segunda-feira, 9 de julho de 2018

um meme parodiando o Gilberto Mendes.






Edgar Barroso
18 h ·



MEMES

Um meme pode ser uma imagem, um vídeo curto ou uma frase (ou a combinação de tudo isso), produzidos como publicidade, caricatura, paródia ou qualquer cena humorística, especialmente divulgados através da Internet de forma muito rápida e, na maior parte dos casos, de modo viral. Se eu for a vasculhar o mural de (literalmente) todos aqui no Facebook, encontrarei pelo menos um meme lá partilhado. Todos já viram ou usaram nas suas redes sociais aqueles memes satíricos do sapo verde, de Robert Mugabe ou qualquer imagem/frase de auto-ajuda, de reflexão e de entretenimento.


Ontem me mandaram pelo Whatsapp e partilhei aqui um meme parodiando o Gilberto Mendes. O feedback dos meus amigos aqui foi muito diverso. Uns gramaram e outros repartilharam, por um lado, e, por outro, uns se mostraram contra e até apareceram gatekeepers a censurar (um deles denunciou a cena ao Facebook e o meme foi removido). Perfeitamente normal.

O que eu aprendi, da experiência de ontem, é que há determinadas coisas que eu, Edgar, não tenho, não posso e nem devo partilhar. Exacta e exclusivamente por eu ser o Edgar. Se fosse o Antoninho ou a Gina, seria pacífico. Tudo bem. Aprendi também que não se pode parodiar a um paradiador por excelência. O Gilberto Mendes é um actor de teatro e tem, ao longo da sua carreira e tanto em salas de teatro como em televisão, parodiado diversas figuras políticas, sociais, culturais, desportivas e etc deste país. Ontem ele mostrou pública e abertamente, suportado pelos seus fãs e por alguns polícias da "boa moral", que tem de estar imune ao que ele faz aos outros. Ok.

PS: Acho que, em Moçambique, ainda não estamos na rota da Cultura Pop global (onde as acções de toda e qualquer figura sonante, do Trump ao Neymar, por exemplo, são caricaturadas sem o menor tique de censura pública, em tempo real e em qualquer lugar do mundo). Não admira que, por cá, jornais e jornalistas estejam a ser processados por produzir e publicar cartoons e memes (um sub-género jornalístico há muito já desenvolvido). Ou que códigos de conduta profissional que coartam a liberdade de expressão dos cidadãos estejam a ser aprovados para evitar o escrutínio público das nossas elites.

Anyway, acho que já não vou partilhar mais memes... ainda acabo assassinado por radicais pró-Gilberto como aqueles jornalistas do Charlie Hebdo o foram por alguns extremistas muçulmanos, há alguns anos na França. Alguns que eram na altura "Je Suis Charlie" eram os que me estavam a atacar pessoalmente ontem, como se tivesse sido eu a desenhar aquilo. Yuuu, mamã...


Ser ou não ser Charlie: será esta a questão?
16/01/2015 ~ 4 COMENTÁRIOS


Cesar Mangolin

O atentado de Paris gerou reações de todo tipo, que se colocaram entre duas posições: “Eu sou Charlie” – “Eu não sou Charlie”… Sem dúvida, no primeiro momento, o “Eu sou Charlie” ganhou força por causa do impacto do acontecimento. Mas logo na sequência muitos começaram a fazer críticas ao trabalho dos jornalistas e a levar em conta o contexto no qual estava inserido o jornal, o que os levou a tomar a posição contrária. Embora tenham aparecido textos muito lúcidos, houve também aqueles que exageraram na dose, como sempre… Não tenho dúvida que se o atentado fosse num país islâmico e não no coração do imperialismo ocidental o impacto mundial seria muito menor, assim como foi o massacre de duas mil pessoas na Nigéria na mesma semana… Com maior ou menor peso nas mídias, tratam-se, evidentemente, de duas grandes tragédias.

Houve ainda os que avançaram em teses obscuras, visto que não possuem elementos precisos para as afirmações que fizeram. Um certo grupo político se apressou a afirmar que a ação era, na verdade, do Mossad e da CIA, numa conspiração para atritar ainda mais o ocidente com o mundo islâmico e, ao mesmo tempo, auxiliar a escalada à direita nos países do centro do sistema e na França, objetivamente.

Ora, seria impossível que tudo não passasse de uma armação de Israel e das potências ocidentais que dão guarida à sua sanha assassina no Oriente Médio? Não! Não seria impossível. Mas o fato mesmo é que tal conspiração somente poderia ocorrer porque os acusados seriam capazes de fazê-lo pelos motivos alegados… Tento explicar: somente posso fazer algo e tentar atribuir a culpa a outrem se esse outro sujeito parecer ao que vai julgar o ato capaz de realizá-lo da mesma forma e pelos motivos alegados. Portanto, se foram os grupos islâmicos radicalizados e não reconhecidos pela maioria dos muçulmanos, ou se foram os fascínoras de Israel e do ocidente judaico-cristão, vale mesmo é compreender que ambos seriam capazes de cometer (e cometem constantemente, embora desproporcionalmente) a mesma estupidez.

Minha reflexão, portanto, vai mais no sentido do ato em si e menos na tentativa de descobrir quais foram seus responsáveis. Não esqueçamos que tanto o Estado Islâmico quanto a Al Qaeda se apressaram em assumir os ataques…

Houve os que, também apressadamente, trataram os jornalistas mortos como um atentado à esquerda francesa, assim como outros que os demonizaram na semana seguinte… A pressa e a precisão não caminham na mesma marcha.

Nem mártires, nem demônios. Mas o primeiro argumento é ruim… Que o jornal e alguns de seus membros tenham um passado recente ligado à esquerda francesa não há dúvida, mas currículo é um negócio que em política vale muito pouco. Eu sinceramente acredito que insultar a religião alheia de forma sistemática rompe a barreira do que pode ser considerado humor, mas principalmente alimenta a já elevada perseguição que sofrem imigrantes em solo francês, assim como torna as parcerias de França com os EUA realizando “atentados de Estado” pelo Oriente afora mais palatável ao povo francês. Quem duvida que o governo francês receberia amplo apoio para uma resposta desproporcional e violenta contra supostas bases dos “terroristas” em outros países? Dentro da França os muçulmanos têm sofrido perseguições e violências de todo tipo…

Também não considero progressista ou de “esquerda” caricaturar uma ministra negra num corpo de macaco, como fizeram os jornalistas em questão… O efeito, internamente, é o mesmo.

Mas nada disso, evidentemente, justifica a desproporcionalidade da reação, embora seja sempre bom pensar em quantos cidadãos franceses, imigrantes ou filhos de imigrantes, sofreram violências respaldadas por esse tipo de humor, assim como brasileiros negros, nordestinos, homossexuais, nativos etc… Quantos morreram por ações amparadas pela construção cotidiana desses estereótipos preconceituosos? Difícil contabilizar, ainda mais se levamos em conta que morrer não depende apenas de um tiro: podemos matar pessoas e gerações inteiras sem nenhum ato de violência direta.

Sempre insisto com os estudantes que precisamos questionar os pressupostos teóricos de uma proposição ou teoria qualquer para poder verificar se está próxima da realidade concreta. Não sou adepto do relativismo teórico, nem do chamado pós-modernismo, que caiu tão bem para gente que tem preguiça de estudar e povoa as universidades brasileiras. Marx fez a crítica da economia política porque conseguiu, antes, por abaixo seus pressupostos…

Enfim, a questão não é ser ou não ser Charlie, nem o elemento principal é saber se foram os islâmicos radicalizados ou o Mossad (do nazi-sionismo assassino) os responsáveis pelo atentado. A grande questão é: quais são os pressupostos históricos e teóricos que explicam a ação e a reação?

Isso exige estudar um tanto para os que não se dedicaram a pensar nossa história dos últimos séculos, em particular a ação do Ocidente no período da expansão colonizadora, depois, já no capitalismo, na fase imperialista. Os franceses comovidos parecem nunca terem tomado conhecimento das atrocidades que cometeram há poucas décadas contra os argelinos…

E não é apenas para entender, sem dúvida. Precisamos urgentemente envolver muito mais pessoas na tarefa coletiva de construção de uma nova organização social, que tenha como pressupostos a cooperação, o fim da exploração do homem pelo homem, a igualdade e uma vida material confortável para todos e para que todos possam viver em paz suas diferenças.

Somente a igualdade coletiva permite viver e respeitar as diferenças. O contrário de igual é desigual, não diferente. Na desigualdade o resultado é a massificação e a violência estúpida por todos os lados.
Deus, o diabo e nós
14/01/2015 ~ 5 COMENTÁRIOS


Cesar Mangolin

Esses dias ouvia a pregação de uma mulher de alguma igreja cristã.

Ela dizia a uma senhora lá pelos sessenta e tantos que os tombos que havia tomado eram obra do diabo. Por alguma razão, no mínimo curiosa, o próprio teria certo gosto em desequilibrá-la.

Depois, disse que o demônio estava em todos os lugares. Na sua casa, dentro dela e, quase acrescentei eu, dando rasteira nos outros por aí.

A violência, o desemprego, a fome, as guerras, as doenças…. tudo obra do capeta!

Pobres humanos que são vítimas sem defesa do tinhoso !

Ela falou durante uns quarenta minutos: 30 minutos sobre a obra de satanás, uns cinco sobre Jesus e outros cinco falando das benesses de sua igreja na conquista do reino dos céus, desde que pagos os 10% do pastor, obviamente, que deve ter algum acordo de representação imobiliária com deus, além de cuidar de outras questões burocráticas, como a ida direta e sem escalas ao paraíso. O pastor, pelo que entendi, é um verdadeiro e competente despachante das coisas celestes!

Os cinco minutos gastos com Jesus foi uma explicação digna de nota sobre o fim do mundo: segundo a pregadora, no fim dos tempos Jesus vai voltar e chamar a cada um pelo nome, separando os salvos dos não salvos.

Argumentei comigo mesmo que depois de toda revolução tecnológica isso não parecia muito inteligente, além de demorar pra diabo, digo, bastante.

Daria sorte se a chamada for em ordem alfabética: como meu nome começa com “c”, estaria relativamente no início da lista. Mas logo desgostei da idéia, visto que meu amor, a Ruth, estaria no final da lista e, considerando que uma coisa é chamar e outra é responder, passaria bons meses, ou anos, sem vê-la, afinal, são 7 bilhões de pessoas, fora as que já morreram! Independente do lugar, sei que vamos para o mesmo (se houver lugar a ir, óbvio).

O mais incrível disso tudo é que a mulher demonstrava acreditar mesmo naquilo tudo que dizia, particularmente nas artimanhas do sete pele para lascar ainda mais nossa vidinha besta.

Solidário que sou aos perseguidos e desprezados, acabei por logo me compadecer com o cabrunco e começar a pensar que havia ali alguma questão política de fundo, que tornava o chifrudo responsável por tudo.

Independente da lógica da argumentação da mulher, salta aos olhos a importância da identificação de uma fonte do mal para que se possa falar de uma fonte do sumo bem. A demonização não é algo próprio do discurso religioso, mas está presente em todas as frentes.

Caso sejamos sinceros o bastante, dentro da lógica religiosa, a fonte primária de tudo mesmo é deus, afinal, ninguém pediu para ser criado, exatamente porque o que não existe não pode ter vontade. Daí os cristãos saem com aquela do livre arbítrio… Vejam: que ser cria outro com a capacidade de se arrebentar? Por que não nos fazer simplesmente perfeitos e felizes, ou ainda melhor, simplesmente não fazer nada, visto que a obra acabou dando merda?

Respeito profundamente a fé das pessoas. Não me tomem, por causa do meu tom irônico, por arrogante. Até agora apenas fiz comentários simplistas dentro da lógica que parece prevalecer no discurso dos seguidores dessas igrejas todas, principalmente as influenciadas pelo movimento pentecostal, do que não foge a igreja católica, com a sua chamada “renovação carismática” e seus padres marcelos cantadores das belezas e das mazelas do reino para o umbigo de cada um.

Esses movimentos pentecostais estão bem adaptados ao mundo que vivemos: tratam a fé como algo individual, suas músicas são cantadas sempre na primeira pessoa do singular, as orações feitas em tom histérico, com mãos erguidas para o alto e cada qual dizendo o que bem entende.

São ilhotas religiosas, assim como são ilhotas em todos os outros espaços da vida, mendigando ao patrão uns centavos a mais em troca de sua fidelidade total (isso se chama, de forma mais popular, de peleguismo), mendigando a deus mesmo na vida de agora e as garantias para a vida futura. Carneiros mendigando e buscando soluções rápidas para as agruras da vida, individualmente.

O diabo virou tudo o que se quer negar e, ao mesmo tempo, explicação para tudo de ruim. Eu não tenho desejo sexual, é o diabo que põe isso na minha cabeça; não tenho vontade de tomar umas biritas, coisa do cão; não sou egoísta, não tenho defeitos, tudo que sai errado é obra do esquerdo; a sociedade que vivemos não é resultado de nossa passividade, as violências sociais todas não têm relação com a divisão de classes, com a exploração do homem pelo homem: tudo é obra do coisa ruim.

Já trataram, ainda no século XIX, dos efeitos ideológicos da projeção desta vida na vida eterna e de sua função reprodutiva e atomizadora das relações sociais concretas.

Constato aqui apenas o óbvio: isso é atualíssimo, cada vez mais gritante… e mais estúpido.

Caso isso tudo (deus, diabo, vida eterna etc) for como dizem por aí nas igrejas, penso que no teatro da vida, lá em cima, depois das escadarias, na porta que dá visão das poltronas todas e do palco, morrem de prazer e riem-se abraçados deus e satanás.
A defesa dos animais! Mas o animal humano…
09/01/2015 ~ 3 COMENTÁRIOS


Cesar Mangolin

Observação: o texto que vai abaixo é de 2011, mas vale ser republicado… Povoam nas revistas e jornais textos que fazem a defesa dos animais e esquecem do animal humano… Vale, portanto, insistir no assunto e nessa loucura coletiva, lembrando desde já que não sou contra a defesa dos demais animais: sou contra esconder atrás desse discurso o individualismo e a violência que marcam as relações humanas atuais. Que aprendamos a defender todos os animais., mas que aprendamos também que somente construindo condições para relações sociais igualitárias e justas poderemos criar um espaço razoável para a vida em geral.

* * *

Assisto a alguns programas da televisão de forma aleatória, sem fidelidades e tempo certo.

Tem me chamado a atenção as matérias sobre a defesa dos animais, além de já ter visto programas voltados exatamente para esta questão. Não sou contrário a defesa dos animais, nem de que tenham uma vida digna e direito à vida, alimentação, carinho, que não sejam abandonados à própria sorte, nem maltratados, torturados e coisas assim.

O que ma chamou a atenção foi a forma como se referem aos animais os profissionais e seus entrevistados.

Na noite do dia 21, por exemplo, o programa “Pânico” exibiu um verdadeiro mutirão para a adoção de animais que foram abandonados. A exibição da “feira” de doação era cortada por depoimentos dos integrantes do programa, que apareciam ao lado de seus animais domésticos. Saiu todo tipo de barbaridade ali, que pode ser sintetizada na frase de um deles: “Um cachorro é muito melhor que um ser humano!”

Não duvido que, diante das misérias humanas, um cão deva ser necessariamente depreciado. Penso que nossa questão não é a de quem deve ser melhor. Uma questão que deveria ser objeto de reflexão do sujeito que soltou a frase seria: por que ele acredita nisso? Fatalmente, descobriríamos ali (e na maioria das pessoas) motivações que, sem dúvida, são bastante inferiores às de qualquer rato de esgoto que, dentro de suas condições ideais, sabem bem manter sua coerência. Deixemos de lado o sujeito.

Vi, num documentário exibido em outra grande emissora, o trabalho desenvolvido por uma senhora no sul do país. Ela gasta seus dias abordando, ao lado da polícia, homens “maus” que se utilizam de cavalos para puxar as carroças carregadas de lixo destinado à reciclagem.

Os cavalos são mal cuidados, não têm acompanhamento de um veterinário, não se alimentam bem, carregam muito peso e trabalham demais.

Os que assistiam ao programa devem ter chegado às lágrimas quando soltaram um dos cavalos num campo gramado! O pobrezinho rolava na grama e parecia relinchar agradecimentos e juras de eterna gratidão à sua libertadora!

Enfim, em todos esses programas vemos a ação desses heróis salvadores e frases semelhantes como a que soltou o imbecil do programa citado mais acima.

Como quase tudo nesse mundo, isso me parece assustador!

Insisto que não defendo que os animais devam sofrer. Apenas acredito que essa dedicação aos animais, com raras exceções, esconde necessidades afetivas e de sociabilização, que tornam-se mais comuns na medida em que nos tornamos cada vez mais egocêntricos e pensamos as relações com outros iguais sempre calculando custos e benefícios.

A relação com alguém que está vivo, mas não lhe responde, não questiona e é totalmente submisso, dependente e agradecido deve suprir a carência de vida desses humanos-robôs idiotizados que têm a tomada no próprio umbigo.

O caso dos cavalos é emblemático.

Pensem bem: ninguém passa a vida revirando lixo para reciclagem porque acredita que isso é importante para o meio ambiente. No geral, os “verdinhos” estão bem distantes do lixo, das doenças e do fedor.

Naquela cidade do sul, os que precisam sobreviver e, por isso, reviram os lixos, carregam toneladas naquelas carroças. As casas onde moram são bastante precárias, como demonstrado na reportagem, além de ser um trabalho penoso que, combinado com uma alimentação também precária, deve garantir muitos anos de vida a menos para os que estão ali trabalhando, além do quadro evidenciar uma vida de sofrimento e carências materiais diversas.

Assim como os cavalos, os humanos ali são mal cuidados, não têm acompanhamento de um médico, não se alimentam bem, carregam muito peso e trabalham demais.

Os cavalos lhes foram retirados… Eles devem puxar a carroça agora!

Vi, certa vez, na Praça da Sé, um garoto que passou pelo ponto do ônibus onde eu estava as 22:30h, no meio da semana, numa velocidade incrível. Estava puxando com o peito um carrinho enorme, carregado de papel e papelão. Não aguentou o peso na descida e não pôde escapar da grade do carrinho, que pegou velocidade. O garoto se espatifou no final da rua, afinal não poderia fazer a curva com o carrinho desgovernado.

No ponto de ônibus, as pessoas riram.

Imaginem se fosse um cavalo!!!

Deixemos de lado os tais direitos humanos! Caso déssemos aos humanos os mesmos direitos dos demais animais, a vida poderia ser mais feliz.

Repito as mesmas palavras do segundo parágrafo desse texto, agora com relação ao humano, que também, não devemos esquecer, é uma espécie animal: Não sou contrário a defesa dos animais, nem de que tenham uma vida digna e direito à vida, alimentação, carinho, que não sejam abandonados à própria sorte, nem maltratados, torturados e coisas assim.
Entre crentes e fanáticos: a violência de Paris é cotidiana…
07/01/2015 ~ 8 COMENTÁRIOS


Cesar Mangolin

Certa vez ouvi de um aluno meu, do ensino superior, que os ateus deveriam morrer… O seu raciocínio era simples e lógico: já que recebemos a vida de deus, o mínimo que merecem os que não acredtiam nele é perdê-la, visto que é uma imensa ingratidão continuar com o presente recebido sem reconhecer e agradecer diariamente quem o ofertou.

Para tentar argumentar por dentro de seu campo, perguntei a ele se era razoável matar as pessoas por não acreditarem em deus, visto que, ainda que ele (deus) existisse, teria criado seres capazes de não ter fé (visto que os ateus existem), portanto, ainda que sugerindo que isso tudo fosse razoável, seria igualmente razoável que deus liberou os humanos para que acreditassem nele ou não. Tendo feito deus assim, como poderia achar que ele (o estudante) deveria resolver de outro modo o desígnio divino?

A sua resposta foi rápida: deus nos deu liberdade, mas também nos deu sua palavra revelada e nela está que devemos adorá-lo sobre todas as coisas. Sendo assim, não cabe a deus defender o mundo e os crentes dos ateus, mas aos homens de fé… A conclusão, que ele não proferiu, é óbvia: deus fica lá quietinho e os que têm fé formam seu exército de justiceiros divinos.

Minha última questão foi simples: e em qual deus, deuses ou deusas devemos acreditar? Ele foi categórico: no deus trino, na salvação conquistada pelo sofrimento de Jesus, enfim, no deus dos cristãos. As demais religiões para ele eram equivocadas…

Não acredito que esse estudante sozinho seria capaz de matar pessoas por causa da fé, mas não tenho dúvida que pela intolerância expressa e pelos limites da sua argumentação, poderia fazê-lo desde que estivesse num grupo maior.

Em qual momento a fé vira fanatismo dado a executar barbaridades? Poderíamos acrescentar aí não apenas a fé, mas determinadas convicções morais, políticas, étnicas etc. Qual o limite entre lutar por algo que parece razoável e ser fanático ao ponto de realizar atrocidades sem razão?

Parece que a linha que divide as duas coisas está na maneira como concebem o que acreditam os que possuem causas quaisquer. Mas pricipalmente está no fato de não conseguirem alargar o horizonte do raciocínio para além do seu próprio campo, o que significa que qualquer maluquice pode adquirir sentido. Voltando ao exemplo do estudante, disse que seu argumento era lógico, mas a lógica formal que governava sua maneira de pensar era, desde sempre, escrava de um campo fechado, pois operava apenas por dentro e a partir de uma certa concepção de cristianismo, sem estabelecer relações com a vida concreta, com outras visões de mundo, com zilhões de coisas das quais depende a existência de uma simples folha de árvore e, ao mesmo tempo, depende também a constituição de espécies e seres contingentes e casuais como somos nós etc.

Assim também operam os fanáticos de todo tipo: as demais religiões possuem os seus; há militantes políticos, de direita e de esquerda, reféns da mesma lógica circular e hermética.

Uma outra consequência para as vítimas que ultrapassam a barreira do que acreditam para o campo do fanatismo dogmático é a intolerância radical e a prática da violência com relação a tudo que é diferente do seu mundinho… Um outro estudante, certa vez, disse que seu pai lhe falava que estudar era uma grande perda de tempo. Ele dizia que não havia estudado nada e sabia tudo do mundo e da vida… O próprio estudante concluiu: “Imagine, professor, o mundinho em que vive meu pai!”

É isso! Quem acredita que sabe tudo desse mundo sabe, na verdade, tudo de um universo restrito, um mundinho que ele enfiou na cabeça como sendo o todo. Ora, quem sabe de tudo não tem nada a aprender, apenas a ensinar. Daí a arrogância encontrada não apenas no exemplo do pai do estudante, no senso comum, nos que não estudaram, mas também a arrogância que está presente, principalmente, naqueles que estudaram muito. Estes não são capazes, no geral, de responder sem violência ao mínimo questionamento. É curioso como um fedelho qualquer que coloca o pé na universidade vê-se, da noite para o dia, como conhecedor das coisas todas e um arrogante de primeira linha. Talvez o exemplo ensine mais que os livros: ele tem espelhos nos seus professores…

Quando falo da violência não me refiro apenas à violência direta, do assassinato, como fizeram em Paris… Falo também da violência simbólica, da violência do preconceito e da exclusão, que também mata aos montes e destina vidas a seguirem caminhos dolorosos por um decreto da irracionalidade.

Não estou fazendo o discurso de um pacifismo tolo. Sei reconhecer o papel da violência na história como algo objetivo. Mas é necessário, sempre, que digamos o óbvio diante de fatos estúpidos como o que ocorreu com os responsáveis pelo jornal parisiense. É necessário condenar a violência religiosa e a tentativa de impor aos demais que vivam segundo os preceitos de uma divindade qualquer que não acreditam. Jamais vi os ateus reagindo dessa forma estúpida ao serem chamados de pagãos, de infiéis, de condenados, possuídos pelo demônio e uma série de outros termos tolos.

A intolerância religiosa, pricipalmente a que parte dessas três religiões monoteístas (cristianismo, islamismo e o judaísmo), suja a história de sangue e dor. Aliás, e com raras exceções de pequenos grupos, elas sempre estiveram ao lado de interesses poderosos pelo mundo afora, jamais ao lado dos trabalhadores, jamais ao lado dos oprimidos concretamente.

Tenho certeza de que a maior parte dos adeptos dessas religiões condena coisas como a que ocorreu hoje na França e, inclusive, manifestam-se contrárias ao atentado. Mas não vejo, por outro lado, um grande empenho de todos os crentes no sentido de uma fraternidade de fé, pelo menos no sentido da tolerância e do respeito mínimos aos demais.

Na virada do ano, desejei aos amigos que o ano de 2015 fosse mais gentil com todos nós. Pelo menos isso. Parece que esses animais estúpidos – me refiro à espécie humana – não serão capazes disso. Paciência. Há muito e vem muito por aí…
A nova onda da classe média cor-de-rosa
07/11/2014 ~ 6 COMENTÁRIOS


Cesar Mangolin

Meses atrás a histeria coletiva da classe média pedia a redução da maioridade penal. Recentemente foram presos os que, na época, viraram heróis dessa gente, quando prenderam um jovem negro num poste e ali o espancaram: eram traficantes da região do Flamengo, no Rio, filhos de classe média, que apenas estavam eliminando a concorrência… Foi a mesma oportunidade em que uma jornalista obtusa soltou a célebre frase: “quem está com dó, que leve pra casa.” Vimos muita gente defendendo a justiça com as próprias mãos, até que uma turba ensandecida matou por espancamento uma mulher inocente em Guarujá, dentre outros assassinatos e espancamentos ocorridos por todo o Brasil. Ainda mareja os olhos lembrar o suplício daquela mulher, que confundida com uma sequestradora de crianças de outro Estado por algum desses imbecis, morreu sem ter tempo e chance de se defender…

Nas chamadas e mal compreendidas “Jornadas de junho”, em 2013, a classe média cor-de-rosa também mostrou as garras… Agrediram militantes de organizações que estão por décadas nas ruas e em todas as lutas, reivindicaram para si o direito supremo de decidir que a partir dali era ela quem dava as cartas, ainda que sem saber exatamente porque saía às ruas… Mas ela tem fôlego de ancião, embora seja composta por grande número de jovens: não aguentou mais que duas semanas para reconduzir ao berço esplêndido o gigante recém acordado… São os mesmos que animaram-se com as marinagens e tucanagens das eleições presidenciais, que reelegeram o PSDB em SP, que elegeram deputados e senadores conservadores pelo Brasil afora, dentre eles ex-militares fascistóides e suas crias, pastores infelizes, racistas e homofóbicos, assassinos da Rota paulista…

Estiveram num ato público pouco antes do segundo turno, no Itaim Bibi, conhecido bairro de endinheirados de São Paulo. Gritaram contra o comunismo, diziam aos que votariam em Dilma que fossem embora para Cuba, ouviram discursos inflamados do filho de Bolsonaro, eleito deputado por São Paulo, que compareceu devidamente armado. Ofenderam trabalhadores que circulavam ao final da tarde, indo pra casa depois de servirem às suas portarias e limparem sua sujeira… Cantaram o hino nacional em frente ao shopping JK, puxado por uma cantora que nem mesmo mora no Brasil e que tem questionável intelecto…

Passadas as eleições e confirmada a reeleição de Dilma, retornaram aqui e ali às ruas. Ofenderam novamente os trabalhadores, cometeram injúrias raciais diversas, atos explícitos de racismo nas redes sociais e nas ruas, imploraram a militares por uma intervenção, pediram pelo retorno da ditadura militar, colocaram em questão a contagem de votos… Infelizmente os que prometeram ir embora caso Dilma vencesse desistiram e resolveram aparecer, envolvidos pela bandeira nacional, como micos animadores de uma quase festividade reacionária tão estúpida como a daqueles que estendiam as mãos espalmadas para a passagem do Führer… Eles lamentam não terem um desses: o Brasil, na concepção dessa gente, foi incapaz de produzir alma tão grandiosa. Resta sonhar com a reencarnação dos gorilas de farda de 1964…

Mas eles são apenas tolos mesmo. O discurso sem fundamento esconde, na verdade, o asco que criaram por qualquer coisa que carregue o nome de “trabalhador”. Ainda que os governos do PT estejam dentro da ordem e garantindo nesses anos todos alta lucratividade ao capital, eles não se conformam que ocorra qualquer tipo de política compensatória, distributiva ou de estímulo aos trabalhadores. Atribuem a miséria a questões genéticas e tratam como inferiores os que foram, historicamente, colocados à margem do desenvolvimento capitalista. Herbert Spencer, Gobineau, Gall, Galton fariam muito sucesso entre eles, caso pretendessem estudar alguma coisa para dar explicação às suas tolices. Mas nem de intelectuais racistas eles gostam. A histeria não dá lugar à razão, são incompatíveis.

Alguém disse recentemente que quem não conseguiu até hoje engolir a lei Áurea não pode aceitar que trabalhadores tenham uma vida melhor. Infelizmente há razão nessa constatação. Apenas podemos corrigir um tanto: eles até aceitam a lei que libertou os escravos. O que não podem aceitar é que quem deveria ser escravo pretenda deixar de viver como um, que esteja em espaços comuns, que utilizem os mesmos elevadores, que viajem nos mesmos aviões, que comam da mesma carne.

Na verdade a classe média cor-de-rosa tem pavor da melhoria de vida dos trabalhadores, tem medo do seu acesso (ainda que precário) aos bancos do ensino superior. Ela precisa de pobres e ignorantes para justificar diante da burguesia suas supostas competências, registradas em certificados e diplomas. Ela precisa fazer acreditar que é por esforço e mérito pessoal que merece o reconhecimento e os melhores postos de trabalho para que ela possa se replicar geração após geração. Como dizia Bourdieu sobre a escola, eles precisam do privilégio supremo de não aparecerem como privilegiados. A ideologia do mérito pessoal é sua fé e a existência de miseráveis é o elemento comparativo necessário para que ela possa mostrar-se como grupo diferenciado, assim como uma bolsa maior somente pode ser assim reconhecida se comparada com uma menor… Tenho medo e dó dessa gente ao mesmo tempo.

Mas, infelizmente para eles, não haverá intervenção militar alguma. Em 1964 havia uma fração nova e poderosa do grande capital (o capital monopolista, instalado aqui fisicamente com as multinacionais) à qual interessava a saída ditatorial para realizar seus objetivos mesquinhos: exploração de força de trabalho muito barata, acesso a matérias primas, exportação e reprodução do capital sem limites ou barreiras. A última tentativa de resolver isso pela própria ordem burguesa foi a eleição de Jânio Quadros, apoiado e levado à presidência pela UDN (algo como o PSDB e o DEM de hoje). O fanfarrão presidente tentou um golpe de força e foi substituído pelo herdeiro do trabalhismo getulista, João Goulart, que nada tinha de simpatia pelos comunistas, apenas prometia reformas que beneficiariam os trabalhadores e impediria a livre sangria das nossas riquezas pelo grande capital… Foi o momento em que a própria burguesia rompe com a ordem constitucional, com sua própria ordem portanto, demonstrando uma vez mais que ela não possui nenhum compromisso com as tais liberdades democráticas. Era necessário um Estado repressivo para impedir que os trabalhadores reagissem à ampliação da sua exploração e um Estado que lhes beneficiasse diretamente através de obras estruturais, concessão de monopólios extrativos e matérias primas beneficiadas em siderúrgicas estatais vendidas por vezes abaixo do preço de custo… Era disso que se tratava ali. Não havia ameaça comunista alguma. Os militares brasileiros cumpriram bem o seu papel de rastejantes lacaios dos interesses imperialistas, como sabemos pelas histórias de prisões arbitrárias, censura, proibição de organização, torturas, assassinatos, ocultação de cadáveres etc., etc. Alguém que defende a ditadura ou pede sua volta merece somente o sentimento de dó e o lamento por sabermos que existe gente desse tipo vivendo entre nós. As forças armadas brasileiras e o Exército, em particular, conquistaram com isso apenas uma mancha de vergonha e de sangue de brasileiros contra os quais voltaram suas armas.

Curioso é que a classe média mesmo foi das primeiras a se arrebentar com a política econômica da ditadura, assim como se despedaçou com a entrada das multinacionais pouco tempo antes. O mesmo aconteceu nas experiências fascistas. Mas ela estava lá, servindo de base social para esses movimentos todos. São corresponsáveis pelo extermínio de povos nativos e por milhões de mortos de fome desses anos nefastos.

É evidente que não sabiam (e até hoje não sabem) do que se tratava. A sua mediocridade intelectual e sua centrada perseverança no próprio umbigo não lhe permite compreender, mesmo com a distância histórica, o que foi aquela tragédia para os brasileiros. Envoltos em bandeiras nacionais, eles saíram às ruas lá, como hoje, gritando contra a ameaça comunista, contra a corrupção, pedindo a intervenção dos militares. As beatas marchadeiras da classe média saíram às ruas pela família e pela liberdade, com deus e os eunucos do reino…

Prepararam o terreno e a base social para que golpe e a ditadura viessem e os interesses do grande capital fossem atendidos plenamente…

Hoje não há esse interesse por nenhuma fração do grande capital. Que o capital financeiro prefira, sem dúvida, gente de sua estrita confiança (no caso, um presidente do PSDB), não há dúvida. Mas não há nada no horizonte que ameace seus interesses seriamente. Podem tocar a vida assim.

Portanto, aviso de novo, não haverá golpe agora. Não imagino que qualquer um desses infelizes que andam pelas ruas pedindo a volta da ditadura esteja lendo esse texto até agora, mas quem sabe alguma alma bondosa tente explicar isso a eles de alguma forma.

Caso alguém se disponha a cumprir tarefa tão terrível, peço que diga a eles outra coisa: há, sem dúvida, semelhanças entre as palavras de ordem do pré-1964 e as de agora. Mas não há o elemento fundamental para usar essa gente estúpida toda como base social. Para o capital vai tudo muito bem. Resta apenas lembrar aquela formulação de Hegel, de que a história se repete duas vezes, acrescida do comentário de Marx: a primeira como tragédia, a segunda como farsa ou como comédia. É só disso que se trata agora: esses imbecis nos propiciam uma lamentável comédia.
As três principais candidaturas são iguais?
03/10/2014 ~ 6 COMENTÁRIOS


Cesar Mangolin

Observação preliminar: O texto ficou mais comprido do que pretendia, mas ainda assim com a linguagem própria que uso no blog, com formulações que mereceriam, sem dúvida, melhor explanação. A intenção principal é dar alguma explicação para pessoas que questionam minhas posições tomadas recentemente e que não são militantes. Mas também serve para dialogar com militantes, como tenho feito nos últimos meses. Peço encarecidamente que compreendam a crítica que faço às organizações da chamada ”esquerda revolucionária” como uma crítica feita pela esquerda e com a franqueza que marca a relação entre camaradas. Temos uma boa polêmica aí… Apenas faço a observação para que os vários amigos e amigas militantes não tomem nada aqui como algo pessoal (em particular meus camaradas do PCB) e para que nenhum tucano, marinero ou qualquer outro tipo de gente pelega e desprezível use meu texto para a crítica (sempre rasteira) pela direita.

Há um discurso consensual entre algumas organizações da esquerda que afirma a igualdade de projeto das três principais candidaturas à presidência da República. Na propaganda eleitoral desse período essa afirmação aparece na formulação sintética de que todos são iguais – candidatos e partidos ou coligações -, o que leva à compreensão de que a eleição de qualquer um deles significa, na prática, a mesma coisa.

Já que estamos às vésperas das eleições, vale procurar dar uma resposta rápida e inteligível aos que não são do meio (me refiro à militância da esquerda), como uma maneira de participar do debate e também como única e limitada forma (infelizmente) que me resta de participar nesse momento da vida política prática.

As referidas organizações são os partidos e demais agrupamentos que se intitulam a “esquerda revolucionária”, que possuem o mérito de manterem, afirmativamente, a bandeira do socialismo e da necessidade do processo revolucionário vivos, mas que (e por razões diversas) não conseguindo participar das lutas concretas e das contradições realmente existentes em nossa conjuntura, atuam negativamente com relação à própria possibilidade de avanço desse processo. São partidos como o PCB, o PCO, o PSOL e o PSTU, mais uma infinidade de “coletivos”, “agrupamentos”, “ligas” e outras coisas que possuem, cada qual a sua maneira e de forma cada vez mais isolada, um belo discurso revolucionário e “vanguardeiro”. Quanto menores e mais distantes da realidade, mais esses pequenos grupos se apresentam como os portadores da verdade revolucionária.

Confundindo a realidade objetiva com a própria vontade (como é próprio do esquerdismo) esses grupos confundem o objetivo revolucionário (estratégico) com as mediações necessárias e cambiantes de cada conjuntura (a tática): ao afirmar a necessidade da revolução, afirmam também que as condições para que ela ocorra já estão presentes, atribuindo aos traidores da classe (como é próprio do trotskismo) ou a pequenos ajustes conjunturais a razão do seu atraso. Não é raro dirigentes dessas organizações verem a “protoforma do proletariado revolucionário” em ação nas ruas, mesmo quando temos apenas uma manifestação massiva e plena de contradições com tendências majoritárias à direita como foram as tais “jornadas de junho”. O revolucionarismo pequeno-burguês, mesmo que tenha participado daqueles eventos à reboque e a duras penas com seu reduzido número de militantes, tende a ver-se como a essência cristalina e pura da transformação como mero ato subjetivo da vontade. Não conseguiram explicar até hoje como o “proletariado revolucionário” das ruas de junho aparece agora, nas urnas, como eleitores de Aécio Neves e de Marina Silva… Insistem apenas em proclamar-se os fiéis representantes da “rebeldia das ruas”…

É a partir desses equívocos que a proclamação da igualdade das candidaturas que se apresentam com possibilidade de vitória ganha espaço. O argumento é bem simples e de lógica formal, embora mude um tanto aqui e ali e tenha sempre um suposto estudo de base da nossa formação social e da nossa conjuntura como referência. Sinteticamente funciona assim: 1 – as contradições geradas pela ordem burguesa apenas podem ser resolvidas plenamente pela via revolucionária e pela construção do socialismo; 2 – as três candidaturas que têm possibilidade de ganhar as eleições formariam governos em prol do capital; 3 – portanto, se nenhuma das três encampa a ideia da revolução socialista, todas elas são uma única e mesma coisa.

Despidas da parafernália das citações e de afirmações sem fundamento próprias dos programas de cada uma dessas organizações (e de qualquer outra, sem dúvida), a coisa fica simples assim, quase infantil… Ou plenamente infantil.

Premissas justas para conclusões equivocadas, como diria Lênin. Os pontos 1 e 2 são premissas bastante justas e correspondem à realidade objetiva. A conclusão (ponto 3) é o equívoco. Mas ainda assim o argumento permanece infantil. Para abusar de Lênin, não foi a toa que juntou ao termo “esquerdismo” a qualificação de “doença infantil” do comunismo. Livro, aliás, infelizmente pouco lido…

Constatar que os governos de Lula e Dilma serviram ao grande capital é como afirmar com tom de descoberta científica que fogo queima e água molha. Não apenas o de Dilma e Lula, mas também os de FHC, de Collor, de Sarney, os dos generais da ditadura… Para marxistas deveria ser bem óbvio que, dentro da ordem burguesa, não apenas o Estado, mas toda a estrutura jurídico-política serve ao grande capital. O mesmo serve também para o tratamento dos limites dos processos eleitorais dentro dessa ordem.

O que falta aqui é perceber, a partir da análise da nossa conjuntura e não da que a vontade desejava que existisse, que a ordem burguesa, assim como o processo revolucionário, não são estáticos, portanto, são plenos de movimento e de contradições. É tendo como referência o objetivo estratégico que as mediações com a vida real precisam ser construídas. Isso significa participar da vida e das lutas do cotidiano dos trabalhadores, das condições severas e adversas que abrem as possibilidades de avançar um passo aqui e recuar outros ali. Significa atuar em todas as contradições possíveis dentro da ordem burguesa, no sentido de aguçá-las.

Um exemplo: dia desses li um documento de uma dessas organizações, escrito por um quadro experiente. O documento afirmava que o anúncio da possibilidade do plebiscito por uma constituinte e pela reforma política era um oportunismo do governo e, portanto, seu partido não deveria participar. Como justificativa, havia um longo e choroso histórico da tentativa de fazer algo parecido no início do primeiro mandato de Lula (em 2003), quando supostamente haveria base social para algo muito progressista. Essa possibilidade, no entanto, não se realizou: Lula preferiu negociar com o grande capital. A conclusão, óbvia para a lógica formal, é que se não fizemos lá em 2003 (com a promessa de que seria algo viável e progressista), não devemos participar agora, afinal o parlamento brasileiro é burguês (!) e conservador… Além disso, o plebiscito seria agora apenas um expediente do governo para enganar as massas. Faltou apenas acrescentar: “e retirar-lhes do caminho inexorável e reto rumo ao socialismo!”.

O discurso é, de fato, coerente. Mas sabemos que coerência apenas não resolve e muito menos qualifica nada. Para o mentiroso é muito coerente seguir mentindo…

Podemos tratar de dois pontos de forma rápida:

1º – apenas uma parcela (equivocada) da esquerda (inclusive de fora do Brasil) acreditava que o PT, ao chegar ao governo federal, iria fazer algo para além do que fez: ajustes dentro da ordem, concessões aos trabalhadores, tentativa de privilegiar frações produtivas do grande capital apesar da força da fração financeira… Eu mesmo vi (e me pareceu engraçado), nas primeiras manifestações contra uma suposta “traição” do governo petista , na Assembléia Legislativa de São Paulo, um encontro inusitado: militantes do PFL (atual DEM) e da tucanagem misturados com bandeiras vermelhas das “ligas de alguma coisa” e de partidos trotskistas… Lula foi eleito numa conjuntura em que as lutas populares estavam em alta no segundo mandato de FHC, envolto em perdas salariais, aumento do desemprego, taxas de juros elevadíssimas… Foi eleito fazendo desde a campanha concessões programáticas diversas, com um discurso do diálogo entre as classes, expresso nas ideias do “governo como mesa de negociação contínua”, “de conciliação” e tendo como figura maior o líder carismático travestido de “Lulinha paz e amor” pelos marqueteiros eficientes que cuidaram da sua campanha. Foi aceito pelo grande capital como uma necessidade daquela conjuntura, não para fazer revolução alguma, mas para manter a ordem burguesa, ainda que, para tanto, fossem necessárias concessões como aceitar o ex-operário presidente, um partido do campo da esquerda no governo, mais políticas de distribuição de renda e de inclusão para reduzir a miséria gritante do nosso país. É confundir realidade com vontade afirmar que havia, lá em 2003, base social para algo muito avançado. Mais ainda atribuir a uma suposta traição do novo governo não fazê-lo.

2º) qual o resultado concreto das tais “jornadas de junho”, tão lembradas e distorcidas pelas organizações da esquerda? Além da redução do valor da passagem (os tais vinte centavos de São Paulo), a única medida concreta que veio como resposta por parte do governo foi a promessa do plebiscito e da reforma política… Como negar que a iniciativa é o único resultado concreto, pelo menos até agora, daquele movimento? É óbvio que o governo vai tentar controlar o processo. Mas dizer que as quase quatrocentas organizações populares, sindicatos e mandatos parlamentares que apoiam o plebiscito são apenas correias de transmissão do governo e que vão operar a reforma no sentido de ir contra os anseios populares me parece muito mais fora da realidade do que compreender que é necessário que as organizações de esquerda que mantêm o objetivo socialista precisam atuar nas contradições que fatalmente aparecerão entre os interesses de movimentos populares distintos e os caminhos pretendidos pelo governo. A pressão popular pode, sim, arrancar da ordem burguesa e do seu governo elementos progressistas, que alteram a vida dos trabalhadores, que educam no sentido da organização, que abrem novas possibilidades e contradições.

Enfim, poderíamos desenvolver mais e melhor os argumentos acima, mas me parece que apenas esses dois pontos já podem esclarecer como é frágil o discurso… Da mesma forma que o plebiscito e a reforma política são da ordem burguesa, também são as eleições. Ou pretendiam os “revolucionários” agora fazer o socialismo por plebiscito, já que não o fizeram pela eleição do presidente em 2002?

É atuar na luta política concreta, com as possibilidades com que se apresenta hoje que está em questão. Isso também pode levar a desvios de direita, a adesismos etc.. Mas apenas correm riscos os que se colocam em movimento…

Meu argumento para as eleições e para a negação da suposta igualdade dos candidatos é o mesmo. Não podemos afirmar que os governos Lula e Dilma são a mesma coisa que os governos de FHC. O esquerdismo é leviano e irresponsável quando faz isso. Há, sem dúvida, uma melhora nas condições de vida dos trabalhadores, em particular dos mais empobrecidos. Mudanças que, aliás, têm mudado o cenário de alguns cantões do Brasil, utilizados até pouco tempo atrás como reserva de votos de legendas da direita, como o DEM.

Enfim, não é possível fazer festa para os governos do PT, sem dúvida, como fazem o próprio partido e alguns de seus aliados de sempre do campo da esquerda, como o PCdoB. Mas também não é possível negar que se vive melhor hoje do que no ano 2000… Que o governo serve aos interesses do grande capital não há dúvida, mas isso não nos deve permitir negar que ocorreram mudanças, mudanças qualitativas, que abrem e podem ainda abrir novas contradições, tanto entre frações do capital (a financeira e a industrial, por exemplo), como abre possibilidades para a atuação dos setores mais avançados da esquerda, com possível acesso a áreas e a contingentes de trabalhadores que, tendo necessidades básicas sanadas, abrem-se também para a possibilidade de outras soluções, para além do clientelismo do Estado, pelo menos em princípio para simplesmente ter acesso a condições mais favoráveis de vida.

Lembro, ainda lá no começo do governo, em 2003 ou 2004, ter ouvido Lula dizer algo mais ou menos assim: “esses trabalhadores tendo acesso ao básico aprendem também a querer mais”. Claro que não tomo Lula como uma referência teórica, mas nesse caso ele pode ter razão. O “aprender a querer mais” pode ser tanto criar a dependência direta do Estado e dos seus programas, quanto pode ser também alcançar novas formas de organização, reforçar antigos ou criar novos instrumentos de luta econômica reivindicatória; pode ser também o caminho para que um grande contingente de trabalhadores compreenda, na vida e na luta prática, que há limites nesta ordem e avancem para a luta política mais consequente. Para que isso ocorra necessitamos de organizações comprometidas com a estratégia revolucionária, mas que tenham os pés bem grudados no chão e sejam capazes de participar dessas lutas, desse processo. Vejam que falo do “possível”: isso significa que as contradições que se abrem apenas podem ser resolvidas ou aguçadas favoravelmente aos trabalhadores caso tenhamos uma ação consequente, que saiba apontar a contradição, o caminho de sua resolução e os limites do resultado dentro dessa ordem…. Apenas com forte trabalho inserido e a partir dessas novas possibilidades há construção efetiva de organizações revolucionárias e a possibilidade, no longo prazo, da retomada concreta da perspectiva socialista…

Fora essas novas e as antigas possibilidades, fora as novas contradições que esse ciclo gera, é necessário ter responsabilidade com aqueles que estão mais fragilizados pela pobreza extrema. Ainda que sejamos ainda um país de pobres, esse período recente conseguiu retirar da fome milhões de pessoas. Isso somente é um dado secundário para quem está com o buchinho cheio e olha o Brasil a partir da janela fechada do carro e vê apenas a Avenida Paulista, sonhando com os Champs-Elysées… A manutenção desses programas e a luta popular para que avancem para além disso deve ser uma bandeira de luta das organizações mais avançadas. Programas, como o PAA, que têm incentivado a geração de uma grande quantidade de pequenos produtores rurais, mudando a vida e o cenário de muitas cidades nordestinas precisam ser defendidos.

Enfim, não podemos afirmar que são iguais as três candidaturas principais… E, já que infelizmente não temos condição de eleger para a presidência um projeto mais avançado, me parece mais razoável (embora não seja feliz…) votar e torcer por uma nova vitória petista nestas eleições. Torcer ao mesmo tempo para que ao lado dos nossos militantes da esquerda de hoje se juntem outros milhares de homens e mulheres de luta, para o aprofundamento do que é progressista, para o acúmulo necessário do combate para darmos no longo prazo saltos maiores. Para tanto precisamos de grandes reformulações nas linhas políticas e na composição das organizações de esquerda.

Como conheço bem esse meio (são duas décadas e meia de militância…), tenho certeza de que esse meu texto terá frases isoladas e a pronta condenação por revolucionários de gabinete, prontos já para defenderem o voto nulo no possível segundo turno. Não se deve esperar mais que isso do esquerdismo… Serei chamado de nomes muito feios para quem é militante comunista (reformista e daí pra baixo). Mas também sei que há muitos camaradas vivendo os dilemas do esquerdismo, percebendo que sem a relação com a realidade concreta não há nenhum futuro para essas organizações, e sei que eles saberão compreendê-lo à luz de outras discussões que já tivemos no mesmo tom.

Não defendo, por fim, o “voto útil”: defendo a “utilidade do voto” como condição, nessa conjuntura, para avançarmos em possibilidades, dialogarmos com a realidade e, ao mesmo tempo, retomarmos a responsabilidade sobre o futuro imediato de milhões de trabalhadores, que seriam mais penalizados com uma vitória das outras duas candidaturas.

A ausência de estrutura material e o desigual acesso aos meios de comunicação de massa justificam parcialmente a parca votação das candidaturas da esquerda. Mas devemos também considerar suas dificuldades em dialogar com os trabalhadores há muitos anos e de participar dos problemas e das lutas cotidianas. Ao apresentar apenas o horizonte estratégico (socialista), sem as devidas mediações, essas organizações acabaram por se fechar ainda mais no universo pequeno-burguês que combina com sua linha política escatológica. Orgulham-se de não fazerem política porque assumem o dever (moral) de não lidar com nada que não seja diretamente a revolução. Como ela não chega logo, da mesma forma que para os cristãos Jesus demora em voltar, vivem de apontar os dedos para os que se maculam nas fétidas águas da realidade objetiva. E tocam a vida satisfeitos e plenos de razão… Portam-se como quem chega virgem aos 100 anos e nada mais lhe resta a não ser autovalorizar a própria pureza, ainda que ninguém se importe com isso.
Os resíduos de junho de 2013, as esquerdas e as eleições.
05/09/2014 ~ 3 COMENTÁRIOS


Cesar Mangolin

Na campanha eleitoral deste ano podemos ver candidatos e partidos diversos falando em nome do “recado das ruas” de junho de 2013. Cada qual que tenta aparecer como porta voz daqueles eventos faz deles a interpretação que melhor lhe cabe. Partidos da direita, de centro e de esquerda, também as legendas de aluguel, enfim, para qualquer um as manifestações do ano passado servem. Desde os que defendem a “rota na rua” até os que estão vislumbrando a revolução socialista para a semana que vem.

Penso que já há certa distância para que possamos pensar no saldo, ou no rescaldo, de junho de 2013. Pensar no que aquelas manifestações representaram de fato. Arrisco aqui sugerir ainda, mais ao final, possibilidades ainda sem um tratamento mais aprofundado de caminhos a seguir. Um debate necessário, que deve partir de incertezas e não de verdades absolutas.

Muitos de nós escrevemos ali, em 2013, no calor da hora, tentando uma interpretação mais próxima da realidade, tendo em vista nossa participação nela. Sem dúvida, quem escreveu naquele momento não tinha ainda a visão dos seus desdobramentos, portanto, cometeu equívocos e bons acertos – como ocorre geralmente com as tentativas de prever o futuro.

Eu mesmo escrevi, dias antes da grande manifestação de São Paulo, um texto que deu muita atenção aos boatos golpistas daquele momento. Penso que não foi sem justificativa: uma quantidade grande de gente se precipitando às ruas, de alguma forma, obrigou que agrupamentos políticos diversos se manifestassem. Houve a manifestação por parte de setores reacionários e o fantasma das saídas golpistas esteve no ar, efetivamente. Podemos agora perceber melhor que a conjuntura, porém, não permitiria a formação de base social concreta para as aspirações desses grupos mais à direita. Concluir isso agora é, obviamente, bastante fácil. Não me parecia assim no calor da hora. Eis minha autocrítica.

Mas meu texto também chamava a atenção para outro erro muito comum, que persistiu na análise de setores da esquerda sobre junho. Dizia naquele texto que não se tratava da juventude nas ruas protestando contra a ordem burguesa, mas ao contrário: que o grande fluxo que foi para as ruas somente ocorreu quando, para além do aumento do preço das passagens (o que envolvia mais diretamente a prefeitura de São Paulo), houve a associação com o governo federal. Essa associação não expressava exatamente qualquer desconforto com a ordem burguesa, mas explicitava um ranço conservador e de direita da crítica rasteira dos setores médios a um governo que, apesar dos pesares, ainda carrega a palavra “trabalhadores” no nome do partido.

Isso pode ser compreendido quando o governo do Estado de São Paulo (do PSDB) retirou das ruas o aparato repressivo que dias antes tinha massacrado uma manifestação bem menor no centro da cidade. O grosso daquelas manifestações que percorreram todo o território nacional foi formado pelos setores médios urbanos, conservadores, que fazem do discurso meritocrático sua bandeira e sua principal ilusão. Não tenho receio em afirmar, hoje, que aquele movimento teve um saldo de expressão e aprofundamento do conservadorismo, que se expressa politicamente pedindo mudanças, mas mudanças à direita e plenamente dentro da ordem. Não é a toa que o grosso dos que participaram daqueles movimentos vê numa fraude como Marina Silva a esperança para a solução dos seus problemas. Gente da mesma estirpe também viu em Mussolini e em Hitler a mesma promessa (sem querer, evidentemente, dar a Marina a estatura histórica dos dois citados).

Intelectuais, dirigentes e militantes da chamada “esquerda revolucionária” tenderam a um discurso triunfalista: confundindo a própria vontade com a realidade objetiva (como é próprio do esquerdismo), compreenderam ali um avivamento das lutas populares que não ocorria efetivamente. A desastrosa sequência das atividades, com a equivocada palavra de ordem “não vai ter copa” e seus correlatos, colocou esses partidos a reboque de dois grupos distintos em São Paulo: os infantis coletivos ultra-esquerdistas e o movimento de luta pela moradia, em particular, o MTST. Este último, vivendo das condições e contradições de qualquer movimento, ao ter a promessa de que suas aspirações seriam realizadas pelo governo federal, se retirou das ruas. Restaram os “anarcoloucos” da vida, seguidos de uma reduzida militância partidária perdida e sem peso político. O resultado sabemos qual foi: repressão desmedida, prisões arbitrárias, ausência total de respaldo ou diálogo com demais setores dos trabalhadores e o aprofundamento no caminho do auto-isolamento em guetos felizes que vêm a revolução às portas a qualquer grunhido da classe média. Protegidos ali pela bandeira casta dos princípios revolucionários, deixam de fazer política em nome da pureza moral. Esquecem-se da chamada de atenção de Lênin de que a política não se faz pelos princípios, tampouco se trata de um passeio em campo aberto, sem obstáculos. O esquerdismo é incapaz de participar da vida real e de utilizar como ponto de partida as condições concretas dos trabalhadores e seus movimentos. Esses partidos atraem a pequena-burguesia e seu revolucionarismo que, como dizia Lênin, decorre da insatisfação da sua perspectiva individualista. Servem a ordem burguesa na mesma proporção em que vislumbram seu fim próximo.

Por fim, os desvios de direita (tão nocivos como os de esquerda), ficaram por conta do partido no governo federal e seus aliados históricos. Tentando, ao mesmo tempo, tornar-se representante do “clamor das ruas” e detrator dos ultra de direita e de esquerda (de braços dados no processo), o governo foi forçado a ir mais à direita na medida em que a oposição de direita angariava o apoio dos debutantes nas ruas. O que pode garantir a vitória de Dilma nas urnas neste ano são os votos dos mais empobrecidos pelo Brasil afora, no geral, alheios a toda a movimentação que ocorreu em 2013. Os setores médios urbanos e os que vivem em sua órbita tendem a ir mais à direita, com Marina Silva e, residualmente, com Aécio Neves, que já está fora do páreo.

Há diferença, sem dúvida, caso Dilma continue, ou Marina se torne, presidente. Mas minha preocupação maior, como militante de esquerda, é como explicar o momento que vivemos e quais seriam as possibilidades para uma retomada, de fato, de um ciclo no mínimo progressista para o médio prazo.

O momento que vivemos já possui elementos de resposta pelas linhas acima: estamos separados por desvios à direita e à esquerda, ambos nocivos a uma política de esquerda consequente. Arrisco dizer que vivemos um momento novo, uma crise nova, mas ainda ligada ao que começou a acontecer 25 atrás, com a queda do Muro de Berlim e o consequente refluxo dos movimentos de esquerda. Um tempo marcado por uma ofensiva ideológica brutal com a pregação do fim da história, pela corrida para mudar nomes e símbolos associados ao movimento comunista, pela mudança de lado, pelo caminho ao centro e pela opção pela conciliação de classe (que explica o desvio de direita), pela tentativa de reafirmação de princípios revolucionários de forma desesperada e historicamente impaciente. Nossa conjuntura de médio prazo, marcada por esses eventos, nos coloca a tarefa de repensar a tática, equivocada por todos os lados.

Não é tarefa de quem pensa a realidade arriscar previsões do futuro. Mas é nosso papel arriscar dizer que o caminho para uma retomada de um processo de ascensão dos movimentos, no mínimo, progressistas, passa necessariamente pela capacidade de estar junto dos movimentos que organizam, ainda que residualmente, os trabalhadores. Estar nos sindicatos pelegos para dialogar com os trabalhadores e apontar outras possibilidades, nos movimentos populares participando das lutas cotidianas, no parlamento burguês, em todas as instituições, atuando em todas as contradições da formação social brasileira. Sem dúvida isso é ainda bem geral, mas podemos indicar o caminho que pode nortear (e exigir) as necessárias mudanças no modo de atuação das chamadas esquerdas: isso somente deve e pode ser feito abandonando as pretensões hegemonistas, a tendência ao aparelhamento, a cooptação dos movimentos pelo Estado e, fundamentalmente, aprendendo a ter paciência histórica, sem messianismo, sem revolucionarismo. Precisa ser de acordo com as possibilidades concretas abertas em cada quadra e não através de um discurso ininteligível, porque descolado da realidade. É preciso, como dizia Engels, saber aprender com os trabalhadores. É necessário lembrar que aos revolucionários cabe tentar fazer a revolução, não emitir auto-atestado de pureza. É preciso compreender, de fato, que revolução não é resultado apenas de atos de vontade, muito menos de proselitismo religioso, de conversão de consciências, de conquista de “corações e mentes”. Não são necessárias essas expressões sentimentais.

Passa da hora, isso sim, de recolocar os pés no chão e recomeçar a caminhar.



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Comentários

Sic Spirou Eu só acho que aquela do GM está pra lá disso de MEME... ali vi uma "acusação" ao visado de ter falseado documentos acadêmicos. em sede própria irias provar tal coisa !?
Já aqui eu havia partilhado que existe uma lei do ano passado que pune essas coisas de partilha, mesmo não sendo autor!
lei das transações Electronicas. abraços.
13Gerir


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Ocultar 38 respostas


Edgar Barroso Fizeste uma associação forçada entre uma e outra coisa. Uma interpretação, digamos... exaustiva. O texto não dizia isso que queres dar a entender.
5Gerir


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Sic Spirou kkkk como queiras. mas fica a saber também que a linha é tênue entre caricatura/MEME e os tipos legais de crime., por isso algumas confusões nesse quesito. não estou a condenar a ninguém mas a alertar.
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Cristiana Cuamba Edgar assim vais nos remeter à semiótica aplicada
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Sic Spirou yuuu. Que é isso!? física quântica!?
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Diogo Teresa papo de intelectuais
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Sic Spirou bem...não sou nada disso. eheheh.Gerir


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Edgar Barroso Semiótica aplicada é o quê, já? 😂😂😂😂
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Euclides Flavio Sic Spirou, sobre business de certificados. Podes Googlar para alargar a sua cultura geral em volta do assunto. O facto é o que Edgar descreve, se fosse João ou Pedro a partilhar ninguém se importaria, ele está sendo julgado por supostos pro-GM que nutrem simpatias políticas pelo actor. Ninguém optou por discutir a razão.
10Gerir


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Lenon Arnaldo De acordo ..... ou, temos que redefinir (desde quando ataque vil e pessoal é....) o que é isso de MEME.
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Sic Spirou Googlar pra saber se é verdade!? lembro que isso foi matéria de jornais...mas não lembro se o acusado de facto foi levado a justiça pelo crime. ora. ele aquele na rede negou! ok, normal; mas imagina se o acusado o levasse a tribunal e viesse a verificar-se que não tem fundamento essa acusação? Repito, a linha é tênue entre caricatura e os crimes a ele próximos! e no caso, eu acho que já não estamos no campo de caricatura! ainda bem que o acusado levou na desportiva o caso. eheheheh
3Gerir


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Euclides Flavio Edgar, em poucas palavras a semiótica é a ciência que estuda o sentido e significado das palavras, é uma das áreas interdisciplinares das ciências da comunicação.

Por exemplo, a conjugação da imagem de GM à mensagem embora verdadeira tem o seu alcance semiótico. Pois, a Imagem pode ser entendida como ícone, a mensagem o signo ou significado.
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Edgar Barroso hummmm, ok.
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Sic Spirou Euclides Flavio a mensagem é verdadeira? que ele falsificou documentos?! ehehheh podes provar!?
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Lenon Arnaldo Sic Spirou ainda que fosse ..... é rasteiro está forma de fazer assessoria política. Eleve-se os argumentos políticos e não ataques pessoais.

Já agora, essa súbita lembrança (MEME) dos certificado(s) falso(s) é qual já?!
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Sic Spirou kakakakak. tá ver neh... mas eu nem vou me meter na luta politica do caso e sim nas consequências jurídicas atinentes ao mesmo MEME(?)... usar informação que pode caber num dos tipos legais de crime, não é no caso tão difícil!!
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Sic Spirou lenon não viste a tal "caricatura/ Meme?! só vendo pra entender.Gerir


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Borges Nhamire Concordo Sic! Aquilo me pareceu mais uma ataque muito personalizado ao Gilberto! Uma foto nítida dele (nao foi caricaturado), lançar fofoca sobre um assunto muito pessoal, num contexto de pre-campanha eleitoral. Aquilo pareceu mais linchamento de carácter do que que meme.
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Sic Spirou mais nada. acho que o conceito de caricatura/Meme ainda não é de conhecimento de muitos.
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Edgar Barroso Yah, eh o que eu tambem penso. O nosso problema eh intrinsecamente semantico. O conceito de meme estah um bocado a frente da nossa capacidade de entendimento da sua extensao e compreensao. Anyway, game over.
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Dercio Nicolau
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Sic Spirou Edgar tens de ver isso no teu contexto social e legal. antes de mais ! senão poderás cair nas ratoeiras legais e como ves, @gora no social! Aquilo não é Meme, é uma ofensa.
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Euclides Flavio Sic Spirou, penso que responder se aquilo é verdadeiro ou não. Não é da minha responsabilidade, aliás, eu lhe fiz um convite para revisitar o assunto no Google. A memória histórica tratou de arquivar o link. Sobre meme não tenho elementos de debate, ainda não li profundamente sobre MEME, contudo, cogito que estamos a julgar a Edgar pelo facto de ter sido ele a partilhar (impacto da mensagem tendo em conta o mensageiro), e não necessariamente a razão.

Se for para discutirmos a razão eu volto.Gerir


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Sic Spirou eu não julguei apenas alertei das possíveis consequências jurídicas da acusação ali patente.
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Euclides Flavio "estamos a julgar", não falei de uma pessoa específica.Gerir


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Dercio Nicolau Edgar Barroso teu azar è que nem em grupos whatsapp nem aqui n Facebook aquela imagem nao passou no mural de mais ninguem, estas coincidencias sao lixadas pah 😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂
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Edgar Barroso O Sic Spirou estah a assustar-me. Posso responder em tribunal por ter partilhado algo que eu nao produzi, eh isso?

Podes trazer essa fundamentacao legal?
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Edgar Barroso Dercio Nicolau, estas a agir maldosamente. Nesse teu comentario, insinuas que eu eh que desenhei o meme. Muito feito isso da tua parte. Vou te processar.
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Lenon Arnaldo Euclides Flavio porque não pensar que, estão a julgar o conteúdo (que é rasteiro) e não a qualidade da pessoa que o fez. Se calhar, é por reconhecer -se essa qualidade, a indignação colectiva.
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Dercio Nicolau Edgar Barroso😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂 vc é azarado pah
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Sic Spirou Edgar Barroso sim podes se o GM for "mau"...aliás exercer esse direito. Isto é, por duas razões: primeiro aquilo pode se enquadrar num dos tipos legais de crime (difamação, injúria , calúnia) ou pela partilha de algo que ele julga impróprio e prejudicial à imagem dele ( lei das transações Electronicas). na verdade muitos de nós estamos sujeitos a esta última lei recente e anda desconhecida. eheheheh o aperto está cada vez terrível.
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Borges Nhamire Edgar Barroso Claro que sim. Como difusor tambem tens as tuas responsabilidades. Alias, presume-se que es o autor ate que proves que nao es. E' como ser encontrado com carro roubado e depois dizer que nao foste tu que roubaste. Deves indicar onde o achaste?
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Munhamane Thandabantu Mandlaze Danon me manda a sena
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Edgar Barroso Borges Nhamire, desconhecia totalmente esse principio de presuncao de culpa que apresentas.
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Sic Spirou ônus de prova meu caro heheh. se vc exibe algo é porque presumivelmente é "teu"! 😄😄
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Munhamane Thandabantu Mandlaze Hhhh mas aquilo é visivelmente um combate.
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Borges Nhamire Edgar Barroso Pois! Sendo ja licenciado em RI, "perdi" 5 anos a estudar Direito (estou a terminar no proximo semestre na UEM) para nao passar por estas coisas. Sao agentes do crime de calunia tambem aqueles que propagam a mensagem caluniosa. E parece ser o caso aqui. Disse PARECE.
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David Colaco Ribeiro Parece, parecer não é ser...já dizia um velho sábio...kkkkkGerir


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Dercio Nicolau
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Antero de Almeida Plenamente de acordo. Escrevi um comentário exactamente no sentido de te persuadir a apaga-lo, por seres o nosso Edgar, mas apaguei-o imediatamente, achei-me pequeno para te alertar, mas eu, pessoalmente, evito partilhar estas coisas, por questões muito pessoais. E não recomendo que sejam feitas, sobretudo por 'malta nós'.
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Edgar Barroso Bom, já não vou partilhar mais memes. Evito aborrecimentos pessoais e, por tabela, não defraudarei as expectativas das pessoas que me têm em grande consideração.
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Dereck Mulatinho Posso dizer o que penso?
As vezes pensamos e fazemos por associação certo? Há eventos, acções e atitudes que não podem ser dissociadas, pelo menos para os mais atentos, que olham para a gênese e linhas de pensamento, que te acompanham e tudo mais.

O que aconteceu, julgo eu, é que as pessoas, confesso que fiz igual, associaram o teu "meme" a uma publicação pró-VM.
É tipo, ok ele está com ele e usa esse tal de meme, ainda por cima baixo?

Noutra época, seria um meme, se calhar, mas o timing Edgar Barroso.
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Mauro X Paulo Exactamente! Eu queria dizer o mesmo, ams ja disseste tudo. O mal do Edgar foi por ele ser uma especie de "figura publica" das redes, ser pro Venancio e fazer campanha pro Venancio. Ai o pessoal ja nao olha para aquilo como uma partilha de Meme e traz outros contextos mesmo que forcadamente.
Se fosse Eu, iam achar paulada ou mais um Meme como de Neymar, Lula, etc.
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Dereck Mulatinho Mauro exacto.
As pessoas juntaram as coisas, nem todas mas que juntaram, ahh sim juntaram.
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Edgar Barroso Os memes tornam-se vigorosos exactamente por causa do timing. O que acho incorrecto é as pessoas irem buscar o meu "histórico" para legitimarem o que eles acham que uma cena está a dizer, mesmo quando a coisa estiver a dizer outra ou, como foi o caso, quando o meme não tiver sido desenhado por mim.
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GostoMostrar mais reações · 18 h · Editado

Felix Vicente Então sacrifica-se o Edgar Barroso por ser pro VM.
Deixo os intelectuais se digladiarem e posteriormente venho ver como ficou a situação.Gerir


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Dereck Mulatinho Certo Edgar, compreendo mas nós estamos em contramão nessas coisas. Há sítios onde um simples Hashtag viraliza e faz com que pessoas se demitam.

A associação é intrínseca ao ser Humano, é uma das razões para se usarem pessoas para fazer publicidade ou propaganda de uma marca renomada. As pessoas associam o sucesso, o ser, o fazer daquela pessoa ao que serão se a seguirem.

Estrategicamente, o erro do meme é ter se aproximado demasiadamente a uma realidade conhecida e não se ter tido em conta, que as pessoas estão para lá de "cagadas" para o certificado do GM, não querem saber disso aí, votariam mesmo que não tivesse primário. Quem fez e partilhou o meme calculou isso?

Segundo, há um problema cá entre nós, eu Dereck não só não apoio a ideia do Edgar ser pró - VM como não deixo que ele seja, falsos democratas? Não sei, mas que é um problema? Sim é, e grave, há muitos "empata-qualquer coisa" por aí.
O ideal é que cada um pudesse ser livre de apoiar o que bem entender e que no final do dia, pudéssemos beber uma cerveja e dizer "A vida segue".
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GostoMostrar mais reações · 18 h · Editado

Edgar Barroso For sure.
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Donganyane Flores Falei-te do "timing" ontem, lembra?
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Edgar Barroso yeahGerir


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Waka Chitlango O certo é parar de alimentar isto, já lá vão 48 horas, foi mal cara, bola pra frente, isso acontece, por vezes partilhamos cenas nices noutras fazemos cenas offs mesmo sem querer...stop it!Gerir


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Lauryn Francysco Guambe Yuh mamã ... Haha
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Uriel Menete As vezes um mero pedido de desculpas é a melhor forma de sair por cima irmão....Abraço
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Uriel Menete A mensagem era para o edgar e creio que ele percebeu irmao... AbraçoGerir


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Zito Bulo Bem quando a neve é de gelo não há fumaça que justifique o fogo..
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GostoMostrar mais reações · 18 h

Edgar Barroso heheheheheh... olha, tu tens um meme na tua foto de perfil! lol
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Zito Bulo Kkkkkkkkkk.
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Ernesto Raúl Timbe Julgo que a partilha de meme não é e nunca será um problema, contudo devemos prestar muita atenção no #timing, #contexto, #conteúdo e #objecto do meme. No caso do GM, penso que todos esses elementos não te favorecem em nada, numa época em que estamos a assistir uma uma pré campanha eleitoral dos #supostos candidatos à presidência do Município de Maputo e sabendo que o Edgar Barroso é pro VM7. Por mais que o GM seja um actor de teatro e muito provocador, quando trata-se de política devemos respeitar, prestar muita atenção e não só, ao menos se um dia ele tivesse proferido que tem way para acabar com o desemprego juvenil, que é de falsificação de certificados (combater uma realidade, praticando um crime). Tudo tem seu tempo. Abraço fraterno.
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Ben Mucache Thanks pelas palavras elustre...eu sendo eu nao defendo a liberdade de expressao em nosso pais porque e algo que nem sequer temos mas sim defendo a etica...mais uma vez thanksGerir


GostoMostrar mais reações · 16 h

Boa Monjane Que exagero!!!
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Raúl Salomão Jamisse Quem não entendeu que aquele meme era simplesmente para fazê-lo rir um pouco, está definitivamente, "sem nenhum senso de humor"...até o próprio Gilberto Mendes deve ter dado uma boa de gargalhada sendo ele quem é. Mas Edgar meu mestre, dai ao César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Não seremos todos gregos e troianos ao mesmo tempo!
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Tubarão Branco Edgar, meu mais velho, todos nós podemos produzir, reproduzir, partilhar os memes. O problema é que qualquer sujeito a quem se destina satirizar pode desencadear mecanismos legais de defesa de direitos de personalidade. Se o GM faz ou deixa de fazer, o...Ver mais
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Sic Spirou muito bem colocado!!
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Tubarão Branco "Valá" esses que reagem. O que adianta satirizar alguém e permanecer no silêncio num país como nosso cheio de rancorosos?
Eu prefiro quem me aponta faca do que aquele que não reage às minhas provocações pois não sei o que está a andar a arqutectar.
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Edgar Cubaliwa Muito lamentável. Achei muito desproporcionais certas reações, incluindo a do próprio Gilberto. Mas é isso. Eu que n sou o Barroso vou me mantendo firme com os memes
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Edio Matola o Gilberto reagiu? Qual foi a reacção?Gerir


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Jeremias Chilaw Quando os caricaturados sao os outros normalmente o pensamente eh esse de que nao devem reagir, nao devem por em causa as liberdades, etc. Queria ver a mesma apatia se fossemos nos as vitimas.Gerir


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Nelsa Lopez Candieiro Meu Deus, quando vão aprender que comboio só pisa quem está na linha férrea.

Ou seja se a informação contendo no meme não é verdadeira.

E só olhar e rir.Gerir


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Egidio Filipe Tembe Tambem acho exagerado. Costuma-se dizer: if you don’t like the heat, get out of the kitchen.Gerir


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Tubarão Branco Vejo que algumas pessoas não estão a saber viver democraticamente. Tanto o GM como os reprodutores dos memes devem estar cientes: as suas acções provocam reacções.
Viver em democracia pressupõe aceitar reacções, ainda que desproporcionais aos nossos actos, e conviver com as diferenças.
O meu estimado mano EB publicou ou reproduziu algo, deve estar a altura de receber as possíveis reacções, recomendação essa extensível ao GM, a mim e a todos aqueles que agem, postam, dizem algo em público. O backlash é normal em democracia. Já agora, cabe a si reagir a eles.Gerir


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Nércia Sendela CertoGerir


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Romao Sibambo Meus filhos acho que deviam usar os anos de academia para trazer soluções ao Governo de como produzir mais arroz, mais pao, mais escolas, mais casas, mais segurança, mais transportes publicos, mais hospitais e se possivel bem equipados, nós vossos pais e vossos irmaozitos confiamos somente em vós e vos distrais com memes enquanto os Politicos vendem a Terra aos Chineses, SOCORRO INTELECTUAIS E ACADEMICOS, escolham um cidadão respeitavel na Sociedade e ponham-no a concorrer às proximas eleições como independente, darem-no todo apoio necessario para k ganhe as eleições e nomeie para o seu Governo todos analistas politicos k passam nas televisões pois tem trazido soluções indiscutiveis porem nao se usam porcausa do regime. POVO NO PODER, as eleições vem ai CORAGEM...
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GostoMostrar mais reações · 16 h

Alex Paulo Dos Anjos Com licença: Primeiro dizer que no contexto actual a figura postada pelo meu ídolo Edgar Barroso sobre a imagem do actor moçambicano famoso Gilberto Mendes NÃO se enquadra na designação de MEME visto que ilustra difamação sobre algo sabido pela SOCIEDADE moçambicana de um alegado crime que NÃO aconteceu: falsificação de documentos acadêmicos para garantir estudos universitários do actor. Segundo dizer que nem podemos incluir cientificamente como explicaria a Semiótica Aplicada visto que tal IMAGEM diz taxativamente algo difamatório contra uma figura que está actualmente em debates de fórum politico como possivel candidato a carpo politico de muita concorrência, portantobo município de Maputo. Assim sendo, convidaria aos meus amigos do Facebook para se absterem de publicar este tipo de provocações ferindo o bom nome das PESSOAS sob pena de serem processados judicialmente e estragarem cada vez mais a nossa moral pública.

NB. Pelo menos a maioria apreendeu algo acadêmico.Gerir


GostoMostrar mais reações · 15 h

Edio Matola Edgar Barroso! Estou a ver outro lado seu!!! Um autêntico animal político! Removeu-se a publicação em questão, e agora trouxe essa publicação convista a continuar com o debate, e alcançar o objectivo politico, que é usar esse passado do GM, para lhe afectar negativamente nas suas ambições políticas! Enfim, somente mudou de tactica, contudo o objectivo esta intacto!!!
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GostoMostrar mais reações · 12 h · Editado

Bitone Viage Edgar Barroso o que lhe custa ser o que es, reconhecer o seu erro e expressar um pedido de desculpas ao Gilberto Mendes.

Tu és humilde mano, e não perderá algo com isso.
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GostoMostrar mais reações · 14 h · Editado

Tubarão Branco Nem tão pouco.
Aliás, é um acto nobre.
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GostoMostrar mais reações · 14 h

Alex Paulo Dos Anjos Falar do passado de alguém cujas alegações sobre tais factos que ñ constituem verdade desde quando é acto nobre?Gerir


GostoMostrar mais reações · 13 h

Tubarão Branco Alex, peço para ler, reler, ler novamente o meu comentário, se faz favor.
Essa pressa em comentar está a tornar-se um vírus para muitos cidadãos moçambicanos.
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GostoMostrar mais reações · 13 h

Milorholírio Tovela Edgar,faça o que teus amigos te estão a sugerir. Encontre o ser humano nobre que és e peça desculpas.Gerir


GostoMostrar mais reações · 8 h

Nakulozy Frankillah Bululu "... há determinadas coisas que eu, Edgar, não tenho, não posso e nem devo partilhar. Exacta e exclusivamente por eu ser o Edgar. Se fosse ou Antoninho ou a Gina, seria pacífico."
Irmão, bateste na tecla certa que nem precisas de arolar mais nada acerca daquele assunto. Por incrível que pareça tb notei isso. Parece-me que há gajos que só estão a espera que publiques algo pra te "crucificarem", mesmo sem analisar ao fundo a questão em causa.
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GostoMostrar mais reações · 12 h

Moz Saraiva Da proxima envia para mim, irei partilhar/ publicar, na esperança de nao ter o mesmo peso ja que sou um SIMPLES EDGAR. Kakakak a carapuça parece que serviu bem.Gerir


GostoMostrar mais reações · 12 h

Nando Munguambe Mas tanta bagunça pra quê quadros? O GM tem tantas peças de xiko o Nhoca a provocar qualquer que seja o individuo e a situação diária dos Moçambicanos, quem lhe lança farpas? Se é contra sì fala se de MP e tribunais...direitos e sei lá oké? Nada juro...perdão so tenho a 6ª classe + não deixaria de opinar acerca da situação causada e levantada por...e...Sejemos lógicos e deixem o Edgar Barroso em pazGerir


GostoMostrar mais reações · 9 h














Euclides Flavio
10 h ·



DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES:

Entre Saúde Pública e Estilo Pessoal

Circulam informações nos grupos de WatsApp dando conta que o namorado da moça que vem reclamando o tamanho de cabelos de Venâncio Mondlane, aqui no facebook, tem sérios problemas de mau hálito e também tem embaraço de chulé.
Por um lado, enfrentamos dois problemas de Saúde Pública numa única pessoa, e por outro lado, temos a questão de adopção de estilo pessoal.


A pergunta é: Onde devemos orientar as nossas prioridades?
Isto é sério, é que é provável que o namorado da tal menina, tenha nos sufocado dentro de transportes públicos por causa do seu chulé e saúde oral.

Na minha humilde opinião, não faz-se sentido discutirmos estilo e gostos individuais num contexto em que somos enfrentados por um problema de Saúde Publica.
Alias, pessoalmente até penso em ter Dreds nos próximos anos, mas estou num dilema, pois não sei se isso vai incomodar a auto-intitulada Vereadora de Cabelos da Cidade de Maputo, ou não .

Contudo, se a minha família gramar e não existir qualquer problema de âmbito profissional, vou curtir meus cabelos (Dreds), e a Senhorita Vereadora de Cabelos terá de superar uma doença chamada PRECONCEITOISE DE TACANAHISSE, que por sinal até limita-a em termos de definição de prioridades.
Concluindo: penso que a Senhora Vereadora de Cabelos, deve dedicar mais tempo sensibilizando o seu namorado, de modo, a visitar um medico especialista na área dentária urgentemente.
Caso tenha dificuldades financeiras, nós podemos associar dinheiro aqui no Facebook pelo seu bem. Quando tento imaginar o sabor do vosso beijo fico meio tonto.

Fora saude oral, desde já, também sensibilizo-lhe, a comprar 5 pares de meias para o seu namorado variar. E mais, desafio ao casal para lavar as peúgas sempre. Levem isso a sério.
Para fechar, enquanto não minimizar problemas de higiene que atormentam ao seu namorado, então a Senhora Vereadora não tem autoridade moral para falar sobre cabelos de Venâncio nem de cabelos das suas amigas.

Discutir tamanho de cabelos é para pessoas com cérebro curto.

Fora saúde oral, desde já, também sensibilizo-lhe, a comprar 5 pares de meias para o seu namorado variar. E mais, desafio ao casal para lavar as peúgas sempre. Levem isso a sério.




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Comentários

Emmanuel De Oliveira Cortês Que moça é essa?
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Sic Spirou kakakaak mas sabe... só resta perguntar porquê ela ainda atura o tal mal cheiroso!? eheheheh
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Leticia Vieira Essa fulana perdeu oportunidade de ficar calada
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Chemane Elvesbig ChemaneKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Você vai me matar no próprio meu quarto.
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Carla Silva Mabunda Kikikikikiki Euclides, nao quero te imaginar de dreads.
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Eurico Nhassengo Coisas que em nada nos engrandecem, nunca imaginei que uma servidora publica, de tamanha importancia como e' a de uma vereadora, possa perder tempo em discutir cabelos, fora de um salao de beleza, isso mostra em grande medida como estamos servidos neste pais
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Dique Cesar Inglosse CONCORDO COM LETICIA VIEIRA.... E REBAIXOU SE, PREFERIA CALAR -SE SE NÃO TEM NADA DE FALAR... MAIS PRONTO É ASSUNTO DE PESSOA QUE NÃO PENSA ANTES DE FALAR. "PRONTOS FALEI "
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Dique Cesar Inglosse OQUE DIZ AQUI?Gerir

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Sic Spirou kakakakak Euclides FlavioFlávio estas a ser intolerante. concordo com o que li do Bitone. convenhamos!!! debate e debate.Gerir


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Euclides Flavio Sic Spirou, nada disso. O facebook eque tratou de remover o conteúdo por considerar injuriosas as palavras daquele ser humano. Por que eque tudo o que voce escreve mantem-se aqui?
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Sic Spirou Euclides Flavio kakakakakakakak eheheheheheheh
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Escreve uma resposta...



Ricardino Jorge Ricardo Será que conheço essa tal vereadora?...Espero que não seja a mesma em quem estou a pensar.
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Trawas Maphonder ......no comment.....
.....gostos sao relativos.... desde nao ponhem em kausa o estado......importa é fazer o bem e nao pautar em colokar em causa imagem do proximo
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Jose Luis Jose Azol Cada um tem sua forma de ser e de se comportar importante é dedicar se nas suas atividades que são incubida. O resto é pessoal
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Tilerio Leryo Luis Sinceramente, quem é o idiota que postou essa porcaria de texto. Até o cabelo dele querem discutir, próximo tema serão as unhas dele? Francamente
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Ussumane Omar Ussumane Apanhou na medida desejada.quem lhe mandou? Agora aguenta.
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Jose Majasse Dombe Você tem maprovoco
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