns"' disse Diallo.
Na verdade, o Conselho Municipal de Quelimane quer modernizar a Feira das Actividades Económicas da Zambézia, ao encontro da sua dimensão histórica, acautelando mecanismos de segurança para que mais incêndios não venham ocorrer.
Maquetes para novo mercado foram já desenhadas com participação de técnicos e estudantes da Universidade Politécnica, tudo num esforço que visa a construção de equipamentos sociais de melhor qualidade.
Os comerciantes não concordam com o projecto por ser oneroso e necessitar de mais tempo.
Estamos atentos
a situação dos nossos irmãos
- Manuel de Araújo, Presidente do Município de Quelimane
Manuel de Araújo, edil de Quelimane, disse que tudo está a fazer para trazer a normalidade de volta à vida dos comerciantes da Feira de Actividades Económicas da Zambézia.
Em declarações ao domingo fez saber que o município contactou a MozaBanco para uma proposta comercial que visa  precisamente o apoio aos vendedores de forma a recuperarem as barracas destruídas pelo incêndio do passado 8 de Março.
Neste quadro, a MozaBanco irá conceder um financiamento que consiste num plafound até dez milhões de meticais, sendo que um dos financiamentos seria no montante máximo até  cem mil meticais para cada vendedor pelo prazo máximo de um ano, mediante taxas de juro bonificadas.
Sublinhou que decorre neste momento o esboço de plantas topográficas para modernização da Feira de Actividades Económicas. "Os parceiros estão à espera da finalização do projecto executivo para custear despesas associadas ao projecto", explicou.
Manuel de Araújo mostrou solidariedade com os comerciantes afectados. " Sei que estão aflitos. Pedimos paciência. É a vida", disse, ressalvando que foi a pensar neles que a edilidade recorreu a banca e até a embaixadas.
O edil disse ainda que desde o incêndio várias comissões foram constituídas com objectivo de apoiar os afectados.
Esclareceu que uma dessas comissões visava precisamente o reassentamento dos comerciantes na aposta pela modernização da Feira, mas estes, incompreensivelmente, não aderiram.
"Nós queremos vê-los a trabalhar porque só nesta condição estado em condições de cumprir com obrigações fiscais. Parados como estão, prejudicam contas do município. Ressentimo-nos também", afiançou.
Para Araújo é preciso observar a desgraça ocorrida na Feira como oportunidade de investimento que rentabilize ainda melhor a actividade dos próprios comerciantes, dai o município ter esboçado um plano mais arrojado de requalificação, assente em equipamentos de melhor durabilidade e com garantia de segurança contra incêndios.
Texto de Bento Venâncio
bento.venancio@snoticicas.co.mz
Azgo é uma corruptela do inglês (Lets go) para dizer “Vamos”. Também é o nome de um dos mais importantes festivais internacionais do nosso país que, na sua VI edição oferece um programa diversificado de música, cinema e dança de extrema qualidade durante os dias 20 e 21 no Campus da Universidade Eduardo Mondlane.

Este ano, na sua VI edição oferece um lote de artistas de créditos firmados no panorama internacional e com uma grande legião de admiradores entre nós! Paulo Flores, Timbila Muzimba, Azagaia e os Cortadores de Lenha e Sauti Sol, Lura, Zahara, são alguns dos nomes que irão animar o festival.
A estes artistas juntam-se ainda Mr. Bow, Neyma, Tributo a Alexandre Langa, Gran'mah eDeltino Guerreiro, de Moçambique. E ainda HMB (Portugal), Maya Kamaty (Ilha Reunião), Estère(Nova Zelândia), Cold Specks (Canadá) e Kingfisha (Austrália).
Uma das notas de destaque desta edição – para além do tradicional Azgozito, evento direccionado para as famílias e em particular para as crianças – é a homenagem que se pretende fazer a um dos mais profícuos artistas da nossa terra, o incontornável Alexandre Langa com todo o elenco que trabalhou para o disco que recupera alguns dos mais emblemáticos sons daquele músico já falecido.
Ainda na onda dos clássicos da música de Moçambique, o autor de muitos êxitos do passado e sucessos de sempre, Xidiminguana, exímio guitarrista e intérprete, dono de um vasto e rico repertório musical, irá emprestar o seu talento ao festival.
A filosofia, segundo a organização, mantém-se a mesma; fazer do Festival Azgo uma plataforma que possibilita a colaboração entre artistas emergentes e aclamados, possibilitando também que estes se encontrem com um novo público na cidade das acácias.
Se é verdade que a fina flor do nosso país irá dar cartas no festival, também não é menos verdade que os artistas internacionais, casos de Lura, Zahara e Paulo Flores irão atrair muitos admiradores. Junta-se a estes os Sauti Sol e pode-se imaginar o resultado explosivo que irá acontecer… tendo como rastilho o Homem Bomba - Azagaia e os Cortadores de Lenha - que volta aos palcos do Festival AZGO. Desta vez o narrador de todos fenómenos visíveis e invisíveis, vai agitar as águas, recorrendo aos sons do seu último disco Cubaliwa.
Para nos levar de volta ás raízes, a música chopi dos Timbila Muzimba, uma banda composta por jovens marimbeiros amantes da música tradicional, irá marcar presença. Dj Kenzehero da África do Sul, vai incendiar a plateia misturando sons de todos os tempos e a todo gás, o mesmo será dosMajestic Sound System mas numa onda reggae dub. Para terminar, Bholoja, uma mistura da música tipicamente Swazi e do mundo.
INDÚSTRIAS
CULTURAIS
Inserido no festival AZGO, terá lugar nos dias 17 e 18 de Maio corrente, às 09horas, no Complexo Pedagógico da Universidade Eduardo Mondlane, a segunda série do seminário AZGO Dialogar, uma iniciativa que se enquadra na Sexta Edição do Festival AZGO.
O evento tem por objectivo, contribuir para o desenvolvimento artístico-cultural e para uma maior sensibilidade para as questões culturais em Moçambique e na África Austral, juntando públicos e artistas diversos, emergentes e famosos, de vários géneros musicais.
Através deste seminário o Festival AZGO espera promover o património cultural imaterial e a vida artística de Moçambique, posicionar o nosso país como um destino para os amantes da música, oferecendo oportunidades para profissionalização na indústria da música, envolver as comunidades locais e criar postos de trabalho.
SAUTI SOL
A FEBRE
DO MOMENTO
O Festival Azgo, sempre na dianteira, traz nesta edição, uma das bandas mais sonantes da música africana da actualidade. Trata-se dos Sauti Sol, 4 jovens quenianos - Willis Chimano, Savara Mudigi, BienAime Baraza e Polycarp Otieno – que estão a fazer um tremendo sucesso no mundo tanto em espectáculos ao vivo como nas pistas de dança.
Com uma carreira iniciada em 2005, eles já colocaram no mercado discos como Mwanzo, Sol Filosofia,  Sauti Sol, Live and Die in Africa, último este lançado no ano passado.Já foram vencedores do prémio MTV Europe Music Award para categoria Best African Act, e muito recentemente em parceria com os Mi Casa, lançaram a música Tuale Fofofo.
PAULO FLORES
REI DA SEMBA
Paulo Flores Costa  é um dos cantores mais populares de Angola. Mudou-se para Lisboa  durante sua infância. Começou como cantor de kizomba, lançou o seu primeiro álbum em 1998. As suas canções falam de temas como a vida quotidiana dos angolanos, a guerra civil e a Magoga.
Na sua vasta discografia perfilam obras como Kapuete, Sassasa, Coração farrapo, Brincadeira tem hora, Recompasso, Perto do Fim, entre outros. Paulo Flores, autor, compositor e intérprete, é uma das principais referências na música de Angola e um defensor incansável do Semba. A voz de Paulo Flores, doce e rouca, inspira-se na tradição urbana de Luanda. Contando-nos histórias de ontem, de hoje e de amanhã, a sua música criou uma extraordinária empatia junto do público angolano e não só.
O REI BOW
Para Mr. Bow, a música está-lhe no sangue, desde os concursos no bairro quando era mais jovem. Aprimorou as suas composições e a presença em palco até se tornar a estrela pop no país. Mr. Bow transforma radicalmente o género hip-hop, acrescentando-lhe as suas próprias influências de zouk, R&B, soul e pop com um sucesso amplamente premiado.
Mr. Bow actua regularmente perante multidões nas diversas províncias de Moçambique e desenvolveu um sensacional show ao vivo. Em 2015, colaborou com Liloca numa música chamada My Number One, que se tornou uma das favoritas desde as pistas de casamento às discotecas.Mr. Bow regressa ao palco do Azgo para mostrar porque é idolatrado.
ZAHARA
LOLIWE
Bulelwa Mkutukane (Zahara), é uma compositora-cantora e guitarrista sul africana, com uma música que lhe vem da alma com os seus sons Afro Soul, ela canta na sua língua mãe, Xhosa, e em Inglês.Zahara lançou o seu álbum estreia Loliwe em 2011, disco que atingiu a platina em 13 dias e a dupla platina em 17 dias, vendendo mais de 100.000 cópias na África do Sul. O videoclip do seu álbum de estreia, "Loliwe", atingiu a marca dos 2,3 milhões de visualizações no YouTube. Em 2012, nos South African Music Awards anuais, Zahara ganhou oito prémios, incluindo "Melhor Artista Feminina" e "Álbum do Ano".
A DOÇURA DE LURA
Lura estava tranquilamente a estudar Educação Física em Lisboa, quando descobriu a sua voz, no momento em que lhe foi pedido para fazer um dueto com o seu amigo e companheiro cabo-verdiano, o cantor Juka – aos 17 anos. O seu primeiro álbum com a Lusaafrica foi lançado em mais de 10 países e nomeado para os BBC World Music Awards e Best World Music Album em França, apresentando o seu sucesso Na Ri Na, que a catapultou para os corações das pessoas como o “futuro da música Cabo-verdiana”.
Tal como outros artistas Cabo-verdianos, Lura ficou perturbada com o falecimento de Cesária Évora em Dezembro de 2011. Então decidiu voltar às suas raízes na Praia, em Cabo Verde, mas continuou a actuar, aparecendo regularmente em todo o mundo para delícia dos seus fãs. Em 2015, com um novo álbum, Herança, Lura focou-se no ritmo cheio de energia do arquipélago, o funaná, com músicas como “Maria di Lida”, “Sabi di Más” e “Ness Tempo di Nha Bidjissa”.

- Elídio Carvalho, 35 anos
Dia de chuva. Fina. Fria. Alheio ao estado do tempo está o jovem Elídio Fernando carvalho. Na garupa da sua motorizada, indolente, cruza as rua de Ulongué, a vila-sede do distrito de Angónia, Tete. Aparentemente não tem nada para fazer. Aceitou trocar dois dedos de conversa…
Elídio Carvalho é pai de 2 criançase residente do Bairro Francisco Manyanga. Diz que trabalha numa empresa que presta serviços à outras instituições que “fornecem” energia e água à cidade. Recusou-se terminantemente em indicar claramente de que empresa se tratava.
Meu patrão não permite que falemos com estranhos sobre a empresa mas garanto que trabalho e sou electricista e canalizador”, disse.                                            
Insistimos mas mesmo assim Elídio não desfez o nó mas já deu outra resposta: “eu sou um faz tudo pela vida. Tenho mulher e filhos para cuidar e isso obriga-me a fazer vários trabalhos”.
O nosso entrevistado mostrou-se um homem bem informado sobre os acontecimentos em curso no país mas que se reservava o direito de não comentar sobre “assuntos políticos” até porque “Moçambique está a atravessar uma fase muito delicada. Temos o problema de refugiados e da confusão por causa dos homens armados… essa coisa de colunas para nos deslocarmos é um caso sério e devia parar para podermos desenvolver o país”.
para Elídio qualquer comentário nesta altura pode ser entendido de “forma errada” e por isso prefere falar de outros assuntos, como por exemplo “a fraca qualidade da corrente eléctrica e os cortes constantes que acabam por danificar as nossas geleiras e televisores, apesar de a Barragem estar mesmo aqui na nossa província” e “sermos nós que andamos a vender energia para a África do Sul”.
Também não se furtou a falar da sua vida e do bairro onde vive destacando que “infelizmente há pessoas que não aceitam o desenvolvimento. Não querem fazer latrinas apesar das campanhas que já foram feitas e isso é mau para o meio ambiente e para a saúde”.
Ainda na saúde falou da problemática do HIV/Sida “embora eu não tenha nenhum familiar doente, sei que esta é uma doença que está a causar muitos problemas na sociedade. Por vivermos perto de Malawi isso também influencia. Aqui há uma grande circulação de camionistas e isso tem consequências”, disse antes de acrescentar que as “brigadas da saúde fazem o seu trabalho mas nós, como população, temos que ajudar”.
Sobre o programa radiofónico “Ouro Negro”, Elídio afirmou-se um apaixonado pelo teatro de tal sorte que “eu sempre ouvi a rádio… gosto muito de Cena Aberta (programa de teatro da RM) e estou a acompanhar esta radionovela e gosto da história de “Henriques da Cruz”.
Na peça em apreço, Henriques da Cruz um professor, um jovem que teve que reformar alguns paradigmas da sua vida por causa da mudança da cidade para o campo.
O nosso entrevistado diz rever-se nesse personagem porquanto, apesar de ter nascido e vivido sempre em Ulongue, ele sempre se viu como um cidadão do mundo, vivendo numa grande cidade. Refira-se queOuro Negro é uma radionovela produzida pela Rádio Moçambique, PCI Media Impact, PMA e Unicef e tem como pano de fundo as mudanças sociais resultantes da exploração mineira.
O ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, esteve esta semana de visita ao nosso país, para entre outros assuntos ligados às relações entre aquele país e Moçambique, reanimar 20 acordos assinados entre ambos, mas que entretanto não estão a conhecer a sua implementação.
Depois de trabalhar com o seu homólogo, Oldemiro Balói e ser recebido pelo Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, o diplomata angolano reconheceu haver uma espécie de negligência das duas partes para a implementação dos acordos já firmados nos vários sectores.
“ Urge por isso que os dois países dêem passos concretos para este propósito” disse Chikoti a jornalistas.
No encontro que teve com o Primeiro-ministro, segundo o governante angolano, foram revistos os níveis de implementação dos acordos relativos à facilitação de vistos, cooperação nas áreas de Defesa e Segurança, Comércio, Comunicação Social, entre outras.
Há uma necessidade, segundo Georges Chikoti, de concluir os acordos de investimentos que se referem aos sectores do Turismo, Energia, Agricultura e Hidrocarbonetos ao mesmo tempo que o sector empresarial está a ser interessado a ser mais activo, tendo em conta que há uma câmara de comércio entre os dois países.
Trata-se do cumprimento do conjunto de decisões tomadas ao mais alto nível, na visita de estado efectuada pelo presidente de República, Filipe Jacinto Nyusi, a Angola, de 6 a 12 de Novembro do ano passado, da qual resultou a necessidade de reanimar as relações de cooperação entre os dois países nos vários domínios.
O chefe de Estado moçambicano, na oportunidade disse que gostaria que as relações políticas fossem sustentadas pelas económicas, pois na sua opinião não basta que tenhamos um passado histórico comum, uma história similar, baseada na colonização pelo mesmo colonizador, nem é suficiente que reiteremos que somos irmãos. Precisamos de ir mais além, que as boas relações históricas e de irmandade sejam sustentadas por uma cooperação económica pujante e ao nível da nossa aproximação privilegiada, o que faz com que o Indico não esteja longe do Atlântico.
Alias, no fim da visita do chefe de Estado, as companhias aéreas nacionais dos dois países, a LAM e a TAAG, tornaram-se nas pioneiras na resposta à vontade dos países, governos e dos respectivos povos, ao rubricarem um acordo comercialque visa criar facilidades de ligação a preços acessíveis para os passageiros das duas companhias.
O acordo, conseguido no último dia da visita presidencial a Angola, enquadrava-se, na verdade, no âmbito da implementação do Plano Estratégico da LAM, segundo então garantira ao nosso jornal uma fonte da companhia, permitindo que os passageiros, por exemplo, com origem em Maputo, possam adquirir as suas passagens, viajando nas LAM, para Luanda e ao mesmo preço escolher entre regressar a Maputo num voo directo ou via Joanesburgo, no voo da TAAG e de Joanesburgo até Maputo no voo da LAM.
Permite também que a preço único, o passageiro, por exemplo com origem em Maputo, possa adquirir a sua passagem nas LAM e voar nesta companhia até Luanda e a partir desta cidade fazer ligações com o voo das TAAG para destinos domésticos em Angola ou para fora do território angolano.
Por outro lado, a fonte daquela empresa moçambicana de aviação comercial, tal significava também que as LAM passavam a oferecer voos diários a Luanda, sendo dois directos e os restantes dias da semana via Joanesburgo, cuja companhia transportadora seria as TAAG, sem que isto significasse um custo adicional para o passageiro.
Por toda parte se fala da pobreza do Desportivo de Niassa, clube que representa a maior província do país no Moçambola. Todos lamentam pela falta de apoios à colectividade, mas ninguém apoia.
Nascido no Bairro da Cerâmica, nas proximidades do Estádio Municipal 1º de Maio, o Desportivo de Niassa não consegue ter dinheiro para pagar salários e garantir comida para os seus jogadores, que muitas vezes vão aos treinos e aos jogos sem terem jantado ou almoçado.
A Associação Provincial de Futebol diz que já cumpriu a sua missão, que foi de ajudar o clube a ascender ao Moçambola, vontade colectiva das pessoas do Niassa e do Governo provincial. Por sua vez, a parte governamental, nesse caso a Direcção Provincial da Juventude e Desporto, diz, também, que já cumpriu a sua missão, que foi de atribuir dinheiro para que a equipa se inscrevesse e para testes médicos dos jogadores exigidos pela Liga Moçambicana de Futebol.
E o empresariado? Não acredita ganhar vantagens caso patrocinasse o representante da sua província, por isso prefere juntar-se aos que vão dizendo que o Governo deve manter-se na vanguarda de apoio ao Desportivo do Niassa, porque quando a província voltar a sair do Moçambola as pessoas vão se revoltar, perdendo o Governo o apoio popular.
Não é por acaso que dos distritos saem multidões para assistir aos jogos do Moçambola, em Lichinga, mesmo que as viagens e os ingressos custem muito dinheiro.
Onde andam os Amigos e Naturais do Niassa? Esses andam de costas e escondidos nas grandes cidades do país. Mas, aqueles que sofrem pela sua província não querem continuar a receber somente urnas.
E o silêncio do Governador Arlindo Chilundo também preocupa as pessoas do Niassa. Pensa-se que um seu gesto pela causa do futebol na província pode abrir portas donde podem sair ajudas para o seu representante no Moçambola.
Sem “Moçambola”
haverá revolta
- Adverte José Manuel, presidente eleito e demissionário
Para além da crise de falta de dinheiro, o Desportivo de Niassa vive outra crise, a de falta de direcção. O presidente eleito a 27 de Abril, José Manuel Gaisse, pediu demissão dia 10 de Maio e adverte que se a província sair do Moçambola a população se vai levantar.
Do encontro que mantivemos com Gaisse, em Lichinga, se produziu a presente entrevista.
- Tomei conhecimento que o senhor foi eleito presidente do Desportivo de Niassa. Que pensa fazer para tirar o clube da lama em que se encontra?
- Espero que já tenha tido conhecimento que apresentei demissão.
- Não é possível!
É com dor, angústia e mágoa que assumo não poder ser presidente do representante da terra que me viu nascer no Moçambola. Mas contra factos, não há argumentos.Quando fomos eleitos, eu dizia que é preciso ter coragem para perseguir o leão que atacou alguém. Moçambola tem custos e exigências. Toda agente faz apelos de apoio ao Desportivo de Niassa, mas não contribui. Jogadores precisam de comer para terem força de treinar e jogar.
DEIXARAM O CLUBE COMIGO
Quem é que devia apoiar e não apoia o Desportivo de Niassa?
A todos os níveis, as entidades locais não apoiam o clube. Um clube não pode viver sem fundos. O agravante é haver pessoas que olham para o clube como sua fonte de receita. Pela utilização do Estádio 1º de Maio, o Desportivo de Niassa deve pagar vinte por cento da sua receita ao município. Está-se a sacrificar um clube que nem dinheiro para alimentar seus jogadores tem. Então, com seriedade demiti-me e disse não aguento.
Será que quando se candidatou não conhecia a realidade do clube?
O clube vinha com uma direcção. Houve necessidade de reorganização. Fui convidado a ser novo presidente. Eu como moçambicano, como filho da terra, aceitei. Símbolo de Niassa é elefante. O elefante não é carregado por uma pessoa. Deixaram o clube comigo. Eu pensava que íamos trabalhar juntos.
O que é que encontrou e lhe fez desistir de ser presidente?
A nível interno os contratos de jogadores não estão claros. Nem uma cópia existe. O Moçambola está a decorrer! Há três meses que os jogadores não recebem salários. Não há fórmula de pagamento. São necessários 563 mil meticais para pagar salários a toda equipa. Não há fonte de receita. Quem pede apoio para o clube, não apoia. Seria bom que todos fôssemos os primeiros a contribuir.
Quer dizer, preferiu abandonar o pobre doente!
Deixei o lugar de presidente à disposição. Não abandonei o clube. Vou continuar a apoiar em tudo. Posso dizer mais?
O quê?
O fundo da coisa, não é só falta de dinheiro. Todos temos que estar comprometidos com a causa do clube. A sociedade tem de olhar para o clube como sua coisa, incluindo o governo. Ter uma equipa no Moçambola é ter uma tábua de salvação.
Não acha que ao se demitir, antes de tomar posse, criou outra crise para o clube?
Acredito que não provoquei outra crise. Temos que sentar para uma melhor organização. Talvez seja uma chamada de atenção. O clube chama por nós. Temos que amparar o nosso representante no Moçambola.
Quem são os donos do clube?
O Desportivo de Niassa nasceu no Bairro da Cerâmica. Tem estatutos publicados no Boletim da República.
Tenho ouvido dizer que se fosse o Ferroviário a apurar-se ao Moçambola receberia apoio de todos. Pensa o mesmo?
Esperava-se que o representante do Niassa no Moçambola fosse o Ferroviário, mas, pelo que sucedeu na poule, não é. O Desportivo é uma equipa que saiu do nada, que a todo custo quer firmar-se no país. Temos que esquecer as cores das nossas camisolas e lutarmos para Niassa ter mais uma equipa no Moçambola. Das dezasseis equipas, esta nossa é a única que não tem patrocínio. Começou a treinar a uma semana antes do início do campeonato. Mesmo assim, não está tão mal na classificação.
Como lutar para ter mais equipas no Moçambola, se não querem prestar apoio a uma que lá está?
Havia muita sede de se ir ao Moçambola, até no fórum político.
Agora devem estar todos arrependidos!
Se este projecto falha, a população vai-se levantar, porque Niassa sempre quer estar no Moçambola.
Ao ser convidado a ser presidente, o senhor não foi tido como solução dos problemas do Desportivo de Niassa?
Antes analisamos isso e ficou patente que eu ia ajudar. Já dei trinta mil meticais para a equipa viajar. Sempre disse que não seria possível o clube viver somente do meu bolso. Está a faltar clareza. Sonhou-se muito alto.Resultado, hoje o jogador não tem comida. Vai ao jogo sem ter comido. As portas estão fechadas.
Quando foi eleito?
Fui eleito dia 27 de Abril na presença do governo provincial.
Quer dizer mais algo?
Onde andam os Amigos e Naturais de Niassa? É difícil! Mas acredito que melhores dias virão. As pessoas passam, os processos ficam.
Já agora, quem o demissionário?
Sou José Manuel Daisse, construtor, transportador e vendedor de combustíveis. Este ano vou completar cinquenta e três anos de idade.  
Não é verdade
que Governo não apoia
- Rui Parsotam, chefe de Desporto na DPJD
domingo contactou a Direcção Provincial da Juventude e Desporto (DPJD) para saber se tinha alguma ideia de ajuda ao Desportivo de Niassa, clube que corre o risco de não conseguir permanência no Moçambique por não ter dinheiro para salários e alimentar os jogadores, estes que já começaram a desertar para outros clubes.
“Não é verdade que o Governo não apoia o Desportivo de Niassa. Já deu trezentos mil meticais, que serviram para inscrição da equipa no Moçambola e para testes médicos dos jogadores”, responde Rui Parsotam, chefe do Departamento de Desporto na DPJD.
“Nós como Governo não podemos assumir a equipa como nossa. Temos estado a ajudar todos os clubes da nossa província. Neste momento há um movimento que a DPJD está a liderar para que os agentes económicos apoiem a equipa” disse Parsotam.
A outra pessoa com quem abordamos a crise do Desportivo de Niassa foi a presidente da Associação Provincial de Futebol de Niassa, Maria Rajabo Munjune.
“Nós como associação fomos incumbidos pelo governo provincial a missão de envidarmos esforços para que tivéssemos uma equipa no Moçambola. Foi o que fizemos. Não nos foi dito que seriamos nós a pagar salários aos jogadores e aos treinadores, nem a missão de dar-lhes comida”, afirmou.
A República Popular da China é famosa por preservar sua tradição milenar que compreende o quesito cultural, político, uma estrutura económica sui generis, uma pujança militar de se lhe tirar o chapéu, vibrante produção cinematográfica, enfim.
Mas, poucos conhecem e admitem que a China “já nos deixou”. A cidade de Shenzhen é o quartel-general dos prodígios na área de telecomunicações.
Para muitos moçambicanos, e não só, China é o país do Kung Fu, pátria de Bruce Lee e de Jack Chan, onde bens originais e piratas se entrelaçam, onde se come tudo o que de move na terra, no mar e no espaço, onde todos tem os olhos puxados, vive gente que trabalha de forma incansável e a vida tem uma elasticidade maior. Tudo verdade.
Porém, há detalhes que escapam e um deles é a existência de uma cidade chamada Shenzhen, que tem cerca de 30 anos de existência, onde milhares de jovens ganham a vida estudando e inventando formas de “tornar o mundo melhor conectado”, como eles mesmos defendem.
A cidade ainda está em obras. Há gruas de construção civil aqui e ali, por vezes dezenas numa área onde se vê claramente que vai nascer um quarteirão de arranha-céus. Apesar disso, Shenzhen tem incríveis 20 milhões de habitantes. Olhando para a nossa realidade, seria como levar 90 por cento da população moçambicana para ir viver numa única cidade.
Reza a história que a área que hoje é ocupada por esta cidade, que pertence à província de Guangdong, até meados da década de 80 era uma aldeia de pescadores, virada de frente para a desenvolvida Hong Kong, que é uma região administrativa especial da China.
O governo desta República Popular entendeu declarar a então remota área de Shenzhen como Zona Económica Especial (ZEE) e milhares de chineses com projectos de investimento vieram se estabelecer por aqui, dando vida àquilo que hoje é uma das cidades mais jovens e modernas existentes no país.
O GIGANTE CHINÊS
Por detrás de toda a dinâmica que se assiste nesta urbe, pontifica a estória de vida de Ren Zhengfei, um homem maduro que por volta de 1987 acabara de se aposentar das Forças de Libertação Popular e que decidiu explorar as facilidades criadas pelo governo na ZEE de Shenzhen.
Naquela altura, Zhengfei aplicou cerca de três mil dólares num projecto de produção de componentes para telemóveis que deu origem à empresa Huawei. Segundo a imprensa norte-americana, com particular enfase para o New York Times, este homem sobreviveu no vibrante mundo dos negócios graças à sua persistência felina.
É que Zhengfei apostou num sector prenhe de gigantes que funcionavam como praga predatória para pequenas e médias empresas do ramo, pior para as que tinham origem na China, país com fama de contrafacção de marcas, entre outros. Essa capacidade de resistir e dar a volta por cima levou a imprensa ocidental a oferecer-lhe o epíteto de lobo.
Aliás, dentro da própria China, e segundo nos contam os gestores da empresa, não foi fácil convencer a população de que Huawei é uma marca para valer. Por causa disso, a aposta foi orientar a venda da sua produção para o campo, conquistando a clientela de trás para a frente. 
Quando a empresa achou que tinha ganho asas, procurou internacionalizar-se estabelecendo uma filial na Rússia. Porém, os russos estranharam a marca e a loja ficou às moscas durante dois anos. Quando o desespero já batia a porta, apareceu o primeiro cliente que pagou os primeiros 38 dólares.
Este caso fez com que Zhengfei e seus colaboradores directos percebessem que precisavam investir na área de pesquisa e no desenvolvimento de produtos pelo que contrataram a assessoria da IBM e da IPD, empresas renomadas na área”, refere fonte da empresa.
Graças a essa luz, de 1987 a esta parte, a Huawei se transformou numa multinacional chinesa de produção de equipamento de telecomunicações, e não apenas de produção de telemóveis, como muitos pensam, a ponto de se posicionar na posição 228 da lista de 500 empresas mais afortunadas do mundo.
Mas, mesmo no domínio dos telemóveis, esta empresa, que até há pouco era uma ilustre desconhecida, conseguiu se transformar no terceiro maior vendedor de smart phones no mundo e primeira na China, onde o número de habitantes roça os dois biliões.
Outro exemplo que salta à vista é que esta companhia está presente em 170 países, tem 170 mil trabalhadores espalhados pelo mundo, 76 mil dos quais afectos à área de pesquisa e desenvolvimento. Aliás, é justamente nesta componente que a Huawei mais surpreende com produtos que parecem coisas de filmes.
Um dos bens que eles fizeram questão de mostrar com garbo, para que não tivéssemos dúvidas do nível em que se encontram em matéria digital foi um servidor com oito Petabytes (acima de Terabytes) capaz de armazenas informação de 10 canais de televisão em simultâneo durante três anos consecutivos.
Graças a esse tipo de aposta, a contabilidade da empresa só fala em biliões, em milhões e milhões de dólares, tanto no que é despesa, como no que é receita. Conforme apurámos na sede da empresa, o investimento feito em 2015 em pesquisa e desenvolvimento tecnológico é de 15,4 biliões de dólares e os lucros foram estimados em 62 biliões de dólares.
Aliás, de 2009 a esta parte, o gráfico de proveitos da empresa parece uma aeronave em “take off” (a levantar voo). Não pára de crescer. Começou com 21,5 biliões e em escassos seis anos chegou a expressivos 62 bis, usando a linguagem dos nossos jovens. Com este nível de rendimento, a Huawei só aceita ser comparada a outras gigantes do ramo, nomeadamente a Ericsson, NSN, ALU e ZTE.
Sob o lema “Enriquecer a vida através da comunicação”, esta empresa está a desenvolver três ramos essenciais de negócios, a começar pelo fornecimento de equipamento de rádio, transmissão e físico para todas as empresas de telecomunicações existentes no país.
Na mesma senda esta empresa está a fornecer soluções para as comunicações governamentais (e-goverment), como é o caso do Centro de Dados do Governo que opera com 99,99 por cento de fiabilidade e segurança, segundo a própria Huawei.
Nesta mesma componente se inclui a plataforma digital conhecida por e-baú que permite que os cidadãos movimentem processos On-Line para o registo de empresas, pedidos e pagamentos de licenças, entre outros.
Na verdade, esta empresa fornece soluções e equipamentos digitais para os mais variados ramos de actividade, incluindo a indústria financeira, saúde e até mesmo para a transformação de cidades em lugares seguros para se viver. O exemplo que eles não se cansam de citar é o caso do Quénia que recentemente adquiriu equipamento de vigilância que ajudou a reduzir o índice de criminalidade nas suas cidades em 50 por cento.
A CAMINHO DO 5G
No campo das telecomunicações, a China está a progredir a uma velocidade estonteante que as comunicações por aqui são feitas a 4G (LTE/LTE-Advanced) e 4,5 G (LTE-Advanced Pro). Mas, a evolução da rede móvel e da internet das coisas (Internet of Things, ou IoT) está a avançar tanto que a Huawei começa a esfregar as mãos para ver a União Internacional de Telecomunicações (UIT) a protocolar o uso do 5G.
Note-se que na escala de desenvolvimento da rede móvel, o mundo partiu de 1G para 2G (GSM), 2,5G (GPRS), passou para 2,75G (EDGE), seguiu para 3G (UMTS) e 3,5 (HSPA/HPSA+) que é por onde nós andamos em Moçambique.
No que se refere à Internet das Coisas (IoT), a Huawei é a tal que vai deixando o mundo de queixo caído através da construção e desenvolvimento de bens cada vez mais conectados e que vão revolucionando a forma de viver no meio urbano e não só.
E mesmo a propósito de conexão, os sistemas desenvolvidos por esta empresa são utilizados para viabilizar as comunicações de seis dos 10 maiores bancos do mundo, 14 das 20 maiores empresas europeias e cobrem 140 mil quilómetros de auto-estradas e linhas férreas.
Não é por caso que 77 por cento do crescimento desta empresa resulta da venda de equipamentos mais compactos para as 50 maiores empresas do ramo de telecomunicações como são os casos da Vodafone, Portugal Telecom, MTN, Telecom e Orange.
NA UNIVERSIDADE DA HUAWEI
Moçambicanos surpreendem
Dez jovens moçambicanos que estão a beneficiar de treinamento de curta duração no quadro de um acordo existente entre o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS) e a Huawei Technologies estão a surpreender a equipa docente destacada para sua formação pela assimilação rápida das matérias.
Conforme testemunhámos durante as sessões de formação até aqui lecionadas, para além da pontualidade, que é um requisito primário, o grupo tem alcançado êxitos e resolvido com rapidez e eficiência, a ponto de completar as metas de exercícios muito antes do tempo regulamentar.
Nos exercícios práticos realizados na semana passada nos laboratórios da Universidade da Huawei, na cidade de Shenzhen, os dez jovens moçambicanos concluíram as actividades com sucesso e com bastante tempo de antecedência, facto que encantou à equipa de formadores.
Este grupo de jovens é o segundo a frequentar uma formação do género na China e que tem como finalidade assegurar o funcionamento dos sistemas informáticos no âmbito das reformas em curso na área de gestão do trabalho e o programa é denominado “Sementes para o futuro de Moçambique”.
No quadro do referido acordo, está igualmente prevista a capacitação institucional, com ênfase para a formação dos funcionários do sector bem como na disponibilização de estágios pré-profissionais a finalistas universitários.
Para o director geral da Huawei em Moçambique, Chenglidzu, a materialização do acordo com o MITESS segue a máxima chinesa que diz “não dê peixe, ensine a pescar”, e o lema adoptado para o nosso país é “enriquecer a vida através da comunicação”.
Jorge Rungo, em Shenzhen
jorge.rungo@snoticicas.co.mz
Fotos de Jorge Rungo

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