O fornecimento de dólares a bancos de Angola será descontinuado na segunda-feira, data em que o banco norte-americano que os fornece deixará de transferir notas para o sistema financeiro angolano.
O Banco Angolano de Investimentos (BAI), o maior banco privado em Angola, á começou a restringir o levantamento de dólares e antevê não ter mais notas para entregar a partir de segunda-feira, noticiou a Bloomberg. De acordo com uma fonte não identificada, os clientes do BAI estão impedidos de levantar mais do que 2 mil dólares (1,88 mil euros) por semana, e deverão enfrentar uma ausência de notas da moeda norte-americana a partir de segunda-feira, dia 30.
O banco não comentou oficialmente esta informação, mas de acordo com o Banco Rand Merchant, uma unidade do sul-africano FirstRand, o fornecimento de dólares a bancos angolanos será descontinuado a partir da próxima segunda-feira porque o banco norte-americano que fornece os dólares avisou no final de outubro que deixará de entregar notas até ao final do mês, sem apresentar o motivo para esta alteração.
Esta interrupção no fornecimento de dólares é consequência de uma decisão da Reserva Federal dos Estados Unidos, que suspendeu a venda de dólares a bancos sediados em Angola por considerar que havia uma sistemática violação das regras de regulação do sector, conformenoticiou o Expresso no início deste mês. Mais grave é a suspeita de que o país possa estar a financiar redes de terrorismo. Terão sido também detetadas práticas de branqueamento de capitais, envolvendo somas anuais de milhões de dólares.
Esta decisão, que já foi discutidas em reuniões de emergência entre o governador do Banco Nacional de Angola e os presidentes dos principais bancos do país, pode dificultar gravemente importações de que Angola depende, pois estima-se que só dos Estados Unidos virão todos os anos 6 mil milhões de bens importados.
Entretanto os clientes do Banco Fomento Angola são, por seu lado, obrigados a converter o valor que querem levantar em dólares em kwanzas à taxa oficial, confirmou um funcionário do banco, que pediu para não ser identificado, uma troca altamente desfavorável por comparação com as taxas praticadas nos mercados paralelos – a taxa de cambio oficial é de 135 kwanzas por cada dólar, sendo que no mercado paralelo este já é transacionado a 200 kwanzas.
Já os angolanos que viajam para o estrangeiro devem usar cartões de crédito, de débito e cartões pré-pagos, como recomenda o Banco Nacional de Angola na sua página da internet, avisando também sobre “a continuada redução na entrega de notas bancárias” e recomendando ainda que comprem a moeda do país para onde viajam, e não dólares.
A injeção de divisas nos bancos comerciais angolanos aumentou quase 60% na última semana, para 332,7 milhões de dólares (313,3 milhões de euros), sobretudo para garantir as operações do setor petrolífero, informou na quarta-feira o Banco Nacional de Angola (BNA).
A informação consta do relatório semanal do banco central angolano sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, ao qual a Lusa teve acesso, relativamente à venda de divisas entre 16 e 20 novembro, realizada a uma taxa interbancária média de 135,984 kwanzas (94 cêntimos de euro), inalterada há mais de um mês.
Neste período, o BNA vendeu 332,7 milhões de dólares (313 milhões de euros) de divisas, valor que compara com os 209,1 milhões de dólares (196,6 milhões de euros) injetados na semana anterior, um aumento de 59,1%, limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central. “Este volume de divisas destinou-se fundamentalmente à cobertura de operações de natureza prioritária”, refere o BNA, na mesma informação, tal como vem sucedendo nas últimas semanas.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica, face à redução de receitas fiscais com o petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos. A generalidade dos bancos angolanos limitou, entretanto, a venda de divisas a clientes a um máximo de 1.000 dólares (940 euros) por semana.
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