sábado, 6 de abril de 2013

Queda do regime sírio vai desestabilizar Médio Oriente - Globo - DN

Bachar al-Assad faz novo aviso
por LusaHojeComentar
O Presidente sírio, Bachar al-Assad, confrontado com uma rebelião desde há dois anos, avisou na sexta-feira que a queda do seu regime teria um "efeito dominó" no Médio Oriente e desestabilizaria a região "durante muitos anos".
Em entrevista a meios de comunicação turcos, qualificou o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, cujo governo apoia os rebeldes, de "idiota" e "imaturo".
Para Al-Assad, "todos sabem que se houver divisão da Síria, ou se as forças terroristas conseguirem o controlo do país, haverá um contágio direto aos países vizinhos", afirmou na entrevista à televisão Ulusal e ao jornal Aydinlik, difundida integralmente na página da Presidência síria na rede social Facebook.
"Depois vai haver um efeito dominó em países talvez longe do Médio Oriente, a oeste, a leste, no norte e no sul. Isto significa uma instabilidade durante muitos anos, inclusive décadas", preveniu.
A entrevista foi realizada na terça-feira e a presidência síria foi divulgando extratos durante vários dias no Facebook.
Nos primeiros extratos divulgados, Assad acusou Erdogan de ter mentido sobre o conflito na Síria, que já fez, segundo a Organização das Nações Unidas, mais de 70 mil mortos em dois anos.
"O incêndio na Síria vai propagar-se à Turquia. Infelizmente, [Erdogan] não vê esta realidade", afirmou Al-Assad, que acusou o dirigente turco de "trabalhar com Israel para destruir a Síria", contrapondo que "o Estado sírio não caiu e os sírios resistiram".
Na continuação, Al-Assad afirmou que "o governo turco contribui de maneira discreta para matar o povo sírio (...). Erdogan procura reproduzir o passado negro entre os Árabes e os Turcos", referindo-se ao império otomano, que dominou vastas regiões árabes durante quatro séculos.
"Não podemos permitir a dirigentes idiotas e imaturos que destruam esta relação" entre turcos e árabes, acrescentou, referindo-se sempre a Erdogan.
Disse ainda que "falta legitimidade" à Liga Árabe, em reação à decisão da organização de atribuir o lugar da Síria à oposição.
Al-Assad recusa sair do poder e designa os rebeldes que pretendem o derrube do seu regime como "terroristas".
Associou ainda a abertura de um diálogo com a oposição à não-ingerência do estrangeiro. "É preciso que seja um diálogo inter-sírio, sem interferência estrangeira. É a última linha vermelha. Este país pertence a todos os sírios. Eles podem discutir o que quiserem", assegurou.
O chefe da coligação oposicionista, Ahmed Moaz al-Khatib, disponibilizou-se no final de janeiro a realizar discussões diretas com representantes do regime, tendo como único objetivo a saída de Al-Assad. Disse depois que o regime tinha fechado a porta a tais negociações, ao continuar a fazer bombardeamentos através da Síria.
Al-Assad atacou ainda a Irmandade Muçulmana da síria, que é considerada a componente mais influente da oposição. "A nossa experiência com eles ao longo de 30 anos diz-nos que se tratam de oportunistas, que utilizam a religião para conseguirem objetivos pessoais", disse.
A Irmandade Muçulmana tinha promovido um levantamento, nos anos 80, contra Hafez al-Assad, pai de Bachar, que foi brutalmente reprimido, com dezenas de milhares de mortos, em Hama, no centro do país, em 1982.

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