sexta-feira, 5 de abril de 2013

"Que os arrogantes e os belicosos encontrem o caminho de um diálogo sério e efectivo, e não daquela conversa de surdos a que nos habituaram"

 

MARCO DO CORREIO, por Machado da Graça
Olá José
Espero que estejas de saúde. Do meu lado está tudo bem, felizmente.
Onde parece que as coisas não estão nada bem é na zona Centro do país, em Manica e Sofala.
Depois de uns tempos de certa calma, os ânimos voltam a exaltar-se e as ameaças de regresso à guerra aumentam de tom.
Ainda há pouco tempo um alto dirigente da Renamo afirmava, abertamente, que só a tiro se poderia resolver os problemas do país.
Depois disso já há quem fale, também abertamente, de forças preparadas para a guerra. E registam-se movimentações de forças armadas, quer do Governo, quer da Renamo, para ocupar posições estratégicas.
Ontem o Correio da manhã falava da tomada, por forças governamentais, de acampamentos militares da Renamo em Vunduzi, zona onde está instalado Afonso Dhlakama.
Manuel Bissopo, Secretário-geral da Renamo, respondeu dizendo que a sua organização há muito esperava por uma provocação desse tipo.
Subentendendo-se que esperava por ela para desencadear as suas acções militares.
E tudo isto são muito más notícias para todo o país.
Volto a te dizer o mesmo que já disse várias vezes: Estou convencido que a Renamo não tem capacidade militar para derrubar o Governo, mas tem capacidade para realizar actos de guerrilha/terrorismo que podem ser devastadores para a população pacífica e para a economia.
Do lado do Governo e do partido que o apoia, continuam a chegar declarações de amor pelo diálogo mas, quando se chega às coisas concretas, essa vontade de diálogo traduz-se, exclusivamente, pela colocação de mais unidades da FIR, pesadamente armada, no terreno.
Esperemos, meu caro amigo, que isto seja mais uma tempestade num copo de água e que as coisas regressem à anterior calma.
O tempo é de construir e não de destruir. Que os arrogantes e os belicosos encontrem o caminho de um diálogo sério e efectivo, e não daquela conversa de surdos a que nos habituaram.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANÃ – 05.04.2013

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