Jovem brasileira, ou melhor, sua virgindade, foi leiloada por cerca de R$ 1,5 milhão em um “documentário” australiano. Nada de mais?
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O martelo foi batido na última quarta-feira, 24: a virgindade da jovem brasileira Catarina Migliorini, de 20 anos de idade, natural do estado de Santa Catarina, foi leiloada na internet pelos produtores de um reality show australiano para lá de controverso, intitulado Virgins Wanted (algo como “Procura-se virgens”).
Catarina, a virgem, foi arrematada pela bagatela de US$ 780 mil por um japonês que atende pelo pseudônimo de Natsu. Desde o fim do leilão da virgindade de Catarina o site do reality (os produtores preferem chamar a coisa de “documentário”), exibe uma foto de Catarina na praia, de biquíni, sob uma grande etiqueta vermelha com a palavra “sold” (“vendida”), ao lado do nome do comprador e do valor do lance final.
Catarina se inscreveu há dois anos, pela internet, e acabou sendo escolhida como protagonista feminina no reality. Houve também um escolhido, o virgem russo Alexander Stepanov, para ser o virgem masculino à venda, mas este foi arrematado por míseros US$ 3 mil pela compradora (ou comprador) Nene B. — do Brasil, a propósito.
Não se sabe o que Alexander vai fazer com a verba, mas Catarina já disse que pretende usar o dinheiro do programa, com trocadilho, para fazer caridade e bancar os estudos em uma faculdade de Medicina na Argentina.
O ‘progresso’ da troca do hímen por cabras
O “documentário” Virgins Wanted vem gerando reações distintas mundo afora, do moralismo às denúncias às reações de falso moralismo, passando pelos pais da moça dizendo respeitar sua decisão, ainda que não apoiassem exatamente sua aventura midiática-sexual no outro lado do mundo.
Para Rhiannon Lucy Cosslett, colunista do jornal britânico The Guardian, o leilão da virgem brasileira na internet é apenas a versão moderna de uma longa história de comercialização da virgindade feminina. Em artigo publicado no dia seguinte à conclusão do negócio, Rhiannon diz, enfática:
“A ‘decisão comercial’ de Migliorini, como ela própria falou em uma entrevista à imprensa, foi tomada no âmbito de uma estrutura na qual a virgindade das mulheres tem sido tratada como mercadoria ao longo de centenas de anos. Assim, embora tecnicamente ela tenha escolhido vender a sua, todo o sistema que permite que a virgindade feminina esteja à venda já existe há eras. Antes, seu pai trocaria seu hímen por algumas cabras e grãos. Agora, a única diferença é que o papai foi substituído por um novo intermediário, um site australiano pervertido. Isto é progresso, não?”.
‘O pessoal é romântico, ela não’
Mas o melhor comentário sobre as aventuras da virgem brasileira em terras e camas distantes talvez tenha sido o do cineasta José Pedro Goulart em crônica publicada na Terra Magazine:
“A maioria desaprova a decisão da moça de Santa Catarina que decidiu leiloar sua última célula de inocência num evento na Austrália. O pessoal é romântico, ela não”.
O fato a ser consumado é o seguinte: a jovem Catarina vai perder a virgindade daqui a cerca de dez dias em voo fretado que fará a rota Austrália-EUA. Sim, no ar, para não haver problemas com legislações sobre prostituição de países quaisquer. As câmeras vão só até a porta do avião.
Por que só daqui a dez dias? Para que o homem que arrematou a virgindade de Catarina tenha tempo de fazer todos os exames para provar que não tem qualquer doença sexualmente transmissível, porque, muito românticas e instrutivas, as regras do reality preveem que a relação sexual acontecerá sem o uso de preservativo.
Caro leitor, você encara com naturalidade esse programa, reality show ou documentário centrado no leilão de jovens virgens?
Isto é apenas levar ao limite o caráter de apelo sexual dos reality shows e programas similares em geral?
Catarina, a virgem, foi arrematada pela bagatela de US$ 780 mil por um japonês que atende pelo pseudônimo de Natsu. Desde o fim do leilão da virgindade de Catarina o site do reality (os produtores preferem chamar a coisa de “documentário”), exibe uma foto de Catarina na praia, de biquíni, sob uma grande etiqueta vermelha com a palavra “sold” (“vendida”), ao lado do nome do comprador e do valor do lance final.
Catarina se inscreveu há dois anos, pela internet, e acabou sendo escolhida como protagonista feminina no reality. Houve também um escolhido, o virgem russo Alexander Stepanov, para ser o virgem masculino à venda, mas este foi arrematado por míseros US$ 3 mil pela compradora (ou comprador) Nene B. — do Brasil, a propósito.
Não se sabe o que Alexander vai fazer com a verba, mas Catarina já disse que pretende usar o dinheiro do programa, com trocadilho, para fazer caridade e bancar os estudos em uma faculdade de Medicina na Argentina.
O ‘progresso’ da troca do hímen por cabras
O “documentário” Virgins Wanted vem gerando reações distintas mundo afora, do moralismo às denúncias às reações de falso moralismo, passando pelos pais da moça dizendo respeitar sua decisão, ainda que não apoiassem exatamente sua aventura midiática-sexual no outro lado do mundo.
Para Rhiannon Lucy Cosslett, colunista do jornal britânico The Guardian, o leilão da virgem brasileira na internet é apenas a versão moderna de uma longa história de comercialização da virgindade feminina. Em artigo publicado no dia seguinte à conclusão do negócio, Rhiannon diz, enfática:
“A ‘decisão comercial’ de Migliorini, como ela própria falou em uma entrevista à imprensa, foi tomada no âmbito de uma estrutura na qual a virgindade das mulheres tem sido tratada como mercadoria ao longo de centenas de anos. Assim, embora tecnicamente ela tenha escolhido vender a sua, todo o sistema que permite que a virgindade feminina esteja à venda já existe há eras. Antes, seu pai trocaria seu hímen por algumas cabras e grãos. Agora, a única diferença é que o papai foi substituído por um novo intermediário, um site australiano pervertido. Isto é progresso, não?”.
‘O pessoal é romântico, ela não’
Mas o melhor comentário sobre as aventuras da virgem brasileira em terras e camas distantes talvez tenha sido o do cineasta José Pedro Goulart em crônica publicada na Terra Magazine:
“A maioria desaprova a decisão da moça de Santa Catarina que decidiu leiloar sua última célula de inocência num evento na Austrália. O pessoal é romântico, ela não”.
O fato a ser consumado é o seguinte: a jovem Catarina vai perder a virgindade daqui a cerca de dez dias em voo fretado que fará a rota Austrália-EUA. Sim, no ar, para não haver problemas com legislações sobre prostituição de países quaisquer. As câmeras vão só até a porta do avião.
Por que só daqui a dez dias? Para que o homem que arrematou a virgindade de Catarina tenha tempo de fazer todos os exames para provar que não tem qualquer doença sexualmente transmissível, porque, muito românticas e instrutivas, as regras do reality preveem que a relação sexual acontecerá sem o uso de preservativo.
Caro leitor, você encara com naturalidade esse programa, reality show ou documentário centrado no leilão de jovens virgens?
Isto é apenas levar ao limite o caráter de apelo sexual dos reality shows e programas similares em geral?
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