sexta-feira, 27 de julho de 2018

Uma nova lufada financeira?

Uma nova lufada financeira?
A presença do PR Filipe Nyusi na cimeira dos BRICS na África do Sul terá dois momentos significativos. O primeiro é mostrar o desagrado no nosso Governo à Pretória com os “trabalhos” da Sasol e sua relutância em investir mais em Moçambique para além do seu enfoque no upstream da cadeia de valor do gás. Nosso Governo esperava uma participação financeira da Sasol no projecto da linha de alta tensão de Temane-Maputo. Há pouco mais de duas semanas, Bongani Nqwababa e Stephen Cornell, os dois CEO da Sasol, deixaram claro que a petroquímica não vai entrar por aí.
Mas não terem avistado o PR e o Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, deixou-os irados. Eles foram transmitir a Jeff Radebe, o seu Ministro da Energia, que foram mal recebidos em Maputo. E contaram que o ministro Max Tonela fê-los esperar cerca de 40 minutos. Para eles, isso era demais. Jeff Radebe acusou o toque e agora quer perceber afinal qual a razão para tamanha animosidade. Radebe está, pois, aberto a ter elementos que contraditem a aura imaculada que a Sasol pinta sobre si mesma na África do Sul. Filipe Nyusi tem pois a oportunidade da sua presença em Pretoria para jogar um novo baralho na mesa, pois nos próximos anos a RAS vai precisar do nosso gás para crescer, tanto mais não seja para melhorar a sua imagem de patinho feio dos Brics. Radebe tem uma compreensão sólida da importância do gás do Rovuma para a RAS, que supera de longe os benefícios gerados pela exploração da Sasol em Inhambane.
O segundo momento é que a cimeira na África do Sul está a ser usada para corredores diplomáticos bilaterais. Se não fosse por causa de sua agenda na comemoração do II Congresso da Frelimo em Matchedje, Nyusi já estaria lá há mais dias de mangas arregaçadas fazendo lobby para atracção de mais investimento para cá. Depois da cimeira, Narendra Mody (Índia) e Xi Jinping (China) estarão escalando outros países africanos - e ninguém virá a Moçambique. Seja como for, a cimeira de Pretória traz uma lufada de ar fresco para Moçambique. A China vai injectar mais fundos para o New Development Bank (NDB), o banco dos Brics, que não se pretende substituir ao Banco Mundial mas será um actor de peso para reforçar o multilateralismo numa era em que a América de Trump se escuda no proteccionismo com políticas que, inclusive, podem afectar aquela sua cedência tarifária para Africa chamada AGOA.
O NDB vai ser uma alavanca financeira de peso para países como o nosso. Uma alternativa ao dinheiro ocidental. Mas o acesso aos fundos vai ser competitivo. A RAS já está a dizer que espera receber do NDB nos próximos cincos anos 50 bilhoes de USD. E nós o que esperamos? O que queremos? Como estamos “vendendo” a importância do Canal de Moçambique na geopolítica? Será que sabemos doutros nossos trunfos geoestratégicos para além do gás. E será que estamos a conseguir saber vender isso?
Comentários
Francey Zeúte Belíssimo! Estão lançados os dados. Politica ao mais alto nível.
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Sic Spirou De facto precisam se novos financiadores pra além daqueles "bandidos da mão externa" com as tais altas taxas... mas e esse dos BRICS que garantias vão querer de nós !; não será a garantia " por exclusividade" do que tem Moçambique no seu subsolo e no fundo do mar!? Socialismo e movimento dos não-alinhados, já não funciona nesta era! A ver vamos se este grupo não será mais "rapinoso" do que os de Washington e cia.
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Francey Zeúte Pois, mas mais ainda há que nua repetir os erros do passado. Aquelas isenções fiscais concedidas a malta Mozal e mesmo a SASOL não podem ser repetidas. É preciso estarmos prontos para negociar e negociar bem esse tal gás senão vai ser a repetição do passado.
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Sic Spirou Isso já são acordos bilaterais. Vão sempre dizer que temos a terra mas não tecnologia e que isso requer investimentos e dinheiro etc. Logo vais ter que ceder. Socialismo acabou djo ehheehh
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Sic Spirou ..problema de país como nosso, é ter mania de achar que basta ter a riqueza por debaixo dos pés, é só andar atrás de quem os recursos. Não formamos pessoas, não investimos a longo prazo...enfim.
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Francey Zeúte Sic Spirou experts em IMPROVISAR e de improviso a improviso vamos lixando com tudo isto.
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Jr Chauque A minha preocupação é como controlada esse dinheiro se chegar o nosso dia, se realmente será transparente o uso porque... Hawéni nikaralili yiku yivéliwa
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Imtiaz Vala So tenho a dizer que o tiro saiu pela culatra!Quando Ocidente pretender fazer marcha atrás,será tarde demais e Moçambique e Angola estarão a dizer "Nao muito obrigado"..

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