O Comando Geral da Polícia moçambicana afirmou hoje ser difícil um balanço do desarmamento do braço armado da Renamo, principal partido de oposição, assumindo que a operação entrou agora numa fase assente na "persuasão" e não na "coerção".
"Um balanço sobre a retirada de armas em mãos alheias é difícil, porque se trata de um processo contínuo e variável e não foi delimitado um prazo de início e de encerramento da operação", disse à Lusa o porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina.
Em declarações citadas hoje pelo diário eletrónico Mediafax, o porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), António Muchanga, afirmou que as forças de defesa e segurança moçambicanas conseguiram apenas retirar duas armas dos membros do braço armado do movimento, contra 200 que alega terem sido apreendidas pelos homens do principal partido de oposição em confrontos com as forças do Governo.
Falando à Lusa, o porta-voz do comando-geral da PRM declinou comentar os números avançados por António Muchanga, limitando-se a afirmar que "são dados de um político".
"A nossa posição primária era que as armas em mãos alheias fossem voluntariamente entregues às autoridades e se recorremos a meios coercivos foi por uma questão de repor a ordem pública", assinalou Inácio Dina.
O porta-voz adiantou que as forças de defesa e segurança moçambicanas vão seguir a ponderação pedida na semana passada pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, nas ações de desarmamento da Renamo.
Falando numa cerimónia de graduação de guardas prisionais na província de Maputo, a 19 de novembro, Nyusi recomendou às forças de defesa e segurança moçambicanas a pautarem-se pela ponderação no desarmamento da Renamo, como forma de permitir a via do diálogo para a resolução das divergências entre o Governo e o movimento.
Numa intervenção quarta-feira no parlamento, o porta-voz da Renamo, também deputado, disse que a posição de Filipe Nyusi representa uma rendição, supostamente após o falhanço da tentativa de desarmamento compulsivo do movimento.
Mas hoje, o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, retomou, também no parlamento, a orientação dada pelo chefe de Estado, no sentido de as forças de defesa e segurança se pautarem pela ponderação no desarmamento compulsivo da Renamo, "de forma a dar espaço ao processo de diálogo, visando o alcance da paz no país".
Moçambique vive momentos de incerteza política, devido à recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de outubro passado e às ameaças do movimento de governar à força nas seis províncias onde reivindica vitória, caso a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) mantenha a rejeição da formação de autarquias nas seis províncias.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, não é visto em público há mais de um mês, desde que a sua casa na Beira, província de Sofala, centro de Moçambique, foi invadida e os seus guardas desarmados e detidos por algumas horas pela polícia moçambicana.
Por outro lado, têm sido relatados confrontos entre o braço armado da Renamo e as forças de defesa e segurança em alguns pontos do país, principalmente no centro.
PMA // EL
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