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Referendo na Grécia trava acordo e põe zona euro a falar em "plano B"
ALEXANDRE MARTINS
27/06/2015 - 21:55
Ministros das Finanças desistiram de negociar com o Governo da Grécia e rejeitaram prolongar o prazo do programa de resgate. Atenas tem até terça-feira para aceitar a proposta que está em cima da mesa. HERMAN/REUTERS
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Depois de meses de um jogo do empurra cheio de voltas e reviravoltas, a corda que mantinha a distância entre a Grécia e os seus credores internacionais parece ter-se partido de vez, pelo menos enquanto o Syriza estiver no poder em Atenas. Neste sábado à tarde, quando a reunião dos ministros das Finanças da zona euro foi interrompida de forma inesperada, o presidente do Eurogrupo resumiu o ponto de ruptura a que chegaram as negociações, com uma resposta seca à pergunta que todos fazem: e agora? “Tem de perguntar isso ao Governo grego”, disse Jeroen Dijsselbloem.
Enquanto o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, discutia no Parlamento a intenção de referendar a última proposta dos credores internacionais – descrita como “um ultimato que contraria os princípios e valores basilares da Europa” –, o seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, ia ficando cada vez mais isolado no meio dos colegas europeus, em Bruxelas.
Ao fim de quatro horas de discussões no Eurogrupo, chegava a notícia que muitos temiam ouvir: não há acordo, e a Grécia tem mesmo de pagar 1600 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional até terça-feira – o mesmo dia em que vai também esfumar-se a possibilidade de o Governo grego receber mais de sete mil milhões de euros da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, por não ter aplicado as reformas nos termos que eram exigidos por essas instituições.
A não ser que esta história venha a sofrer uma reviravolta – algo que seria inesperado, mas não totalmente surpreendente –, o Governo liderado pelo Syriza pode ter ficado refém da sua própria jogada, ao convocar um referendo para os próximos dias: com a decisão do Eurogrupo de não alargar o prazo do programa grego para além de terça-feira, os eleitores vão ser chamados a dizer “sim” ou “não” a uma proposta que já não estará em cima da mesa.
Foi este o dilema que um jornalista pôs à consideração do presidente do Eurogrupo, durante a conferência de imprensa realizada ao final da tarde, e que Jeroen Dijsselbloem resolveu com a dureza que tem caracterizado a troca de palavras entre os dois lados: “Tem de perguntar isso ao Governo grego.”
Tanto na conferência de imprensa de Dijsselbloem como na declaração assinada por 18 dos 19 ministros das Finanças da zona euro – com direito a uma nota de rodapé para sublinhar a excepção de Yanis Varoufakis – fica claro que a culpa é atirada por inteiro para as costas do Governo da Grécia.
“Devido ao prolongado impasse nas negociações e à urgência da situação, as instituições apresentaram uma proposta abrangente sobre os condicionalismos das políticas [gregas], fazendo uso da flexibilidade no âmbito da proposta actual. Infelizmente, apesar dos esforços a todos os níveis, e do apoio total do Eurogrupo, esta proposta foi rejeitada pelas autoridades gregas, que abandonaram as negociações sobre o programa no final do dia 26 de Junho, de forma unilateral”, lê-se no comunicado do Eurogrupo.
Traduzindo, no entender dos restantes ministros das Finanças da zona euro, a decisão do Governo da Grécia de convocar um referendo sobre a proposta que estava em cima da mesa – e que Atenas considera ser um caminho para a “humilhação do povo grego” – matou qualquer hipótese de estender o programa de resgate para além de terça-feira. E muito menos por “algumas semanas”, como chegou a pedir o ministro das Finanças da Grécia aos seus colegas.
À saída da reunião, quando se preparava para entrar na carrinha em que iria iniciar a viagem de regresso à Grécia, Yanis Varoufakis foi questionado pelos jornalistas se tinha sido um dia triste para ele. Sem parar, e sempre com um sorriso, respondeu que foi “um dia triste para a Europa”. “Mas vamos ultrapassá-lo”, afirmou.
Varoufakis tinha acabado de dar uma conferência de imprensa sobre a reunião dos ministros das Finanças da zona euro, que acabou por partir-se em duas – uma primeira parte com todos, e uma segunda parte sem a presença do ministro grego. Mais uma vez, os motivos desta separação foram justificados num tom revelador do abismo que separa Yanis Varoufakis e Jeroen Dijsselbloem – o primeiro disse que não foi convidado para a segunda parte da reunião, e o segundo disse que foi o ministro grego quem se foi embora antes de a primeira ter terminado.
Na conferência de imprensa, Varoufakis reafirmou que o seu Governo não pode aceitar a proposta dos credores internacionais, e criticou duramente os seus colegas por não terem aceitado esperar mais alguns dias ou semanas, como tinha pedido.
“A recusa de hoje do Eurogrupo em aceitar o nosso pedido de extensão deste acordo por uns dias, ou por duas semanas, para permitir que o povo grego vote sobre as propostas – mesmo havendo uma grande probabilidade de os gregos votem contra as nossas recomendações e as aprovem –, vai certamente prejudicar a credibilidade do Eurogrupo como instituição democrática. Receio que esse dano seja permanente.”
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Enquanto o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, discutia no Parlamento a intenção de referendar a última proposta dos credores internacionais – descrita como “um ultimato que contraria os princípios e valores basilares da Europa” –, o seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, ia ficando cada vez mais isolado no meio dos colegas europeus, em Bruxelas.
Ao fim de quatro horas de discussões no Eurogrupo, chegava a notícia que muitos temiam ouvir: não há acordo, e a Grécia tem mesmo de pagar 1600 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional até terça-feira – o mesmo dia em que vai também esfumar-se a possibilidade de o Governo grego receber mais de sete mil milhões de euros da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, por não ter aplicado as reformas nos termos que eram exigidos por essas instituições.
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