sexta-feira, 5 de abril de 2013

Europa se prepara para onda de terrorismo interno: Voz da Rússia

4.04.2013, 17:24, hora de Moscou
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Europa, terrorismo, islamismo
© Flickr.com/Truthout.org/cc-by-nc-sa 3.0

A polícia belga matou a tiro um argelino de 39 anos, traficante de armas para grupos terroristas. Os peritos chamam atenção para o fato de a realidade europeia atual, conhecida antes como calma e tolerante, estar a transformar-se em algo semelhante a um filme de ação de Hollywood. Em causa está a capacidade das autoridades comunitárias de reagir, de forma adequada, a uma iminente onda de terrorismo interno.

Hoje em dia, os serviços especiais europeus têm seguido com muita atenção o evoluir dos acontecimentos no mundo árabe onde, pelos vistos, está em vias de formação uma espécie da "Internacional Terrorista" que terá a Europa na mira. Na ótica de analistas, a Primavera Árabe acabou por incitar os ânimos extremistas. O Ministério do Interior da Grã-Bretanha alerta para o próximo surgimento no continente de centenas de europeus, adeptos do islamismo radical. Hoje eles estão derrubando os regimes laicos autoritários no norte da África mas amanhã chegará a vez de derrubar os governos democráticos da Europa. Acontece que a atual legislação antiterrorista europeia não está adaptada ao trabalho dos serviços secretos encarregados de combater a ameaça terrorista.
O chefe do Departamento de Segurança Europeia do Instituto da Europa, Dmitri Danilov, comenta:
"A expulsão dos grupos terroristas do Mali não nos permite falar de seu aniquilamento completo. Trata-se de um reagrupamento de forças e meios ao seu alcance. E, nesse contexto, pode-se supor que a eliminação de umas frentes de combate externas seja aliada à intensificação da atividade destas forças na Europa. Tal dialética é complexa por carecer de normas matemáticas exatas. No entanto, todo o mundo compreende ser impossível combater o terrorismo de forma desarticulada. É preciso um programa abrangente, prevendo a coordenação dos esforços a nível internacional."
Ao que parece, na agenda europeia vem entrando a questão do terrorismo interno, a luta contra o qual se afigura muito mais complicada do que o combate ao terrorismo externo. Os peritos têm registrado um fenômeno alarmante: a propagação do radicalismo islâmico agressivo na Europa entre os muçulmanos jovens, muitos dos quais nasceram e foram educados no Ocidente em famílias laicas relativamente ricas.
Há quem diga que os atuais problemas se devem aos erros sistêmicos cometidos há dezenas de anos. Os europeus, no afã de prevenir reincidências da ideologia fascista, se concentraram na divulgação de valores democrático-liberais, propagando os princípios de respeito em relação às minorias étnicas e uma atitude tolerante para como os emigrantes. Ora esses critérios foram aproveitados por pessoas alheias aos valores democráticos e liberais.
O rumo político europeu encerra certos riscos evidentes, constata Dmitri Danilov.
"Claro que, nesse contexto, a ameaça terrorista vai crescer cada vez mais. E quanto maior for o envolvimento de Estados europeus no combate ao terrorismo, fora ou dentro da Europa, tanto maior será o perigo de ataques terroristas. Mas eu não iria relacionar a atividade militar dos países europeus no mundo árabe com um aumento da ameaça terrorista na Europa. Inicialmente, os europeus tentavam fazer ver que se tratava do terrorismo internacional. Mas, passado algum tempo, se tornou evidente ser impossível fazer a distinção entre o terrorismo internacional e o terrorismo interno. O terrorismo internacional não tem fronteiras. É por isso que assim se chama internacional, porque representa um perigo ramificado, por vezes difícil de identificar."
É difícil também avançar argumentos convincentes que mostrem que o principal inimigo da Europa e do Ocidente é a própria Europa. As suas tentativas de unificar, reconciliar e democratizar tudo que esteja ao seu alcance levarão à catástrofe da civilização. A questão é de saber quando é que tal irá ocorrer. Os pessimistas admitem que isto acontecerá durante a atual geração. Os otimistas vão adiando essa etapa dramática. Mas a lógica da história continua de forma inexorável e tem de ser levada em conta, independentemente da vontade humana ou da conjuntura política.

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