domingo, 29 de julho de 2018

Edson Macuácua mandou-me perguntar ao meu pai [ex-PCA da Emose] o que a Frelimo representava para a minha família” (Venancio Mondlane

 As revelações de Venâncio Mondlane “Edson Macuácua mandoume perguntar ao meu pai [exPCA da Emose] o que a Frelimo representava para a minha família”. Pág. 8 Savana 27-07-2018 2 SOCIEDADE A os 44 anos de idade, Venâncio Mondlane foi apresentado como cabeça-de-lista da Renamo para a autarquia de Maputo nas eleições de 10 de Outubro. Mondlane concorre pelo principal partido da oposição, depois de, em 2013, ter disputado o lugar pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), perdendo para David Simango da Frelimo. Na entrevista concedida ao SAVANA, nesta segunda-feira, o político, que também é líder religioso, assume-se como defensor das causas dos oprimidos. Declara que foi ao serviço desse ideal que, em 2013, abraçou o projecto político do MDM, mas, cinco anos depois, mostra-se um homem desiludido. Venâncio Mondlane diz que a sua maneira de ser e estar na vida tem- -lhe valido amargos de boca. “Tenho recebido várias ameaças, incluindo de morte. Mas estou à vontade, porque sei que Deus é grande. Até o meu anterior chefe da bancada no parlamento disse- -me que iria acabar como CheGuevara” Diz que antes de “bater com a porta”, passou por vários dissabores, mas resistiu na esperança de que dias melhores viriam. Entende que a direcção do MDM temia a sua ascensão política, porque podia ensombrar o centro do poder, sedeado na Beira. Venâncio Mondlane declara, sem rodeios, que Daviz Simango nunca foi um exemplo e aponta o falecido líder da Renamo Afonso Dhlakama como sua referência política. Para o político, o MDM está no momento mais baixo da sua curta história, a Frelimo terá os resultados mais baixos de todos os tempos e a Renamo vai “limpar” Maputo. Em menos de seis anos, mudou três vezes de partido. Saiu da Frelimo para o MDM e, no dia 17, foi apresentado como membro da Renamo. Não acha que isso o descredibiliza como político sério? É preciso frisar que, antes de entrar na política activa, onde milito há cinco anos, tive 18 anos de percurso no activismo cívico. Portanto, ingressei na política para continuar o meu activismo, que consiste na defesa do bem comum e dos direitos fundamentais das classes desfavorecidas. Fui da Frelimo, porque nasci e cresci numa família com relações históricas com o partido no poder. A minha filiação foi hereditária. Quando apercebi-me que a Frelimo já não defendia àquilo que eram as minhas convicções, afastei- -me. Continuei com a minha actividade cívica fora das organizações políticas, até que fui contactado, em 2013, pela cúpula do MDM para ingressar no partido. Na altura, aceitei o assédio porque precisávamos duma alternativa política e pensei que o MDM pudesse responder a esse vazio. Quem o contactou? Primeiro, foi um grupo de membros da Matola, que queriam que fosse candidato do MDM por aquela autarquia. Na altura, disse que precisava de tempo para pensar. Entretanto, antes de responder, Lutero Simango também contactou- -me com a mesma proposta, mas para cidade de Maputo. Optei por Maputo por ser a capital do país e por se tratar duma cidade que tanto domino e conheço todos os seus problemas. Contudo, quem acompanhou as minhas convicções na altura de comentador televisivo, deve ter- -se apercebido que, não obstante ser membro da Frelimo, as minhas posições eram sempre em defesa dos mais fracos, mesmo que fosse necessário criticar o meu partido. Nunca fui bajulador. Engenheiro, a questão é, seis anos, três partidos diferentes. Isso não lhe tira do sério? Acho que para uma pessoa continuar a merecer respeito da sociedade, o mais importante é não perder seu foco. A minha luta foi sempre em defesa dos interesses daqueles que não têm voz. Fui assim no activismo e continuo como político. Recordar que para além de político sou pastor da igreja. A minha missão como pregador é salvar os necessitados. Em rigor, a vida de um político sério é igual à de um pastor. Se vamos a um partido não é simplesmente para o fundamentalismo partidário. Juntámo-nos quando esse partido dá garantias de que vai continuar a manter a luta pelos direitos das classes desfavorecidas. Em 2013, acreditava que o MDM pudesse fazer isso. Mas, depois de cinco anos, notei que estava enganado. No MDM, senti que os dirigentes do partido queriam tudo menos defender interesses do povo. No seio familiar nunca sofreu nenhuma pressão por causa das suas opiniões independentes? Na verdade, senti maior pressão familiar, quando era comentador da televisão. Meu pai era funcionário sénior do Estado e, por via disso, sofria grandes chantagens, ameaças e até perseguições. Por causa da pressão, o meu pai teve ataque cardiovascular e ficou hospitalizado durante dois meses e toda a agente acusava-me de ser responsável pela doença dele. Isso foi muito duro para mim, mas continuei a fazer as minhas abordagens. Lembro-me também que, uma vez, quando era membro do partido, fui chamado, numa sexta-feira, às 22 horas, para uma reunião na sede da Frelimo. Quem chamou? Foi o então secretário para mobilização e propaganda, Edson Macuácua. O que queria? Disse que, por orientação da direcção máxima do partido, devia parar de fazer comentários na televisão até novas ordens. Edson Macuácuá quis calar-me Qual foi a sua resposta? Perguntei ao Edson Macuácua qual era a legitimidade que a Frelimo tinha para mandar falar ou calar pessoas, porque, o que sabia, é que a Frelimo lutou para que as pessoas falassem livremente. Em jeito de resposta, mandou-me perguntar ao meu pai o que a Frelimo representava para a minha família. Se Lutero Simango não o tivesse convidado para concorrer pelo MDM no município de Maputo, em 2013, teria ou não abraçado a carreira política? Acredito que não, porque não me passava pela cabeça, naquela altura, abraçar um projecto político. Antes do MDM, tive convites de várias organizações políticas e declinei. Quando é que teve o primeiro contacto com Afonso Dhlakama? Foi em 2008. Eduardo Namburete, que era meu colega do painel na televisão, foi o elo de ligação com o presidente Dhlakama. Mantive contactos com o presidente Dhlakama durante 10 anos, mas só estive com ele, fisicamente, duas vezes. Os dois encontros foram na Serra da Gorongosa. Foi o primeiro líder político a incentivar-me a entrar na política activa. O que mais me impressionou é que, no primeiro dia que falei com ele, acabava de criticar a Renamo e a Frelimo no programa. Curiosamente, ligou-me a incentivar a continuar a ser uma pessoa independente e frontal. E quando é que começa o “aliciamento” para fazer parte dos quadros da Renamo? Numa das nossas conversas telefónicas, em 2009, o presidente Dhlakama perguntou-me se não queria fazer parte dos quadros da Renamo. Mas disse que estava preparado para fazer análises políticas e não para fazer política. Em 2013, pouco depois do anúncio dos resultados das eleições autárquicas, voltámos a falar e disse- -me que o facto de ter concorrido pelo MDM não constituía nenhum problema e que a Renamo estava de portas abertas para me receber. Em 2014, pouco antes das candidaturas às eleições gerais, voltámos a falar e mostrou-se aberto para me integrar nas listas dos candidatos da Renamo à Assembleia da República. O curioso é que o presidente Dhlakama tinha informação de tudo o que se passava comigo dentro do MDM. Eu era um perigo para a liderança O que estava a acontecer? Quando cheguei ao MDM, fui altamente acarinhado, mas, pouco tempo depois, começaram a surgir os primeiros sinais de barramento da minha projecção política. Até houve, da direcção do MDM, tentativa de impedir a minha passagem da assembleia municipal para deputado da Assembleia da República. Mesmo a forma como o partido conduziu o processo eleitoral em 2013 deixou claro que, internamente, havia um ´complot` cujo objectivo era impedir a vitória de Venâncio Mondlane. Por razões não devidamente esclarecidas, o MDM não teve fiscais em cerca de 40% das mesas de assembleia de voto. A ausência de fiscais não se deveu à falta do pessoal. Os fiscais voltaram às suas casas por falta de credenciais, porque foram deliberadamente escondidas por Lutero Simango e sua cúpula. Pessoalmente, tive provas da fraude que ocorreu no distrito municipal Kamubukwane. Levei as provas e apresentei à direcção do partido, pedindo apoio jurídico para a submissão do recurso de contestação junto ao Conselho Constitucional, porém, sem nenhuma explicação, o partido ignorou o pedido. Em contrapartida, nos restantes municípios, onde houve suspeitas de irregularidades, a direcção ofereceu patrocínio jurídico. O documento que submeti ao Conselho Constitucional fiz com um amigo, mas como ambos não éramos juristas foi chumbado por deficiências técnicas. Na sua óptica o que esteve por detrás dessa suposta sabotagem? Também não percebi, porque, se o MDM tivesse vencido em Maputo, ganhava uma dimensão nacional e internacional muito forte e estaria mais perto do poder central. Internamente, acabei sabendo que o meu isolamento resultou do temor de que, se vencesse na capital do país, teria uma ascendência política que, em algum momento, podia ensombrar a direcção Venâncio Mondlane e o seu novo percurso político “Sou ameaçado de morte” -O meu pai foi perseguido e sofreu um acidente vascular-cerebral por causa das minhas convicções Por Raul Senda (texto) e Naíta Ussene (fotos) A aldeia de Lalane está aos escombros “Peço a Deus que perdoe Daviz Simango”, Venâncio Mondlane Savana 27-07-2018 3 SOCIEDADE do partido. E isso não interessava ao centro do poder que estava na Beira. Quando a direcção do MDM soube que desejava concorrer à Assembleia da República produziu uma circular na qual impedia membros das assembleias municipais a concorrer para o parlamento. Na verdade, o objectivo dessa circular era impedir que o Venâncio Mondlane concorresse. Isso acontece numa altura em que o presidente Dhlakama estava a convidar-me para integrar as listas da Renamo. Quando a direcção do MDM soube, mandou emissários para negociarem comigo. Acabei entrando no parlamento pelo MDM convencido de que os problemas que tínhamos tido passassem para a história. Pensei que a partir do parlamento podia ter mais espaço para fazer valer o foco da minha causa, que é a luta pela classe desfavorecida. Mesmo assim, o presidente Dhlakama não zangou comigo. Continuamos a interagir e uma vez me disse: “cedo ou tarde você irá entrar na Renamo”. Portanto, concorri pelo MDM, porque tinha compromisso com o partido. Sempre tive esperança de que, em algum momento, iríamos superar as diferenças que tínhamos. Quando é que foi o primeiro contacto físico com Afonso Dhlakama? Foi em Novembro de 2017 e o segundo no fim do primeiro trimestre deste ano. A direcção do MDM estava a par das suas deslocações à Serra da Gorongosa? Não, porque como cidadão, tenho o direito constitucional de falar com quem eu quiser e em qualquer lugar. Quem o acompanhou à Serra da Gorongosa? Foi o Fernando Mazanga. A sua integração na Renamo foi negociada em simultâneo com Manuel de Araújo. Nunca fui à Serra com um dos meus ex-colegas. Excluindo Fernando Mazanga, sempre estive sozinho. Saiu do MDM alegando falta de democracia. Será que na Renamo vai encontrar a democracia que tanto almeja? Não foi falta de democracia interna que me fez sair do MDM, da mesma maneira que não foi isso que me fez sair da Frelimo. Saí do MDM pelo impedimento que tinha sido causado no meu propósito de continuar a lutar pelos direitos dos desfavorecidos. Senti que o MDM perdeu o foco naquilo que é a defesa dos direitos dos moçambicanos e passou a combater todo aquele que quisesse continuar nesta luta. Tendo-se esgotado todas as possibilidades de continuar na luta e, havendo, na manga, o convite do presidente Dhlakama optei por abraçar a causa. A minha decisão não foi emocional. Foi resultado de 10 anos de ponderação. Quantas horas duravam as conversas com Dhlakama na Serra? Pernoitava na vila da Gorongosa. Cerca das cinco horas e meia recebia a chamada do guarda-costas a informar a disponibilidade do presidente Dhlakama. Ele acordava muito cedo. Da vila até à Serra levávamos em média três a quatro horas. Portanto, as nossas conversas começavam cerca das nove horas da manhã e prologavam-se até cerca das 16 horas, altura em que descíamos à vila. Afonso Dhlakama era como um pai e conselheiro. Falávamos tudo. Desde questões gerais, políticas, familiares e sociais. Tem garantias de que os impedimentos que encontrou no MDM não vai encontrar na Renamo? Sendo honesto, seria falso dizer que nunca haverá algum impedimento nas minhas relações com os colegas do partido. Onde convivem pessoas com pensamentos diferentes, há sempre alguns desacordos, mas o interesse da organização deve prevalecer. Do que sei da Renamo é que, nos 40 anos de luta, o partido consegue manter seus valores. Não acredito que a Renamo possa mudar repentinamente. O futuro está com Deus, mas a Renamo tornou-se meu partido, minha casa, família e meu destino político. Como é que a sua esposa encarou a notícia da sua filiação a Renamo? No início, não foi fácil, como deve imaginar, na zona sul a propaganda anti-Renamo foi muito forte. A minha esposa é duma geração que herdou a poluição ideológica da Frelimo contra a Renamo. Ela estava a par das decepções que estava a ter no MDM e sabia que abandonaria o partido. Agora, de que iria passar para a Renamo, não esperava. Inicialmente teve algum problema de aceitar isso, mas depois conformou-se com a minha decisão. Ela sabe que para eu tomar decisões sérias na vida conjugo três elementos que é Deus, família e o ambiente. Tem conversado com o coordenador interino da Renamo? Antes de oficializar a minha entrada na Renamo falava muito pouco com ele. O único local onde nos encontrávamos era no parlamento, mas, tratando-se de uma pessoa de poucas palavras, dificilmente conversava com ele. Agora que estou na Renamo, falámos quase sempre e me encoraja a continuar firme na decisão que tomei. Mas o momento mais marcante foi no velório do presidente Dhlakama, quando lhe fui dar um abraço de condolências ele disse- -me que: “olha, não recua no acordo que chegaste com o teu amigo”. Venâncio Mondlane foi apresentado no dia 17 de Julho como membro da Renamo e, no dia 21, era proclamado cabeça-de-lista. Não teme que isso crie crispações no seio da organização? Por aquilo que sei, este processo, contrariamente ao que muita gente pensa, foi caracterizado por uma transparência que nunca vi na minha vida. Para além do presidente Dhlakama, que claramente convidou-me a fazer parte deste projecto e ser candidato da Renamo à presidência do Conselho Autárquico de Maputo, os possíveis candidatos ao mesmo posto tinham tido conversa com o presidente Dhlakama e o principal desses todos, Fernando Mazanga, me encorajou a aceitar a proposta do malogrado. Portanto, logo à partida, tive apoio, não só por indicação do próprio presidente, mas também dos potenciais candidatos. Também é importante frisar que entrei na Renamo apenas como membro. Para ser cabeça-de-lista tive de passar por um processo de votação interno, em que além de mim, concorreram mais três pessoas. Será que há razões para se levar a sério um processo em que os supostos candidatos desistiram deixando-o concorrer sozinho... O que aconteceu nas eleições internas está dentro dos estatutos do partido. Os meus adversários, a dado momento, entenderam que eu era a figura que pudesse aglutinar todos os interesses e renunciaram, apostando em mim. Isso é normal em qualquer organização. Não é nenhuma novidade. Em termos objectivos, o que a Renamo pediu? Nem o presidente Dhlakama que me convidou, nem a Renamo, como organização, me impuseram condições. Pelo contrário, eu é que apresentei alguns condicionalismos. O que exigiu? Não exigi contrapartidas. As coisas foram acordadas previamente. São ‡&DUORV1KDPDKDQJR DQWHULRU'LUHFWRU )LQDQFHLURGR%DQFR/HWVKHJR QRPHDGR $GPLQLVWUDGRU 'HOHJDGR ‡ &RP PDLV GH DQRV GH H[SHULrQFLD QR VHFWRU ÀQDQFHLUR H HP ÀQDQoDVLQFOXVLYDV &DUORVpDDSRVWDFHUWDSDUD OLGHUDU D HVWUDWpJLDGH FUHVFLPHQWRGR/HWVKHJRGDTXL HP GLDQWH ‡2/HWVKHJR0RoDPELTXHODQoRXH HVWDEHOHFHXERDVSUiWLFDVDQtYHOUHJLRQDO FRPRSUHPLDGRPRGHORGH DJHQWHEDQFiULRHQWLWXODGR¶/HWV*R %OXH%R[· LPSOHPHQWDGRWDPEpPSRURXWUDVVXEVLGLiULDVGR *UXSR/HWVKHJR 0DSXWR 0RoDPELTXH² GH-XOKR Carlos Nhamahango, o anterior Director Financeiro do Banco Letshego, foi nomeado Administrador Delegado do Banco Letshego, com efeitos desde 01 de Abril de 2018, sucedendo Chipiliro Katundu. Carlos é orgulhosamente moçambicano e traz consigo mais de 17 anos de experiência HPVHUYLoRVÀQDQFHLURVHPGLYHUVDViUHDV WDLVFRPR ÀQDQoDV RSHrações e desenvolvimento de negócios. &DUORVMXQWRX VHDR/HWVKHJRFRPR'LUHFWRU)LQDQFHLURKi DQRV e tem desempenhado um papel fundamental na estratégia de cresFLPHQWRHPÀQDQoDVLQFOXVLYDVGR/HWVKHJR 'HHQWUHYiULDVLQWHUYHQo}HV &DUORVIRLXPDSHoDFKDYHQDJDUDQWLDGRÀQDQFLDPHQWR avaliado em mais de 1,5 milhões USD da Fundação MasterCard e FSD (Financial Sector for Development) Moçambique, para o moGHOR GH DJHQWH EDQFiULR ¶/HWV*R %OXH %R[· 0DLV UHFHQWHPHQWH Carlos liderou a estratégia do Letshego para a automação da deduomRQDIRQWHGRVFUpGLWRVDRVIXQFLRQiULRVS~EOLFRV PHOKRUDQGRD H[SHULrQFLDGRFOLHQWHHIDFLOLWDQGRRDFHVVRjVVROXo}HVÀQDQFHLUDV do Letshego. &RQWDFWRHP 0RoDPELTXH 6FKQHLGHU(EUDKLP *HVWRUDGH0DUNHWLQJH&RPXQLFDo}HV ([SHULrQFLDGR&OLHQWH%DQFR/HWVKHJR /DXUHQ&DOOLH 'LUHFWRUDGH$VVXQWRV &RUSRUDWLYRVGR*UXSR /HWVKHJR+ROGLQJV/WG (PDLO VFKQHLGHUH#OHWVKHJR FRP (PDLO /DXUHQ&#OHWVKHJR FRP &RQWDFWRGR*UXSR 3$5$0$,6,1)250$d¯(6 &$5/261+$0$+$1*2120($'21292 $'0,1,675$'25'(/(*$'2'2%$1&2/(76+(*2 $QWHVGHVHMXQWDUDR%DQFR/HWVKHJR &DUORVSDVVRX DQRVQR%DQFR3UR&UHGLW RQGHGHVHPSHQKRXYiULDVIXQo}HVVpQLRUHV LQFOXLQGRDGH'LUHFWRU)LQDQFHLUR 'LUHFWRUGH1HJyFLRVH%DQFD3ULYDGDH*HVWmR de Risco. &KULV/RZ R'LUHFWRU*HUDOGR*UXSR/HWVKHJR acrescentou, “Damos as boas-vindas ao Carlos Nhamahango no seu novo papel como Director Executivo do Banco Letshego. Estamos ansiosos em apoiar o Carlos na contínua consolidação da nossa bem sucedida estratégia de crescimento inclusivo. Permanecemos comprometidos em investir e fazer crescer o nosso negócio em Moçambique, apoiando o desenvolvimento sustentável e a longo prazo, através GRIRUQHFLPHQWRGHDFHVVRDVROXo}HVÀQDQFHLUDVVLPSOHVHDGHTXDGDVjVFRPXQLGDGHVÀQDQFHLUDPHQWHGHVSULYLOHgiadas.” 2%DQFR/HWVKHJRpXPGRV EDQFRVFRPSRXSDQoDVQR*UXSR/HWVKHJRHHPWHUPRVGHWDPDQKRGH activos e lucratividade segue as operações do Botsuana e da Namíbia. Com o investimento contínuo do *UXSRSDUDLQRYDomRGLJLWDOHXPDH[SHULrQFLDGHPDLVGH DQRVQRDSRLRjVFRPXQLGDGHVSRUWRGD DÉIULFD R/HWVKHJRHQFRQWUD VHEHPSRVLFLRQDGRSDUDDSRLDUDDJHQGDGR*RYHUQRPRoDPELFDQRQD LQFOXVmRÀQDQFHLUD Desde a sua abertura em 2011, o Banco Letshego tem registado um forte crescimento em termos de desemSHQKRÀQDQFHLURHQ~PHURGHFOLHQWHV (P R%DQFR/HWVKHJRDGTXLULXDOLFHQoDGHEDQFRFRPHUFLDO HVWDEHOHFHQGRGHVWHPRGRXPDSODWDIRUPDSDUDDGLYHUVLÀFDomRGDVVXDVVROXo}HVGHSRXSDQoDVHÀQDQciamento. As operações do Letshego em Moçambique compreendem 13 agências, 12 escritórios satélite e mais de 120 agentes de vendas – indivíduos que estabecem parceria com o Letshego para a expansão das VROXo}HVÀQDQFHLUDVSDUDDVFRPXQLGDGHVUXUDLV 2/HWVKHJR+ROGLQJV/LPLWHG ´/HWVKHJRµ GHWpP GR%DQFR/HWVKHJR 2*UXSR/HWVKHJRHVWiVHGLDdo no Botsuana e listado na Bolsa de Valores do Botsuana. Savana 27-07-2018 4 SOCIEDADE questões que tem a ver com o meu futuro político e dos riscos. O presidente garantiu que, se não vencer a autarquia de Maputo, continuaria noutros projectos da Renamo, como por exemplo, concorrer a deputado da Assembleia da República. Contudo, tenho fé de que vamos limpar Maputo. Isso implica alistar seu nome numa posição privilegiada para o acesso à Assembleia da República... É isso que acordamos com o presidente Dhlakama. Na sua saída levou consigo alguns membros preponderantes do MDM. Qual será o futuro deles na Renamo? São dez figuras que constituíam a estrutura fundamental do MDM na capital. São pessoas com fortes capacidades de mobilização dentro dos bairros. Todos estão enquadrados dentro da Renamo e já estão a fazer trabalho de campo em nome do partido. Neste momento, estamos no processo de integração de mais 150 membros que deixaram o MDM e seguiram seus líderes. Também tiveram garantias de que vão ocupar posições de topo? Não sou a pessoa competente para falar sobre isso. A Renamo tem membros e órgãos que decidem. Cabe a estes tomar qualquer que seja a decisão. Contudo, é importante frisar que isso nunca foi condicionalismo para aceitar abraçar a causa. Pessoalmente nunca dei garantias de que iriam à Renamo para ocupar posições de topo, porque, isso não me compete. Peço a Deus que perdoe Daviz Simango Daviz Simango disse, na entrevista à STV, que um dos problemas de Venâncio é que se dedica mais à igreja em detrimento do partido. Como é que encarrou esses depoimentos e, no futuro, isso não poderá ser problema dentro da Renamo? Sendo um homem de fé, o que posso dizer é que perdoo o presidente Daviz pelas suas declarações. Acho que ele estava possuído por espíritos maus. Como disse, as grandes decisões da minha vida saem duma conjugação triangular e eu sempre respeitarei a vontade de Deus. Contudo, também tenho vida profissional. Pelo que, em nenhum momento vou deixar de cumprir obrigações profissionais, porque tenho de ir à igreja. Estou numa igreja que tem um líder espiritual e este conhece as minhas obrigações profissionais. Ademais, o horário do culto, as reuniões com obreiros ou os atendimentos que faço aos crentes são sempre depois da hora laboral. Na minha igreja, faço atendimento ao público, pessoas doentes, que precisam de apoio psicológico, espiritual e todas estas acções divinas são realizadas depois da hora laboral. No tempo em que estive no MDM, não me lembro de alguma actividade política que aconteceu depois das 16 horas. Durante a minha militância no MDM, não tive nenhuma mancha que servisse de pretexto para me vilipendiar. O presidente usou a minha relação com Deus para me MDM disse que a direcção do partido tinha informações de que abandonariam a organização e antecipou-se expurgando-os dos órgãos dos partido. Acho que é vergonhoso quando uma pessoa daquele nível aparece publicamente a falar esse tipo de coisas. Aí ficou claro que ele é pequeno demais para o cargo que ocupa. Nos cargos estratégicos, o MDM devia privilegiar pessoas à altura das suas ambições e não nas mediocridades. Por exemplo, eu nunca fui afastado dos órgãos, o meu mandato chegou ao fim e não renovei. A minha saída dos órgãos foi um processo normal. Também porque, antes do congresso, tinha manifestado à direcção do MDM a perca de confiança política com o partido. Tudo começa na entrevista que concedi a partir da Itália, onde defendia que o sucesso da oposição passava pela coligação da Renamo e MDM. Ao nível do partido, fui severamente atacado, enxovalhado e até desacreditado. Hoje, o presidente do MDM também tem a opinião de que a coligação pode ser benéfica para oposição. Lembro-me que quando apresentei a proposta, a direcção do partido me encarou como desestabilizador e até criaram-se grupos de choque justamente para me descredibilizar. Já apresentou a proposta de coligação à Renamo? Ainda não, porque para dar minhas opiniões dentro da Renamo tinha que legalizar a minha filiação e esperar pelos fóruns próprios para apresentar as minhas ideias. Como é que olha para o MDM depois da saída de algumas pedras basilares. Quero acreditar naquilo que o próprio MDM diz que é uma máquina organizada e que essa instituição não pode ser prejudicada nem fragilizada por causa de pessoas. Fiquei feliz quando ouvi isso da direcção do partido. Não gostaria de ser acusado de ser um dos responsáveis pela destruição duma organiforam para Renamo e agora estão no MDM. Essas pessoas foram se filiando a cada um desses partidos sem regularizar a sua desvinculação. Quando saí do MDM, formalizei a minha saída. Também deixei os benefícios que podia usufruir por ter estado nesse partido. Estou a falar do posto de deputado da Assembleia da República. Fui eleito pelo MDM e quando saí também deixei o parlamento. A Renamo não lhe dá salário? Não. Tem algum rendimento económico? Não. Como é que sobrevive? Durante muito tempo, fui um jovem boémio, que gostava de boa vida, própria de um jovem da moda. Quase que não poupava. Mas, quando me converti ao cristianismo, abandonei todas as brincadeiras e passei a ter uma vida muito regrada. Então, ao longo desse tempo fiz minhas poupanças. Neste momento sobrevivo das minhas economias. Para além de ser evangelista na igreja, minha esposa é médica e também tem rendimentos. Vivo na base das minhas poupanças e dos rendimentos da minha esposa. Ao contrário das eleições gerais, as autárquicas não têm suporte financeiro público. Onde é que Venâncio Mondlane vai buscar dinheiro para suportar despesas eleitorais? O meu partido tem uma estratégia de angariação de fundos para o pleito que se avizinha. Já foi constituída uma unidade específica que está a trabalhar com várias entidades, incluindo grandes empresários, que se comprometeram a apoiar o partido. É óbvio que não se vai identificar, porque todos conhecemos o nível de perseguições do partido Frelimo, quando alguém apoia abertamente a oposição. Também contamos com as quotas dos membros do partido. Não tem recebido ameaças de morte, devido às decisões radicais que tomou nos últimos meses? Tenho recebido várias ameaças, incluindo de morte. Mas estou à vontade, porque sei que Deus é grande. São ameaças que vêm de vários quadrantes desde anónimos até identificadas. Até o meu anterior chefe da bancada no parlamento disse-me que iria acabar como Che Guevara. Nalguns casos apresentei queixa às autoridades policiais. Ambiciona um dia concorrer à presidência da República? Neste momento, a minha grande decisão foi de concorrer à presidência do Conselho Autárquico de Maputo. Depois Assembleia da República. O resto ainda não pensei, porque acho que ainda é cedo. A história eleitoral tem mostrado que sempre que a Renamo e o MDM concorrem, a Frelimo é que tem vantagens porque o voto contra Frelimo espalha-se. Não teme que isso venha a acontecer nas eleições de 10 de Outubro? Acredito que não, porque a credibilidade política do MDM, na cidade de Maputo, neste momento, não representa nenhuma mais-valia para os votos que a Renamo possa ter. O MDM está no momento mais baixo da sua história como partido político e a sua capacidade política está quase a roçar o chão. Não creio que o MDM tenha expressão significativa no pleito que se avizinha. Também é importante sublinhar que, de eleição em eleição, há tendências de migração do eleitorado da Frelimo para as alternativas políticas. Nas eleições de 2013, vimos que em muitas mesas de voto localizadas nos bairros da elite frelimista, a oposição teve resultados positivos. Os eleitores que garantem a vitória da oposição provêm da Frelimo. Rigorosamente falando, nestas eleições autárquicas, a Frelimo terá os resultados mais baixos da sua história. A fiscalização é dos pontos fracos da Renamo. Para a eleição de 10 de Outubro haverá estratégia concreta para mudar o cenário? No enquadramento dos líderes que vieram do MDM para Renamo, uma das questões que estão a ser tratadas com muito rigor é a fiscalização. A Renamo está ciente dessa fragilidade e os membros estão a ser mobilizados nesse sentido. A Frelimo ainda não elegeu o seu candidato à cabeça-de-lista na cidade de Maputo. Porém, nos bastidores fala-se de Eneas Comiche, Fernando Sumbana Jr. e Razaque Manhique. Destes, quem mais teme? Não temo nenhum. Desde já, convido a quem for eleito para um debate público, onde, frente a frente, vamos discutir os problemas de Maputo. Na sua propaganda de pré-campanha diz que vai tornar Maputo uma Suíça da África Austral. Pode-se explicar melhor? Rebelo-me cada vez que oiço os estereótipos usados para caracterizar África. Todo o mundo olha África como continente de miseráveis, corruptos, ladrões, analfabetos, de doenças e de todo o tipo de males. A África é considerada o lixo do mundo em todas as vertentes. Não acredito que o africano esteja destinado à miséria. Recusando-me a fazer isso, estaria a dizer que, da mesma maneira que, hoje, na Europa não há problema em comparar uma cidade como Berlim (Alemanha) com Helsínquia (Finlândia). Quando falámos da cidade de Maputo qual é a cidade de referência que gostaríamos de chegar? Qualquer pessoa, organização ou instituição que quer crescer tem de ter uma referência. Por exemplo, como pessoa, tenho como referência política o presidente Dhlakama no sentido de que, na minha evolução política, gostaria de ter os valores que ele demonstrou no seu percurso todo. Esse é o meu sonho. Agora, como cidade, qual é o nosso sonho? Então, trago uma proposta de sonho para a cidade. O meu sonho é fazer a nossa cidade crescer como Suíça. Um país que preserva seus valores, credibilidade, segurança e garantias. São esses valores que gostaria de devolver à nossa cidade. Se todo o maputense, incluído os seus dirigentes, conseguirem resgatar a segurança, credibilidade, honestidade e transparência, teremos segurança nos transportes públicos, vias públicas, saúde, educação básica, saneamento, gestão de resíduos sólidos, património público e de contribuições dos munícipes. O meu sonho não pode se limitar a uma cidade africana como Joanesburgo. Isso deve ser o meu percurso. O local onde vou passar para atingir meu sonho. Diz que Afonso Dhlakama foi sua referência política. E Daviz Simango? Geralmente, quando entrámos numa área, temos sempre referências. No desporto, temos ídolos, que são aqueles craques que fazem espectáculo com a bola no campo, na igreja temos aquilo que chamamos de pai espiritual, que é a pessoa que Deus coloca diante de ti para te servir como tua luz. Tudo que ele fizer, você imita, tudo o que ele disser você faz. Na política também é assim. Mas, infelizmente nunca tive um pai político no MDM, era órfão. Daviz Simango nunca foi exemplo para mim. Senti muita cobardia no seio da organização. Um dos exemplos foi o anúncio do meu nome como cabeça-de-lista do MDM na cidade de Maputo. Se o MDM tencionava colocar- -me como candidato à cidade de Maputo, que é o município mais complexo do país, como é que não renova o meu mandato na Comissão Política. Como é que, em pleno congresso, arregimenta um grupo de pessoas para me assassinar o carácter com ataques violentos. O que sei é que, se um partido sério quer apostar numa figura para presidir um município como Maputo, tem o dever de o protegê-la. Essa protecção passa por colocar a pessoa nos órgãos importantes do partido. Ao expurgar-me, está a mandar uma mensagem para os membros da base, de que esse indivíduo é irrelevante. Ao anunciar-me como cabeça-de- -lista, o MDM queria usar meu nome para ganhar elevação política. Para se projectar e confundir as pessoas. manchar na praça pública, mas para a minha felicidade ele foi muito infeliz, por isso, lhe perdoo. ...para dizer que uma vez eleito edil de Maputo, não vai pôr em causa actividades públicas para atender interesses religiosos. De forma nenhuma. Se eu vier a fazer isso é que não sou bom cristão, não sou bom pastor. Há uma tendência de se pensar que existe uma disparidade entre política e a fé cristã. É uma percepção totalmente errada, porque as grandes referências da bíblia também são políticos. Há dias, o secretário-geral do zação. No seio da família do MDM o senhor é tratado como traidor. Qual é o seu comentário? O discurso de traidor vindo dum partido da oposição constitui um grande contra censo. As pessoas que fizeram o MDM saíram da Renamo. Quando essas pessoas saíram foram chamadas de traidores. Então, se o termo traidor é o ideal para caracterizar esse tipo de situações, todos, incluindo Daviz Simango, somos traidores. Aliás, boa parte das pessoas que usam este termo de traidor estiveram no PCN, depois Venâncio Mondlane diz que a decisão de ingressar na Renamo não foi emocional. É resultado de 10 anos de ponderação Savana 27-07-2018 5 SOCIEDADE Bilhetes já disponíveis nas Lojas Vodacom (Av. Samora Machel, Av. de Angola e Av. das Indústrias) Balcões do BancABC (Maputo e Matola), Computicket e Dolce Vita. The Whispers Lira Campus UEM 24 Setembro | 20h00 Convidados: Lyshannie Dj Sérgio Butler Bilhetes: Normal: 2000MT VIP: 7500MT PUBLICIDADE DESPORTO Savana 27-07-2018 6 SOCIEDADE O mito da coesão interna no “partido dos camaradas”, uma imagem de marca na era pós-independência, está a ruir, e a Frelimo é assolada por uma crise aberta na cidade de Maputo. As facções que se digladiam pela candidatura ao poder municipal da capital lavam a roupa suja em praça pública, um exercício que só era habitualmente visto nos partidos da oposição. No centro da refrega está Samora Machel Júnior, filho do primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel, tratado pela história oficial como o pai da independência de Moçambique. Num processo obscuro, Samora Júnior viu a sua pretensão de ser cabeça-de-lista nas eleições autárquicas de 10 de Outubro em Maputo rejeitada pelo seu partido, que foi também dos seus pais. Inconformado, promete dar luta, contestando a exclusão da sua lista junto do comité da cidade. Os seus representantes já fizeram saber que vão fazer subir o problema ao Comité Central do partido. No ar, a lista de Samora Machel Júnior vai deixando escapar que não descarta a possibilidade de o filho de Samora avançar como independente, o que teria efeitos cataclíticos num partido que sempre brandiu a coesão e unidade interna como imagem de marca. Consta que importantes sectores dentro do partido, inconformados com a situação, estão a encorajá- -lo a seguir esse caminho. 5DWLÀFDomRGDV SUp FDQGLGDWXUDV Para agudizar a crispação, a Comissão Política da Frelimo ratificou as pré-candidaturas para eleição de cabeças-de-lista “e considera as escolhas feitas como aquelas que respondem, objectivamente, aos anseios e aspirações das bases do Partido e dos munícipes em cada uma das 53 autarquias”. Tudo indica que o nome de Samora Machel Júnior não consta do elenco que foi validado pelo órgão que decide sobre a vida corrente do partido no poder. Os apoiantes do filho de Machel entendem que o processo de eleição interna está ferido de irregularidades severas e asseguram que não vão compactuar com a situação. O escrutínio escolheu o veterano Eneas Comiche, membro da Comissão Política da Frelimo e presidente da Comissão do Plano e Orçamento na Assembleia da República, Fernando Sumbana Jr., um antigo ministro de Turismo nas administrações Chissano e Guebuza, assim como Razaque Manhique, um ilustre desconhecido nas lides políticas, que actualmente ocupa a posição de vice- -presidente da Assembleia Municipal de Maputo. O SAVANA está em posse de informações segundo as quais foram transmitidas instruções expressas do presidente do partido, Filipe Nyusi, para que em nenhuma circunstância Samora Machel Jr. conste de entre os três nomes submetidos à Comissão Política para candidatos a cabeças- -de-lista. Aparentemente, as ordens presidenciais tiveram de ser cumpridas a todo o custo, mesmo ignorando o amplo apoio de que Samora Machel Jr. goza junto das bases do partido ao nível da cidade, e até violando a directiva aprovada pelo próprio partido. Os nomes de Comiche e de Sumbana Jr. foram introduzidos à última da hora, fora dos prazos estipulados na directiva, e ainda com dados incompletos. Comiche, em particular, foi colocado numa situação ainda mais difícil, dado que ele próprio terá colaborado na elaboração do manifesto de Samora Machel Jr. Informações em nosso poder indicam que do trabalho de mobilização realizado por Samora Machel Jr., ele conseguiu o apoio de seis dos sete distritos municipais. A Frelimo, dizem, perde eleições em municípios como Nampula, Beira e Quelimane por se comportar ao arrepio das normas estatutárias. Albino Forquilha, membro do comité da Frelimo no distrito Municipal Ka Mavota e candidato derrotado ao cargo de primeiro secretário a nível do mesmo distrito, está a dar a cara pelo movimento de contestação à exclusão de Samora Machel Jr. O grupo pró-Samito é composto por membros da OJM, da OMM e da ACLLN, e entende que é chegado o momento de confrontar a liderança do partido, para que esta se conforme com a directiva por ela própria aprovada. “Não caí de para-quedas. Estamos a fazer isto com consciência de que queremos alterar algo de errado dentro do partido. É preciso perceber que não estamos sendo manietados por quem quer que seja; é o sentimento de que queremos mudar as coisas”, declarou Albino Forquilha, um antigo combatente da luta em defesa de soberania, um termo usado para designar os que lutaram do lado governamental na guerra dos 16 anos. Forquilha disse que o secretariado do comité da cidade recebeu seis candidaturas para “cabeça-de-lista”, mas que, estranhamente, três foram excluídas sem esclarecimentos. Referiu que não houve clareza na forma como foram seleccionados os três nomes submetidos à Comissão Política do partido. Para Forquilha, em nenhum momento os proponentes foram chamados para uma votação ou um acto similar para a indicação dos nomes que transitaram. Entende que é preciso diferenciar a gestão de um partido ao de uma empresa, porque o partido é uma colectividade que vive de debate de ideias e a opinião das bases conta muito. Em nome da transparência, avança, o partido tinha de chamar os mandatários de cada candidatura e indicar-lhes as irregularidades, explicando como procedeu à selecção ou justificando as razões que ditaram as decisões tomadas, nomeadamente a exclusão de Samora Machel Júnior, Gilberto Mendes e João Matlombe. Gilberto Mendes também poderá avançar com uma candidatura independente. Um grupo cívico e um importante partido da oposição poderão suportar a candidatura de Gilberto Mendes. 'XDVPLODVVLQDWXUDV Entendendo que houve violação de regras estatutárias, a lista de Samora Machel Júnior decidiu juntar duas mil assinaturas e submeter uma carta denunciando as irregularidades junto ao Comité de Verificação da cidade, com o conhecimento do Comité Central do partido. “É a primeira vez que esta situação acontece dentro do partido, mas não podemos confundir disciplina partidária com convivência ou conivência com ilegalidades, porque assim estaremos a destruir o partido”, sublinhou. A disciplina partidária não pode ser confundida com imposição, defendeu. Para o representante da lista de Samora Machel Júnior, o partido será penalizado pela falta de transparência nos processos eleitorais internos. Confrontado com o facto de a Comissão Política ter confirmado os pré-candidatos, Forquilha insistiu que há espaço para a revisão do processo. Contactado pelo SAVANA, Samora Machel Jr. declinou pronunciar-se sobre o assunto, afirmando que o momento “não é oportuno”. Porém, esta semana começou a circular nas redes sociais uma mensagem com título, “tem de haver justiça na Frelimo”, cuja autoria é atribuída a Samora Machel Jr. A mensagem foi postada num grupo de whatShap de jovens ligados ao partido Frelimo. “Para que fique bem entendido. Isto não tem a ver com nomes, tem a ver com processos no Partido. Se nos habituámos a viver aceitando atropelos a processos que o Partido cria, é mau. Esta coisa de nós fazermo-nos de cegos ou ouvidos de mercador a atitudes completamente erradas que não estão nos “manuais internos” do nosso glorioso Partido, tem de acabar! Isto chama-se cobardia e hipocrisia. Quando está mal, está mal, nós temos de admitir e corrigir. Quem aqui não sabe que a situação do Partido, na cidade, é má? Quem não sabe que a probabilidade de perdermos é grande? Quem não sabe que todos os jovens que foram propostos pelas bases foram postos de lado?   Eu não estou disposto a deixar as coisas continuarem assim como estão. Hão-de me rotular com todos os adjectivos possíveis, mas tem de haver justiça! Tenham um bom dia”, rematou o autor da mensagem. 6HJXLPRVRV SURFHGLPHQWRV Acusado de ter sido o causador de toda a controvérsia que reina no partido ao manipular o processo, o primeiro secretário da Frelimo na cidade de Maputo, Francisco Mabjaia, disse que a selecção dos três candidatos obedeceu aos procedimentos e directivas vigentes no partido. Destacou que aquela decisão foi tomada dentro das competências do comité. Manifestou surpresa com a atitude dos apoiantes de Samora Machel Jr., defendendo respeito pela deliberação do comité da cidade, em homenagem à disciplina partidária e respeito aos órgãos do partido. Aliás, quando Mabjaia tomou conhecimento de movimentações nos bairros para impugnar as decisões por si tomadas, tratou de enviar uma sms aos seus subordinados, instruindo os primeiros secretários distritais para que não se envolvessem no processo. “(...) Estão a circular, desde ontem, nos bairros formulários para a recolha de assinaturas em apoio à candidatura de Samora Machel Jr. Não preciso de vos recordar que este acto revela uma indisciplina”, ameaçou Mabjaia. O jornal soube que, nesta sexta-feira, a Comissão Política da Frelimo deverá se reunir, onde um dos pontos de agenda será a análise da situação dos cabeças-de-lista em Maputo. O Presidente Nyusi está actualmente na província de Niassa em visita de trabalho que termina este domingo. Com Nyusi, estão também os membros da CP que participaram, nesta quarta-feira, nas festividades dos 50º aniversário do II Congresso da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) em Matchedje, distrito de Sanga, norte de Niassa. Nos bastidores tem se desenvolvido um intenso trabalho para convencer o grupo de apoiantes de Samora Machel Jr. a serenar os ânimos, incluindo até com promessas de uma recompensa para o seu candidato. 3RU$UJXQDOGR1KDPSRVVD /XEULÀFDP VHDUPDVHP0DSXWR Eneas Comiche Fernando Sumbana Jr. Razaque Manhique 6DPRUD0DFKHO-U H[FOXtGRGDVLQWHUQDVQD)UHOLPR &RPLVVmR3ROtWLFDSRGHUiUHXQLU VHQHVWDVH[WD IHLUD FRP´FDVR6DPLWRµQRWRSRGDDJHQGD Albino Forquilha Samora Machel Jr. Savana 27-07-2018 7 SOCIEDADE PUBLICIDADE Savana 27-07-2018 8 SOCIEDADE O Fundo das Nações Unidas para População (UNFPA), é uma agência internacional de desenvolvimento que trabalha em prol de um mundo onde cada gravidez é desejada, cada parto é seguro e o potencial de cada jovem é realizado. O UNFPA solicita candidaWXUDVGHFLGDGmRVPRoDPELFDQRVTXDOLÀFDGRVHH[SHULHQWHVSDUDD seguinte vaga: Posto # e título: Consultoria – Elaboração da Estratégia do Preservativo Tipo de contrato, nível: Consultor/a Individual Local de Trabalho: O Consultor/a estará baseado no CNCS – Conselho Nacional do Combate ao HIV/SIDA Duração: 60 Dias Prazo da candidatura: As candidaturas devem ser feitas até 3 de Agosto de 2018 Requisitos Gerais: ‡ 0HVWUDGR HP 6D~GH 3~EOLFD &LrQFLDV 6RFLDLV RX iUHDV DÀQV FRPR6RFLRORJLD $QWURSRORJLDRX'HVHQYROYLPHQWR ‡0tQLPRGHFLQFRDQRVGHH[SHULrQFLDWUDEDOKDQGRHPPRQLWRULD HDYDOLDomR ‡&RQKHFLPHQWRWpFQLFRVyOLGRVREUHDSUHYHQomRGR+,9 ‡&RQKHFLPHQWRGDFDGHLDGHIRUQHFLPHQWRGHSUHVHUYDWLYRVVHUi XPDYDQWDJHP ‡([SHULrQFLDQRGHVHQYROYLPHQWRGHPRGHORVHHVWUXWXUDVHVWUDWpJLFDVSDUDUHVXOWDGRV ‡([SHULrQFLDFRPSURYDGDGHWUDEDOKRHP0RoDPELTXHFRPSDUFHLURVGHGHVHQYROYLPHQWR 0LQLVWpULRVHLQVWLWXLo}HVDFDGpPLFDV ‡&RPSUHHQVmRGHPRQVWUDGDHDEUDQJHQWHGRFRQWH[WRPRoDPELFDQR ‡)OXHQWHHP3RUWXJXrVH,QJOrV HVFULWRHIDODGR ‡&DSDFLGDGHGHSURGX]LUWUDEDOKRGHTXDOLGDGHGHQWURGRSUD]R HWUDEDOKDUVRESUHVVmR ‡'LVSRQtYHOSDUDYLDMDUSDUDDVSURYtQFLDV Descrição do Trabalho:2V7HUPRVGH5HIHUrQFLDHVWmRGLVSRQtYHLV QDUHFHSomRGRHVFULWyULRGR81)3$HP0DSXWRQRHQGHUHoRDEDL- [R GDV DWp KRUDV GHVHJXQGDDTXLQWD IHLUD (QGHUHoR UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População Av. Julius Nyerere, 1419, PO Box 4595, Maputo, Mozambique Como se candidatar: Os interessados devem submeter as suas canGLGDWXUDV &9 DFRPSDQKDGRGDFDUWDGHPRWLYDomRHPHQYHORSH selado no endereço mencionado acima. 1mRKiQHQKXPDFREUDQoDGHWD[DGHFDQGLGDWXUD SURFHVVDPHQWR ou de outra natureza. O UNFPA não solicita ou procura obter inIRUPDo}HVGRVFDQGLGDWRVTXDQWRDRVHXHVWDGRGH+,9RX6,'$ HQmRGLVFULPLQDFRPEDVHQDVLWXDomRGH+,9H6,'$ $VFDQGLGDWXUDVGHYHPVHUVXEPHWLGDVQRHQGHUHoRDFLPDDWpRGLD GH $JRVWRGH Anúncio A Procuradoria Geral da República (PGR) anunciou, no início da noite desta quarta-feira, 25, a localização e captura de Momade Assif Abdul Satar, mais conhecido por Nini Satar, confirmando indicações que já estavam a circular com muita insistência no meio da tarde desta quarta-feira. Segundo o comunicado da PGR, Nini Satar foi capturado na mesma quarta-feira, na Tailândia, um país do sudoeste asiático. De acordo com a fonte da PGR, na altura da sua captura, o foragido fazia uso de um passaporte falsificado, em nome de Sahime Mohammad Aslam. A captura de Nini Satar derivou da coordenação do Ministério Público, através do Serviço Nacional de Investigação Criminal, que em cooperação com a Polícia Internacional (INTERPOL) realizaram trabalhos de investigação que culminaram com a sua localização. Segundo a PGR, neste momento estão em curso diligências para o seu repatriamento ao país. A procura e captura de Nini Satar resulta da sequência da revogação da liberdade condicional concedida, contra vontade da PGR, pelo juiz Adérito Malhope, em Setembro de ,17(532/FXPSUHPDQGDGRGD3*5 1LQL6DWDUGHWLGRQD7DLOkQGLD 3RU5DXO6HQGD 2014, depois de cumprir metade da pena de 24 de prisão em conexão com o assassinato do jornalista Carlos Cardoso, em Novembro de 2000. A revogação da liberdade condicional de Nini Satar foi decretada no dia 25 de Abril de 2017, 24 horas depois de um estranho assalto e sabotagem a uma viatura da Polícia da República de Moçambique (PRM), que culminou com o resgate de dois perigosos cadastrados por seus supostos comparsas. Com o número 04/PGR/ GC/012.3/2017, o documento da PGR referia que cerca das 12:40 horas do dia 24 de Abril de 2017, um grupo de quatro indivíduos, todos encapuzados, fazendo-se transportar numa viatura automóvel de marca Toyota Corolla, modelo Runx, de cor cinzenta, sem chapa de inscrição, seguindo da Avenida Vladimir Lenine em direcção à Av. 25 de Setembro, chegado à rua de Ngungunhana, bloqueou a viatura da PRM, que transportava dois reclusos, onde se presume que tenham efectuado mais de vinte tiros, perfurando pneus da viatura celular e de seguida resgatado os referidos reclusos do seu interior, pondo-se posteriormente em fuga. Tratava-se de José Ali Coutinho e Alfredo José Muchanga, que se encontravam a cumprir penas de prisão maior em conexão com crimes hediondos no Estabelecimento Penitenciário Especial de Máxima Segurança, vulgo BO, junto às celas anexas ao Comando da PRM da Cidade de Maputo. Os dois reclusos vieram a ser encontrados mortos dias depois, num cenário estranho em que ninguém conseguiu explicar até ao momento. Os dois tinham fortes ligações com Nini Satar nos crimes de raptos. Aliás, a morte dos dois reclusos foi anunciada pelo próprio Nini Satar nas redes sociais e na altura acusou a PGR e a SERNIC de serem responsáveis pelos assassinatos. Na altura, a PGR dizia que a revogação da liberdade condicional e a consequente ordem de captura de Nini Satar resultava do facto deste ter violado, de forma persistente, todas as injunções impostas aquando da sua concessão, principalmente no que se refere a não se fazer acompanhar de pessoas de má conduta e ao não cometimento de outros crimes. No seu comunicado, divulgado em Abril de 2017, a PGR dizia que Nini Satar formou uma organização criminosa cujo propósito consistia em raptar cidadãos moçambicanos para posteriormente exigir avultadas quantias em dinheiro. Depois de cumprir 13 anos, intercalados entre a BO e as celas do Comando da Cidade, Nini Satar saiu do país, há mais de três anos, mediante autorização do juiz Adérito Malhope, supostamente, para tratamento médico na Índia. Há muito que os 90 dias que tinha para permanecer fora do país venceram, mas o jovem que escandalizou meio mundo ao tratar 10 mil dólares como “quantias irrisórias”, durante as audiências do julgamento do caso Carlos Cardoso, não voltou à sua terra natal, onde tem contas ainda por ajustar com a Justiça. Do exterior desafiava a tudo e todos, incluindo o Estado moçambicano, particularmente, a administração da justiça. A comunicação social que expunha as suas conexões com o mundo do crime também não escapou das suas investidas. É exemplo disso o SAVANA e o Canal de Moçambique. Apenas uma imprensa acrítica e mancomunada com o crime organizado é que escapava e, em contrapartida, reproduzia os textos que Nini publicava no seu facebook, com forte teor insultuoso. Não se sabe ao certo onde é que Nini Satar vivia. Em entrevista ao SAVANA, ano passado, a então alta comissária britânica, Joanna Kuenssberg, quando chamada a confirmar se realmente Nini estava no Reino Unido, respondeu que “a única indicação de o Nini Satar ficar no meu país são algumas fotografias no facebook (...) tem havido nos últimos meses um debate sobre notícias falsas que mostram o potencial das nossas tecnologias modernas em criarem toda a impressão que se quiser”. Observadores atentos ao caso anotaram que a fuga de Nini para parte incerta só foi possível graças a uma desorganização organizada do sistema da justiça moçambicana, onde o jovem milionário mantém fortes influências. Ao SAVANA, João Trindade, juiz conselheiro jubilado, disse, em meados do ano passado, que a soltura de Nini Satar representava a podridão “do nosso sistema de administração de justiça”. Nini Satar PUBLICIDADE Savana 27-07-2018 9 A BOLSA DE MERCADORIAS DE MOÇAMBIQUE (BMM) informa a todas entidades públicas e privadas, camponeses e comerciantes individuais, associações de camponeses e o público em geral que possui uma lista de parceiros interessados em adquirir os seguintes produtos agrícolas: 1. MILHO 2. SOJA 3. GERGELIM 4. FEIJÃO MANTEIGA 5. FEIJÃO CATARINA 6. FEIJÃO BOER Neste contexto, todos aqueles que tiverem os produtos acima descritos em quantidades iguais ou superiores a 50 TONELADAS, que pretendam vender, poderão entrar em contacto com a BMM através dos seguintes contactos: Telefone: +258 84 6174249 ou pelo +258 84 4405665 - Direcção de Negócios, Estudos e Estatística. Email geral: nmanjate@bmm.co.mz cmassingue@bmm.co.mz bmmcompras@gmail.com COMPRA DE PRODUTOS AGRÍCOLAS PUBLICIDADE 10 Savana 27-07-2018 SOCIEDADE O Centro de Integridade Pública (CIP) alerta para ocorrência de riscos de corrupção no sector de licenciamento mineiro, no país, devido à centralização do processo de concessão e monitoramento das licenças, na pessoa do ministro dos Recursos Minerais e Energia, dada a sua exposição a influências externas. Deste modo, sugere a mitigação desse risco com o estabelecimento de critérios publicamente conhecidos, envolvendo comissões técnicas especializadas para o efeito que vão contribuir para uma maior transparência do processo. Com objectivo de contribuir para prevenção de corrupção no país, o CIP lançou, esta quarta-feira, um estudo no qual avalia 22 potenciais riscos de corrupção no processo de licenciamento, numa altura em que a demanda pelas licenças tem crescido de forma exponencial. A questão de fundo do estudo de 60 páginas é que a lei de minas centraliza no ministro que superintende a área dos recursos minerais todo o processo de atribuição de licenças e de monitoramento da actividade mineira, que em certos casos pode delegar aos seus colaboradores. Segundo defendeu Edson Cortês, director do CIP, o ministro tem a autonomia de atribuir e revogar licenças, o que constitui um problema, pois não há nenhuma instituição que faça a supervisão das decisões por ele tomadas para aferir até que ponto foi imparcial, ou tenha beneficiado entidades direccionadas. De acordo com a legislação mineira, as actividades de mineração em Moçambique podem ser realizadas através de várias licenças de mineração, tais como licenças de prospecção e pesquisa; concessões de mineração; certificados de mineração; passes de mineração; licença de processamento mineiro e licença de comercialização de produtos minerais. Para o presente relatório, aquela agremiação colocou o seu foco na prospecção e licenças de pesquisa e concessões de mineração, porque elas estão potencialmente sujeitas à corrupção, devido à quantidade de recursos financeiros que mobilizam e às condições sócio-económicas e impactos ambientais que geram. Destaca também o facto de a lei atribuir aos funcionários deste sector uma descrição total sobre os prazos e duração de cada etapa do processo de licenciamento, o que, aos olhos do CIP, abre também espaço para ocorrência de corrupção. Os sistemáticos atrasos verificados no processo de licenciamento, devido às dificuldades de interpretação da lei derivadas das constantes alterações, têm levado alguns requeO alerta é do CIP Há riscos de corrupção no processo de licenciamento rentes a delinearem estratégias para imprimir celeridade nos pedidos, o que em certos casos obriga a práticas corruptas. Anotou ainda que, por vezes, os atrasos são causados pelos próprios requerentes dada a sua inadequada capacidade de produzir documentos precisos e fiáveis, o que condiciona a aprovação das licenças, e que, por sua vez, contribui para gerar mais pressão sobre a agência de cadastro que tem um pessoal insuficiente. Apesar deste cenário, o CIP manifestou a sua preocupação com o facto de existência de licenças que são tramitadas em tempo recorde, dois a três meses, enquanto outras podem levar um ano ou mais sem a devida explicação, num contexto em que a lei estabelece o princípio de precedência para a atribuição das licenças. Isto é, dá-se prioridade a quem submeteu primeiro o pedido de concessão de licença. E é aqui onde o CIP cogita a interferência externa, com destaque para a política que pode afectar o desempenho do sector. Argumenta que há um grande número de empresas com licenças, algumas das quais a elite política tem acções, quer individualmente ou em nome de Estado, mas poucas estão na fase de produção, o que pode sugerir que houve interferência externa na aprovação maciça de licenças, mesmo sem garantias do técnico e do solicitante, capacidade financeira para desenvolver a actividade de mineração. Avança que as instituições de controlo de legalidade não têm processado e condenado criminalmente as situações de conflito de interesses várias vezes reportadas pela imprensa. Fala ainda da existência de lacunas na lei da Probidade Pública que não torna a obrigatoriedade da declaração de bens dos funcionários públicos que não sejam titulares de cargos públicos, enquanto há vários relatos de funcionários públicos envolvidos em conflito de interesses na indústria extractiva e não só, sendo que alguns deles estão vinculados a empresas estrangeiras. O CIP diz ter identificado uma situação inadequada de separações de funções em que a empresa estatal EMEM, que tem o Instituto Nacional de Minas como um dos accionistas, que desempenha múltiplos papéis no sector, desde a exploração, produção e na atribuição de licenças, gozando da informação privilegiada que tem. As consultas comunitárias e reassentamentos constituem outro nó de estrangulamento em que podem ocorrer práticas de corrupção, uma vez que as comunidades não conhecem o quadro legal que as rege. Isso afecta o processo de consultas públicas, pois as comunidades não estão preparadas e, como consequência, são manipuladas em benefício das empresas, o que mais tempo ou menos tempo tem resultado em instabilidade social e conflitos recorrentes entre as empresas e as comunidades. Deste modo, aponta como soluções a despolitização do licenciamento, criando condições para que a aprovação de licenças tenha como base o estabelecimento de critérios publicamente conhecidos, envolvendo comissões técnicas especializadas que neste momento não estão previstas na legislação. Recomenda a actualização do sistema de dados do cadastro, combinada com a automatização das várias etapas de licenciamento mineiro que permitem a eliminação do sistema das licenças expiradas e ociosas. Interesse público fala alto Elsa Ufai, representante do Instituto Nacional Minas (INAME), aponta que a não observância do princípio da precedência no âmbito de atribuição de licenças pode ter como base o interesse público. Isto porque, acrescenta, se aparece uma empresa solicitando uma licença de exploração mineira e ao mesmo apresenta projectos sociais, como a construção de estrada, hospital, escola entre outras infra-estruturas que vão concorrer para o desenvolvimento da zona, o governo é obrigado a redefinir as políticas dando prioridade ao interesse público. Justificou Ufai, que a discrepância de tempo evocado pelo estudo na atribuição da licença está relacionada com nível de eficácia nas respostas para correcção de alguns erros constatados na instrução do processo. Mas referiu também que cada requerente pode verificar o estágio do seu processo no website do cadastro ministro. Enquanto isso, Bernardino Victor, do Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), sublinhou que todo o ministro toma uma decisão depois do parecer dos seus colaboradores, o que significa que não pode ser acusado de acumular poderes. Frisou também que, apesar de se estabelecer o princípio de que o primeiro a solicitar a licença é o privilegiado em relação a quem o segue, entende que há casos em que se deve analisar para as questões das vantagens imediatas para o país. (A.Nhampossa e C. Cherindza) D uas semanas depois, o Conselho de Ministros nomeou, nesta terça-feira, Faruco Sadique, para a presidência do Conselho de Administração da Televisão de Moçambique (TVM), em substituição de Armando Inroga, exonerado no princípio do mês, alegadamente por “conveniência de serviço”. Transferido da Rádio Moçambique (RM), outro órgão público de comunicação social, onde foi reconduzido em Fevereiro deste ano, após ser nomeado, em 2013, Sadique herda uma casa turbulenta, descrita como um “cemitério de PCA”. Discreto e sempre sorridente, o novo gestor da TVM é apontado como tendo sido fundamental no processo de reforma compulsiva de mais da metade da redação da Rádio Moçambique. Alguns trabalhadores da rádio pública fazem notar que Faruco deixa a instituição numa situação precária com sistemáticos atrasos salariais e cortes drásticos nas regalias dos trabalhadores. Um dos nomes cogitados nos últimos dias para PCA da RM foi o de António Barros, actual administrador comercial da rádio pública. Ao que o SAVANA apurou, António Barros foi abordado em Dezembro para PCA da TVM, mas declinou alegado que não iria se sentir confortável. Com a recusa de Barros, o regime foi buscar o antigo ministro da Indústria e Comércio, Armando Inroga, que durou apenas 141 dias, sucumbido a uma guerra de interesses supostamente dirigidos a partir do Gabinete de Informação (Gabinfo). Com a saída de Faruco Sadique da RM para ocupar a mesma posição na TVM, Jeremias Ângelo, actual administrador de produção, foi indicado PCA interino. A indicação de Ângelo foi feita nesta quarta- -feira numa reunião do Conselho de Administração dirigida por Emília Moiane, directora do Gabinfo e membro do Comité Central da Frelimo eleita no XI Congresso do partido governamental. -Em Dezembro, Barros disse não à TVM -Jeremias Ângelo, PCA interino da RM Sadique na TVM Painelistas da apresentação do estudo sobre os riscos de corrupção no licenciamento do sector mineiro PUBLICIDADE Savana 27-07-2018 11 Em Moçambique a participação das mulheres no espaço público é um princípio consagrado na Constituição da República e tem sido assumido no discurso político como um dos pilares da construção do Estado de Direito Democrático. Num levantamento feito em Maio de 2018, tendo em conta os resultados das eleições autárquicas, a partir das quais foram eleitos os membros das assembleias, o Instituto para a Democracia Multipartidária1 (IMD) constatou que nos últimos dois mandatos houve um ligeiro aumento de mulheres empossadas nas assembleias municipais, tendo passado de 37.0% no mandato de 2009-2013 para 37.5% no mandato de 2014-2018, como ilustra o gráfico. Gráfico: Distribuição percentual dos membros das Assembleias Municipais, nos dois últimos mandatos, por sexo. Fonte: IMD com base em dados da CNE No entanto, estes dados globais não reflectem o desempenho ao nível de cada um dos partidos políticos representados nos órgãos autárquicos durante os mandatos em referência. Mais ainda, estas representações estavam longe dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) em termos do universo da população por sexo2 quer seja em 2008, assim como em 2013, anos em que foram realizadas as eleições autárquicas. Há necessidade de assegurar que o país continue a estar bem cotado no que diz respeito a participação política da mulher, tanto ao nível das Assembleias Autárquicas, como também nas Presidências dos Conselhos Autárquicos e nas Presidências das Assembleias Autárquicas. 1 O IMD é uma organização que actua no fortalecimento do sistema democrático através do apoio ao desenvolvimento institucional dos Partidos Políticos, na prestação de assistência às reformas de instituições democráticas e no apoio as sessões de Diálogo Interpartidário; 2 Segundo as projecções do INE, em 2009, o universo populacional era de 21,802.866 de habitantes, sendo 11,302.912 mulheres (51,8 por cento) e 10,499.954 homens (48,2). Em 2013 o universo populacional era de 24,366.112 habitantes, sendo 12,614.263 mulheres (51,8 por cento) e 11,751.849 homens (48,2 por cento). Os dados preliminares do Recenseamento Geral da População indicam um total de 28,861.863 habitantes, sendo 15,061.006 mulheres (52,2 por cento) contra 13,800857 homens (47,8 por cento). COMUNICADO Elaboração das Listas de Candidatura para as Eleições Autarquicas e a Participação das Mulheres 70.0% 37.0% 63.0% 62.5% 2009 - 2013 Mulheres Homens 2014 - 2018 37.5% 60.0% 50.0% 40.0% 30.0% 20.0% 10.0% 0.0% No actual figurino da legislação eleitoral, a possibilidade do equilíbrio de género nos órgãos executivos dos municípios depende do equilíbrio a ser estabelecido ao se eleger cabeças de lista no seio dos Partidos Políticos, Coligação de Partidos ou Grupo de Cidadãos eleitores inscritos, bem como na composição das listas no geral. Neste sentido, estando os Partidos Políticos, Coligação de Partidos ou Grupo de Cidadãos eleitores inscritos, em fase de elaboração das listas de candidaturas para as Eleições Autárquicas a ter lugar no dia 10 de Outubro do presente ano, IMD vem através desta: ™Encorajar os Partidos Políticos, Coligação de Partidos ou Grupo de Cidadãos eleitores inscritos, no sentido de prosseguirem com os processos democráticos internos para a eleição dos membros que vão compor as listas de candidaturas aos órgãos autárquicos; ™Encorajar para que os processos de eleição dos candidatos observem os princípios democráticos onde todos os membros tenham a oportunidade de participar; ™Encorajar para que haja uma maior participação de Mulheres e que estas tenham a possibilidade de fazer parte como cabeça de lista, uma vez que esta é a condição que permite eleger os Presidentes dos Conselhos Autárquicos; ™Encorajar para que as listas observem critérios que respeitem o equilíbrio de género, de modo a que mais mulheres possam estar em posições elegíveis para as Assembleias Autárquicas; O IMD vai continuar a fazer o acompanhamento das tendências de participação da mulher nos órgãos políticos de eleição quer seja em termos globais, assim como ao nível de cada um dos Partidos Políticos, Coligação de Partidos ou Grupo de Cidadãos eleitores inscritos, que estiverem representados. São parceiros do IMD: 12 Savana 27-07-2018 SOCIEDADE SOCIEDADE Muita tinta ainda irá correr no caso do conflito de terra, opondo os camponeses do bairro Siduava, no Município da Matola, província de Maputo, com os militares da VI Brigada de Tanques, naquela autarquia. Dois meses depois do Presidente do Conselho Municipal da Matola, Calisto Cossa, ter prometido parcelar 190 terrenos em compensação ao espaço perdido pelos camponeses a favor daquela unidade militar, a população revela ainda não ter recebido nenhum terreno das autoridades municipais e acusa os funcionários do Município, incluindo o próprio Edil, de usurpação de terra. A denúncia foi feita, esta terça-feira, durante a visita efectuada pela Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), à população de Siduava para se inteirar do caso. Segundo o chefe-adjunto da comissão dos camponeses, Luís Bata, desde a reunião havida em meados de Maio, o Conselho Municipal da Matola nada mais fez para resolver o problema porque “os terrenos indicados pelo Presidente já foram ocupados pelos Vereadores e por ele mesmo”. Segundo conta a população, o Conselho Municipal da Matola parcelou 16 quintas na zona de Xilepfane, área apontada para o “reassentamento” dos camponeses, para os seus funcionários, com destaque para o edil e os vereadores Armando Cuamba e Francisco Amanso. A população conta que o processo foi conduzido pelos funcionários do Município da Matola, em coordenação com os militares da VI Brigada de Tanques, que tinham a missão de “ameaçar” a população. Acrescenta que até o Presidente do Município foi a Xilepfane pedir a realização da cerimónia tradicional de invocação de espíritos (Kupahla) como forma de agradecer o “presente” dado pela população. Aliás, durante a nossa presença no local, presenciamos obras de construção do muro de vedação numa quinta supostamente pertencente ao vereador Armando Cuamba e outras de construção de uma casa Tipo 1, na quinta supostamente pertencente ao vereador Francisco Amanso. Leta Baúle, proprietária do espaço supostamente invadido por Armando Cuamba, afirma que detém o mesmo desde 1998, altura em que a sogra deixou de cultivar devido à idade. “Disse que podia continuar a cultivar e que depois ia me oferecer terreno, mas ainda não me ofereceu”, disse Baúle, acrescentando que o invasor movimenta a obra aos fins-de-semana por saber que ela não se faz à machamba. Questionado se já confrontaram esta situação ao Presidente do Município da Matola, Luís Bata respondeu que “não foi possível porque, publicamente, diz que o problema está resolvido, enquanto está a mentir”. Outra camponesa que se debate com a presença de marcos na sua machamba é Gilda Manuel, que cultiva naquela zona desde 1976. Manuel diz estar surpreendida com o que está a acontecer, pois, “as pessoas parcelaram terrenos por cima das minhas culturas”. Por isso, pede ao governo para que resolva, com urgência, o problema. Um conflito longe do fim “Estamos a morrer de fome. Sempre que cultivamos os militares mandam- -nos parar, porém, no mesmo espaço já está a ser erguida uma infra-estrutura”, sublinha. Durante o encontro com a representante da CNDH, Alice Mabota, a população acusou ainda o Presidente do Conselho Municipal da Matola e o Chefe do Estado-Maior General de nada fazerem para resolver o problema com os militares daquela unidade militar. “Fizemos uma exposição para o Comando do Exército, este mandou para o Quartel General, mas o documento não foi entregue ao Ministro da Defesa”, disse João Canda, Chefe da Comissão dos Camponeses de Siduava. “Vamos submeter o caso ao Tribunal”, Alice Mabota Ouvida pelo SAVANA em relação ao caso, Alice Mabota disse que pela magnitude do mesmo, deve haver um projecto de aquisição e revenda de espaços, pelo que “deve haver uma intervenção de uma estrutura judicial para dirimir este conflito porque não há diálogo”. Segundo a antiga Presidente da Liga dos Direitos Humanos, o que causa maior indignação é o facto do governador e dos Ministros da Defesa Nacional e da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural basearem-se nos relatórios fornecidos pelo Conselho Municipal e não se deslocarem ao local para se inteirarem da situação. “Nos tempos do Presidente Machel isto já teria acabado porque ele priorizava visitas de campo”, salientou. Questionada em relação ao posicionamento das autoridades governamentais e municipais em relação ao caso, Mabota disse que até ao momento só conseguiu reunir-se com o governador da província de Maputo, Raimundo Diomba, que se mostrou sensível ao assunto. “O Município e o Ministério da Defesa ainda não responderam a nossa carta, pelo que vamos submeter o caso ao Tribunal Administrativo”, garantiu a fonte, sublinhando que, para tal, a CNDH irá recorrer aos advogados independentes, visto que não tem competência para tal. “Querem que transformemos quintas em terrenos”, Inês Chilundo Contactado pela nossa reportagem para reagir em torno deste caso, o edil da Matola, Calisto Cossa, remeteu o caso ao vereador de Planeamento Territorial e Urbanização, José Sambo, que, por sua vez, indicou-nos a directora da Área do Planeamento, Inês Gonçalo Chilundo. Chilundo confirmou existirem terrenos parcelados na área indicada para o “reassentamento” dos camponeses de Siduava, porém, esclareceu que a área foi indicada pela população, sem que o Presidente soubesse que estava ocupada. Assim, Chilundo conta que neste momento está em curso a finalização dos trabalhos do processo cadastral de cada terreno “para se saber quem ocupou e de onde veio”. Questionada sobre a existência de terrenos parcelados a favor do presidente do Município e de alguns vereadores, Chilundo não confirmou o facto, sublinhando que ainda estavam a finalizar o processo de verificação do cadastro. “Não posso confirmar se há vereadores naquele espaço”, disse, acrescentando: “O parcelamento foi feito, em 2013, e alguns espaços estão destinados a fins industriais, outros para a residência e um para a construção de um terminal rodoviário do Município da Matola”, destacou. Em relação às reclamações apresentadas pela população, Chilundo refere que as mesmas não fazem sentido porque o processo de levantamento foi conduzido na presença da comissão dos camponeses. “Eles querem que a gente transforme as quintas em terrenos”, disse Inês Chilundo, sublinhando estarem a trabalhar para identificar novo espaço, caso se conclua a ocupação total daquele local. Caso Siduava volta à ribalta Por Abílio Maolela Alice Mabota reunida com a população, em frente a uma construção supostamente pertencente a um dos Vereadores do Município da Matola A saga dos avultados investimentos em sectores não produtivos na administração pública moçambicana continua em níveis bastante preocupantes. Na Conta Geral do Estado (CGE) referente a 2017, que ainda espera do parecer do Tribunal Administrativo (TA), o SAVANA constatou que, no ano passado, os gastos em instituições do Governo central dispararam substancialmente, contrariando, mais uma vez, o bastante repetido discurso sobre a contenção de custos. Se em 2016 a Presidência da República consumiu 103,7 milhões de Meticais, em 2017 os gastos da instituição subiram para 227,2 milhões. Curiosamente, grande parte desta verba, 211 milhões, está inscrita na reabilitação e apetrechamento de infra-estruturas, a mesma categoria que no ano anterior gastou 79 milhões. A CGE não especifica em que consiste a reabilitação e apetrechamento das infra-estruturas, mas não deixa de ser curioso que uma Presidência com uma infra- -estrutura nova gaste anualmente avultadas somas de dinheiro em tais investimentos. O novo edifício da Presidência da República de Moçambique, moderno e majestoso, foi inaugurado em Janeiro de 2014 e custou, aproximadamente, USD 72 miAinda os gastos dos chefes Extravagâncias em tempos de crise! Por Armando Nhantumbo lhões, um financiamento do Governo chinês, actualmente o maior credor do país. A Casa Militar, um serviço especial que zela pela segurança pessoal do presidente da República e sua família, que em 2016 gastou 122,9 milhões de Meticais, despendeu, ano passado, 141,8 milhões, valor que foi aplicado em mesmas actividades indicadas na CGE do ano anterior, como a construção de paiol no regimento de protecção, aquisição de equipamento de comunicações e da técnica operativa e aquisição de viaturas de serviços gerais. O Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), que em 2016 gastou 113,1 milhões, ano passado teve gastos calculados em 564, 3 milhões. É preciso sublinhar que o SISE foi a placa giratória de toda a operação das chamadas dívidas ocultas contraídas, secretamente, contratadas entre 2013 e 2014, no valor de USD 850 milhões para a Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), USD 622 milhões para a ProIndicus e USD 535 milhões para a Mozambique Asset Manadgment (MAM). O Gabinete de Assistência aos Antigos Presidentes da República e Atendimentos aos Dirigentes Superiores do Estado gastou 795,5 mil Meticais na reabilitação do Gabinete do antigo presidente da República, contra 180 mil em 2016. Mais uma vez, o documento não especifica se o Gabinete em causa é de Joaquim Chissano ou Armando Guebuza, os dois antigos chefes de Estado moçambicano ainda em vida. Por sua vez, a chamada “escolinha do barulho despendeu 300,6 milhões, sendo que grande parte deste valor foi usada para a aquisição de viaturas. A Assembleia da República esteve, ano passado, debaixo de uma acesa crítica devido a aquisições milionárias de viaturas de luxo, numa operação interpretada como insulto para a esmagadora maioria do povo que os deputados dizem representar, povo esse que é transportado nas mais péssimas condições, em carrinhas de caixa aberta, vulgarmente, conhecidas por my loves. Mas os extravagantes gastos dos “chefes” não param por aí. O Conselho Constitucional despendeu, em 2017, 1.1 milhões, todos aplicados no apetrechamento e manutenção das suas instalações, tal como o Conselho Superior da Magistratura Judicial que despendeu 3,4 milhões apenas na aquisição de mobiliário de escritório. O Conselho Superior da Magistratura Judicial gastou 3.5 milhões e o Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público gastou 3,2 milhões. A Procuradoria-Geral da República (PGR), bastante criticada pela sua hesitação na responsabilização dos autores das chamadas dívidas ocultas, uma operação de cerca de USD 1,4 mil milhões contraídos na administração Guebuza, gastou 86, 6 milhões, enquanto o Tribunal Administrativo, para onde a PGR remeteu, este ano, o caso, gastou 284, 6 milhões. O Gabinete Central de Combate à Corrupção, uma unidade da PGR, despendeu 41,4 milhões. O Gabinete do Provedor da Justiça, um órgão célebre em lamúrias sobre desmandos na função pública, gastou 2.7 milhões, contra 57 milhões do Tribunal Supremo. O Gabinete do Primeiro-ministro consumiu 10,2 milhões, grande parte dos quais foi aplicada na aquisição de equipamento, 9,3 milhões. No Ministério da Defesa Nacional foram 388,4 milhões. No Instituto Superior de Estudos de Defesa (ISEDEF) “Tenente- -general Armando Emílio Guebuza”, foram aplicados 7,3 milhões, todos na reabilitação de edifícios onde está a funcionar há cerca de apenas quatro anos. O Comando geral da Polícia gastou 590,2 milhões, o Ministério do Interior 35,7 milhões, 6,9 milhões dos Serviços Sociais da PRM, 16,1 para o Serviço Nacional de Investigação Criminal. O Gabinete de Informação (GABINFO), uma instituição de assessoria do Governo, através da qual o executivo controla os órgãos de comunicação do sector público, despendeu 100.9 milhões de Meticais. São apenas algumas das instituições de âmbito central que mostram gastos extravagantes num momento em que o discurso oficial continua a apregoar contenção de custos face ao bloqueio de financiamento por parte da comunidade internacional. SOCIEDADE Savana 27-07-2018 13 PUBLICIDADE 14 Savana 27-07-2018 Savana 27-07-2018 15 DIVULGAÇÃO A conferência, realizada no dia 19 de Julho de 2018, apresentou resultados preliminares de pesquisas realizadas pelo OMR ao longo do corredor da Beira, com incidência nos distritos de Dondo, Búzi, Nhamatanda, Gondola, Vanduzi, Sussundenga e Manica. Foram ainda apresentados alguns resultados de trabalhos realizados em Malema e Lichinga. As pesquisas pretendem analisar e monitorar o cumprimento dos objectivos de projectos de investimento na agricultura realizados em mecanização e prestação de serviços (Centros de Prestação de Serviços Agrários), silos da Bolsa de Mercadorias e de regadios, na perspectiva de transformar os pequenos produtores (“sector familiar”) em agricultores “emergentes” ou “comerciais”. Os investimentos realizados e em curso são de implementação recente e, portanto, existem oportunidades para PHOKRUDUDVGHÀFLrQFLDVHQcontradas e reforçar os aspectos positivos. Na página da internet do OMR (www. omrmz.org), encontram-se os documentos síntese dos resultados das pesquisas. As principais conclusões da conferência são as seguintes: ‡ 2V LQYHVWLPHQWRV VmR realizados de forma dispersa no território, com pouca articulação entre VL R TXH GLÀFXOWD DV VLnergias possíveis; ‡ ([LVWHP LQYHVWLPHQWRV QmR RXGHÀFLHQWHPHQWH concluídos, o que não permite que seja realizável pelo menos parte das funções previstas em cada projecto; ‡2VLQYHVWLPHQWRVVmRUHDlizados e concluídos sem que, posteriormente, se criem condições que COMUNICADO Conferência sobre Políticas Públicas para o Agro-Negócio permitam alcançar grande parte dos objectivos iniciais de aumentar a produtividade, a produção e o rendimento das famílias dos pequenos produtores e a suposta transformação em agricultores emergentes; ‡ 2V HTXLSDPHQWRV DGquiridos (tractores e alfaias) possuem todos as mesmas características técnicas e de potência não adequadas a áreas pequenas de produção, tornando irrelevante, por razões de custos e de HÀFiFLD RDFHVVRSDUDRV produtores alvo, segunGR RV REMHFWLYRV GHÀQLdos para os centros de prestação de serviços; ‡$ DFHVVLELOLGDGH GRV SHquenos produtores aos serviços previstos pelos investimentos é, por diferentes razões, muito limitada; portanto, o objectivo citado em todos RV GRFXPHQWRV RÀFLDLV que fundamentam os investimentos de prestar serviços aos pequenos produtores não é alcanoDGR %HQHÀFLDP VLP apenas alguns médios produtores; ‡ 1mRpSHUFHSWtYHOTXH D partir dos investimentos (nos casos de estudo realizados), esteja em curso um processo consistente de emergência de agricultores “comerciais” e, ainda menos, um processo de transformação estrutural da agricultura, não somente no que respeita à dimensão das parcelas trabalhadas, FRPR QD LQWHQVLÀFDomR do capital nos sistemas de produção e nas relações com os mercados. 9HULÀFD VH TXH H[LVWH alguma alteração da composição das culturas produzidas nos beQHÀFLiULRV GRV UHJDGLRV mantendo a produção alimentar como a principal; ‡ 2V EHQHÀFLiULRV GRV LQvestimentos auferem, directa e indirectamente, diferentes formas de VXEVtGLRV GR (VWDGR RV próprios investimentos, comparticipação pública na aquisição de tractores e alfaias, preços de armazenagem nos silos, extensão rural, entre outros), com quem tendem a estabelecer relações FOLHQWHOLVWDV (VWHVLQYHVtimentos são sobretudo ÀQDQFLDGRVSRUUHFXUVRV externos da cooperação, donativos ou através de créditos com taxas juro baixas; ‡ 'HWHFWDUDP VH FDVRV GH FRQÁLWRV GH LQWHUHVVHV entre funcionários públicos e os contratados para a prestação de serviços aos produtores. Constatou-se que os invesWLPHQWRV EHQHÀFLDP SULQcipalmente os médios agricultores ou incluem pessoas que, com diferentes ligações ao sistema do poder político e às elites económicas e sociais locais, possuem acessos privilegiados aos serviços resultantes dos investimentos, tendo como consequência o aprofundamento das desigualdades sociais. A ausência de mecanização é compensada pela existência de uma mão-de-obra abundante e barata, o que é revelador de alguma funcionalidade da pobreza rural, em sistemas de produção baseados no trabalho sazonal. Isto é, está em processo a continuidade da diferenciação social assente nas hierarquias locais e potenciadas, primeiro pelo colonialismo, depois pelas empresas estatais e posterior privatização e, actualmente, pelo modelo de crescimento dominante. 2V EHQHÀFLiULRV GDV LQIUD- -estruturas e dos serviços representam uma muito pequena percentagem dos agricultores das respectivas ]RQDV 2VSRXFRVEHQHÀFLirios revelam bons graus de satisfação na armazenagem, no aluguer de máquinas, na extensão e no acesso a subsídios diversos. Nestes casos, existem aumentos de produtividade e de rendimento dos produtores, maior uso de máquinas e de factores de produção adquiridos no mercado e mais utilização de mão-de-obra assalariada. Constatou-se ainda que RV EHQHÀFLiULRV PDQWrP D agricultura como principal fonte de rendimento, mas que existe um maior grau de GLYHUVLÀFDomR GH DFWLYLGDdes, comparativamente com os pequenos produtores que produzem essencialmente para a reprodução económica e social da família. (PFRQVHTXrQFLDGRSHTXHQRQ~PHURGHEHQHÀFLiULRV a estrutura agrária nas zonas estudadas não se tem DOWHUDGRVLJQLÀFDWLYDPHQWH As principais lacunas institucionais e organizacionais pós-investimentos que diÀFXOWDP DOFDQoDU RV REMHFtivos dos projectos, são as seguintes: ‡ 3RXFD IRUPDomR LQIRUmação e extensão para a prática de produção em regadio, para a gestão, funcionamento e conservação das infra-estruturas, de conhecimento sobre as condições de armazenagem nos silos, reduzida contratação e formação de técnicos, o TXH GLÀFXOWD D HÀFLrQFLD dos investimentos; ‡%DL[RDFHVVRDRVPHUFDGRV SRU UD]}HV GDV GHÀFLHQtes vias de comunicação, de meios de transporte e pouca informação dos preços que, juntamente com a pouca capacidade de armazenagem nos momentos pós-colheita, forçam a venda da produção a preços baixos; ‡ 'LItFLO RX QXOR DFHVVR DR crédito devido, principalmente, aos seguintes motivos: acesso ao sistema bancário (distâncias e documento exigível e condições de elegibilidade); taxas de juro muito elevadas; posse de garantias exigidas pelo sistema bancário formal; e, formação escolar e hábitos de relacionamento da maioria dos produtores com o sistema bancário; ‡ *HVWmR GHÀFLHQWH GDV infra-estruturas e dos equipamentos. Os diferentes modelos de gestão das infra-estruturas criadas (privados, parcerias público-privadas e associações) têm-se revelado LQHÀFD]HV VHP UHJXODPHQWDomR H ÀVFDOL]DomR dos contratos entre os sectores público e privado, pouca formação e atitude empresarial, agravando o não cumprimento dos REMHFWLYRV GHÀQLGRV H D GHÀFLHQWH XWLOL]DomR GRV equipamentos; ‡ )UiJLO RUJDQL]DomR FDSDcitação técnica e pequena escala das associações de produtores para assegurar a gestão de infra- -estruturas, discutir os preços, ganhar acessibilidade aos mercados de bens e de factores. Destacou-se que o desenvolvimento da agricultura não pode ser apenas com medidas sectoriais. Há necessidade de se conceber e de haver políticas e acções de desenvolvimento local numa perspectiva integrada, particularizando o desenvolvimento de múltiplas actividades SDUD D GLYHUVLÀFDomR GDV fontes de rendimento, assim como da agro-indústria, a manutenção de estradas e comunicações, o comércio, a educação e a saúde. A conferência ressaltou a necessidade de existência de políticas económicas favoráveis e, eventualmente, positivamente discriminatórias em relação à agricultura, como por exemplo, protecção a determinadas produções (tendo sido apontados os resultados positivos do açúcar e do caju), de manutenção de estradas terciárias para articular os mercados, reduzindo os custos e os tempos de transporte, a comparticipação em alguns investimentos privados e das associações de produtores, a monitorização e eventualmente o estabelecimento de preços mínimos e a garantia de aquisição da produção. Ressaltou-se o papel das relações comerciais e multiplamente vantajosas entre os diferentes tipos de produtores. Realçou-se que o arranque da agricultura tem de se focalizar, numa primeira fase, em projectos e políticas de mercados - garantia de compradores - preços incentivadores - estradas - extensão/formação que proporcionem escolhas técnicas. A conferência sugere que as instituições públicas, privadas e da sociedade civil se articulem nos diferentes níveis territoriais para a concepção do desenvolvimento, implementação de projectos e monitorização das decisões e medidas assumidas. Os resultados das pesquisas de monitorização de alguns dos “projectos bandeira” da agricultura, devem ser consideradas pelas instituições competentes para que os actuais pontos críticos possam ser melhorados. Só assim os investimentos poderão atingir os objectivos econóPLFRV H VRFLDLV VHU HÀFLHQtes, aumentar o rendimento das famílias, ser inclusivos e sustentáveis a longo prazo. Só assim se compreenderá o alargamento a novos investimentos em capacidade de armazenagem, serviços agrários e infra-estruturas produtivas. Caso contrário, será preferível deixar de gastar o dinheiro da cooperação, dos doadores, dos contribuintes, deixando de avolumar a dívida moçambicana. Finalmente, o discurso de que estes investimentos se destinam aos pequenos produtores (sector familiar) não p FRQÀUPDGR 1D UHDOLGDGH estes investimentos procuram incentivar os médios e grandes produtores e os agentes de comercialização. Nesta perspectiva, existe total coerência com a política agrária dominante que se baseia no agro-negócio, relegando os camponeses para um segundo plano … RX ´QHQKXP SODQRµ 2 (Vtado e o sector privado não resolvem, por si sós, as grandes questões de desenvolvimento. É necessário que haja um desenvolvimento socialmente inclusivo com crescente organização dos pequenos produtores em associações. O mercado, por si só, também não constitui a “solução invisível”. Para uma leitura mais detalhada de alguns destes aspectos, veja os seguintes documentos: ‡ &HQWURV GH 3UHVWDomR de Serviços Agrícolas (CPSA): Objectivos e Realidades (http://omrmz. org/omrweb/wp-content/uploads/Destaque- -Rural-25.pdf) ‡ ,QYHVWLPHQWR 3~EOLFR QD Agricultura: O Caso dos Regadios no Corredor da Beira (Vanduzi, Sussundenga, Nhamatanda e Búzi) (http://omrmz. org/omrweb/wp-content/uploads/Destaque-39.pdf) ‡ %ROVD 0HUFDGRULDV 0Rçambique (BMM): Objectivos e Realidades (http://omrmz.org/ omrweb/wp-content/ uploads/Destaque-Rural-23.pdf) ‡5HÁH[}HV VREUH D &RPHUcialização da Mandioca para a Produção de Cerveja (http://omrmz.org/ omrweb/wp-content/ uploads/Destaque-Rural-34.pdf) Maputo, 25 de Julho de 2018. A Direcção do OMR 16 Savana 27-07-2018 PUBLICIDADE Eni Rovuma basin B.V. - Mozambique Branch em nome de Mozambique Rovuma Venture convida as empresas interessadas a submeterem Manifestações de Interesse para a prestação de Serviços de Transporte Aéreo (HeOLFySWHUR HP2QVKRUHH2ͿVKRUHQD5HS~EOLFDGH0Rçambique. ÂMBITO DO TRABALHO O âmbito do trabalho consistirá na prestação de Serviços de Transporte Aéreo, incluindo o transporte de colaboradores da Empresa, de carga interna e a realização de vôos de emergência médica e técnica. Adicionalmente, e quando solicitado pela Empresa, o Operador deverá estar capacitado para realizar, como tarefa secundária, operações diurnas de busca e salvaPHQWR 6$5 6HDUFK 5HVFXH HPRQVKRUH RͿVKRUH, de/ para os locais de interesse para a Empresa quer estejam localizados emRQVKRUH RͿVKRUH. REQUISITOS DO HELICÓPTERO Os Operadores Aéreos, que estejam ou que venham a esWDUFHUWLÀFDGRVSDUDRSHUDUHP0RoDPELTXHDSDUWLUGH Maio de 2019, são convidados a manifestar o seu interesse no fornecimento de pelo menos 2 helicópteros, com as seguintes características básicas: - Pelo menos 12 passageiros + 2 tripulantes ; &HUWLÀFDomREDVHGHDHURQDYHV )$53DUW ($6$ &6 -$5&6 &HUWLÀFDomRSDUDD&ODVVH &DWHJRULD$ ,)5 ,/62SHUDomR&$7,DSURYDGD - Operado por 2 pilotos; $VHVSHFLÀFDo}HV WpFQLFDVGRFRQFXUVRLUmRGHWDOKDURV padrões da empresa e os requisitos para o serviço. DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA As empresas interessadas neste convite, deverão submeter a sua Manifestação de Interesse através do envio, pelo website indicado abaixo, da seguinte documentação necessária: 1. Estrutura da Empresa e do Grupo, contendo a lista dos SULQFLSDLVDFFLRQLVWDVHEHQHÀFLiULRVÀQDLV QmRDSOLFivel a empresas cotadas na bolsa de valores); 6FDQGDIRWRFySLDDXWHQWLFDGDGD&HUWLGmRGH5HJLVWR &RPHUFLDO QRPHGD(QWLGDGH/HJDOHSHVVRDGHFRQWDFWRSDUDUHFHEHULQIRUPDomRFRPHUFLDOHVREUHDTXDOLÀcação; 3. Prova documentada de experiência na execução de 6(59,d26 '( 75$163257( '( +(/,&Ð37(52 216+25((2))6+25(GDLQGXVWULDSHWUROtIHUDQRV ~OWLPRV DQRV 7RGDGRFXPHQWDomRTXHFRPSURYHH[- periência adquirida deve ser submetida no formato seJXQGRDVHVSHFLÀFDo}HV 5HIHUrQFLDVSURÀVVLRQDLVGRFXPHQWDGDVGHFOLHQWHVLQternacionais; 5. Prova documentada de experiência de serviço de transporte aéreo +HOLFRSWHURV 216+25( H 2))6+25( HP ÉIULFD H com escritórios em Moçambique. 6. Manual de Gestão de Qualidade em conformidade com os padrões internacionais (ISO 9001:2008); &HUWLÀFDo}HVGR 6LVWHPDGH*HVWmRGH4XDOLGDGHH RXFHUWLÀFDGRVTXHFRPSURYHPTXHDHPSUHVDHVWiHP conformidade com os padrões nacionais ou internacionais de qualidade (p.e. ISO 9001:2008); &HUWLÀFDomRGR 6LVWHPDGH*HVWmRGH 6D~GH H 6HJXrança e/ou documentos que comprovem que a empresa está em conformidade com os padrões internacionais (ISO 18001); ÔOWLPREDODQoRÀQDQFHLUR 5HODWyULR$QXDOGDHPSUHsa registada em Moçambique H~OWLPREDODQoRÀQDQFHLUR 5HODWyULR$QXDOFRQVROLdado do Grupo (caso seja DSOLFiYHO TXHFRPSURYHPFDSDFLGDGHPtQLPDÀQDQceira para a realização do objecto do trabalho; 10. Qualquer outra informação que demonstre que a empresa está capacitada para realizar o objecto do trabalho. As empresas interessadas neste convite deverão submeter a sua Manifestação de Interesse através do registo da empresa no nosso website (Mozambique Application): https://esupplier.eni.com/PFU_en_US/autocandidaturaEniRovumaBasin.page ,03257$17( A candidatura deverá fazer referência ao seguinte código de produto/serviço: SS05BC07 - AIRCRAFT LOGISTIC SERV FOR DRILLING/PRODUCTION-ROTARY WINGS; 1RZHEVLWHGHFDQGLGDWXUD QDVHFomR´$FWLYLGDGHV2EMHFWR GD &DQGLGDWXUDµ R FDPSR ´2ULJHP GR &RQYLWHµ GHYHUiVHUSUHHQFKLGRFRPRVHJXLQWH ´6HUYLoRVGH+Hlicóptero”. Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e do cumprimento com toda a documentação acima indicaGD DVHPSUHVDVLQWHUHVVDGDVSRGHUmRUHFHEHUGD(QL5RYXPD%DVLQR3DFRWHGH4XDOLÀFDomR O prazo para a submissão da Manifestação de Interesse através do nosso website termina no dia 17 de Agosto de 2018. Quaisquer custos incorridos pelas empresas interessadas na preparação da Manifestação de Interesse serão da total responsabilidade das empresas, as quais não terão direito a qualquer reembolso quer por parte da MozamELTXH5RYXPD9HQWXUHRXGD(QL5RYXPD%DVLQ%90Rzambique Branch a este respeito. MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE PARA SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO (HELICÓPTERO) ONSHORE E OFFSHORE EM MOÇAMBIQUE PUBLICIDADE Savana 27-07-2018 17 Eni Rovuma basin B.V. – Mozambique Branch on behalf of Mozambique Rovuma Venture invites interested companies to submit expressions of interest IRUWKHSURYLVLRQRIURWDU\ZLQJVRQVKRUHDQGRͿVKRUH WUDQVSRUWDWLRQ VHUYLFHV LQ WKH 5HSXEOLF RI 0R]DPELque. SCOPE OF WORK Company’s scope of work will consist of delivering Air Transport Services, including the transportation of Company personnel and internal cargo and perform PHGLFDODQGWHFKQLFDOHPHUJHQF\ÁLJKWV Additionally the Operator should be able to perform GD\OLJKW RQVKRUH RͿVKRUH 6$5 6HDUFK 5HVFXH DV secondary task, when so requested by the Company, WR IURP WKH&RPSDQ\RQVKRUH RͿVKRUHVLWHVRILQWHrest. REQUIREMENTS FOR HELICOPTER $LU2SHUDWRUV ZKLFKDUHRUZLOOEHFHUWLÀHGWRRSHUDWH in Mozambique within May 2019, are invited to express WKHLULQWHUHVWLQRͿHULQJDWOHDVW1 7ZR KHOLFRSWHUV having the following basic characteristics: 6HDWLQJFRQÀJXUDWLRQQRWOHVVWKDQ 3LORW&UHZ $LUFUDIWFHUWLÀFDWLRQEDVLV )$53DUW ($6$&6 -$5&6 &ODVV &DWHJRU\$FHUWLÀHG ,)5 ,/62SHUDWLRQ&$7,DSSURYHG - Operated by 2 pilots 7HQGHU WHFKQLFDO VSHFLÀFDWLRQVZLOOGHWDLO&RPSDQ\·V standards and the requirements for the service. DOCUMENTATIONS REQUIRED Companies interested in this invitation may submit their Expression of Interest by providing, through the website indicate below, the following required documentations: 1. Company and Group Structure with the list of major 6KDUHKROGHUVDQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV LIQRWOLVWHG in the stock exchange); 6FDQQHG&HUWLÀHGFRS\RIWKH7UDGH5HJLVWHU /HJDO (QWLW\QDPHDQGFRQWDFWSHUVRQIRUUHFHLYLQJTXDOLÀcation and commercial information; 'RFXPHQWHGSURRIRIH[SHULHQFHLQSURYLVLRQRI52- 7$5<:,1*6216+25($1'2))6+25(75$16- 3257$7,216(59,&(6IRU2LO *DV,QGXVWU\LQWKH last 10 years. The details of experience to be provided in the format given herein; 'RFXPHQWHGSURIHVVLRQDOUHIHUHQFHVUHOHDVHGE\LQternational customers; 'RFXPHQWHG SURRI RI H[SHULHQFH LQ H[HFXWLRQ RI 527$5< :,1*6 216+25( $1' 2))6+25( 75$163257$7,21 6(59,&(6 LQ$IULFD DQG ORFDWLRQRIR΀FHLQ0R]DPELTXH 6. Quality Management System Manual in compliance with international Quality Standards (ISO 9001:2008); 4XDOLW\0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQV DQG RU FHUWLÀFDWHV SURYLQJ WKH &RPSDQ\ FRPSOLDQFH ZLWK national or international Quality Standards (e.g. ISO 9001:2008); +HDOWK 6DIHW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQ and/or documents proving the company compliance with international standards(ISO18001); /DWHVWEDODQFHVKHHW $QQXDO5HSRUWRIWKHFRPSDQ\ registered in Mozambique and the latest consolidated EDODQFHVKHHW $QQXDO5HSRUWRIWKHFRPSDQ\JURXS LI DSSOLFDEOH SURYLQJ PLQLPXP ÀQDQFLDO FDSDFLW\ for the realization of the scope of work. 10. Any other information that will establish that the FRPSDQ\LVDFDSDEOHRIIXOÀOOLQJWKHVFRSHRIZRUN Companies interested in this invitation may submit their Expression of Interest by registering the company on our website (Mozambique Application): https://esupplier.eni.com/PFU_en_US/autocandidaturaEniRovumaBasin.page ,03257$17 The submission must refer to the Public Announcement both object and dates and also to the following commodity code: 66 %& $,5&5$)7 /2*,67,& 6(59 )25 '5,- //,1* 352'8&7,21 527$5<:,1*6 :LWKLQWKHZHEVLWHDSSOLFDWLRQ XQGHUWKHVHFWLRQ´2EMHFWRIWKH$SSOLFDWLRQµ WKHDUHD´2ULJLQRILQYLWDWLRQµ VKDOOEHFRPSOHWHGDVIROORZV ´5RWDU\:LQJV6HUYLFHVµ Subject to the delivery and compliance of all the above documentation, Companies interested in this ExpresVLRQ RI ,QWHUHVWPD\ UHFHLYH IURP (QL 5RYXPD %DVLQ %9WKH4XDOLÀFDWLRQ3DFNDJH The deadline for receipt of Expression of Interest by the email address indicated above is set at 17th August 2018. Any cost incurred by interested companies in preparing the Expression of Interest shall be fully born by Companies who shall have no recourse to either Mo- ]DPELTXH5RYXPD9HQWXUHRUWR(QL5RYXPD%DVLQ%9 Mozambique Branch in this respect. EXPRESSION OF INTEREST FOR ROTARY WINGS ONSHORE AND OFFSHORE TRANSPORTATION SERVICES IN MOZAMBIQUE 18 Savana 27-07-2018 OPINIÃO Registado sob número 007/RRA/DNI/93 NUIT: 400109001 Propriedade da Maputo-República de Moçambique KOk NAM Director Emérito Conselho de Administração: Fernando B. de Lima (presidente) e Naita Ussene Direcção, Redacção e Administração: AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73 Telefones: (+258)21301737,823171100, 843171100 Editor: Fernando Gonçalves editorsav@mediacoop.co.mz Editor Executivo: Francisco Carmona (franciscocarmona@mediacoop.co.mz) Redacção: Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo Nhampossa, Armando Nhantumbo e Abílio Maolela )RWRJUDÀD Naita Ussene (editor) e Ilec Vilanculos Colaboradores Permanentes: Fernando Manuel, Fernando Lima, António Cabrita, Carlos Serra, Ivone Soares, Luis Guevane, João Mosca, Paulo Mubalo (Desporto). Colaboradores: André Catueira (Manica) Aunício Silva (Nampula) Eugénio Arão (Inhambane) António Munaíta (Zambézia) Maquetização: Auscêncio Machavane e Hermenegildo Timana. Revisão Gervásio Nhalicale Publicidade Benvinda Tamele (82 3171100) (benvinda.tamele@mediacoop.co.mz) Distribuição: Miguel Bila (824576190 / 840135281) (miguel.bila@mediacoop.co.mz) (incluindo via e-mail e PDF) Fax: +258 21302402 (Redacção) 82 3051790 (Publicidade/Directo) Delegação da Beira Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A Telefone: (+258) 82 / 843171100 savana@mediacoop.co.mz Redacção admc@mediacoop.co.mz Administração www.savana.co.mz Cartoon EDITORIAL S e alguém pretender avaliar o grau de prevalência (ou ausência) da cultura democrática num determinado país, precisa apenas de olhar para as práticas internas das principais organizações que constituem o corpo político desse mesmo país. E se tal avaliação se refere a Moçambique, a conclusão será a de um enorme défice de prática democrática em todas as principais organizações políticas no nosso país. A importância dos partidos políticos reveste-se no facto de serem eles a base de fornecimento de recursos (humanos) e de políticas necessários para o funcionamento de toda a máquina do Estado. Há um partido que forma o executivo, e juntamente com outros, constituem o órgão legislativo. E embora o poder judicial seja composto por profissionais independentes, há uma intervenção política na constituição dos seus órgãos de controlo, supervisão e disciplina, como são os casos dos conselhos superiores da Magistratura Judicial e do Ministério Público. Na verdade, no seu ápice, o sistema judicial no nosso país é representado pelo Conselho Constitucional, que como se sabe é, na sua maioria, constituído por juízes propostos pelos partidos políticos. Processo semelhante se segue para a composição da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Se os partidos políticos não são democráticos no seu sistema de funcionamento interno, dificilmente poderão ser capazes de infundir uma cultura democrática para o resto da estrutura governativa do país. E tudo começa com o maioritário, ou se quisermos, como é conhecido na parlance entre confrades, “o cinquentenário”. O maior escândalo registou-se na cidade de Maputo, onde Samora Machel Júnior foi afastado da corrida para cabeça de lista através de um golpe de tão baixo nível que faz recordar a actuação típica de organizações de mafiosos. Samito, como é popularmente conhecido, teve de sacrificar a sua ambição, um projecto de longo prazo, para dar espaço a indivíduos que, sem desprimor das suas qualidades como dirigentes no passado, pouco ou nada têm para oferecer a um eleitorado demasiado sedento de mudanças. Acontece que Samito, com toda a base de apoio que tem ao nível do seu partido, não está a ser sacrificado como resultado de diferenças fundamentais sobre princípios com os seus correligionários. Ele está simplesmente a ser vítima de um acto de vingança devido a quezílias pessoais do passado. Nem que para a materialização desse plano, os seus mentores tenham de violar a directiva do próprio partido e os estatutos que assistem aos membros o direito de participação. Alguém está certamente a confundir uma organização colectiva com uma propriedade pessoal. Mas o que é trágico no meio de todo este episódio não é que indivíduos que sofram de perturbações tentem perigosamente arrastar uma organização da envergadura da Frelimo para o precipício. É a passividade, e em alguns casos até a cumplicidade, dos que têm o poder e autoridade para impor a razão. Quer Eneas Comiche, quer Fernando Sumbana, com todo o seu historial de impecáveis credenciais como servidores públicos, têm o poder de não aceitar serem usados como peões nesta vergonhosa cruzada. Aliás, Comiche já foi vítima deste tipo de humilhação, e como parte da sua crença cristã, deve se lembrar da escritura que diz, “não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a si”. No outro campo, o da oposição, os últimos desenvolvimentos não inspiram a confiança de uma alternativa viável ao autoritarismo do outro lado. Não é atípico que membros de um partido político, não se sentindo confortáveis com os processos internos, tomem a decisão de uma rotura. Mas há valores éticos que nunca devem ser comprometidos. Em pelo menos três casos, membros de proa do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foram indicados (por métodos não democráticos) para encabeçar as listas do partido nos seus respectivos municípios. Declinaram a confiança, e num acto de sadismo puro, no dia seguinte eram acolhidos na Renamo, para assumirem o mesmo papel neste partido. Todos eles alegaram o défice de democracia interna como motivo para abandonarem o MDM, sem se aperceberem da ironia que representa a sua indicação como cabeças de lista pela Renamo, sem terem passado por qualquer processo de eleição. O que condenam no MDM glorificam na Renamo. E sabe-se porquê? Simplesmente porque lhes beneficia pessoalmente. A sua linguagem de democracia é apenas circunstancial e transacional. Pode-se até reduzir tudo isto à ambição pessoal dos indivíduos envolvidos, possivelmente ao se aperceberem de que têm melhores oportunidades se concorrerem por um determinando partido e não pelo outro. Contudo, é questionável a maturidade de um partido que aceita ser usado desta forma tão leviana e porca, mesmo arriscando ser confrontado pelos seus membros mais leais, que tiveram de subalternizar as suas ambições a favor dos novos membros. A questão que qualquer partido maduro levantaria perante uma situação destas seria, se estes indivíduos podem fazer o que fizeram com o MDM, que garantias é que há de que um dia não farão o mesmo com a Renamo? Mas como se pode ver, o nosso sistema político é controlado por gente sem escrúpulos. Se chamássemos os nossos políticos de hipócritas, estaríamos a ser bastante económicos no que pensamos sobre eles, por uma questão de decência. E nesta situação, a democracia em Moçambique continuará um projecto adiado. Não pode haver uma sociedade democrática sem democracia interna nos partidos D as coisas mais penosas na tv é a redundância dos comentadores de futebol. A bola é centrada para a esquerda e repete o locutor: “a bola é cruzada para a esquerda”, como se fôramos cegos. Dos trabalhinhos mais preguiçosos que Deus pôs no mundo – leva-se com um olho às costas. “Em quatro minutos dois penalties. Incrível, penalti claro, levou a mão à bola”, ouço, e que acabámos de ver? Dois penaltis e num deles a mão na bola. Ocasionalmente, lá chove informação sobre um jogador – sacada da net para ser repetida à exaustão. E um dos olhos pode continuar nas costas, o cérebro em pousio; perpetua-se a lengalenga do já visto e já cozido. Um trabalho mecânico, com escassíssimas inflexões. Como eles próprios, inexplicavelmente, não morrem de tédio com a vacuidade produzida, dado esse mistério são considerados especialistas. Especialistas da duplificação inútil das figuras, como se fosse uma revelação extraordinária anunciar “A múmia está morta!”. Naquele trabalhinho não é preciso raciocinar, chega um vocabulário de 300 palavras, e ter engolido um megafone para ensaiar uma ênfase de cinco em cinco minutos: chama-se a isso a dramatização da informação. O sonho do meu tio Isidro era fazer relatos de futebol. A Rádio Renascença abriu-lhe as portas. Preparou- -se exaustivamente, com exercícios à porta fechada. Exercícios vocais, corporais, mediúnicos — com que amoedava uma concentração de arrasar. A rua em peso contava os segundos que faltavam para a prova da fama e à noite no Café do Arco, o meu tio Isidro, pleno de eloquência, prometia não gritar golo antes da bola estar reposta no centro do terreno para não haver enganos. E chegou o dia, uma partida para a Ingmar Bergman e o futebol taça, 16 horas à canícula: Freamundo- -Casa Pia. Os ouvidos atarraxavam-se aos aparelhos de rádio e o sr. Diamantino Farinha, o vizinho de minha avó, limpou com um cotonete embebido em água oxigenada a cera do ouvido para não perder pitada na sua telefonia amarela, que a filha trouxera de Badajoz. Assim que o árbitro apitou eclodiu um bruaá pela rua, numa descarga de saudações eólicas: a prova da fama. O que a seguir se passou ficou nos anais do jornalismo: o meu tio dividiu o campo em quartas e quartos (ao todo, explicou-me ele mais tarde, em 128 divisões) como na rosa dos ventos, estabeleceu que as balizas eram os pontos cardeais e os cantos os pontos colaterais, e a bola circulava de leste para nordeste, enquanto o ponta-de- -lança corria de sudoeste para norte, numa angulação de 75º graus, o guarda-redes defendia por se ter metido nos cornos do Bóreas – um vento dos antigos - enquanto um tiro frouxo de fora da área era comparado a um Zéfiro esmorecido – outro vento. Uma sarrafada de um defesa do Casapia valeu- -lhe o epíteto, ó Adamastor, e a casa emudeceu quando o meu tio Isidro comentou ao segundo golo sofrido pelo Freamundo: “Arcanjo, o guarda- -redes do Freamundo, é conhecido pelas fífias no coro da igreja!” Impôs-se um silêncio retumbante na rua Arco de Carvalhão e só horas depois, já a noite se estirava sonolenta, é que uma trovoada de verão desanuviou as tensões. Não se entendeu nada do jogo, mas as pessoas tiveram bastas informações sobre como orientar-se com uma bússola. Os actuais comentadores de futebol, pelo contrário querem “ilustrar” o jogo e são agentes da preguiça, o que enfim, afinal se assemelha ao estado do mundo. Por isso é urgente lembrar que faz cem anos que nasceu um dos génios do cinema, Ingmar Bergman. Nos seus filmes assistimos a dramas adultos e a diálogos de enorme qualidade – onde não se aceitam tabus e uma inteligência emocional segue a par da inteligência discursiva. São o contrário dos relatos de futebol, filmes que nos interpelam e obrigam a reflectir. Ali não se ilustra nada e discute-se tudo. Num dos filmes, o Persona, uma enfermeira conta uma história a uma actriz em crise e que deixou de falar. Ouvimos o relato duas vezes. Primeiro sobre a imagem de quem o conta, depois sobre a imagem da actriz que escuta. Perguntaram ao realizador porque tal acontecia e ele explicou: a história que se conta nunca é igual à história que se ouve. Ou seja: existe o relator, o ouvinte e o intérprete. O intérprete é cada um que ouve o relato a partir do seu contexto e estória de vida, diferente para todos. E com isto Bergman descentra o espectador do eixo do filme para nos fazer descobrir que aquelas personagens existem para além do público, têm uma dignidade própria que ultrapassa a função de fazer passar informação para o espectador. É isto que falta a muitos personagens de hoje, seja no cinema ou na literatura: tridimensionalidade. Há aqui um respeito pelas personagens, pela sua veracidade, que não se compadece com o espectáculo. É como numa roda de amigos ouvirmos o relato de um encornanço amoroso. Consoante a feliz ou infeliz experiência de cada um com o amor, essa anedota vai repercutir-se no interior de cada um de modo diferente. Ainda que todos queiram parecer indiferentes e equidistantes. Seria útil que os locutores de futebol percebessem que vivemos num mundo múltiplo e não uniforme. Talvez assim, sem saberem como chegar a todos, se calassem. E por isso para a semana iremos ver uns filmes do Ingmar Bergman. Espere pela programação. Savana 27-07-2018 19 OPINIÃO 590 Email: diariodeumsociologo@gmail.com Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com Uma coleção internacional [13] A os sessenta e três anos, o meu tio Lucas Balango decidiu dar reforma compulsiva à sua mulher, quatro anos mais nova do que ele. A Beatriz Sumburane Pale, embora tivesse cinquenta e nove anos, tinha na sua matriz as marcas de uma vida sofrida, desde que aos dezanove anos tivera o primeiro parto, a que se seguiram outros nove mal espaçados. E décadas de cacimba, sol e chuva, curvada com a enxada na mão, pés desprotegidos, nas baixas de Mulauze, a amanhar canteiros de hortícolas para revender a grosso a outras mulheres, que, como ela, carregavam no ombro o fardo de – sozinhas ou na companhia dos seus maridos – alimentar dezenas de bocas e esperanças. Sinopse de uma velhice solapada Aos cinquenta e nove anos, Beatriz Sumburane Pale tinha no rosto as marcas dessa vida. Não eram só os partos mal espaçados ou os canteiros mal-amanhados; era também a ginástica diária de pôr na boca o alimento necessário, mas nem sempre fácil de conseguir, e o ter uma pilha de roupa por lavar e engomar aos fins-de-semana, da prole e do marido, e, mais do que isso, a insatisfação – incompreensível para ela, quando as outras diziam que tinham com os seus companheiros um prazer carnal louco. Beatriz Sumburane Pale nunca tinha sentido esse prazer. Para ela, o contacto carnal com o Lucas Balango limitava-se à simples e exclusiva necessidade de procriar. Sentia-se cansada. Isso notava-se em todo o seu corpo, nas suas pernas longas musculadas, nos seus braços longos de dedos fortes, que agora se transformavam em flácidos… Mas a Beatriz continuava linda, e essa lindeza notava-se no sorriso, porque ela conseguia sorrir de forma muito natural, e tinha dentes extremamente brancos e limpos, e o seu olhar transmitia segurança, confiança e muita determinação. O Lucas Balango, pedreiro de mão- -cheia, como se dizia, nunca fora homem de trabalhar para patrão, trabalhara sempre por conta própria e sofrera muito por isso. Mas, quando chegou aos cinquenta, já tinha casa bem montada no Bairro Patrice Lumumba. “Bem montada” significa o quê, para um bitonga como ele? Significa uma casa de alvenaria fresca com dois quartos, uma sala grande, casa de banho fora, no quintal, cozinha e duas dependências para a prole – uma para os rapazes, outra para as meninas, porque o Lucas Balango não era homem de admitir miscelâneas de sexo. Quando, como eu dizia, o Lucas Balango, meu tio querido, chegou aos sessenta e três anos, viu que a sua mulher, quatro anos mais nova, Beatriz Sumburane Pale, já não correspondia à sua pujança. Sentia-se no topo. E, mesmo que fosse para considerar a hipótese de a Beatriz tratar dos patos e galinhas do quintal, já não os havia. Disse-lhe, então – «Beatriz, minha querida, vai lá para Palene, tua terra natal, tratar da tua mãe, que já está a sofrer de cancro há muito tempo. Ela precisa de ajuda. Vai!» Beatriz foi. Duas semanas depois, o Balango lobolou a Teresa Mboa, trinta e cinco anos mais nova do que ele. A Teresa Mboa era versátil de nome, do género de ser chamada “Tia Teresinha” ou “Dona Mboene” ou “Dona Teresa de Lucas”. A única coisa que a Teresinha não admitia era atrasar-se para o voo: tinha energia e fôlego a dar com o pau, como se costuma dizer. O Lucas não dizia, mas não aguentava com tanto. Pior porque, aos sessenta e quatro anos, quando foi ao hospital para renovar a graduação dos óculos, lhe disseram que tinha glaucoma e corria o grande risco de ficar cego. Dito e feito, o Lucas Balango, meu tio, ficou cego um ano depois. Nessa altura, a Teresinha Mboa prodigalizava a sua energia e fôlego por todo o Bairro Patrice Lumumba. Tendo sabido do infortúnio, eu e a minha mulher fomos visitá-lo. Era uma sexta-feira, fim de tarde. Chegámos. O tio Lucas estava sentado, com a mão direita apoiada naquela varanda bonita, da casa bonita que tinha construído, no quintal grande da sua casa no Bairro Patrice Lumumba. A minha mulher cumprimentou-o – «Tio Lucas, boa tarde.» – É a Teresa? – Não, sou a Fernanda. Mulher do seu sobrinho João. Viemos visitá-lo. Ele levantou-se e disse - «A Teresa não está?» – Não. Porquê? – Ela saiu há muito tempo, disse que ia ao mercado comprar alface, cebola e tomate para vir preparar o pequeno-almoço. Ainda não voltou? – Não, tio. Aqui não está ninguém, tirando nós os dois e o tio. – Que horas são? – São quatro da tarde. O tio Lucas apoiou-se fortemente na varanda da sua casa construída pelas suas próprias mãos, meteu a mão direita no bolso da bata que trazia, aquela mesma bata de ganga que tinha utilizado dezenas de anos como pedreiro, tirou de lá um par de óculos de lentes grossas, brancas, colocou no rosto como se se fosse dar o milagre de ele voltar a ver, cego que era, debaixo daquelas lentes formou-se um riacho de lágrimas, que, ao encontro do Sol amarelo de ouro, naquela tarde, puseram sobre as lentes um vapor de lâmina de leite condensado. O tio Lucas estava a chorar. Chorava em silêncio, mas esse silêncio era entrecortado por espasmos corporais cada vez mais violentos. Por mais que eu viva, nunca terei à minha frente a imagem de um homem tão pateticamente destroçado pela vida. R eza a história que, em 1943, a Ordem Hospitalar de São João de Deus assumiu a administração do Hospital Psiquiátrico de Marracuene, dedicando- -se à psiquiatria e ao tratamento da lepra. Se, para uma minoria de esclarecidos, o funcionamento deste hospital constituía um grande avanço no acolhimento dos que sofriam de doenças mentais, para a maioria das pessoas era visto meramente como uma sala de espectáculos. Conta-se que, naquele tempo, algumas das excursões que se deslocavam da cosmopolita Lourenço Marques à então pacata vila Luísa, tinham como um dos pontos do seu itinerário a visita ao manicómio de Marracuene. E os turistas não precisavam de pagar bilhete para entrar porque os malucos, quando se encontravam no pátio, eram vistos de fora através de uma transparente rede tubarão, que os separava da rua. Diz a lenda que a admissão ao manicómio era avaliada com base num tambor sem fundo que o candidato deveria encher com baldes de água. Se o candidato continuasse ininterruptamente a deitar baldes de água, sem se aperceber que o tambor estava furado, o candidato passava no teste e era considerado maluco. Seria, portanto, admitido como um dos artistas que se exibiam naquele palco. Triste espectáculo, em que a inconsciência, alheia ao sofrimento dos outros, aplaudia. Deste lendário teste surgiu a famosa expressão “trabalho de Marracuene” que, em sentido figurado, significa trabalho repetitivo e sem resultado. Com o tempo veio o esclarecimento: agora as pessoas compreendem que a doença mental é uma doença como qualquer outra e deve ser tratada com a mesma dignidade com que se tratam todas as outras. Os termos acompanharam essa evolução. ActualmenTrabalho de Marracuene Por Luis Ngwazi te já não se diz manicómio mas sim hospital psiquiátrico e já não se chama maluco mas sim doente mental. Mas deixemos os doentes de lado. Sabiam que os malucos, os doidos, os “xipuntas” como se diz na minha terra, ainda continuam a existir por aqueles lados? Muitos podem não acreditar mas existem certas zonas em Marracuene onde, num dia pode ver-se uma obra a ser erguida com todo o fulgor. Na semana seguinte, essa construção desaparece. No mês seguinte a obra volta a reaparecer, para uma quinzena depois desaparecer. Parece coisa de manicómio, mas tudo tem uma explicação. Todos estamos recordados de um bando de burlões, com um longo historial de invasão de propriedades agrícolas, em Marracuene. Assaltam um espaço, que depois é por eles devastado e dividido em pedaços mais pequenos. No fim, e contrariando a lei, vendem as parcelas a aparentes incautos. De lembrar que, anteriormente, para dar credibilidade aos seus famigerados actos, os burlões intitulavam-se nativos, aludindo a invisíveis campas dos seus imaginários antepassados, enterrados no local. Pois, depois de reconhecidos e desmascarados, os falsos autóctones mudaram de estratégia. Segundo dizem as más-línguas, eles agora recrutam indivíduos com certos cargos, que são utilizados como escudo. Os burlões oferecem-lhes pedaços de terra, no meio dos que pretendem vender. Estes irreflectidos otários, posicionando-se do lado dos invasores, desafiam a autoridade do Estado, colocando a sua carreira profissional em risco. Sendo descobertos, irão perder os seus cargos, como já tem acontecido. Pois, conforme muitos comentam, o Estado está actualmente empenhado em extinguir esse fenómeno de invasão e venda de terras, principalmente as destinadas à agricultura e pecuária. Por outro lado, construindo indevidamente em espaços que não lhes foram atribuídos, estes otários são duplamente burlados. É tempo e dinheiro que investem para depois as suas obras ilegais serem mandadas destruir pelos competentes órgãos do Estado. Por fim, ao serem confrontados pelos prejuízos, os burlões voltam a fazer os otários de xipuntas. E dá para rir como pessoas adultas e crescidas são enganadas desta maneira: os burlões aconselham os otários a abrir processos judiciais contra os verdadeiros ocupantes dos espaços, titulares do DUAT. Enquanto o mais rentável seria os otários exigirem aos burlões a devolução do dinheiro gasto nas obras ilegais. Coisa de loucos achar que a vítima é que é culpada. Por isso, os mais entendidos explicam que, mais uma vez, estes otários vão gastar dinheiro sem resultado nenhum. Acrescentam que é melhor os otários abrirem os olhos enquanto é tempo. Devem exigir a esses mafiosos para lhes devolverem o dinheiro que gastaram na compra de material de construção e pagamento de mão-de-obra, que não serviu para nada. No fim das contas, muitos prevêem que esses desorientados otários irão descobrir que estão a despejar baldes de água num tambor sem fundo. Alguns acordarão mais cedo e a tempo de obrigarem os burlões a lhes pagarem os prejuízos. Outros, atrasados mentais, coitados, só vão saber dizer que os burlões escapuliram-se. Da forma como nos educam os mais velhos, ser burlado uma vez, compreende-se. Mas ser burlado três ou mais vezes, não é ser otário, é ser maluco. Se não é maluco, nem xipunta, por que aceita continuar a fazer trabalho de Marracuene? Enfim, são coisas que oiço da gente da minha terra. 20 Savana 27-07-2018 OPINIÃO SACO AZUL Por Luís Guevane R ecorrentemente, os partidos políticos, na sua missão de fazer política, servem-se e valem-se do argumento de valorização dos interesses das bases para legitimar o seu discurso, para dar crédito a uma determinada linha de orientação política, ou mesmo para a aprovação ou rejeição de candidatos a determinadas posições que passam pelo escrutínio dos seus membros e/ou cidadãos. Servem-se das bases como trampolim que os eleva a novos patamares e garantem o cumprimento de suas agendas políticas. Nesse acto de se servirem das bases revelam, por tendência, (i) o seu nível de democracia, (ii) o estágio de respeito que têm por essas mesmas bases e até (iii) o ponto de conformismo que as bases exibem. A revelação dos níveis de democracia passa pela identificação do carácter real da base de apoio. Quando esse carácter é dúbio como resultado de décadas de ditadura partidária sob alçada A legitimidade das bases do rigor imposto pelas lideranças, ditadura gerada e gerida não de forma alargada, mas escondida nesta, então, qualquer manifestação de democracia interna cria perturbação e enerva a habitual ordem imposta cujo rosto mais visível é a “disciplina partidária”. Deste modo, as lideranças, elas próprias, passam a ser “bases”. Quanto ao respeito que os partidos têm pelas bases de apoio, o mesmo é visível no direcionamento dos benefícios da governação. Por exemplo, o percurso político que levou ao poder os actuais presidentes dos municípios da Beira e de Maputo-Cidade é revelador de diferentes tipos de envolvimento popular democrático. Resultante desse envolvimento e da lisura democrática vivida, ainda que seja discutível, parecem ser, de longe, mais claros os benefícios e respeito que os munícipes da Beira receberam como contrapartida pelas suas escolhas, sua cidadania activa. O respeito está nas realizações, nas mudanças positivas que se vão operando e no grau de liberdade dos eleitores e dos eleitos. As realizações com força de soda, à porta de mais um pleito eleitoral, revelam mais um compromisso com a cadeira do poder do que propriamente com os benefícios que as bases (no sentido mais amplo) esperam. Olhando para o ponto de conformismo que as bases podem exibir, os partidos políticos vão fazendo as suas leituras paralelamente às suas estratégias. No caso, por exemplo, de Maputo, o exame ao conformismo é-nos dado pela forte relação entre a dança de candidaturas e a visível perturbação interna ao nível do partido no poder. É o “jogo democrático”. Mas será que as bases têm mesmo uma palavra a dizer sobre as “escolhas” que lhes são dirigidas quando elas próprias julgaram já ter feito as suas? Até que ponto essas bases, nesse “jogo”, estão dispostas ou preparadas para funcionarem, de facto, como tal? Numa outra vertente podemos olhar para esta pseudo perturbação como uma forma de elevar a imagem do esperado candidato do partido no poder. Muito barulho repentino obriga-nos sempre a virarmos a cabeça para o lugar de onde o mesmo vem, mas depois, por força das circunstâncias, voltamos ao ponto em que nos encontrávamos. Neste momento, o potencial e o nível de mediatização do candidato da oposição, Venâncio Mondlane (VM), da Renamo, que parece já ser preferência entre as bases (no sentido mais amplo), pode estar a pôr em competição o suor e o nervosismo nas escolhas a serem feitas para o enfrentar. Está em causa o habitual poder na capital do país. Pode ser que a melhor opção seja a de optar por alguém com um carisma acima de VM. Mas, quem? Esperemos para ver o que as “bases” decidem para valorizar o interesse das suas bases. À imagem da “chama da unidade” diríamos que a mesma passou pelo município da Beira, foi para Quelimane, ...Nampula e é esperada em Maputo-Cidade. A companhei pela televisão, que esta semana houve festa em Matchedje. Eu também estive em Matchedje em Janeiro de 1977. Não havia estrada, mas sei que o local era próximo da fronteira com a Tanzânia, não muito longe do rio Rovuma, em Sanga. Fomos num helicóptero Bell, a partir de Lichinga. Até o poste para içar a bandeira em Matchedje foi por helicóptero. O local, o sítio identificado como sendo o da realização do II Congresso, era uma clareira no meio da floresta. A desmatação era recente. Não havia bandeirinhas, nem pedrinhas pintadas de branco. Nem população para bater palmas. Não vi o tronco em que Mondlane e Samora posaram para a foto atribuída ao historiador Basil Davidson. Literalmente, não havia vestígio que identificasse o local como referência histórica do congresso. Apesar de ser Janeiro, fazia frio de manhã. No meio da neblina, chegou Marcelino dos Santos, Mariano Matsinhe e Aurélio Manave, o governador do Niassa. Não me lembro de outros protagonistas. A imprensa foi reduzida a serviços mínimos. Eu era o repórter da agência noticiosa governamental e havia uma equipa de cinema. Não me recordo de outros profissionais. A ideia era evocar as “resoluções do II Congresso de 1968 da Frente de Libertação de Moçambique” com uma marcha a partir de Matchedje, que culminaria em Maputo, a 3 de Fevereiro, junto ao Clube Militar, o local onde se realizaria o III Congresso, o primeiro depois da independência. Não me recordo de protocolo ou mestre de cerimónias. Os três dirigentes, com uma pasta que se podia colocar à tiracolo, combinaram a cerimónia com a “equipa” de jornalistas. Haveria uma corrida em volta da clareira com a pasta passando de mão em mão. O camera-man era Fernando Silva e o seu Matchedje Por Fernando Lima assistente era Ahmad Ali. O Instituto Nacional de Cinema (INC) estava a dar os primeiros passos. Não havia televisão. Encena-se a corrida e a passagem do testemunho, mas a velha e barulhenta Arriflex falha miseravelmente. Tinha-se partido o cabo entre a câmara de filmar e a bateria, no meio do entusiasmo de Fernando Silva, que corria atrás de Marcelino dos Santos. Nos tempos complicados em que os jornalistas não falavam com os dirigentes do movimento de libertação, estabeleceu-se no grupo uma grande tensão. Como explicar a Marcelino que não havia filme, numa província que era famosa pelos seus campos de reeducação? Na minha redacção, à altura, um andar por cima do gabinete do ministro, quando do telefone interno surgia a voz de Jorge Rebelo, os repórteres “mais excessivos” continuavam o telefonema perfilados em sentido. No “contexto”, aproximámo-nos a Mariano Matsinhe, que nos parecia dos três a pessoa mais cordata, para explicar que “tínhamos uma situação”. E a questão era bem simples. Se não repetíamos a cena com os mesmos actores, ficava um pouco de história por contar. Marcelino conteve a irritação e as voltas à clareira repetiram-se. Fernando Silva filmou a partir de um lugar fixo, depois de Ahmad Ali “descascar” o fio de corrente e fazer o contacto com bateria por pressão dos dedos sobre os bornes. O Fernando Silva era um óptimo companheiro de viagem e habitualmente com soluções para todos os problemas. O “desenrascanço” de Matchedje foi apenas um pormenor. Na viagem de Samora, do Rovuma ao Maputo, pouco antes da independência, depois de falharem as baterias da Arriflex, entrou no Hotel Chuabo, em Quelimane, com uma bateria de tractor suportada por dois homens, um pau e duas cordas, uma solução tipo “machila”. Aliás, Marcelino conhecia-o de Dar-es-Salaam. Na cerimónia de exumação dos restos mortais de Mondlane, Fernando Silva “conseguiu” cair na sepultura aberta, no preciso momento em que o então vice-presidente do movimento pronunciava a palavra “tombou”. Do que me recordo, a pasta viajou de helicóptero para Lichinga e aí começou a “marcha para o socialismo” até Maputo. Fernando Silva e Ahmad Ali saíram do grupo. Mas a amizade com o cineasta manteve-se até à sua morte. Na sua casa, em festas memoráveis que contrastavam com o Maputo puritano, tive a oportunidade de conhecer cineastas famosos como Ruy Guerra , Jean- -Luc Godard e Jean Roux. A partir do Niassa, durante duas semanas, viajei nas traseiras de um furgão Land- -Rover de bancos corridos, um daqueles jipes “descolonizados” num célebre poema do saudoso Albino Magaia. Muradali Mamadhussen, o então director nacional de Informação, tinha-me escolhido para a missão. Nas suas palavras, para “ganhar disciplina”. Eram frescas ainda as tensões herdadas das clivagens do movimento estudantil do tempo colonial, com uma facção identificada como conservadora, assumindo as posições do Partido Comunista Português em confronto com as franjas radicalizadas pelas lutas de libertação nas colónias. Eu tinha chegado à AIM (Agência de Informação de Moçambique) em Dezembro de 1976, depois de ter saído do “Notícias” no célebre “Setembro Negro”, a primeira grande purga de jornalistas do pós-independência. Muradali, depois um funcionário notável no gabinete de Samora, faleceu em 1986 na tragédia de Mbuzini. Voltando a Lichinga. No jipe creme que me levou a todas as capitais provinciais, ganhei novos companheiros de viagem. Uma enfermeira-socorrista e um professor de educação física. As socorristas eram mudadas em todas as províncias. O professor de educação física manteve-se toda a viagem. Junto ao condutor, funcionava um guia da Frelimo, que em cada espaço territorial explicava o percurso. Ao longo da estrada, postavam-se milhares de estafetas que transportavam a pasta em passo de corrida. A enfermeira cuidava dos ferimentos resultantes de quedas, e de potenciais problemas de desidratação. O professor de educação física (não me recordo do seu nome), saía do jipe e corria com a pasta, quando não houvesse estafetas no percurso. Era nos bancos corridos do jipe onde enganávamos o estômago com a comida que nos ofereciam e dormíamos a sono solto. A viatura só parava nos grandes ajuntamentos populares para “vivas”e “abaixos”, ou nas capitais provinciais, onde foram organizados comícios. Era nessas ocasiões que podia tomar banho e telefonar um despacho para a Agência. Duas semanas depois, entrámos em Maputo por Boane e seguimos até à Bela Vista, para na manhã seguinte atravessámos o ferry-boat da Catembe. Nesse dia, a noite estava quente e húmida, a carroceria do jipe era um inferno de mosquitos. Em marcha lenta, revezávamo-nos nas estafetas com a pasta para espantar o sono. O cansaço era enorme. O professor de ginástica perdeu-se no meio do breu. De calções brancos, sem camisete, sem BI, cartão de residência ou cartão de trabalho, cabeleira Jimmy e uma barba farta de duas semanas. Na travessia de barco, soubemos que tinha sido detido pela “vigilância popular” e entregue à polícia, sob suspeita de se tratar de um espião rodesiano. A caminho do Clube Militar deixei o jipe de regresso à casa, para um banho a sério, uma refeição quente e uma cama de verdade. A pasta chegou ao congresso. Naquele dia, nascia a Frelimo, partido marxista-leninista! Eu, há 41 anos que não vou a Matchedje. Savana 27-07-2018 21 PUBLICIDADE 22 Savana 27-07-2018 DESPORTO C om 83 anos de existência, o Sporting Clube Munhuanense Azar é das poucas colectividades medianas do país que vive apenas da vontade, entrega e sacrifício dos seus sócios e direcção. Devido à crise financeira, o clube deixou de movimentar os seniores e o futuro é cada vez incerto. Contudo, o vice-presidente da colectividade, Virgílio Tembe, diz que o Munhuanense Azar nunca vai desaparecer do mapa e lança apelo às pessoas de bom senso, empresariado e instituições, para apoiá-lo. Seguem os excertos da conversa. O Munhuanense Azar é dos poucos clubes do segundo plano que realiza regularmente as eleições... -De facto esta direcção está a cumprir o seu segundo mandato e é interessante notar que o funcionamento e as eleições democráticas têm feito com que, desde a fundação do clube, as direcções sejam democraticamente eleitas. Já passaram por aqui vários presidentes, pois não há vitaliciedade nos cargos e mandatos, mas se os sócios acharem que uma determinada direcção está a fazer um bom trabalho, eles reúnem-se e reelegem os corpos sociais. Então, é a grande felicidade do Munhuanense Azar, o facto de não haver monopolização do poder. Qual tem sido a contribuição dos sócios? -O que faz funcionar o clube é esta união dos sócios, é esta paixão da direcção de pôr as coisas em condições. Se reparar para o clube, as suas infra-estruturas mudaram bastante para o positivo de há uns 10 anos para cá. A nossa fonte de rendimento é a quotização e o centro social, onde vendemos algumas bebidas e comidas. É daí que sai algum suporte para as camadas de formação, nomeadamente, os juvenis e os iniciados. Quero abrir um parênteses para explicar que já enviamos, ainda que sem ser como devia ser, alguns miúdos para o Desportivo e Costa do Sol, e o que ganhamos com isso são bolas e algum equipamento desportivo e gostaríamos, daqui para frente, de tirarmos uma certa e substancial vantagem com a cedência destes jogadores. Então, esse é um desafio para o clube... -O desafio é fazermos com que se regule como deve ser feita a transferência, nós não vendemos jogadores, mas gostaríamos que fosse uma venda e que o passe dos miúdos fosse pertença do Clube Munhuanense Azar. Já no passado fornecemos tantos jogadores que se revelaram, e há muitos exemplos, Mesmo com 83 anos de existência, Munhuanense Azar HVWiPHUJXOKDGRQDSLRUFULVHÀQDQFHLUDGHVHPSUH Entre sacrifício e resiliência Por Paulo Mubalo caso de Ferreira, que jogou no Maxaquene e na selecção nacional, e tantos outros, que agora os nomes não me ocorrem, mas são muitos. Campo em litígio Consta-nos que o clube está em litígio com o município por causa de campo. Confirma? -Este é o calcanhar de Aquiles, de facto o nosso campo está sendo usurpado e só pode ser com conivência do município, porque onde estão as instalações do Mica e parte da área que resta, nos pertence. Temos a papelada que justifica isso e não temos tido apoio na resolução do assunto. Já colocamos a preocupação ao presidente do município, mas ainda não nos agraciou com uma resposta positiva. Neste momento treinamos na Académica com base nas boas relações entre os dois clubes e temos de renovar anualmente a relação para continuarmos a treinar lá. Será a crise financeira que leva o clube a movimentar apenas camadas de formação? -A crise financeira não é só de outras partes, nós também somos afectados, as nossas rendas não estão a andar ao ritmo normal, e isso faz com que as equipas não estejam bem equipadas. Quanto às bolas, hoje recebemos três da Associação de Futebol da Cidade de Maputo e, neste ano, estamos a sentir muitas dificuldades financeiras. O lanche nunca falou, não se podendo dizer o mesmo em relação ao transporte, pois vezes há em que os miúdos usam o seu próprio dinheiro para se deslocarem ao campo de jogos. Movimentamos apenas as camadas de formação por não dispormos de meios para continuarmos com os seniores, mas faz parte do nosso plano aumentarmos algumas modalidades. Neste momento estamos a pensar em ter o xadrez e já há contactos com a resVirgílio Tembe, vice-presidente do Munhuanense Azar Savana 27-07-2018 23 DESPORTO DESPORTO Posicionamento das organizações da sociedade civil Fundação MASC, CIP, OMR e Fórum Mulher sobre o processo de paz em Moçambique A Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (Fundação MASC), o Centro de Integridade Pública (CIP), Observatório do Meio Rural (OMR) e Fórum Mulher têm estado a acompanhar o processo conducente ao restabelecimento da paz em Moçambique e reconhecem os esforços dos diversos actores neste processo, nomeadamente o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, e o falecido Presidente da Renamo, Afonso Marceta Macacho Dhlakama, o seu sucessor e Coordenador da Comissão Política Nacional desta formação política, Ossufo Momade, Governo de Moçambique e os partidos Frelimo e Renamo. O esforço empreendido por estes intervenientes produziu, basicamente, dois grandes ganhos mais recentes, designadamente: 1. A aprovação, na Assembleia da República, da Proposta de Revisão da Lei n7/97, de 31 de Maio, que aprova a Tutela Administrativa do Estado sobre as Autarquias Locais; e 2. A aprovação, igualmente em sede do Parlamento, da Proposta de Revisão da Lei n 2/97, de 18 de Fevereiro, que estabelece o Quadro Jurídico para a Implantação das Autarquias Locais. Estes dois passos, precedidos de muitos outros que prolongaram as negociações até ao presente, mostram que as lideranças moçambicanas, quando põem os interesses da nação acima dos partidários, tornam possível alcançar acordos que no passado pareciam difíceis de materializar. Os signatários deste comunicado louvam os passos até ao momento acordados neste complexo dossier, que renovam aos moçambicanos a esperança pelo alcance GDSD]GHͤQLWLYD (QWUHHVVHVSDVVRVGHVtacamos o respeitar da trégua por tempo indeterminado anunciada pelo falecido líder da Renamo em princípios do ano passado e o anúncio, pelas duas partes, dos entendimentos sobre as etapas para o processo de descentralização materializadas por via das leis recentemente aprovadas pela Assembleia da República. Ao mesmo tempo que o país rejubila com os passos já dados, aumenta a expectativa para que outros, igualmente determinantes para o restabelecimento da concórdia HGDFRQͤDQ©DQRVHLRGDVRFLHGDGHPRçambicana, sejam alcançados. O maior desses passos por dar é o desarmamento e integração dos homens da Renamo. A expectativa dos moçambicanos em torQR GHVWH GRVVLHU ͤFRX UHIRU©DGD DSµV D recente reunião na cidade da Beira entre o Presidente da República e o Coordenador da Comissão Política da Renamo. Nesse HQFRQWURDVSDUWHVUHDͤUPDUDPRFRQVHQso anteriormente alcançado relativamente aos assuntos militares no que tange ao desarmamento, desmobilização e reintegração dos militares da Renamo e foram GHͤQLGRVRVSULQF¯SLRV SURFHVVRV DF©·HV e o cronograma para o seu enquadramento nas FADM e na Polícia da República de Moçambique. 23UHVLGHQWHGDUHS¼EOLFDDͤUPRX GHSRLV desse encontro, esperar da Renamo a entrega, num período der dez dias, de listas dos homens daquele partido a integrar nas Forças de Defesa e Segurança. É neste contexto que a Fundação MASC, o CIP, OMR e Fórum Mulher apelam à Renamo renove de forma célere o seu compromisso com o processo, para que etapas subsequentes sejam mais rapidamente seguidas e a paz em Moçambique seja uma realidade o mais rapidamente possível. Como organizações da sociedade civil, manifestam a sua disposição em mobilizar todas as forças vivas da sociedade para ajudarem ao Governo e à Renamo neste processo. COMUNICADO pectiva federação. Mas também temos de pagar os técnicos do futebol, temos o mister Abel Xavier, da Mafalala, ele é que vem assegurando a formação dos miúdos, juntamente com os seus adjuntos. O Clube não tem patrocinador oficial? -Infelizmente não temos nenhuma empresa, funcionamos com carolas, quando celebramos aniversário aparece um e outro sócio a oferecer equipamentos, mas em termos de patrocínio de uma empresa não temos, estamos a sobreviver à nossa maneira. Gostaríamos de ter patrocínio porque o Munhuanense Azar é um clube sério e, se por acaso aparecer um patrocinador, esse não se vai arrepender. É um clube com boa gestão e depois, muito facilmente, também pode aparecer em termos de marketing essa empresa ou organização que nos queira apoiar. Podemos difundir muito bem o seu nome, o que seria uma mais-valia para essa empresa ou instituição. Mas convêm dizer que tem aparecido um grupo de pessoas ligadas ao clube que vêm da Holanda a nos oferecer, anualmente, equipamento. É um bom gesto, mas ainda não recebemos apoio de empresas ou organizações. Já batemos às portas, muitas portas, mas como não há resposta positiva vivemos assim. Quantos sócios tem o clube? -Os activos, os que têm as suas quotas em dia, são 180 e mais aqueles outros que estão a hibernar, andamos por volta de 380. Em termos de quotização não é grande coisa, porque quando um sócio entrega 600 meticais já tem suas quotas de um ano pagas. Estamos à espera da próxima assembleia para ver se ajustamos as quotas de acordo com a realidade. Há muitos clubes históricos que estão a desaparecer, não vai acontecer o mesmo com o Munhuanense Azar? -Antes da fundação do Munhuanense Azar, em 1935, apareceram alguns clubes, alguns estão a desaparecer, mas nós mantemos. Que é obra isso é um facto. Vamos lutando para que o clube se mantenha porque não queremos que este caia, um dia até as empresas ou organizações vão se aperceber que há um grande clube super tradicional. Olha, o Hilário da Conceição está cá, veio de Portugal e antes de se instalar onde quer que fosse, passou pelo clube, e ainda estamos à espera dele, porque tem nos dado a mão. E a terminar.... -Quero apelar às pessoas para se aproximarem ao clube, porque está vivo. Aqui vão conhecer a gestão e o funcionamento do clube, hão-de notar que existe muita seriedade, não há querelas aqui. Esta remodelação das infra-estruturas vem de um sócio e não pagamos nada a ele. Tivemos de fazer a esplanada em frente e a maior parte desse trabalho é desse sócio, o engenheiro António Alves. Tínhamos problemas com a vizinha, pois as águas caíam para o lado do terreno dela, e ele, o engenheiro António Alves, rectificou. Tínhamos as casas de banho em situação deplorável e ele repôs os balneários. Então, se aparecer uma empresa a apoiar o clube, melhor será, pois vai contribuir para o engrandecimento do Munhuanense Azar. Estamos a sobreviver, mas gostaríamos de viver e não sobreviver. Gostaria de convidar as pessoas a virem conhecer o clube ou a assistirem os jogos. Boxe moçambicano em destaque A seleccão de boxe do nosso país brilhou nas celebrações dos 100 anos de Nelson Mandela, ao conseguir seis medalhas, sendo duas de ouro e quatro de prata. A competição denominada Mandela Cup teve lugar esta semana, em Western Cape, e contava, igualmente, para o posicionamento no ranking internacional. Para além de Moçambique e o país anfitrião, tomaram ainda parte o Botswana e a Suazilândia. Eis a lista dos premiados: Medalhas de ouro: Rady Gramane e Alcinda Panguane. Medalha de prata: Helena Bagão, Benilde Macarringue, Jorge Microsse. Melhores atletas do torneio: Augusto Mathule e Helena Bagão Sebastião Sitoe no Desportivo de Maputo Otécnico Sebastião Sitoe trocou o 1º de Maio de Quelimane, uma das equipas que milita no campeonato nacional, Moçambola, pelo Desportivo de Maputo, formação que comanda a Divisão de Honra pela zona sul. Nos últimos dias, o relacionamento entre o jovem treinador e a direcção daquele clube não era dos melhores. Assim, Sitoe tem a difícil missão de levar os alvinegros a regressarem ao Moçambola do próximo ano. 24 Savana 27-07-2018 CULTURA O director adjunto pedagógico e professor de percussão e trompete da Escola Nacional de Música, Luís Filipe da Conceição, defendeu a necessidade de se olhar para a música de uma outra forma, não só como um entretenimento, mas sim como uma profissão. “Se nós formos a ver até dentro do qualificador das carreiras profissionais que o país tem, não vem a carreira de música. E um músico é um trabalhador e talvez estamos a perder impostos porque o músico não é considerado como um profissional”, argumentou. Da Conceição, que falava no quadro das comemorações dos 35 anos da ENM, que culminará com um recital feito por alunos da Escola, nesta sexta-feira, na Associação dos Músicos Moçambicanos (AMM), criticou, igualmente, o facto de muitos músicos serem discriminados dentro da balança da responsabilidade social, considerando que o problema está nas pessoas que não são cultas. Aproveitando as comemorações dos 35 anos da Escola Nacional de Música (ENM), conversamos com Luís Filipe da Conceição, Director Adjunto Pedagógico e professor de percussão e trompete da ENM. Agora que estão a comemorar os 35 anos de existência da ENM, o que é que esta instituição lhe inspira? Trinta e cinco anos da ENM significam um tempo de aprendizagem, um tempo de crescimento e também um tempo de reflexão. Por conta desta reflexão não podemos ficar alheios àquilo que está a acontecer a nível universal. Daí que está a decorrer um processo de revisão curricular, fruto das próprias necessidades da escola e fruto da existência de um decreto do governo moçambicano já publicado, segundo o qual todas as instituições de ensino profissional devem adoptar um sistema modular. Assim, estamos a fazer a reforma para acomodar o decreto e também para introduzir um nível médio que é um vazio que existe no país. Temos o ensino superior na UEM, mas não existe o nível médio. Estamos a trabalhar para introduzir este nível para responder à demanda da sociedade moçambicana. Da mesma forma, actualmente trabalhamos com duas escolas, a escola de música e a escola geral. Nós queremos criar condições para o aluno poder aprender o ensino geral dentro da escola de música, para evitar que o aluno tenha de ir às duas escolas. Como funciona a ENM? Quero definir a mesma segundo o pensamento que tinha o Presidente Samora Machel quando pensou as artes em Moçambique. Trazer a arte como uma parte da aprendizagem dentro de qualquer que seja a sociedade. Neste momento, esta definição do Presidente Samora Machel continua a ser válida. Actualmente as escolas nacionais de “É preciso olhar para a música de uma outra forma” música estão apenas a funcionar em Maputo. Já deveriam estar a funcionar nas outras províncias. Em termos da nossa escola, temos crianças desde os seis até aos 13 anos a frequentarem os cursos em diversas especialidades, sendo estas, saxofone, percussão, trompete, flauta transversal, guitarra, piano, canto, clarinete e canção tradicional. Além das disciplinas de especialidade, todos os alunos estudam teoria, solfejo, literatura musical associada à história da música e a história da arte e piano geral. Os cursos dentro do currículo têm uma duração de sete anos. Para além disso, temos cursos extracurriculares abertos a qualquer pessoa que queira aprender um instrumento por um período de tempo que a pessoa determina. Recital na AMM Qual é a sua visão sobre o papel que a cultura pode ter dentro da nossa sociedade? A cultura é o espelho de qualquer sociedade. Não é possível fazermos o nosso quotidiano sem termos a cultura dentro de nós. Não existe uma sociedade identificada se não está inserida dentro dos elementos culturais que definem essa sociedade. Nós quando falamos de cultura estamos a falar do homem culto. Nós podemos ter o homem educado no sentido de educado dentro das escolas convencionais, mas se esse indivíduo não tem cultura, mesmo tendo esse conhecimento todo, pode não saber se comportar dentro da sociedade. Um homem culto é aquele que é capaz de ter a sua própria identidade, saber reflectir e saber conviver com as outras identidades sem nunca fugir do seu padrão. Devemos separar o homem culto do homem educado. Por outro lado, devemos olhar a música de uma outra forma, não só como um entretenimento, mas sim como uma profissão. Se nós formos a ver até dentro do qualificador das carreiras profissionais que o país tem, não vem a carreira de música. E um músico é um trabalhador e talvez estamos a perder impostos porque o músico não é considerado como um profissional. Atendendo à realidade cultural e musical actual, onde as grandes produções comerciais se impõem de forma abusiva sobre o resto de toda a produção musical, como é que a ENM vê este fenómeno e como se posiciona? Primeira coisa importante a trazer aqui é que música é música, seja qual for e não temos como fugir a isto se olhamos à sociedade global. Segundo, o que está falhar é a maneira como nós, internamente, estamos a olhar para música. Nós devemos conseguir espaços para todo este arsenal que nós temos. Nós temos um mosaico muito grande. Um indivíduo culto consegue lidar com estas variedades todas. Porém, infelizmente, nós não estamos a saber lidar com isto. Se nós olhamos para o mercado da música, há espaço para vender tudo, desde o momento que se criem as condições para poder vender. Mas o que está a acontecer em Moçambique é que nós olhamos para aquilo que está a dar. Actualmente aparece um músico novo e todos olhamos para o mesmo. Bancos, empresas, todos. Será que algum momento estas empresas olham para a música moçambicana de uma forma forte? E se pensam, porque é que há muitos músicos discriminados dentro da balança da responsabilidade social? O problema está nas pessoas que não são cultas e não são capazes de fazer força de modo a fazer perceber que as coisas devem funcionar desta maneira e não da maneira como está desenhada. Esta sexta-feira comemoramos na Associação dos Músicos Moçambicanos esta data com um concerto gratuito oferecido pelos alunos. Pode explicar como será este concerto e animar aos leitores para fazer parte? Este é mais um concerto das comemorações da escola de música. Nós preferimos chamar de recitais. Já tivemos o recital de piano, de sopros, de cordas, de jazz e agora vamos realizar o recital de música tradicional e, no fim, iremos ter no Centro Cultural Franco Moçambicano o grande concerto de encerramento. O concerto desta sexta-feira é uma amostra do que a ENM faz e do que fez. Os alunos que vão aparecer no palco são os alunos que estão, actualmente, a estudar conjuntamente com os alunos que já se formaram na escola. No concerto da sexta-feira vamos ter Makwayela, marimba, mbira, timbila. A ENM faz todo o esforço no sentido de valorizar as suas referências culturais. É um concerto que parece pequeno, mas no seu sentido é muito grande na sua dimensão. (Álvaro Garcia) Luís Filipe da Conceição Dobra por aqui SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1281 ‡ DE JULHO DE 2018 O ANTES... 2 Savana 27-07-2018 SUPLEMENTO Savana 27-07-2018 3 Savana 27-07-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) S empre que temos um pleito eleitoral parece que há uma reedição dos factos que sucedem na comunicação social ligada ao Estado. Estamos a falar da dança de cadeiras naquele sector, de modo a colocar aqueles que bem interpretam as directivas partidárias. Sem sombra de dúvidas, os indicados têm uma tarefa bem delineada para que o partidão saia como vencedor nas eleições autárquicas que se avizinham. Para tal, é preciso forjar uma boa imagem do glorioso e fomentar uma imagem que seja a pior possível da oposição e dos seus candidatos. Desta vez, esse papel recaiu para Faruco Sadique, que depois de ter desempenhado com “zelo” na RM deverá replicá-la na TVM, com a sua nomeação ao cargo de PCA. António Barros, administrador comercial da RM, deverá continuar de molho e, enquanto aguarda a sua vez, esperamos que nos brinde com as histórias da “Cabeça do velho”. Curioso nisto é que Sadique e Barros foram jornalistas do Diário de Moçambique, claro que passaram por lá em períodos diferentes. De uma forma sigilosa os artistas conseguem transmitir uma mensagem de forma camuflada. Quando é preciso, usam técnicas para não serem directos e descobertos rapidamente pelos do contra. Deve ter sido isso que o saxofonista, Moreira Chonguiça, esteve a demonstrar com a sua mão, sinalizando que é preciso ter a mão no lugar para desempenhar certos cargos em determinados momentos. Quem saltita de alegria é Alberto Vaquina. Recorde-se que, enquanto Primeiro-ministro, foi quem conduziu Sadique ao cargo de direcção maxima da rádio paga pelos nossos impostos. Mas esta foto não é qualquer uma. É mesmo para ficar no baú, pois é raro ver três antigos Primeiros-ministros na mesma pose. Mário Machungo foi o primeiro na história do país a exercer o cargo de Primeiro-ministro. Aires Ali e Alberto Vaquina ocuparam o cargo durante o consulado de Armando Guebuza. É que ambos aparecem com um sorriso completamente rasgado. Esta situação fez com que alguns círculos de conversa manifestassem a sua indignação com este tipo de atitudes. Juntamos três momentos para ilustrar o que estamos dizer. Reparem que Thomas Sulemane inclina o corpo para escutar o que diz Baltazar Fael do CIP. Nisso, o jornalista Borges Nhamirre, no centro, disfarça com o olhar ao aparelho celular escutando atentamente a zombaria. Quem também não ficou atrás é Luís Mondlane, juiz conselheiro do Tribunal Supremo e antigo presidente do Conselho Constitucional e João Beirão, vice-Presidente do Tribunal Supremo. Os seus rostos já revelam tudo. Nesta última foto, João Trindade, juiz Jubilado do TS, tece um comentário com semblante triste. Desconhecemos os porquês, mas a verdade é que em breve terá motivos de sobra para sorrir quando se proferir a sentença do caso da caricatura. Fora dos holofotes está o juiz Augusto Paulino, antigo Procurador-Geral da República, que com a mão direta direccionada para certo lugar deve estar a dizer: deixei o cargo há tempo de estar fora da grande pressão do caso das dívidas ocultas. É preciso ter as mãos e outras coisas no lugar para desempenhar alguns cargos, sob pena de manchar o carácter, postura e saúde de qualquer individualidade que se preze. Mãos no lugar À HORA DO FECHO www.savana.co.mz EF +VMIP EF t "/0 997 t /o 1281 Diz-se... Diz-se IMAGEM DA SEMANA Naita Ussene O metical tem demonstrado uma apreciação modesta em relação ao dólar, mas não poderá registar uma valorização significativa este ano, estima a última análise do Grupo Standard Bank sobre as perspectivas das taxas de câmbio africanas. 0 FTUVEP BTTJOBMB RVF P EØMBS americano é actualmente comprado por 58,5 meticais, contra 59 meticais em 2017. i"QFTBS EFTUB DPOUÓOVB NFMIPSJB na balança de pagamentos, como se verificou no primeiro trimesUSF EF OÍP FTQFSBNPT RVF o metical registe nenhuma apreciação significativa este ano”, diz a análise mensal do Standard Bank. " BWBMJBÎÍP BOUFDJQB B QSFWBMÐODJB EB BDUVBM UFOEÐODJB EF BQSFciação do metical no próximo ano, conduzida pelas esperadas decisões finais de investimento (DFI) nos projectos de gás natural da Bacia do Rovuma. Contudo, atrasos nos projectos poderão puxar a paridade metical/dólar para cima, alerta o documento. Metical com subida tímida – considera Standard Bank 0 4UBOEBSE #BOL PCTFSWB RVF BT SFTFSWBT JOUFSOBDJPOBJT MÓRVJEBT NBOUÐN TF SFMBUJWBNFOUF FTUÈWFJT EFTEF P JOÓDJP EP BOP Em Maio, esse indicador atingiu 3.19 biliões de dólares, aptos a cobrir cerca de sete meses de importações, excluindo os megaproKFDUPT F RVBUSP NFTFT JODMVJOEP os megaprojectos. %BEPT QSFMJNJOBSFT JOEJDBN RVF o défice da conta corrente caiu 29.4% para 2,7 biliões de dólares no primeiro trimestre deste ano, impulsionado principalmente QPS VN EFDMÓOJP EF BOVBJT OP EÏmDF DPNFSDJBM RVF BUJOHJV 385.3 milhões de dólares. Essa cifra foi galvanizada por uma subida nas exportações de carvão e dos preços de exportações das matérias-primas no geral. 0 EÏmDF EB DPOUB OPT TFSWJÎPT melhorou muito ligeiramente FN BMDBOÎBOEP CJMJÜFT EF EØMBSFT OP RVBSUP USJNFTUSF de 2017 e no primeiro trimesUSF EFTUF BOP FN RVBOEP DPNQBSBEP DPN P QFSÓPdo homólogo. 0 4UBOEBSE #BOL UPNB OPUB EP RVF DPOTJEFSB EFTFOWPMWJNFOUPT positivos para as perspectivas da economia moçambicana. " BQSPWBÎÍP EB SFWJTÍP DPOTUJtucional para o aprofundamento da descentralização e do pacote BVUÈSRVJDP RVF BCSF DBNJOIP Ë realização das eleições municiQBJT EF EF 0VUVCSP EFTUF BOP são sinais encorajadores, assinala o Standard Bank. "RVFMB FOUJEBEF mOBODFJSB PCserva com satisfação a promessa da União Europeia de desembolsar 400 milhões de dólares para ÈSFBT FTQFDÓmDBT SFTTBMUBOEP DPOUVEP RVF OÍP TFSÈ OB GPSNB EF BQPJP EJSFDUP BP 0SÎBNFOUP do Estado. 0T EPBEPSFT JOUFSOBDJPOBJT TVTpenderam o apoio directo ao 0SÎBNFOUP EP &TUBEP NPÎBNCJDBOP FN OB TFRVÐODJB EB EFTDPCFSUB EBT DIBNBEBT EÓWJEBT escondidas. 0 FTUVEP BTTJOBMB JHVBMNFOUF PT vários anúncios de apoio ao processo de desarmamento, desmobilização e integração do braço BSNBEP EB 3FOBNP ËT mOBOÎBT públicas, infra-estruturas, educação e água, como sinais positivos para a economia moçambicana. t " OPUÓDJB EB DBQUVSB EP KPWFN EBT RVBOUJBT JSSJTØSJBT OP QBÓT EP UVSJTNP TFYVBM BCBGPV QPS DPNQMFUP B RVFEB EB UTVOBNJ RVF DPNBOEBWB B QSPWÓODJB CBMVBSUF EB PQPTJÎÍP )È BHPSB NVJUPT TFDUPSFT FN BQVSPT DÈ QFMP CVSHP DPN NFEP EBT SFWFMBÎÜFT RVF QPEFSÍP TVSHJS B DPNFÎBS QFMP iEPTTJFS EPT SBQUPTw & OP SPM EPT JORVJFUPT OÍP FTDBQBN QSPDVSBEPSFT QPMÓDJBT BEWPHBEPT F KPSOBMJTUBT t 0 FOHFOIFJSP EP QMBOBMUP FODPOUSPV VNB GØSNVMB DSJBUJWB QBSB SFTPMver o diferendo entre a ex-tsunami da 24 de Julho e o antigo primeiro secretário despachado para a segurança social na terra dos bons TJOBJT " JEFJB EP UJNPOFJSP FSB OÍP EFJYBS OP BS B TFOTBÎÍP EF RVF houve vencidos e vencedores. Lá vai, pois, a tsunami para a terras dos LBNCBT 2VFN WBJ Ë NFTRVJUB FTUB TFYUB GFJSB Ï BRVFMB DBNBSBEB RVF se safou de ser “promovida” para a embaixada de Beijing. t 5BM DPNP FN .BQVUP P BNCJFOUF OÍP Ï CPN OB DIBNBEB DBQJUBM EP /PSUF )È TJOBJT EF RVF P HMPSJPTP QSFUFOEF JOEJDBS DPNP DBCFÎB EF- MJTUB VN BOUJHP 1$" EB DPNQBOIJB EPT YJUJNFMBT RVF KÈ GPJ UBNCÏN governador de Gaza nos tempos de JC. Comparável com ele, só o JOFOBSSÈWFM 1FESJUP F BRVFMB NJOJTUSB RVF OÍP TBCJB P TJHOJmDBEP EB QBMBWSB '"0 t 1PS .BQVUP FTUÈ GPSUF B JEFJB EPT FYDMVÓEPT EP iCBUVRVF F EB NBçaroca” , se não houver uma 25ª. hora, avançarem com candidaturas independentes. Longe vão os tempos do unanimismo sem preço. t &YDMVÓEP BQBSFOUFNFOUF TFN EJSFJUP B SFDVSTP FTUÈ P OPNF EP mMIP NBJT RVFSJEP EB OBÎÍP QBSB B QPOUF RVF BUSBWFTTB B BOUJHB %FMBHPB #BZ $PNP PT UFNQPT NVEBN TF OPT SFDPSEBSNPT RVF VN NJOJTUSP SFCFMEF DBJV QPSRVF FOUSF PVUSPT QFDBEPT RVFTUJPOPV P OPNF EB ponte sobre o Zambeze em Caia. t &YDMVÓEP CFN QPEFSJB UFS TJEP VN WÓEFP EF IPTTBOBT BP NJOJTUSP EB iPQFSBÎÍP USPODPw QFMBT TVBT RVBSFOUB QSJNBWFSBT 0 KPWFN USBCBMIB RVF TF GBSUB NBT PT TFVT JOJNJHPT OÍP MIF EÍP USÏHVBT "QFTBS EBT NFMIPSFT JOUFOÎÜFT PT QBSBCÏOT FN WÓEFP GPSBN NBJT VNB QSFDJPTB munição para os seus desesperados detractores. t " DPOTFSWBÎÍP DPOUJOVB FN BMUB %FQPJT EP DPOUSPWFSTP QBSRVF EBT Quirimbas, com uma enorme população predadora no seu interior, ter sido escolhido pela Unesco, há mais 200 elefantes sul-africanos QSPOUPT QBSB TFSFN FTQBMIBEPT QPS .PÎBNCJRVF OPNFBEBNFOUF OP ;JOBWF 0T GVSUJWPT RVF DPOUJOVBN B HP[BS EF FOPSNF QFSNJTTJWJEBEF FN HSBOEF QBSUF EP QBÓT BHSBEFDFN FNPDJPOBEPT UBNBOIB bondade. t 2VFN USBCBMIB B UPEP P WBQPS Ï B OØWFM BRVJTJÎÍP EB QFSEJ[ QBSB B DJEBEF EF 2VFMJNBOF &OUSF PT WJWBT DPOWJDUPT Ë 3FOBNP P KPWFN edil fala de Zambézia, como se a eleição para governador vá aconUFDFS BP WJSBS EB FTRVJOB & EF GBDUP KÈ FTUÈ BÓ QFMP RVF IÈ RVF PMIBS CFN QBSB RVFN Ï P OÞNFSP EPJT OB MJTUB QBSB B BVUBSRVJB EPT Bons Sinais... t & TF .BDVTF Ï OPUÓDJB DPN B WJTJUB EP NJOJTUSP .BY Ë 5BJMÉOEJB PT chineses causaram o maior impacto, ao anunciarem uma nova ferSPWJB RVF MJHBSÈ P ;JNCBCXF Ë ;ÉNCJB F B .PÎBNCJRVF 0 QMBOP QSFWÐ VNB DPOFYÍP EP ;JNCBCXF BUÏ .PBUJ[F F EFQPJT /BNQVMB 0 QPSUP EF FTDPBNFOUP TFSÈ /BDBMB 0 QSPKFDUP FTUÈ PSÎBEP FN USD2500 milhões. t &SB VNB WF[ VN NÏEJDP SFCFMEF DPN OPNF EF DFSFBM F RVF TF UPSOPV P SPTUP EF VNB EBT HSFWFT RVF BCBMPV QSPGVOEBNFOUF P SFHJNF 0 KPWFN Ï VN EPT OPTTPT NBJT SFDFOUFT 1)% DPN EJTUJOÎÍP "RVFMF BCSBÎP %S +PSHF "SSP[ Em voz baixa t 2VBOEP TF BQSPYJNB mOBMNFOUF P KVMHBNFOUP EP DBTP i&NCSBFSw F P FOWPMWJNFOUP EF USÐT HFOFSPTPT DBNBSBEBT Ï TVSQSFFOEFOUF P OÞNFro de narrativas alternativas, para cavar a desculpabilização, como se OÍP UJWFTTFN FYJTUJEP 64% F BT SFTQFDUJWBT USBOTGFSÐODJBT bancárias. Savana 27-07-2018 EVENTOS 1 0DSXWR GH-XOKRGH ‡$12;;9‡1o 1281 EVENTOS Barclays Bank Moçambique, S.A. - Capital Social: MTn 5.538.000.000 - NUIT:400017484 - Número de Matrícula da CRC de Maputo: 8321 - Endereço: Av. 25 de Setembro, 1184 - 15º Andar - Maputo Caixa Postal 757 - Moçambique. O Barclays não será responsável por quaisquer incidentes que possam ocorrer com o seu provedor de serviços de internet. Por favor consulte a tabela de preços em vigor no Banco. Aplicam-se os Termos e Condições actualmente em vigor. Queira dirigir-se à Agência mais próxima do Barclays ou contacte-nos através do serviço de Banca Telefónica 1223. Moçambique! Vêm aí novas possibilidades. O Parque Nacional das Quirimbas foi nesta quarta- -feira declarado Reserva da Biosfera, durante a 30ª Sessão do Conselho Coordenador do Programa “Homem e a Biosfera”. O evento decorre na cidade de PaQuirimbas declarado Reserva da Biosfera lembang, província de Sumatra- -Sul, Indonésia, entre 23 e 28 de Julho de 2018. Moçambique participa no evento com uma delegação chefiada pela vice-Ministra da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celmira Pena da Silva, acompanhada pelo director-geral da ANAC, Mateus Muthemba, pelo administrador do Parque Nacional das Quirimbas, Albino Nhusse, e quadros do Ministério. Participam no evento 369 delegados representando 51 países de todos os continentes. A reserva mundial da biosfera é um estatuto atribuído pelo Programa “Homem e Biosfera” (Man and Biosphere – MAB) da UNESCO a certas áreas protegidas. Esse estatuto é concedido a áreas protegidas que cobrem porções de ecossistemas terrestres ou costeiros e que cumprem certos requisitos, como buscar meios de conciliar a conservação e o seu uso sustentável dos elementos da biosfera, particularmente a diversidade biológica. De referir que todas as zonas declaradas reservas da biosfera passam a pertencer a uma rede mundial, denominada “rede mundial de Reservas da Biosfera”, sendo que, globalmente, existem 681 reservas em 122 países. O Governo moçambicano, através do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, submeteu a candidatura do Parque Nacional das Quirimbas para a categoria de Reserva da Biosfera. A candidatura foi precedida de um processo de consultas públicas aos níveis distrital, provincial e nacional e contou com a colaboração de parceiros de cooperação como a UNESCO, Agência Francesa para o Desenvolvimento e o PNUD. Esta é a primeira candidatura do país àquele estatuto, estando aberta a possibilidade de candidatar outras áreas de conservação para aquela prestigiante categoria. A classificação como Reserva da Biosfera resulta de um processo competitivo internacional que inclui a avaliação de candidatura documental, pelo Comité Técnico Internacional de Conselheiros do Programa Homem e a Biosfera, e visitas de especialistas às áreas objecto da candidatura. Durante a cerimónia foi enaltecida a excelente qualidade da candidatura de Moçambique. Advém para o país algumas vantagens de pertencer a Rede Mundial de Reservas da Biosfera, nomeadamente, o reconhecimento internacional, a valorização dos produtos locais, maior cooperação e projecção, o reforço da imagem como pólo de atracção turística, o potencial para o aumento de investimentos, a troca de experiências, soluções e informação com as outras Reservas da Rede Mundial. O bairro de Luís Cabral, na zona periurbana da capital moçambicana, acolheu, no último sábado, uma acção de solidariedade no âmbito da campanha “Faça feliz uma criança” do Moza Banco, onde se fez a doação de material escolar, roupas e brinquedos. Trata-se de uma iniciativa promovida pelos colaboradores daquela instituição bancária com vista a apoiar dezenas de famílias naquele bairro. Os promotores da iniciativa acreditam que a acção irá contribuir para levantar o ânimo de toda a comunidade, em especial das crianças, visto que a maioria são órfãs. “Estamos satisfeitos porque esta campanha teve bons resultados. Fizemos isso porque reconhecemos o valor da solidariedade e é muito importante partilhar com os outros o pouco que temos. Este material é resultado da contribuição dos mais de 722 trabalhadores do Moza e esperamos que o gesto tenha impacto positivo no processo de crescimento destas crianças, que estão a passar por momentos difíceis por serem órfãs”, referiu Adam Yussof, director de Comunicação e Responsabilidade Social do Moza. Os beneficiários da iniciativa não pouparam palavras para agradecer o gesto. “Estou muito feliz porque o Moza ofereceu-me lápis, cadernos, sapatos, roupa e brinquedos para poder brincar com os meus amigos”, enalteceu Liendson René, um dos beneficiários. “Todas as empresas grandes deviam seguir o exemplo do Moza e ajudar os que necessitam. A população está satisfeita, a doação vai melhorar o futuro dessas crianças por isso esperamos que a iniciativa se repita”, elogiou Firmino Chiau, Secretário do Bairro. Moza aposta nas comunidades Savana 27-07-2018 EVENTOS 2 Moçambique estará no Terra Madre Salone del Gusto de Turim, com Américo Amos Mavale, líder do Convivium Muteko-Waho. Além de ser chef, ele também é o presidente do Mercado da Terra de Maputo e, juntamente com Delson João Amaral, formador de projecto em Moçambique para 10.000 Hortas em África. O projecto será apresentado na área temática das Sementes durante o Fórum 10.000 Hortas em África, a 23 de Setembro em Turim, através das experiências das pessoas envolvidas. Hoje há 3063 Hortas em África, e o número está a crescer constantemente. O continente africano estará muito bem representado durante a 12ª edição do evento internacional Moçambique participa do Terra Madre Salone del Gusto O especialista em Jornalismo Político, Rui Machango, considera que as mudanças civilizacionais, impostas pelo desenvolvimento de novas tecnologias, impulsionaram, igualmente, o aparecimento de choques sociais e culturais que têm influenciado os comportamentos das novas gerações. Rui Machango falava na apresentação do sexto sub- -tema do terceiro ciclo das Tertúlias Itinerantes 2018, ocorrido, na última sexta-feira, 20 de Julho, em Maputo, com o tema “A prostituição dos Contos de Fada e a Violência na Televisão”, tendo sustentado que desde o seu aparecimento na Europa, nos meados do século XX, que a televisão, ou melhor, as mensagens televisivas têm sido objecto de vários estudos. “São inúmeras as teorias já produzidas sobre as mensagens reproduzidas por este medium, sobretudo no capítulo sobre os efeitos que elas provocam junto dos telespectadores em geral e sobre as crianças, em particular”, frisou o especialista. Apesar da vigência do período da destribalização do indivíduo, fruto da Revolução Industrial e da crescente urbanização (retribalização), conforme realçou Rui Machango, o aparecimento da televisão veio alterar, significativamente, as relações sociais. “Desde a chegada da televisão que nos lares, em todo o mundo, o tempo que se gasta a ver televisão não tem parado de aumentar. Moçambique não foge à regra”, sustentou. Num outro desenvolvimento referiu que a introdução das novas tecnologias no medium televisão veio alterar, profundamente, as linhas editoriais de milhares de canais televisivos em todo o mundo, colocando à cabeça como objectivo principal a rentabilidade económica de todo o sistema, a curto e médio prazo. Perante esta realidade, segundo Rui Machango, “muitas vezes somos levados a questionar se não estaremos a contribuir para uma educação para a violência dos nossos filhos ao expô-los à mercê de alguns programas televisivos”. “Hoje, a violência não é apenas física ou linguística. As dificuldades de acesso ao ‘wonderful life’ que a televisão produz e promove constitui, actualmente, a mais dura provação para os mais novos. Mais agravante ainda é a existência de milhares de pessoas adultas que escolhem os modelos de vida vendidos pela televisão, como exemplo a seguir”, vincou. Em jeito conclusivo, o especialista em Jornalismo Político defende ser preciso definir, urgentemente, o lugar ideal para colocar este novo “membro” da família; fomentar a análise critica dos conteúdos transmitidos pelo medium, em particular para um público indefeso como são as crianças, promover investimento na produção de conteúdos locais e reforçar a formação dos gestores de conteúdos destinados ao público juvenil. Importa salientar que as Tertúlias Itinerantes é um ciclo de debates mensais, que reúnem académicos e o público no geral, para debater sobre diversos temas relacionados com a interculturalidade e o desconhecimento mútuo no contexto da era global. Esta iniciativa académica conta com a coordenação dos académicos Sara Laísse, da Universidade Politécnica, Eduardo Lichuge da Universidade Eduardo Mondlane e Lurdes Macedo, da Universidade Lusófona de Portugal. ‘A prostituição dos contos de fada e a violência na televisão’ mais importante do mundo, dedicado à cultura alimentar, e algumas histórias extraordinárias serão partilhadas com o público. Organizado pelo Slow Food em colaboração com a região do Piemonte e a cidade de Turim, o Terra Madre Salone del Gusto ocorrerá de 20 a 24 de Setembro de 2018, em Turim, na Itália. Mais de 5.000 delegados de 140 países, mais de 800 expositores, 300 Fortalezas (Slow Food Presidia), e 500 comunidades do alimento de Terra Madre estarão neste evento. O Mercado internacional terá uma área especialmente dedicada a exposições das comunidades alimentares e produtos das Presidia (Fortalezas) provenientes de todos os cantos da África. Slow Food é uma organização global de base que prevê um mundo no qual todos possam ter acesso e desfrutar de alimentos que sejam bons para si próprios, bons para aqueles que cultivam e bons para o planeta. Slow Food envolve mais de um milhão de activistas, chefs, especialistas, jovens, agricultores, pescadores e acadêmicos em mais de 160 países. (Paola Roiieta) Anuncie a sua marca, produto e serviços, na SAVANA FM . Proporcionamos para si pacotes promocionais, contacte-nos através de: 84 1440048, 82 8944278 ou ainda através do e-mail: radiosavana100.2@mediacoop.co.mz SAVANA 100.2 FM Savana 27-07-2018 EVENTOS 3 P eritos dos sistemas de Segurança Social das regiões oriental e central de África, incluindo Moçambique, reuniram-se, esta segunda-feira, em Maputo, num workshop regional sobre “Gestão Avançada de Risco para Instituições da Segurança Social”, dos países membros da ECASSA-Associação da Segurança Social da África Ocidental e Central. A abertura do encontro, que contou, igualmente, com a presença de delegados provenientes da Tanzânia, Quénia, Zâmbia e Zimbabwe, foi dirigida pela ministra moçambicana do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo. A ministra considerou o encontro uma plataforma extraordinária para a partilha de vivências e experiências sobre as melhores formas de gestão dos Sistemas de Segurança Social em África, na perspectiva de melhorar cada vez mais a qualidade dos serviços de Protecção Social nos nossos países. “Com este encontro, renova-se a esperança de que com as boas práticas que cada um dos nossos países tem sobre a Segurança Social haverá um enriquecimento das nossas políticas de protecção social e de gestão das nossas instituições, visando torná-las cada vez mais sustentáveis, concorrendo para uma melhor prestação do serviço público aos destinatários. Aliás, o nosso ponto de partida e o nosso ponto de chegada é o cidadão a quem nos comprometemos servir”, frisou. Por um lado, a governante manifestou-se convicta de que no workshop serão ainda partilhadas abordagens e medidas concretas sobre os desafios e soluções actuais de fortalecimento da gestão dos sistemas de segurança social e acções para tornar mais robustos os sistemas, garantindo a sua sustentabilidade a médio e longo prazo. Por outro, destacou a gestão rigorosa e eficaz dos sistemas de Segurança Social com enfoque para a modernização e reformas na prestação de serviços, concorrendo deste modo para a fiabilidade e acurácia na informação, reduzindo assim margens de erro, irregularidades, para além de imprimir maior celeridade na resposta aos utentes. No quadro dessas reformas, Vitória Diogo enalteceu o recente lançamento da certidão de quitação informatizada, efectuado pelo Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social: “Hoje o empresário já pode, no conforto do seu escritório, imprimir online a sua certidão de quitação para participar em concursos de empreitada e prestação de serviços ao Estado”, disse. Portanto, conforme sublinhou, com esta e outras reformas implementadas no sistema de segurança social, o pedido para fixação de uma pensão que antes levava cerca de dois anos para responder, agora responde-se entre 15 a 30 dias. “As outras prestações que variavam de três a seis meses, levam sete dias, excluindo o subsídio de funeral que é dado no mesmo dia e a certidão de quitação que levava mais de sete dias, já é impressa no mesmo momento, desde que o empresário esteja quite e não tenha dívidas com o INSS”, disse. Peritos africanos reúnem-se em Maputo O Millennium bim e a Agência para a Promoção de Investimento e Exportações (APIEX) assinaram, semana finda, um acordo de parceria para a promoção de exportações e internacionalização de empresas nacionais e atracção de investimento estrangeiro para a economia moçambicana. No âmbito desta parceria, as duas entidades irão trabalhar de forma conjunta e coordenada de forma a criar sinergias que se traduzam num apoio efectivo às empresas e empresários moçambicanos. O Millennium bim e a APIEX definiram diversas áreas de intervenção conjunta, nomeadamente, na partilha de informação, na promoção de investimentos e na facilitação de contactos com potenciais investidores nacionais e internacionais. Segundo o mesmo acordo, os membros da APIEX terão ainda acesso a um conjunto de vantagens e produtos exclusivos do Banco. Na ocasião, o Director-geral da APIEX, Lourenço Sambo, destacou a importância do acto e disse “é de louvar a aproximação do banco na celebração do memorando sendo que se aproxima a FACIM a assinatura deste memorando será uma mais-valia para as duas instituições”. Por seu turno, Fernando Carvalho, administrador do Millennium bim, afirmou: “esta parceria é mais um contributo do Banco para o desenvolvimento sustentável da economia moçambicana através da promoção de exportações e da atracção de investimento que beneficiam directamente a vida dos moçambicanos”. “Reforçamos, assim, o nosso compromisso enquanto instituição financeira de referência no apoio às Empresas e à Economia de Moçambique”, acrescentou. O objectivo do Millennium bim é continuar na vanguarda do apoio às empresas, proporcionando-lhes uma proposta de valor sustentada e relevante para o seu negócio. O Millennium bim é o maior grupo financeiro de Moçambique, tendo, actualmente, 1,8 milhões de clientes. Bim e APIEX juntam-se na promoção de empresas moçambicanas Agenda Cultural Cine-Gilberto Mendes Sextas, Sábados, Domingos e Feriados 18h30 Apresenta a peça“My Love” Maputo Waterfront Todas Sextas, 19h Jantar Dancante com Alexandre Mazuze Todos Sábados, 19h Música com Zé Barata ou Fernando Luís Chefs Restaurante Todas Sextas, 19h Música ao vivo Savana 27-07-2018 EVENTOS 4 ANOS 4ª Série 2018 10 a 12 de Agosto Dedicada ao Maestro José António Abreu Noite Clássica Centro Cultural Ntsindya Dia 10 18h30 Entrada livre 5 Anos 4 Estações C. Cultural Franco Moçambicano Dia 11 19h30 350 MZN Tarde para Pais e Filhos Montebelo Indy Maputo Congress Hotel Dia 12 16h00 Entrada livre A primeira edição do #ideate Bootcamp, promovido pelo Standard Bank, através da sua Incubadora de Negócios, em parceria com a IdeiaLab, proporcionou, entre 19 e 21 de Julho, em Maputo, a 42 jovens aspirantes a empreendedores, a oportunidade de apresentar as suas ideias de negócio e auscultar potenciais clientes e beneficiários, com vista ao seu aperfeiçoamento. Durante a formação em matéria de concepção e validação de ideias de negócios, os participantes aprenderam as metodologias Lean Startup e Design Thinking, para entender os desafios da comunidade e validar os seus pressupostos; aprenderam técnicas de design e construção de um Produto Mínimo Viável (MVP) e, ainda, construção do Value Proposition Canvas e do Business Model Canvas. No fim, os jovens fizeram um Pitch (apresentação) dos seus projectos, tendo aplicado os conhecimentos adquiridos na formação e as sugestões colhidas do público interpelado nas artérias da cidade, durante o processo de validação das ideias. Conforme explicou o director da Promover empreendedorismo para ter uma economia forte Banca de Particulares e de Negócios do Standard Bank, Victor Jardim, o #ideate Bootcamp foi concebido para ajudar os jovens a estruturar as suas ideias de negócio e ultrapassar as dificuldades que, porventura, possam enfrentar. A iniciativa visa, igualmente, instigar os jovens a criar negócios que tenham impacto na comunidade, ajudando a resolver os problemas do dia-a-dia de forma simples e criativa, para além de gerar postos de trabalho para outras pessoas. “O Standard Bank está focado no desenvolvimento do País, através do financiamento à economia e, como tal, acredita que uma das formas de alcançar este objectivo é apoiar as Pequenas e Médias Empresas, startups e empreendedores. Só com uma cultura de empreendedorismo, podemos ter uma economia forte e fazer o nosso País seguir em frente, assim como realizar o sonho de cada um dos moçambicanos”, disse Victor Jardim, referindo-se às razões que levaram o Standard Bank a conceber o #ideate Bootcamp, que acontece pela primeira vez no País. Por seu turno, Adelina Nhanala, coordenadora do #ideate Bootcamp, fez um balanço positivo da primeira edição da iniciativa, durante a qual os participantes se inteiraram dos problemas que o público enfrenta e, a partir disso, conceberam e testaram possíveis soluções. “Foi importante para nós, porque percebemos que há jovens interessados em participar em iniciativas como esta. Os jovens pretendem mudar o mundo e durante o #ideate Bootcamp apresentaram muitas e boas soluções, que esperamos que, daqui a algum tempo, estejam no mercado”, afirmou Adelina Nhanala. A interacção e a oportunidade de partilhar as suas ideias foram dois aspectos realçados pelos participantes, que disseram ter adquirido conhecimentos que os vão ajudar a dar seguimento aos seus projectos. “Há muitos jovens com ideias brilhantes em Moçambique e o que eles precisam é de uma oportunidade para as partilhar. Isso foi possível no #ideate Bootcamp, por isso saímos daqui motivados e conscientes de que não podemos ajudar a resolver os problemas das pessoas, sem antes falarmos com elas”, considerou Denilson Chárviss, um dos participantes. Esta opinião foi partilhada por Alice Simbine, que apontou a validação das ideias, através da interacção com o público como uma das ferramentas importantes adquiridas durante a formação e que ajuda os empreendedores a melhorar os seus produtos ou serviços. “O #ideate Bootcamp deu-me mais confiança e coragem de trabalhar em grupo. Ter interagido com o público foi o que mais me marcou. O público aponta os aspectos positivos e negativos das nossas ideias e que nós, como empreendedores, não conseguimos ver. Ou seja, nem tudo o que projectamos é o que as pessoas gostariam de adquirir”, explicou Alice Simbine. O #ideate Bootcamp é um programa de imersão empresarial do Standard Bank que estimula o empreendedorismo e desenvolvimento de ideias inovadoras para a resolução de desafios, projectado para mostrar aos jovens como conceber e desenvolver uma ideia, elevando-os aos níveis de implementação e crescimento. Importa salientar que a Incubadora de Negócios do Standard Bank foi concebida para fomentar o empreendedorismo e fortalecer todo o ecossistema empresarial, através da promoção da inovação e conteúdo local. Por sua vez, a Ideialab, parceira da Incubadora nesta iniciativa, é uma empresa de consultoria e treinamento que oferece recursos para o desenvolvimento e gestão de negócios de forma sustentável. O administrador do distrito de Maringuè, na província de Sofala, Francisco Garife apelou ao envolvimento das comunidades no processo de fiscalização dos recursos naturais da acção dos furtivos, como único meio para acabar com aquela prática responsável pela devastação das florestas daquele ponto do pais e não só. Segundo aquele dirigente a fiscalização não é responsabilidade exclusiva do governo, com o agravante de que sozinho não pode chegar longe. Deste modo, entende que é imperiosa a colaboração dos líderes comunitários, dos comités de gestão dos recursos naturais e da população em geral para acabar o abate ilegal da madeira. Falando numa mesa redonda que visava analisar o ponto de situação do abate ilegal da madeira no seu distrito, que juntou diferentes intervenientes, Garife convidou aos presentes para denunciar qualquer acção dos furtivos, pois só com uma exploração sustentável o distrito pode obter ganhos. O distrito de Maringuè é rico em recursos florestais que na sua maioria são explorados por ilegais, o que não traz nenhum beneficio as comunidades. Para contrariar a situação, o administrador prometeu atribuir prémios monetários aos membros da comunidade que denunciem actos ilegais de exploração dos recursos. Explicou que as compensações vão provir das multas aplicadas aos furtivos e visa incentivar a fiscalização por parte dos membros das comunidades e por outro lado para que os furtivos não possam aliciar ao membros das comunidades que por via disso podem se tornar coniventes do furto dos recursos naturais. Envolver comunidade na fiscalização de recursos Por seu turno, o chefe do posto administrativo de Canxixe, Guilherme Diosse acredita que os comités são parte integrante das denúncias e são vigilantes dos recursos naturais. Fez notar que as capacitações dadas as comunidades e outras organizações devem ser usadas para proteger os recursos. O posto administrativo de Canxixe é um dos postos que mais sofre com a exploração ilegal dos recursos naturais, mas as comunidades acusam as autoridades de inércia em caso de denuncias ou pelo facto de nunca serem compensadas. Os presidentes dos comités de gestão dos recursos naturais confrontaram o administrador com o facto de não saberem do estágio das denuncias feitas, as penas aplicadas aos furtivos, o destino dado as madeiras apreendidas, o pagamento das multas bem como das compensações que tem por direito. O comité de Maneto, por exemplo, referiu que por não ver as suas denúncias atendidas optou por desistir de reportar os casos de exploração ilegal, dando a entender que há conivência entre os furtivos e os serviços distritais de fauna bravia com o intuito de descaminhar a madeira apreendida, o que constitui o revés ao árduo trabalho que tem desenvolvido. Por sua vez , a Livaningo, promotora do evento, entende que a solução passa por fazer denúncias desde o nível mais baixo, através de cartas com detalhes e evidencias aos chefes das localidades, chefes do posto, aos serviços distritais de actividades económicas e por fim o administrador, pois só assim se irá garantir que pelo menos um destes intervenientes irá tomar em conta o assunto e poderá aproximar as comunidades para prestação de contas.


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