sábado, 13 de fevereiro de 2016

Reunião do Comité Central da Frelimo


Nos bastidores da II Sessão Extraordinária do Comité Central (CC) da Frelimo, a expectativa era intensa em torno dos resultados da reunião do mais alto órgão do partido no poder, no intervalo entre os congressos. Havia motivos para a ansiedade: Tratava-se do primeiro encontro do órgão a ser dirigido pelo actual presidente do partido, Filipe Nyusi, e, por isso, cogitavam-se mudanças de vulto no xadrez da organização. Contudo, para frustração dos de “dentro e de fora”, a reunião cingiu-se escrupulosamente à agenda principal, previamente divulgada pelo partido, a remodelação pontual do secretariado. 
A reestruturação da poderosa Comissão Política (CP) e nomeação de um novo Secretário-geral passam para o XI congresso, que, de princípio, será no próximo ano. Apesar de não terem emergido da sessão transformações sensíveis, foi possível notar que há mudanças em curso no partido dos “camaradas”, nomeadamente na disposição da sala que acolhe as reuniões da Frelimo. 
Desta vez, os membros das organizações sociais, que não fazem parte do CC, apenas entraram na sala para a tradicional saudação com cânticos e entrega de presentes. Os ministros que não fazem parte do CC não estiveram no encontro. A nova constituição do pódio foi outra nota que chamou atenção, uma vez que Filipe Nyusi, Alberto Chipande – considerado tutor do actual Presidente da República e do partido, e o Secretário-geral, Eliseu Machava, estavam ligeiramente a frente relativamente aos restantes membros da Comissão Política, sentados no mesmo local. Joaquim Chissano, presidente honorário, e Armando Guebuza, que antecedeu Nyusi na chefia do parti do e do Estado, tiveram uma mesa destacada na plateia e não no pódio.     O CC da Frelimo reuniu-se com o objectivo de cumprir o postulado no artigo 22 da directiva que torna incompatível a função de deputado com cargos no secretariado do par tido.
Por força daquele comando, Edson Macuácua, Sérgio Pantie, Damião José e Carlos Morreira Vasco, que ocupavam, respectivamente, os cargos de secretário para Formação e Quadros; Organização; Mobilização e Propaganda e por fim Organizações Sociais renunciaram aos postos. 

Sob a alegação de complexidade das tarefas, Carmelita Namashulua resignou do cargo de secretária para Assuntos Parlamentares e Autárquicos, para se dedicar, exclusivamente, ao de ministra da Função Pública e Administração Estatal. Amélia Nakhare também abdicou da Administração e Finanças, para ficar com a direcção máxima da Autoridade Tributária.    Segundo o presidente da Frelimo, a reestruturação visa dotar o partido de um secretariado a tempo inteiro.
verdadeiramente executivo e com a missão de tornar eficientes os métodos de trabalho, o sistema de mobilização, organização, formação e capacitação de acordo com as necessidades de crescimento do partido.  Entende ainda Nyusi que a nova imagem do secretariado deve refletir o crescimento do partido e as suas contínuas transformações, apelando à coerência, consistência e consentaneidade com as exigências impostas pela gestão duma organização que, na sua opinião, tanto cresceu. 
Assim, o CC elegeu António Niquice, que antes era deputado pelo círculo eleitoral da cidade de Maputo, para o cargo de secretário para a Mobilização e Propaganda e, consequentemente, porta do voz do parti do, em substituição de Damião José. António Niquice integrou o naipe dos jovens que desde a primeira hora apoiaram a candidatura de Filipe Nyusi, quer no processo da sua eleição no CC, quer na campanha eleitoral. 
Agostinho Trinta transita de governador de Inhambane para secretário de Organização, Formação e Quadros. Trinta foi administrador dos distritos de Erate, Murrupula e Mugovolas na província de Nampula, tendo ascendido ao cargo de primeiro secretário da Frelimo na mesma província durante o consulado de Armando Guebuza, que depois o nomeou governador de Inhambane. A sua governação é contestada por muitos, devido a uma alegada inércia no desenvolvimento da província, mas caiu nas graças de Nyusi porque foi na terra de “boa gente” que iniciou o seu percurso vitorioso como pré-candidato. Chakil Aboubacar, que exercia o cargo de administrador de Monapo, na província de Nampula, foi indicado para dirigir os Assuntos Económicos. 
Para o cargo de secretária para Administração e Finanças foi apontada Esperança Bias, que deverá resignar do cargo de deputada. Natural de Nampula e licenciada em Economia pela Universidade Eduardo Mondlane, Esperança Bias fez a sua carreira no ministério dos Recursos Mineiras, ocupando várias pastas, tendo ascendido ao cargo de vice e depois ministra do sector. 
Com a sua saída da AR, abre espaço para que o círculo eleitoral de Cabo Delgado coloque um substituto. Da lista de suplentes por aquele círculo, não constam nomes sonantes, com excepção de Catarina Pajume, antiga vice-ministra da agricultura, que está na 14ª e última posição. Helena da Glória Muando, também deputada da AR, passa a dirigir as Organizações Sociais. Antes de chegar ao parlamento, Muando foi directora provincial da Mulher e Acção Social na província de Gaza. A este grupo do secretariado, juntou-se Aida Libombo, nas Relações Exter nas, e José Psico, Assuntos Parlamentares e Autárquicos. Filipe Nyusi disse que a eleição dos novos membros do secretariado foi feita com base na convicção de que tudo farão para a materialização dos objectivos definidos pelo partido no presente mandato. O líder da Frelimo precisou que os nomeados deverão trabalhar focados na produção de resultados, uma vez que são muitos os desafios pela frente, sendo a coesão interna uma das prioridades. 


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