Director: Lourenço Jossias | Editor: Nelo Cossa | Maputo, 17 de Julho de 2018 | SAI ÀS TERÇAS |Ano XI | Nº 582
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Samito Machel e
Comiche disputam
“internas” de Maputo
Mia Couto critica
maus assessores
dos dirigentes
Hunguana
arrepiado
com
ilegalidade
Vale destrói cemitério e
deixa moradores enfurecidos
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2 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
Mia Couto deplora passividade face ao
crime e critica maus assessores
Sumana defende
prevenção mais eficaz
contra corrupção na AT
Falando aos funcionários da
Autoridade Tributária de Moçambique
(AT), o magistrado
do Ministério Público e presidente
da Associação dos procuradores,
Eduardo Sumana,
defendeu que a eficácia da luta
contra à corrupção depende de
um sistema preventivo eficaz
e repressivo, interno, de cada
instituição.
De acordo com Sumana, no
quadro de prevenção geral, deve-se
ter em conta, também, o
papel da sociedade civil, usando
como recurso a formação
alargada e transversal, promovendo,
não só o conhecimento
do fenómeno, como também
um maior envolvimento na
sua erradicação, através da
sensibilização e da participação
cívica na denúncia das situações
de corrupção.
“É, pois, fundamental que a
sociedade civil participe activamente,
por meio de acompanhamento
e controlo dos
gastos públicos, monitorando
permanentemente as acções
dos organismos públicos, exigindo
o uso adequado dos
recursos públicos, de forma
a contribuir para a correcta
aplicação desses recursos”, referiu
o procurador sublinhando
que a corrupção é um dos
grandes desafios que os Estados
enfrentam na batalha pelo
desenvolvimento e boa governação,
na medida em que
debilita e corrói os efeitos do
progresso, impedindo a estabilidade,
o bem-estar geral dos
povos e o crescimento económico,
desencorajando deste
modo o investimento.
É importante, de acordo com
Eduardo Sumana, a promoção
de uma cultura organizacional
que evite a corrupção, nomeadamente,
através da adopção
de códigos de conduta com
responsabilização ética de todos
os servidores, promoção
de formação contínua dos seus
servidores públicos, nomeadamente
no que se refere à ética,
deontologia profissional, identificação
e denúncia de situações
de corrupção.
destaques
África do Sul trata desumanamente os imigrantes ilegais
O Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique acusou quartafeira,
em Maputo, as autoridades sul-africanas de deportarem cidadãos moçambicanos de “forma
desumana”. .
Convidado a dar o que
ele próprio chamou de
“um meio” olhar sobre a
justiça em Moçambique, o
escritor Mia Couto deplorou
a passividade dos
órgãos de administração
da justiça no combate
à grande criminalidade.
Couto, em parte, culpa os
assessores dos dirigentes
que vendem a falsa
ideia de que está tudo
bem e assim as coisas se
perpetuam mal.
Abanês Ndanda
Talvez por ter falado
numa altura
em que todas
as atenções e
emoções se encontravam
viradas para o
mundial de futebol, Mia Couto
fez um paralelismo entre o
futebol e a sociedade, sendo
que o relvado corresponderia
na sociedade ao campo da
justiça. Assim, similarizando
os cenários, buscou o linguajar
desportivo: “o árbitro foi
comprado” para demonstrar
a sensação que toma conta
de quem se sente apunhalado
pela justiça ficando a ideia
de que “o juiz foi comprado”.
Depois de elencar casos e
casos arrepiantes, que não
tiveram o devido esclarecimento,
havendo até quase
clareza dos seus mandantes
que nada lhes acontece, Mia
Couto reconheceu, por um
lado, a existência de vontade
de actuação por parte
de dirigentes de instituições
de administração da justiça.
Mas, por um lado, criticou
sem apontar dedos sobre a
existência de pessoas “que
fazem do Estado a sua machamba
privada”. Associado
a este facto, reduzem a nada
a boa vontade por um bom
funcionamento de justiça os
assessores. “Há culpa nos
maus assessores que apresentam
relatórios cor-de-rosa
camuflando a realidade. Dizem,
está tudo bem quando
não está”, atirou Mia Couto
contra os ‘gate killers’.
Admitindo a razoabilidade,
nalguns casos de afirmações
de que “o juiz foi comprado”.
Para o escritor, é também
verdade que parte dos
processos malparados que
existem, não têm a ver com a
corrupção.
“Em nenhum lado do mundo,
um magistrado pode agir
contra o crime se não estiver
protegido contra o criminoso.
Acho que uma parte dos processos
judiciais que fica por
resolver, tem razão de ser
neste ponto. É possível que,
entre vocês magistrados, haja
medo”, referiu o escritor de
veia única.
Com esta afirmação, Couto
analisava a crítica exagerada
feita pelo cidadão sobre
a administração da justiça.
“O cidadão tem uma crítica
fácil em relação à justiça,
que a acusa de ser corrupta.
Mas será que ele (o cidadão)
se imagina na pele de alguém
que tem que prender
e enfrentar poderes que, às
vezes, não são tão visíveis”,
perguntou sem exigir resposta.
Voltando ao paralelismo com
as quatro linhas do mundial,
Couto adverte, para todos os
efeitos que à semelhança do
que acontece com a criança
quando chora, por se sentir
injustiçada mesmo quando
na verdade não se verifique
uma injustiça, quanto à justiça
o cenário não é muito diferente;
“a injustiça pode ser
inventada, mas as lágrimas
são sempre verdadeiras”, tal
como acontece com os admiradores
de Neymar que, longe
de imaginar não se tratar
de uma queda sem razão, o
sentimento de “árbitro” comprado
gera a mesma dor.
Samora Machel Jr e Eneas
Comiche são nomes que continuam
na corrida a cabeça-
-de-lista na eleição interna da
Frelimo para o escrutínio autárquico
de Maputo.
Esta informação foi tornada
pública, segundo a estação
pública de Rádio, pelo Primeiro
Secretário do partido
ao nível da Cidade de Maputo,
Francisco Mabjaia, no último
Sábado.
Machel Júnior, filho do antigo
Presidente da República,
Samora Machel e Eneas Comiche,
antigo autarca de Maputo
e actualmente deputado
na Assembleia da República,
deixaram para traz nomes
como Edson Macuácua, Fernando
Sumbana Jr e Gilberto
Mendes.
Depois de ser eleito em 2003,
Comiche assumiu a edilidade
de Maputo em 2004, tendo
deixado o cargo em 2009
como resultado das eleições
de 2008 que deram vitória ao
candidato do seu partido, David
Simango.
Eneas Comiche, a ser chancelado
para candidato da
Frelimo, é uma figura a ter
em conta, uma vez que na
sua passagem pelo município
manteve boa reputação, diante
dos munícipes e dos mais
importantes círculos de opinião
com a fama de dirigente
honesto, probo e impermeável
a actos de corrupção, mesmo
entre os seus camaradas.
Neste momento, grande homem
de contas, Comiche é o
chefe da Comissão de Plano e
Orçamento na casa do povo.
Samora Machel Júnior, Samito,
como é carinhosamente
tratado pelos mais próximos,
é filho do pai da nação moçambicana,
o saudoso Samora
Machel e acredita-se que
a simpatia com a imagem do
seu pai possa contar muito a
seu favor não só para a sua
aceitação como candidato da
Frelimo, como também para
uma vitória, caso seja chancelado
candidato.
No entanto, o MAGAZINE
Independente sabe, também,
que Machel foi, há dias, ouvido
no Gabinete Central
de Combate à Corrupção
(GCCC) num processo que,
dependendo da procuradoria
e do lobby do partido a favor
do ainda pré-candidato, poderá
subir para um tribunal em
pouco tempo.
Abanês Ndanda
Samito Machel e Comiche finalistas
nas “internas” de Maputo Foto: Nilton Cumbe
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 3
Luz verde para a Assembleia
da República avançar
O constitucionalista
moçambicano, Teodato
Hunguana, considera que
a realização das eleições,
convocadas antes das
alterações que aconteceram
e ainda se pretendem
completar, representaria
uma violação grossa ao
princípio da legalidade e
uma “perigosa relativização”
da Constituição.
Abanês Ndanda
Em contacto com
o MAGAZINE
Independente,
Teodato Hunguana
começou
por corroborar com as afirmações
do doutrinário Teodoro
Waty, que disse que a
decisão da Comissão Nacional
de Eleições só peca por
ser tardia, abortando a ‘decolagem
com o avião quase
no fim da pista’.
“Eu vou mais longe ainda”,
asseverou Teodato Hunguana,
sublinhando que o calendário
eleitoral só deveria
começar a ser posto em
marcha depois da aprovação
de toda a legislação a
reger o processo, porque “a
própria alteração do quadro
legal, depois da marcação
da data de eleições,
viola o princípio da legalidade”.
Sobre o princípio da
legalidade, o número 3 do
artigo 2 da Constituição estabelece
que “o Estado subordina-se
à Constituição e
funda-se na legalidade”.
Assim, por maioria de lógica,
só depois da aprovação
de todo pacote legislativo o
Governo deveria convocar
as eleições.
Com base no
entendimento
expresso
por Teodado
Hunguana,
“não podem
ocorrer alterações
do
quadro legal
que governa
as eleições no
período entre
a marcação da respectiva
data e a sua realização, sob
pena de se impor o reajustamento
desta data”.
Para Hunguana, “no nosso
País ainda não se assumiu
plenamente o princípio da
supremacia absoluta da
Constituição, antes está-se
numa fase de recorrente e
perigosa relativização”, razão
pela qual, “só se pode
esperar que a presente indecisão,
ou suspensão, não
se prolongue indefinidamente”.
Nesta ideia-base,
Hunguana ainda acredita
que “a marcação da nova
data para a realização das
eleições terá de ser feita de
acordo com os prazos legais
que a marcação obedece”.
É entendimento do trilhado
em direito que depois
de se alterar a constituição,
qualquer hesitação em implementar
essa alteração,
acaba por constituir uma
flagrante inconstitucionalidade,
por omissão de conformação
legal com a mesma
constituição.
O interlocutor do MAGAZINE
se referia, sem sombra
de dúvida ao facto de a Assembleia
da República (AR)
não ter realizado a sessão
que apreciaria e aprovaria
a legislação ordinária para
conformar o pacote eleitoral
à alteração constitucional
operada em função do
acordo entre o Presidente
da República, Filipe Nyusi
e o antigo líder da Renamo
Afonso Dhlakama.
Em relação ao posicionamento
da bancada parlamentar
da Frelimo, a maioria
no órgão legislativo-mor,
não poderia ter sido menos
incisivo e disparou: “arrepia-me
a ideia de que a conformação
com a Constituição
possa constituir moeda
de troca em qualquer negociação”.
Contra o que pode parecer
bipolarização de negociação
do modelo de descentralização
e desconcentração,
envolvendo a
Renamo e Governo
dirigido
pela Frelimo,
Hunguana sublinhou
que “a
descentralização
não é interesse
ou programa
de um
determinado partido” mas
sim “interesse e programa
de consolidação do Estado
moçambicano, que por
várias circunstância sofreu
paragens e retrocessos”,
mas que nem por isso deixou
de ser, cedo ou tarde
“o caminho incontornável
para a consolidação do nosso
Estado nas condições de
hoje”.
“Por isso, não é estranho
que haja consensos para
se introduzir alterações à
Constituição com esse obTeodato
Hunguna arrepia-se com
pontapés à legalidade
“Não podem
ocorrer altera- ções do quadro
legal que governa
as eleições no
período entre a
marcação da res- pectiva data e a
sua realização”
jectivo. O que é estranho
é que depois não haja consensos
para se implementar
as alterações”, desanuviou.
O Chefe do Estado, Filipe Nyusi,
e o líder interino da Renamo,
General Ossufo Momade, viabilizaram,
semana finda, o avanço
do processo que poderá ditar a
realização das eleições autárquicas
agendadas para 10 de Outubro,
dado que as mesmas estavam
refém dos consensos sobre
os assuntos de desmilitarização
da Renamo.
Com incertezas sobre a data da
realização das autárquicas, dado
o aperto do calendário originado
pelos condicionalismos impostos
pela bancada Frelimo em relação
ao assunto da desmilitarização
da Renamo, as duas lideranças
deram o aval às duas bancadas
para avançarem com a adequação
do pacote eleitoral relativo
ao processo municipal fruto da
aprovação da lei de descentralização.
O acordo alcançado dá luz verde
ao parlamento para avançar
com a aprovaçâo do pacote eleitoral,
embora haja desafios de
natura temporal devido ao atraso
nos “Timings” predefinidos
para o início do processo eleitoral
autárquico.
Do encontro entre as duas lideranças
ficou o compromisso de
a Renamo apresentar, nos próximos
10 dias, a contar da data
posterior ao encontro, a lista dos
efectivos dos seus homens residuais,
que deverão ser desmobilizados
e integrados nas Forças de
Defesa e Segurança (FDS).
“Da conversa que tivemos com o
Chefe de Estado, nós chegamos
ao consenso de que há possibilidades
de enquadramos (os homens
armados da Renamo) na
Polícia e nas Forças de Defesa e
Segurança, através da lista que
vamos entregar”, explicou Ossufo
Momade, líder interino da
Renamo, momentos após o encontro
com Nyusi.
Para Nyusi, o processo de reintegração
será gradual e vai obedecer
ao princípio de paridade na
distribuição das chefias, do Exército
e da Polícia.
“Dentro de dias teremos que ter
as listas das pessoas que devem
integrar ou nas Forças Armadas
ou na Polícia, numa fase gradual”,
confirmou Nyusi.
O processo de integração dos
homens armados da Renamo
foi sempre um dos assuntos que
esteve na origem dos desentendimentos
das negociações entre
as duas parte desde o processo
negocial das mais de cem rondas
no Centro de Conferências Joaquim
Chissano até ao de Hotel
Avenida, onde o governo acusava
à Renamo de negar apresentar
a lista dos homens armados.
Entretanto, a Renamo, através
da sua chefe da bancada Ivone
Soares, afirmou, semana finda,
que a urgência do processo de
desarmamento é do inteiro interesse
da Renamo, porém o
mesmo deve ocorrer obedecendo
o acordado nos termos de referência
onde figura a integração,
reintegração, desmobilização e
desarmamento.
Fontes ligadas as três bancadas
parlamentares, da Frelimo, Renamo
e MDM, afiançaram ao
MAGAZINE que as mesmas
irão em consenso aprovar os
instrumentos que deverão viabilizar
a realização das eleições
autárquicas, dado que já foram
produzidos os pareceres sobre o
processo e há consenso.
Elísio Muchanga
Foto: Nilton Cumbe
4 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
destaques
Malfeitores matam e rouba armamento no norte
Um grupo armado matou duas pessoas, feriu dois agentes das autoridades e roubou armamento
na noite de terça-feira, em Quisingule, aldeia remota do Norte de Moçambique.
Comissão Permanente
da AR reúne-se com
consensos à vista
A Comissão Permanente da
Assembleia da República
(AR) marcou para os dias 18
e 19 do corrente mês, a sessão
extraordinária da AR, após
um impasse suscitado pela
bancada da Frelimo.
Segundo Mateus Khatupa,
porta-voz da Comissão Permanente
da AR, existem
condições para a realização
da sessão extraordinária para
esta 4ª e 5ª feira do corrente.
A sessão extraordinária visa
ajustar a proposta do novo
pacote eleitoral, na sequência
da recente revisão pontual da
Constituição da República.
Trata-se das propostas de alteração
das leis de implementação
das autarquias locais,
bem como de eleição dos
presidentes dos municípios e
dos membros das assembleias
municipais e de povoação.
Ao solicitar o adiamento da
sessão, a Frelimo apresentou
o argumento sobre a necessidade
de desmilitarização da
Renamo, como condição para
a realização da sessão.
Entretanto, a marcação da
sessão extraordinária surge
dias depois de o Presidente
da República, Filipe Nyusi,
e o coordenador da Comissão
Política da Renamo, Ossufo
Momade, terem chegado a
consensos sobre as questões
militares, abrindo, desta forma,
espaço para se ultrapassar
o impasse na Assembleia
da República.
Por outro, mesmo com os
consensos alcançados, a Comissão
Nacional de Eleições
salienta que quando estiver
pronta a legislação deverá recalendarizar
o processo eleitoral,
tendo em conta, por
exemplo, que a entrega de
candidaturas, o ponto onde
se parou, deveria ter tido início
no dia 5 de Julho corrente.
Elísio Muchanga
Vale destrói cemitério em Moatize e
deixa moradores enfurecidos
Perto de 1365 famílias
reassentadas nos bairros
de Cateme e de 25
de Setembro, na vila de
Moatize, Província de
Tete, lavraram uma carta
de repúdio à empresa Vale
Moçambique, que destruiu
o seu cemitério na
comunidade de Chipanga.
São sepulturas feitas
desde a década 30 até
ao presente ano naquele
local sagrado e que no
princípio de Maio último,
foram destruídas e os
túmulos arremessados
em local incerto.
António Zacarias, em
Tete
A destruição daquele
cemitério
pode ter ocorrido
na primeira
semana de Maio
último, mas ficaram indiferentes
as autoridades tradicionais
e até de governação
institucional, devido a expectativa
de que a mineradora
poderia desembolsar valores
para compensação. O acto
chocou muitas sensibilidades
que não encontram túmulos
dos seus familiares antes sepultados
em Chipanga. Ou
seja, já não existe cemitério
nenhum onde jaziam os falecidos
e antepassados das
famílias Dzimba, Mualuza,
Esclarecimento
Na semana passada, num artigo intitulado “Assédios e ameaças
nas internas da Frelimo na Matola”, publicado na página 4 da
edição número 581 do MAGAZINE Independente fez-se erradamente
referência ao apoio da candidatura de Milagre Manhique
a candidato para cabeça-de-lista pelos comités de circulo de
Nkhobe, Matola-Gare, Machava KM15 e Machava-Sede, quando,
na verdade, se trata de Nkhobe, Matola-Gare, Machava KM15
e Infulene “A”. Houve troca de Infulene “A” por Machava-sede,
pelos transtornos pedimos desculpas aos leitores, no geral, e, em
particular, aos visados.
A Direcção Editorial
Muamphera, Casso, Dique,
Candrinho, Levene, Ferro,
Landinho, Teimoso, Solomone,
Fortuna, Chaola, Cebola,
Catherene, Oliveira, Sinati,
Paomanguiro, Almoço, Petulo,
Djessi, Tchale, alguineiro,
Jhone, Feito entre outras,
desde os anos 30.
Na carta lavrada à Vale está
nítido que em tempos, 2015,
aquela mineradora abriu e
vedou um novo espaço para
implantação do cemitério em
Cateme, onde estão reassentadas
algumas famílias de
perfil rural, mas rejeitado
pela comunidade. Conhecido
por novo cemitério, nele ainda
não houve nenhuma sepultura
porque a comunidade
aguarda ainda pela libertação
de um valor da Vale para
realizar uma cerimónia de
consagração tradicional do
local. Esta cerimónia, nos
costumes daquela comunidade,
envolve custos e é de
grande ónus tradicional. Até
porque é dirigida por pessoas
especializadas em matérias
de médiuns espíritas.
Lê-se nessa carta de 11 pontos,
que mesmo sem a realização
dessa indispensável cerimónia
tradicional, para dar
lugar ao uso do novo cemitério,
contrariamente à vontade
popular, no dia 7 de Maio
último, a comunidade reassentada
em Cateme deparou-
-se com um enorme campo
baldio aberto por máquinas
niveladoras no local onde
havia o cemitério, junto ao
bairro da extinta CARBOMOC,
na zona limítrofe do
conhecido bairro de Berlim,
em Moatize.
Se já constitui um facto que
o reassentamento das famílias
afectadas pela exploração
de carvão mineral feita
pela empresa Vale Moçambique,
sobretudo na comunidade
de Cateme, foi desde
logo tido como a mais visível
referência de um reassenta-
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 5
Assédios e ameaças dão resultados
nas “internas” da Frelimo na Matola
mento injusto, inquinado de
diversas ilegalidades e ofensivo
aos direitos fundamentais
das comunidades locais,
a destruição do cemitério da
comunidade elimina no total,
os valores e campo dos
ancestrais daqueles cidadãos.
Aliás, a gravidade das situações
criadas por este reassentamento
é tal, que é sempre
mencionado pela sociedade
como exemplo do que não
deve ser feito nos reassentamentos.
As famílias que hoje choram
pelos túmulos ou sepulturas
dos seus ente-queridos, choraram
antes aquando do desaparecimento
físico desses
mesmos. Estavam antes juntas,
mas foram divididas em
dois grupos, de acordo com a
actividade económica desenvolvida,
dado que as famílias
rurais, compostas de camponeses,
pastores e desempregados,
foram reassentadas
na localidade de Cateme. As
famílias semi-urbanas, compostas
principalmente de
comerciantes, carpinteiros,
mecânicos, entre outros, foram
deslocadas para o assentamento
de 25 de Setembro.
O plano de reassentamento
da Vale previa a transferência
de todas as 1.313 famílias
registadas para os referidos
assentamentos, mas 308 delas
se recusaram a aceitar a
proposta de reassentamento
e optaram por receber uma
“indemnização assistida” no
lugar das compensações oferecidas
pela empresa, mas
todas já não possuem cemitério
onde haviam sepultado
os seus ente-queridos em
Chipanga.
A carta da comunidade afectada
por esta acção da Vale
deu entrada nos escritórios
da mineradora a 31 de Maio,
segundo atesta o carimbo
de entrada. No dia seguinte,
neste caso, 1 de Junho, a
mesma carta deu entrada no
governo do distrito de Moatize,
tal como está confirmado
pelo carimbo daquela
instituição. No entanto, não
houve ainda espaço para as
partes desavindas se encontrarem.
O documento intitulado
“Profanação de Túmulos no
Cemitério de Chipanga”, relata
que as comunidades de
Cateme e de 25 de Setembro,
reassentadas em 2009 e 2010,
respectivamente, servem-se
da presente para se dirigirem
à Direcção da Empresa Vale
Moçambique e manifestar o
seu repúdio pela profanação
dos túmulos dos seus ente-
-queridos no cemitério da comunidade.
A comunidade de Chipanga
foi reassentada em 25 de
Setembro e em Cateme, deixando
para trás o cemitério
local onde há gerações vinham
sendo sepultados seus
ente-queridos.
No seu ponto 2 relata que
durante o processo de reassentamento,
ficou acordado
que o cemitério deveria ser
vedado pela Vale e ser considerado
local sagrado para a
comunidade.
Entretanto, de acordo com
a missiva, em 2015 foi edificado
um novo cemitério na
zona de reassentamento em
Cateme, porém, até a data
ninguém da comunidade ainda
foi enterrado nesse local,
porquanto de acordo com
a tradição da comunidade,
os funerais apenas podem
ocorrer, no novo cemitério,
depois de ser realizado uma
cerimónia tradicional que
consiste no pedido de autorização
aos espíritos e recolha
de uma parte da terra no local
onde repousam os antepassados.
Diz ainda que é neste âmbito
que em 2018, depois de
reabilitado o novo cemitério
em Cateme, as comunidades
solicitaram o apoio da
Vale Moçambique, para a
realização da referida cerimónia,
mas em vão. No dia
07 de Maio uma comissão
da comunidade de Cateme
deslocou-se ao cemitério de
Chipanga. Contrariamente
à vontade da comunidade, a
Vale disponibilizou uma viatura
para transportar apenas
5 pessoas quando a comunidade
pretendia que se deslocassem
cerca de 20.
Já no local, como está plasmado
no ponto 6, os membros
da comunidade ficaram
chocados ao constatar que os
túmulos foram profanados e
as ossadas dos ente-queridos
levados param lugar incerto,
contrariando tudo aquilo que
tinha sido acordado com a
Empresa Vale.
A denúncia, cuja cópia está
na posse do MAGAZINE ,
dá a conhecer que o mais
agravante é que o processo
de retirada das ossadas não
foi informado aos familiares
e nem se respeitou qualquer
cerimónia, atendendo que,
como acima já foi referido, o
local ser sagrado para as comunidades
de Cateme e 25
de Setembro.
A comunidade diz na carta
ter questionado a empresa
Vale sobre as razões de tal
procedimento. No entanto,
os representantes da Empresa
Vale, segundo o ponto 8,
os presentes no terreno desculparam-se
alegando que
as coisas assim aconteceram
porque pensaram que o cemitério
pertencia à comunidade
do “Bairro 10”.
Já no ponto 9, diz a carta
que a comunidade não compreender
como uma empresa
da dimensão da Vale Moçambique
que, para além ter
a responsabilidade de conservar
o cemitério, dispõe de
todos os elementos que identificam
o local, sendo documentos,
registos, listas, GPS,
entre outros, pode cometer
tal erro.
Em resultado disso, a comunidade
de Cateme já não
poderá enterrar os seus ente-
-queridos no novo cemitério,
visto que a cerimonia já não
poderá ser realizada, porque
o local sagrado foi profanado;
para não falar de outras
consequências nefastas que
poderão advir do facto de
terem sido desrespeitos os
espíritos dos antepassados,
como diz a terminar que em
face do exposto e, atendendo
a gravidade da situação
ocorrida, que é da inteira
responsabilidade da Empresa
Vale Moçambique, as
comunidades de Cateme e
25 de Setembro servem-se
da presente para solicitarem
um encontro urgente com os
representantes da empresa,
com poderes bastantes, para
ser discutida a melhor forma
de se resolver a questão
da profanação dos túmulos
e devolver-se a dignidade
aos familiares dos falecidos
exumados à revelia. No entanto,
até à data ainda não
foi realizada nenhuma reunião
nesse sentido.
A Vale reitera sua abertura
É muito titânico o esforço
que deve ser feito para se
chegar à fala com a Vale. A
8 de Junho, pela manhã, o
MAGAZINE esteve nos escritórios
da Vale. Não conseguiu
encontrar praticamente
ninguém autorizado a falar
em nome daquela mineradora,
a maior no ramo de exploração
de carvão mineral
no país. Por via de um endereço
electrónico facultado pela
segurança interna da Vale,
endereçamos uma mensagem
solicitando o direito de resposta
à Vale, segundo determina
a lei.
Olívia Bravo, da gerência de
comunicação naquela empresa
respondeu na Sexta-feira, 15
de Junho em curso, que “por
meio desta, confirma-se que a
Vale recebeu uma petição submetida
por um grupo de membros
da comunidade sobre o
assunto. Ciente da importância
deste assunto, a Vale está
a preparar um encontro com
os representantes das referidas
comunidades para um diálogo
mais aberto com vista a esclarecer
e encontrar consensos”.
No final, aquela multinacional
brasileira, através da Olívia
Bravo disse que “a Vale reitera
a sua abertura para um
diálogo permanente com as
comunidades e outros parceiros”.
Depois de o MAGAZINE
Independente ter noticiado
sobre assédios e ameaças visando
secretários de comités
de círculos proponentes de
candidato a cabeça-de-lista
pelo Partido Frelimo ao nível
da Autarquia da Matola,
eis que chegam informações
de que as ameaças e assédios
estão mesmo a resultar.
Recentemente, a secretária
do comité de círculo do
bairro Nkhobe, Donia Aly
Massinga terá recuado da
decisão de propor a candidatura
de Milagre Manhique
a candidato interno
para escrutínio da cabeça-
-de-lista.
Inicialmente proposto por
quatro comités de círculos,
nomeadamente, Nkobe, Matola-Gare,
Machava KM15
e Infulene “A”, agora, com
a retirada da proposta de
Nkhobe, resta a Manhique
o apoio de três Comités de
círculos.
Com o actual edil da Matola,
Calisto Cossa, candidato
natural, Milagre Manhique
proposto e apoiado, agora
por 3 comités de círculos,
Joquim Mundlovo e Ana
Maria, o ambiete deverá
continuar tenebroso, pelo
menos até ao pronunciamente
da Comissão Política
ou mesmo antes disse com
alguma palavra do comité
de verificação.
Contactada telefonicamente,
a secretária do comité
de círculo de Nkhobe
recusou-se tecer quaisquer
tipos de comentários ao
MAGAZINE Independente,
se limitando a interromper
a comunicação logo que a
questão foi lhe apresentado
e se furtando a confirmar ou
desmentir o seu recuo. Pretendia
a nossa equipa de reportagem
obter informação
sobre a veracidade da informação,
segundo a qual o
recuo foi quase forçado pelo
assédio/ameaça por parte
de algum dos também candidatos
a cabeça-de- lista
nas autárquicas a ter lugar
a 10 de Outubro.
Na semana passada, Milagre
Manhique já tinha
confirmado ter informações
apontando para assédios e
mesmo ameaças aos secretários
proponentes e apoiantes
da sua candidatura evitando,
porém, fazer qualquer
acusação a algum dos seus
concorrentes, deixando para
o Comité de Verificação do
Partido Frelimo que, segundo
ele, compete garantir o
decurso ordeiro do processo,
bem como o cumprimento
das directivas do Partido.
Abanês Ndanda
6 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
O gelo dos VIP
Paulo Tunhas*
opinião
Imigração, sofrimento e submissão
O que preocupa é o total desrespeito
pelos sentimentos partilhados
em faixas em muitos
casos maioritárias de várias populações
europeias que sentem
a ameaça da destruição do seu
modo habitual de viver
Estes últimos tempos têm sido
particularmente férteis em discussões
sobre as migrações.
Angela Merkel cedeu ao seu
parceiro de coligação, a CSU, e
anunciou que a Alemanha deportará
imigrantes registados
noutros países da União Europeia
(são muitos). No Conselho
Europeu, as discussões não
satisfazeram de modo algum
os adeptos de uma política de
abertura integral à imigração
que Merkel havia proposto em
2015. António Costa apelidou
a reunião do Conselho Europeu
de “horrível” e Augusto Santos
Silva, concordando com Costa,
declarou que, apesar de tudo,
o resultado não havia sido “desastroso”.
Desastroso, acrescentou
Marcelo, teria sido não ter
havido acordo nenhum.
No meio disto tudo, não faz
mal ler livros que, embora
apresentando uma visão particular
da situação, deixem ouvir
as várias vozes e os vários
argumentos usados no debate.
Foi o que eu fiz, para tentar
pôr, na medida do possível, as
ideias em ordem, e tirei da pilha
de livros para ler um livro
que estava lá há muitos meses.
Trata-se de uma obra publicada
no ano passado por Douglas
Murray, um jornalista da
revista Spectator, A estranha
morte da Europa. O livro, de
resto, foi traduzido recentemente
em português e publicado
pela editora Desassossego. Já
agora, a tradução do subtítulo
contém uma variação significativa
em relação ao original
inglês. Enquanto que neste se
lê: “Imigração, Identidade, Islão”,
a tradução portuguesa
apresenta: “Imigração, Identidade,
Religião”. Ignoro se esta
modificação foi acordada com
o autor. De qualquer maneira
é estranho, porque o argumento
central do livro gira em boa
parte em torno da questão da
compatibilidade do Islão com os
nossos hábitos civilizacionais e
nenhuma outra religião é, nesse
contexto, especificamente discutida.
E é difícil, a este respeito, não
nos lembrarmos do que o próprio
Murray escreve a propósito
da tentativa de silenciamento
por parte da polícia e das autoridades
de várias localidades
do norte da Inglaterra das violações
sistemáticas e em grande
escala de muito jovens raparigas
praticadas desde o início de
2000 por gangs de paquistaneses
e de indivíduos oriundos do norte
de África. Razão do silenciamento?
Obviamente, o receio de
contribuir para a “islamofobia”.
Estes receios vêm, é claro, de
atrás. Em 1999 Christian Jelen
havia denunciado, em A guerra
das ruas. A violência e “os jovens”,
a táctica utilizada pelo
jornalismo francês que consistia
em atribuir um certo número de
episódios de violência aos “jovens”
em geral quando estes encontravam
a sua origem numa
reduzida faixa destes: crianças
e adolescentes oriundos das
imigrações magrebina e africana.
A razão é sempre a mesma.
Murray tem óptimas páginas
em que explica este fenómeno:
tende-se a atacar os problemas
secundários (a suposta ou real
“islamofobia”) em vez do problema
principal que se encontra
na sua origem. A inversão
da atenção provoca nos críticos
da “islamofobia” o sentimento
de uma “elevação moral” que a
discussão do problema principal
não permitiria nunca. Claro que
tal atitude tem consequências: a
deterioração da linguagem num
sentido traz consigo fatalmente
a sua deterioração no sentido
oposto, nomeadamente a identificação
de todos os imigrantes
com terroristas. Com o espúrio
argumento de não se fazer o
jogo da extrema-direita, faz-se o
jogo da extrema-direita.
Murray encontra-se, é claro,
nos antípodas dessa posição.
Entre as melhores páginas do livro
encontram-se os relatos das
chegadas de imigrantes a Lampedusa
e a Lesbos. Há relatos
de refugiados absolutamente
aterrorizadores. E Murray não
cessa também de sublinhar a
extraordinária e heróica resiliência
e capacidade de ajuda
das muito exíguas populações
locais face ao extraordinário
número de refugiados que lá
chegavam quotidianamente
às mãos de traficantes que em
muitos casos cobravam preços
astronómicos. Mas o saber
isso e o perceber isso não
impede Murray de reconhecer
que entre os migrantes se encontravam
vários posteriores
fautores de ataques terroristas
na Europa. E, sobretudo, que a
identidade europeia corre, por
via das migrações, o risco de
uma transformação que a deixe
verdadeiramente irreconhecível.
O argumento “foi sempre assim
ao longo da nossa história”,
frequentemente utilizado, não
colhe e não é de socorro algum.
Esse é o verdadeiro tema do
livro. E a discussão processa-
-se pelo menos em dois planos.
Primeiro, num plano que se poderia
chamar filosófico; depois,
num plano mais propriamente
político. No plano filosófico,
Murray constata que a tendência
para não conseguirmos pensar
a nossa própria identidade
senão a partir do modelo de
uma consciência culpada, junta
às utópicas e nefastas miragens
do chamado “multiculturalismo”,
nos deixa praticamente
inermes face às tendências mais
agressivas do Islão. Exemplos
dados são várias reacções à
fatwalançada sobre Salman
Rushdie em 1989 e ao célebre
episódio dos cartoons dinamarqueses:
os mecanismos de
“compreensão” da agressividade
muçulmana funcionaram
em pleno. Acresce a isto uma
forma selvagem de cosmopolitismo
que vê na existência de
fronteiras a origem de todos os
males e que perverte o cosmopolitismo
kantiano e a ideia de
uma “hospitalidade universal”.
No plano político, o que o preocupa
é o total desrespeito pelos
sentimentos partilhados por
faixas em muitos casos maioritárias
de várias populações
europeias que sentem, em grau
variável, a ameaça da destruição
do seu modo habitual de
viver. Esse desrespeito, esse
desprezo, manifesta-se entre
outras coisas nas acusações
perpetuamente pronunciadas
de “xenofobia”, “racismo” e
“fascismo” a quem exprime tais
medos.
O livro sugere, com mais cepticismo
do que verdadeira
persuasão (Murray encontra-
-se perto da visão de Michel
Houellebecq em Submissão, ao
qual dedica óptimas páginas,
bem como, embora menos, da
do clássico maldito de Jean
Raspail, O Campo dos Santos,
de 1973) algumas soluções
para as actuais dificuldades.
Mas o essencial consiste verdadeiramente
na apresentação
dos vários aspectos do problema
e na decisão de não calar
nenhum deles: dito de outra
maneira, de olhar a realidade
de frente. Vale mesmo a pena
ser lido, embora seja duvidoso
que possa ser verdadeiramente
compreendido pela maior parte
dos políticos contemporâneos.
Como de costume, uma visão
das coisas a preto e branco é
declaradamente mais fácil. E
quando tem o efeito infalível de
sublinhar a nossa superioridade
moral, nem se fala. Mas se se
quiser encontrar a solução possível
para um problema desta
grandeza, atravessado por dilemas
dilacerantes, a pior atitude
imaginável é mesmo fechar os
olhos e limitarmo-nos a invocar
grandes princípios, sobretudo
quando estes são palpavelmente
falsos, como é o caso da fé
jurada numa harmonia pré-estabelecida
entre todas as culturas.
*Observador.Pt
Manuel Molinos
A dificuldade de passar a mensagem
da importância do combate
às alterações climáticas é
quase como tentar explicar a
um estrangeiro o significado de
saudade. É abstrato. Não existe
porque não se vê. Mas sente-se.
Ora está calor, ora está frio.
Ora chove, em pleno verão, ora
temos um sol abrasador, em
pleno inverno. Isto de dizermos
que o estado do tempo já não
é o que era remete-nos para a
perceção mais rudimentar da
variação do clima à escala global.
Para Donald Trump, naturalmente,
o aquecimento global
não é importante. Até porque
nunca lhe faltará o ar condicionado.
Assim, se não vê, se não
sente, não interessa. Rasga-se,
portanto, o Acordo de Paris
e vamos lá virar as costas à
rainha de Inglaterra, falar de
“fake news” e entreter o povo
com mais uma série de idiotices.
Mas quando um icebergue de
quase 6,5 quilómetros de extensão
se solta de um glaciar na
Gronelândia e ameaça a população
de uma vila, as sensações
dão lugar a uma ameaça muito
visível. E esta torna-se uma
mensagem bem mais impactante
de que uma palestra de Barack
Obama para um universo
restrito de pessoas à dimensão
do Coliseu do Porto.
Se Donald Trump fica muito
mal ao abandonar o Acordo
de Paris, não devia o Nobel da
Paz deixar que a sua mensagem
chegasse a muito mais do
que três mil convidados VIP
confinados a um espaço? O impacto
de uma intervenção do
popular ex-presidente dos EUA
não seria mais benéfica para o
ambiente? Na plateia do Coliseu,
quantos verdadeiramente
terá atraído para a causa?
Segurar a bandeira das alterações
climáticas deveria, acima
de tudo, ser a responsabilidade
social dos maiores líderes do
Mundo, Trumps e não Trumps.
Estar no sofá a dizer que Donald
Trump é um ogre e sair
de casa para aplaudir Barack
Obama de nada serve para
travar o gigantesco icebergue
que se aproxima de todos nós.
JN.pt
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 7
Os desafios que se seguem no
âmbito da desmilitarização
A CPLP com novos olhos e um
pouco mais de sal
jossiasgira@gmail.com
Finalmente, o país respirou de
alívio na noite da última Quarta‒
feira, ao saber que o Presidente
Filipe Nyusi e o líder, de facto, da
Renamo, Ossufo Momade, tinham
desbloqueado o complexo dossier
sobre as questões militares entre
o governo e a Renamo.
Agora que os acordos foram alcançados
e anunciados, depois de um
período de graves mal entendidos,
há que reflectir sobre os desafios
que se colocam para que a paz volte
definitivamente ao solo pátrio
e para que os mocambicanos se
reconciliem de facto.
Em primeiro lugar, queremos saudar
os acordos anunciados pelas
lideranças das duas partes, que
indicam que houve, nos últimos
dias, muito e proveitoso trabalho
político e diplomático entre Nyusi
e Momade.
Só um trabalho árduo, com paciência
e ponderação pelo meio,
pode ter permitido os consensos
anunciados, nomeadamente a
indicação de que, sim, há acordo
para a integração dos homens
armados da Renamo na PRM a
vários escalões e nas Forças Armadas
de Moçambique, também
a vários níveis.
Os detalhes vertidos em competente
comunicado final do
encontro, revelam o quanto Nyusi
e Momade estão comprometidos
com a normalidade do país. É a
primeira vez que se dão detalhes
sobre a criação de comissões de
trabalho, que vão dar corpo aos
acordos que iniciarão daqui a 10
dias. Para resolver problemas concretos
ligados a desmilitarização
e integração das forças residuais
da Renamo, serão, pois, criadas
Comissões dos Assuntos Militares
entre o governo e a Renamo,
o Grupo Técnico Conjunto de
Desarmamento, Desmilitarização
e Reintegração (DDR), o Grupo
Técnico Conjunto de Enquadramento
nas FADM e na PRM e
o Grupo Técnico Conjunto de
Monitoria e Verificação.
A criação destas comissões, leva
nos a crer que o processo já não
tem como recuar, pois enquanto
Nyusi e Ossufo Momade tratam
de entendimentos políticos, estas
comissões tratarão de desdobramentos
técnicos e operacionalizações
práticas, para a solução
dos problemas que naturalmente
irão surgir.
Isto significa que o país está para
começar um novo estilo de vida,
nomeadamente no sector sensível
das forças de defesa e segurança.
Um estilo nada novo, já que
deu os primeiros passos com a
integração, num novo exercito,
dos homens da Renamo, à luz do
Acordo Geral de Paz em 1992.
Nada de novo, mas desta vez, com
lições estudadas.
Isto significa que os militares
e polícias devem abrir os seus
gabinetes e, sobretudo, os seus
corações para convívio puramente
profissional em prol da pátria aos
homens da Renamo, que terão
de sair das matas para abraçar a
paz e a concórdia. Idem para os
militares das FADM, que terão
de receber nos quartéis e nos gabinetes
homens que seguramente
precisam de mais atenção nos
aspectos de formação e de integração
propriamente ditos.
Isto significa também que os
homens da Renamo terão que
abandonar as casernas e as suas
famosas bases, um pouco por
todo o país e defenderem a pátria
a partir dos quartéis do Estado,
onde as regras de jogo são claras
e os militares e polícias obedecem
a um comando único.
Os desafios que começarão daqui
a dez dias, com a entrega das listas
dos homens da Renamo ao governo,
também se irão colocar para o
povo moçambicano no geral. Os
cidadãos terão de saber conviver
com os seus compatriotas, que em
algum momento tinham optado
pela via armada para reivindicar
problemas políticos.
Isto significa que todos nós teremos
de saber perdoar. Teremos de nos
reconciliar uns com os outros e
teremos de defender unicamente os
superiores interesses da nação.
Neste aspecto, temos notado o
trabalho didáctico e educativo que
o Presidente Nyusi tem feito junto
do povo, a quem pede tolerância e
ponderação na sua relação com os
homens da Renamo, que em breve
abandonarão as matas.
Apelamos ao Ossufo Momade que
inicie, também, um trabalho educativo
público, para que o fardo da
reconciliação não seja tarefa apenas
entregue ao governo.
Finalmente o grande desafio cabe à
Renamo. Ela deve despedir‒se de vez
das armas e entregar as suas bases e
quartéis ao Estado, transformar, se
quiser e com a ajuda das autoridades
competentes do governo os seus míticos
quartéis-generais, em centros
culturais ou em destinos turísticos.
E possível a Renamo valorizar esses
lugares míticos, transformando‒os
em centros civis de convívio ou de
estudo para moçambicanos, sem
que isso signifique que os locais
sejam inacessíveis às autoridades
governamentais, a imprensa ou a
grupos que queiram fazer visitas
turísticas.
Temos muito trabalho pela frente no
âmbito da paz e reconciliação nacional.
Temos que abrir os nossos corações
para a nova fase que o país vai
conhecer. Daqui a dez anos, temos
de celebrar a paz, deixando para
trás um longo e sangrento período
negro da nossa história. Parabéns
Nyusi. Parabéns Ossufo Momade.
Desta vez reuniram e mostraram
resultados do que andam a fazer...A
isto chama‒se trabalho!
editorial
Com a transmissão da presidência
da CPLP, do Brasil para Cabo
Verde, abre-se nova etapa, com
novos olhos (mais observadores)
e o sal de novas propostas.
Começa esta terça-feira, na
cabo-verdiana ilha do Sal, a 12.ª
cimeira da CPLP (Comunidade
de Países da Língua Portuguesa),
e logo num dia que coincide
com o do seu 22.º aniversário.
Motivo para festa? No seu contexto,
nunca se sabe. Há sempre
uma satisfação epidérmica, que
emana dos discursos dos seus
representantes, mas raramente
a devemos dar por garantia de
que algo muda de forma eficaz e
com a ênfase necessária para que
os objectivos de tal comunidade
se imponham.
A alegria mais recente vai para
as crescentes candidaturas ao
estatuto de observador. Se imaginarmos
a CPLP numa redoma de
vidro, discutindo e limando arestas
aos seus assuntos, o número
de olhos em torno dela cresce e
promete crescer ainda mais. Aos
actuais dez membros (Maurícias,
Senegal, Geórgia, Namíbia, Turquia,
Japão, Hungria, República
Checa, Eslováquia e Uruguai)
pretendem juntar-se, e a isso
se candidatam, Andorra, Itália,
Chile, Argentina, Sérvia, França,
Luxemburgo, Reino Unido
e a Organização dos Estados
Americanos. Por este andar, e
sem ironia, teremos aqui uma
pequena “ONU”, com nove
países de pleno direito (Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste) e mais do dobro
como observadores. E o que
observam estes novos olhos? A
pujança da língua portuguesa,
a rica diversidade das culturas
dos países que a têm por língua
oficial (a Guiné Equatorial é,
aqui, um erro de casting, já se
disse e repetiu, embora seja uma
inteligente jogada política dos
que ditatorialmente a governam)?
Em sonhos, sim. Na realidade,
buscam oportunidades de negócio.
O que, sendo “natural” num
mundo onde o poder do dinheiro
se sobrepõe a tudo o resto,
deixa algo a desejar quanto aos
objectivos traçados pela CPLP
logo no primeiro artigo dos seus
estatutos, arvorando-se em “foro
multilateral privilegiado para
o aprofundamento da amizade
mútua, da concertação político-
-diplomática e da cooperação
entre os seus membros.” Alguma
vez o foi? Os seus membros que o
digam, sem rodeios nem mistificações.
Agora, com a transmissão
da presidência da CPLP, do Brasil
(o país mais populoso da comunidade)
para Cabo Verde (um
dos menos populosos), que irá
exercer tal cargo nos próximos
dois anos, abre-se nova etapa,
com novos olhos (se aumentar
o número de observadores) e
um pouco mais de sal (Cabo
Verde apresentará à cimeira “três
grandes declarações” subordinadas
ao lema “Pessoas, Cultura,
Oceanos”). O que daqui sairá, só
o saberemos quando as palavras
se tornarem actos. Esperemos
que com menos decepções do que
no passado. *Publico.PT
Nuno Pacheco*
8 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
opinião Voz do Povo
Olhar fotográfico
Acções das FDS em Cabo Delgado dividem cidadãos
Nolita Victor
Há falta de interesse do Governo,
através do Ministério da Defesa,
porque se estivesse preocupado com
a perda de vidas humanas, iam travar
este conflito. Afinal de contas,
onde está a paz em Moçambique?
Se formos a analisar, não estamos
livre no nosso País. As entidades
competentes devem averiguar o que
está por detrás deste conflito.
Rita Morais
Penso que o Governo não está a
fazer nada para travar o conflito.
Aliás, são vidas humanas a morrer
no dia-a-dia. É fundamental um
trabalho de investigação criminal
para se descobrirem os terroristas.
Há vozes que dizem que este conflito
tem a ver com interesse nos
recursos naturais, pelo que será
que o governo não ouve grito de
socorro de moçambicanos?
António Mário
É preciso um incentivo para
as Forças de Defesa e Segurança
(FDS). Eles podem estar descontentes.
O Governo devia aumentar
o efectivo das forças para conseguir
travar o conflito em Cabo Delgado.
Há necessidade de se criar um mecanismo
para se encontrarem os terroristas
para responder na barra da
justiça. Há urgência de olhar para vidas
humanas e não para as eleições.
Sérgio Cossa
O Governo está a fazer de tudo
para acabar com os ataques em
Cabo Delgado, embora, denota-se
a falta de estratégias para poder se
descobrir os terroristas. Mas é preciso,
neste momento, deixar as entidades
competentes trabalhar para
esclarecerem os ataques. Apelo aos
Ministérios da Defesa e do Interior
para redobrarem os esforços para
poderem travar o conflito.
Nilton Cumbe
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e Simeão Cuamba
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 9
Cruz Vermelha privilegia educação por
exemplos contra acidentes
Governo pretende reerguer a Escola
Nacional de Aeronáutica
A Cruz Vermelha de Moçambique
(CVM) está a
potenciar a sensibilização
contra os acidentes de
viação usando formas de
comunicação que suscitem
maior sensibilidade
para a mudança de comportamento.
As simulações
em vias públicas são
parte da estratégia.
Abanês Ndanda
Na semana passada,
a Cruz Vermelha
realizou
uma simulação
de um aparatoso
acidente de viação, como
se diria na gíria angolana,
com todos os molhos.
A simulação serviu para uma
sensibilização através de choque,
com um cenário muito
próximo da realidade daquilo
que se verifica nos acidentes
de viação. Carro totalmente
amolgado em pleno entroncamento
das avenidas Joaquim
Chissano e de Angola, corpos
ensanguentados espalhados
no asfalto, o motorista entalado
entre as entranhas da
sucata, era o cenário chocante
montado.
A missão não terminava na
incitação ao choque, mas nos
procedimentos a ser seguidos
em acidente real. O contacto
com a unidade sanitária mais
próxima, bombeiros, a sinalização
do ambiente sinistral,
fazem parte do ritual. Os
primeiros socorros a prestar
às vítimas são parte da aula,
sendo verdade que muitas
vezes, um socorro mal prestado
pode ser um verdadeiro
homicídio.
Falando à imprensa, o Presidente
da Cruz Vermelha de
Moçambique, Avelino Mondlane,
disse que a actividade
se enquadra na celebração
dos 37 anos de criação daquela
organização humanitária
em Moçambique.
No capítulo dos acidente
de viação, interessa à Cruz
Vermelha, conforme referiu
Mondlane, sensibilizar os automobilistas
para uma mudança
de atitude na estrada,
bem como aos peões pelo seu
comportamento e atenção na
estrada.
Na ocasião Mondlane reconheceu
que as causas dos
acidentes de viação não se
podem resumir ao comportamento
dos automobilistas ou
mesmo dos peões, mas também
ao próprio estado mecânico
das viaturas e outros
factores.
A Cruz Vermelha de Moçambique
é uma sociedade
de socorros, auxiliar de poderes
públicos, baseada no
princípio de livre associação
e filiação dos seus membros,
actuando comumente em casos
de emergências concretas,
sejam elas isoladas ou calamitosas.
De acordo com a secretária
da organização ao nível da
cidade de Maputo, Maria
Rosária, o empenho dos voluntários
associados será e
sempre foi a valioso na assistência
a pessoas e famílias
necessitadas. Conforme deu
a conhecer a responsável,
a Cruz Vermelha na Cidade
de Maputo logrou assistir
recentemente pouco
mais de duas mil pessoas
em diferentes situações de
emergência, seja em bens
alimentares, de higiene e
abrigo, dependendo da necessidade.
O Governo necessita de 300 milhões
de meticais para investir
na revitalização da Escola Nacional
de Aeronáutica (ENA),
com vista a responder às novas
exigências do mercado de transporte
aéreo, com destaque para
a formação de pilotos, mecânicos
aeronáuticos, controladores do
tráfego aéreo, entre outros quadros
qualificados.
Neste momento, o maior desafio
é a mobilização destes valores
junto de potenciais parceiros,
que deverão comparticipar não
só com recursos financeiros, mas
também com conhecimento e experiência
para reerguer a única
escola de formação aeronáutica
do País.
Conforme explicou o ministro
dos Transportes e Comunicações,
Carlos Mesquita, a aviação
civil no País, e não só, está
a entrar numa fase de desenvolvimento
irreversível, sendo, por
isso, urgente explorar integralmente
o potencial da ENA, para
servir de forma eficiente às reais
necessidades de formação da indústria
aeronáutica nacional e
regional.
“A nossa visão é reerguer uma
Escola Nacional de Aeronáutica,
com capacidade para formar
quadros competentes, cumprindo
com todas as normas de certificação
e regulamentos internacionais”,
disse Carlos Mesquita,
que falava na quinta-feira, 12 de
Julho, na abertura do seminário
de reflexão sobre a revitalização
da ENA.
Para o titular do sector de
Transportes e Comunicações, a
revitalização daquela instituição
de formação de técnicos aeronáuticos
vai reduzir a dependência
de profissionais especializados
no estrangeiro, tais como pilotos,
mecânicos aeronáuticos, controladores
de tráfego aéreo, entre
outros.
“As entidades do sector de aviação
são obrigadas a recorrer a
diversos países, para formação
e treinamento dos seus quadros
ou contratar formadores qualificados.
Este exercício acarrecta
custos elevados, para além de
constrangimentos de as próprias
empresas terem que gerir diferentes
formações”, justificou o
ministro.
Por isso, o projecto de revitalização
da ENA prevê que esta assegure,
nos próximos três anos, a
implementação de um programa
de alto padrão de treinamento
de profissionais técnicos de diversas
áreas da aviação civil, o fornecimento
ao mercado doméstico
e regional de profissionais altamente
qualificados, para atender
à demanda imposta pela evolução
do sector, bem como a definição
e elevação do padrão de
segurança das operações aéreas
em Moçambique, para adequá-lo
às exigências da autoridade reguladora
da aviação civil no País e
de organismos internacionais.
Avelino Mondlane
Fotos: Nilton Cumbe
10 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
nacional
TRAC equipa viaturas de bombeiros de Maputo
A Trans African Concessions (TRAC), concessionária da EN4, acaba de doar diverso equipamento médico
de assistência às vítimas de acidentes de viação e de outros sinistros ao quartel do Serviço Nacional de
Salvação Pública.
MCTESTP promove
reflexão sobre o
estabelecimento do
Regulamento sobre
OGMs
O Governo de Moçambique
pretende criar o regulamento
sobre gestão de organismos
geneticamente modificados
(OGMs), um instrumento
que visa a maximização dos
benefícios de aplicação de
biotecnologia moderna na
satisfação das necessidades
básicas em alimentos e agricultura.
Há necessidade de
observação durante o seu
desenvolvimento e utilização
de medidas de segurança,
para evitar efeitos adversos
na conservação e utilização
sustentável dos recursos ambientais,
tomando em conta
os riscos para a saúde humana
e animal.
Discursando, por ocasião de
cerimónia de abertura do
evento, o ministro da Ciência
e Tecnologia, Ensino Superior
e Técnico Profissional, Jorge
Nhambiu, avançou que a biotecnologia
constitui uma área
de grande potencial para a
resolução dos vários desafios
da sociedade moderna e das
comunidades rurais, com particular
enfoque para aqueles
ligados à área de agricultura,
garantindo a qualidade dos alimentos
e segurança alimentar.
Assim, a tolerância ao défice
hídrico, a tolerância a herbicidas,
a resistência a insectos e
vírus e o incremento do valor
nutricional nas culturas agrícolas,
fazem parte de um grande
leque de soluções que podem
ser trazidas pela aplicação de
biotecnologia e, especialmente,
a engenharia genética.
“Como é de domínio comum,
o desenvolvimento de actividade
científica de qualquer natureza,
carece de adopção de
mecanismos de regulação, de
forma a permitir a maximização
dos benefícios da ciência,
tecnologia e inovação, minimizando-se,
por conseguinte, os
riscos que porventura poderão
advir da prática de actividades
afins”, sublinhou o ministro.
Pobreza e falta de acesso à educação
propiciam casamentos prematuros
O Instituto Panos de
África Austral (PSAf), em
parceria com o Hivos,
está a implementar um
projecto de comunicação
em Moçambique, cujo
objectivo é examinar em
que medida as políticas
educacionais nacionais
abordam questões que
impulsionam o combate
aos casamentos prematuros.
Adelina Pinto
De acordo com o
relatório publicado
pelo PSAf
sobre os casamentos
prematuros
em Moçambique, cujo
objectivo é defender o acesso
à educação, visto como
estratégia para acabar com
os casamentos prematuros,
porque os níveis baixos de escolaridade
e a pobreza, bem
como as práticas tradicionais
nas áreas rurais destinadas
a crianças propiciam os casamentos
prematuros, que
levam a rapariga a assumir
responsabilidades de adulta
precocemente.
Das análises feitas pelo PSAf
sobre as políticas de educação,
na componente dos casamentos
prematuros, foram
identificadas algumas lacunas
e oportunidades na área da
educação, com destaque para
a eliminação dos casamentos
prematuros.
No relatório, constatou‒se,
ainda, a necessidade de haver
uma plataforma que estimula
o diálogo nacional e o debate
sobre as estratégias eficazes
para promover a educação
das raparigas e acabar com
as limitações políticas usadas
para defender melhor o acesso
à educação e à retenção
escolar.
A Constituição de Moçambique
reconhece a importância
da educação, como uma
ferramenta para integrar
indivíduos na vida social e
económica, e factor chave na
construção de oportunidades
para o desenvolvimento. Fornece
a ligação entre o acesso
à educação e a prevenção dos
casamentos prematuros.
De facto, se a educação é assumida
como um direito universal
que leva à emancipação
material e intelectual das
pessoas, é possível que com o
acesso universal à educação
possa se melhorar as oportunidades
de prevenir os casamentos
prematuros.
O princípio fundamental é
que quanto mais alunos são
matriculados na educação
formal, menos expostos estarão
aos casamentos precoces,
pois as perspectivas para o
futuro podem parecer mais
claras para os alunos instruídos
do que sem escolaridade.
Só, assim, os planos para casamentos
podem ser adiados
para fases posteriores, refere
o relatório.
O simples facto de a aluna
estar matriculada na escola,
não é uma garantia de que a
mesma completará os ciclos
educacionais. Várias razões
podem concorrer para desistências,
levando aos casamentos
prematuros, como é
o caso de gravidez precoce,
pobreza e fome, ritos tradicionais,
desastres naturais
e assim por diante, lê-se no
relatório.
De acordo com o relatório,
embora a igualdade de acesso
à educação esteja de acordo
com o princípio universal de
não-discriminação, a Constituição
parece encorajar a
discriminação cultural baseada
no sexo, uma vez que não
há uma secção específica que
apoie a educação das raparigas,
são menos favorecidas
a frequentar a escola e mais
propensas a abandona-la se
estiverem gravidas, enquanto
os rapazes, responsáveis pela
gravidez, continuam matriculados,
o que leva à descriminação
e desistências escolares.
Entretanto, a política nacional
de educação estabelece
a estrutura política do sistema
nacional de educação,
na qual a educação básica e
a educação de adultos foram
identificadas como prioridades
primordiais, na promoção
de educação de raparigas.
A ideia de educação para todos
é relevante para as raparigas,
uma vez que desafia a
priorização cultural dos rapazes
em vez das raparigas
para a educação formal. A
educação para todos significa
que, em princípio, nenhuma
criança será deixada fora da
escola, independentemente de
género, religião ou outra forma
de discriminação.
De um total de 300 mil novos
empregos criados, anualmente,
na economia moçambicana,
cerca de 40 mil são legalmente
empregues por mão-de-obra
expatriada, sendo sete mil, referente
à mão-de-obra oriunda
dos países da SADC (13.3% e
2.3%, respectivamente).
Estes dados foram revelados
pela ministra moçambicana
do Trabalho, Emprego e Segurança
Social, durante uma
conferência realizada, recentemente,
em Nairobi, no Quénia,
onde integrou o painel sobre o
desenvolvimento e implementação
de acordos bilaterais e
multilaterais de mobilidade
laboral dentro e a partir de
África.
Segundo referiu a governante,
nas últimas duas décadas, Moçambique
tornou-se um destino
de mão-de-obra laboral, de
vários pontos do mundo devido
ao ritmo do seu crescimento
económico rápido de cerca
de 7 por cento, acolhendo
milhares de cidadãos, dentre,
refugiados a trabalhadores expatriados.
“A nossa abordagem tripartida
de concertação social tem conduzido
à construção de consensos
sobre grandes políticas
e com vista à promoção e preservação
da paz e estabilidade
laborais, o que também tem
facilitado a adesão aos vários
protocolos laborais tendentes
à protecção do trabalhador, incluindo
o trabalhador migrante”,
frisou Vitória Diogo, sustentando
que a Constituição
da República estabelece igual
tratamento para todos os cidadãos
e trabalhadores residentes
em Moçambique.
Num outro desenvolvimento,
Vitória Diogo referiu-se
a Política de Emprego sob o
lema: “Mais e Melhores Empregos
em Moçambique”, cuja
visão do Governo não é só
de criar mais empregos, mas
também melhores empregos
para os moçambicanos e para
cidadãos residentes em Moçambique.
De 300 mil novos empregos no
País: 40.000 são estrangeiros
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 11
Internacional
Boko Haram toma importante base militar
Combatentes do Boko Haram tomaram sábado último uma importante base que albergava 700 militares no
Estado de Yobe (Nordeste) da Nigéria, na sequência de intensos combates, noticia o Jeune Afrique, na sua
edição de domingo.
Terceiro mandato de
Kabila pode levar a uma
intervenção militar
Um hipotético terceiro mandato
de Joseph Kabila, pode
conduzir a uma intervenção
militar internacional, advertiu
quarta-feira, em Bruxelas,
o professor congolês da
Universidade de Liege, Bob
Kabamba, à RFI.
“Existem três cenários na
mesa das várias chancelarias
africana e internacional.
A opção militar contra
o regime de Kinshasa é o
primeiro cenário”, disse.
De acordo com o estudioso
congolês radicado na Bélgica,
a primeira opção seria a
militar, no território congolês,
para estabelecer o que
se pode chamar ordem constitucional,
e a segunda é a
transição sem Kabila, defendida
pela oposição, também
apoiada a partir do exterior.
«O segundo cenário seria o
de uma transição com um
outro presidente que organizaria
as eleições”, acrescentou.
Apontou a revolta popular
como a terceira opção. “A
última opção seria também
uma espécie de revolta. A
população invade as ruas,
respondendo ao apelo de
várias organizações não governamentais,
mormente o
Comité dos Laicos católicos
(CLC), podendo as manifestações
culminar com uma
espécie de mudança da situação”,
concluiu o catedrático
que lecciona a disciplina
de Ciências políticas.
Para Bob Kabamba, os
americanos poderão também
impor sanções estatais
a RDC, consubstanciadas
em proibir as empresas
americanas a tratar com as
entidades públicas ou privadas
da RDC. ANGOP
Presidência cabo-verdiana pode
consolidar a CPLP
A próxima cimeira da
Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa
(CPLP) vai acolher
pelo menos seis novos
membros observadores,
nomeadamente Andorra,
França, Luxemburgo, Reino
Unido, Itália, Argentina
e provavelmente a Sérvia
e o Chile, disse o ministro
dos Negócios estrangeiro,
Luís Filipe Tavares.
De acordo com o
chefe da diplomacia
cabo-verdiana,
essa dinâmica
significa um momento
de viragem para a consolidação
da organização.
A ilha cabo-verdiana do Sal acolhe,
hoje e amanhã, a XII Conferência
dos chefes de Estado e
de Governo da CPLP, evento
que marca a passagem da presidência
do Brasil para Cabo Verde,
que assumirá os destinos da
organização nos próximos dois
anos.
Luís Filipe Tavares vaticinou
que a CPLP será “uma grande
organização no futuro, tendo em
conta as candidaturas de vários
países a membros observadores.
“Temos mais observadores do
que Estados-membros. É um
sinal de vitalidade da CPLP”,
disse
O ministro avançou que Cabo
Verde vai levar à cimeira “três
grandes declarações”, nomeadamente
a apresentação de uma
declaração na área da mobilidade
das pessoas, cujo conteúdo
ainda está em negociação, mas
que genericamente visa a incentivar
os Estados, com o secretário
executivo e a presidência da
CPLP a fazer avançar o dossier,
a trabalhar para que haja mais
circulação e mobilidade.
No domínio da cultura, o governante
disse que a presidência
cabo-verdiana vai prestar atenção
particular à promoção da
língua portuguesa.
“Vamos levar algumas iniciativas
para as Nações Unidas para
um reconhecimento cada vez
maior da língua portuguesa no
quadro das organizações internacionais.
Há várias organizações
internacionais em que a língua
portuguesa tem um caminho a
fazer para se afirmar como língua
de cultura e conhecimento
e uma língua que federa povos,
países, hábitos”, afirmou.
Cabo Verde irá ainda apresentar
a proposta de criação de um
mercado comum cultural e das
artes no espaço lusófono, uma
proposta que, segundo Luís Filipe
Tavares, “já está muito avançada”.
“Esta é uma área que podemos
pôr em cima da mesa muito
rapidamente, chegarmos a um
acordo com os demais Estados-
-membros e fazer avançar”, considerou.
Segundo o ministro, será ainda
apresentada uma outra declaração
na área da economia azul e
da gestão dos oceanos.
São membros da CPLP Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-
-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique,
Portugal, São Tomé e
Príncipe e Timor-Leste.
ANGOP
A visita oficial de Donald
Trump, ao Reino Unido vem
acompanhada de megaprotestos
contra sua presença e colocou o
governo britânico em uma situação
delicada por causa de declarações
dadas pelo presidente
americano na véspera.
Manifestantes se organizaram
para seguir o presidente por
onde ele passar. Mais de 50 mil
pessoas são esperadas para marchas
na capital inglesa durante
esta sexta, apesar de a agenda
de Trump não incluir nenhum
evento oficial em Londres.
Trump chegou na quinta-feira,
12, para uma visita de dois dias,
no momento em que o governo
britânico enfrenta uma profunda
divisão interna por causa das negociações
do Brexit - a saída do
Reino Unido da União Europeia.
No mesmo dia em que participava
de um jantar de gala com a
primeira-ministra, Theresa May,
no Palácio de Blenheim, o jornal
britânico The Sun publicou na
internet uma entrevista exclusiva
com Trump, em que este critica
a atuação de May na condução
do Brexit, dizendo que ela não
teria seguido seus conselhos de
buscar uma saída mais radical
do bloco europeu.
Na entrevista, que estampa a
capa do The Sun desta sexta, o
presidente elogia o ex-ministro
das Relações Exteriores Boris Johnson,
desafeto de May, critica o
prefeito de Londres, Sadiq Khan,
e insinua que o Brexit “suave”
negociado por May poderia inviabilizar
um acordo comercial
bilateral entre Reino Unido e
EUA.
Para Trump, a proposta de
May, de buscar uma área de livre
comércio de bens com a UE,
“mataria” qualquer perspectiva
de negócios com os EUA.
Trump também disse que o ex-
-ministro das Relações Exteriores
Boris Johnson, que pediu
demissão nesta semana por desentendimentos
com May sobre
o Brexit, seria um “ótimo primeiro-ministro”.
“Acho que ele tem o que é preciso
(...) Eu tenho muito respeito
por Boris. Ele, obviamente,
gosta de mim e diz coisas boas
sobre mim”, disse Trump, que
chamou Johnson de “um cara
muito talentoso”. “Gosto muito
dele”.
Entretanto, manifestantes organizaram
passeatas e protestos
em diferentes cidades contra o
presidente americano. Em Londres,
o balão com Trump “bebê
chorão”, deve voar ao lado do
Parlamento britânico. A ideia
é levar o bebê, que custou mais
de R$ 130 mil (cerca de 27 mil
libras), até o clube de golfe de
Trump na Escócia.
Vários políticos britânicos também
fizeram críticas ao comportamento
de Trump. O prefeito
de Londres, Sadiq Khan, chamou
de “desagradáveis” as críticas
de Trump por causa dos
ataques terroristas na cidade em
2017.
Khan defendeu a decisão de
permitir que o inflável gigante
Trump sobrevoasse Londres,
dizendo que “a ideia de restringir
o direito de protestar porque
pode ofender um líder estrangeiro
é um caminho perigoso”.
Visita de Trump ao Reino Unido
gera megaprotestos
12 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
IPAJ engajada na defesa dos direitos
patrimoniais da mulher viúva e menores
O desconhecimento dos
direitos previstos na lei
da família e de sucessões
concorre para que as
mulheres viúvas recorram,
de forma limitada,
a instituições de justiça
em busca de solução dos
conflitos resultantes de
retirada dos bens comuns,
bem como de herança dos
seus filhos, disse Lídia
Chihale, do Instituto de
Patrocínio e Assistência
Jurídica (IPAJ). Siga os excertos
mais interessantes
da entrevista:
Aida Matsinhe
P
ode-nos explicar
qual é
a situação da
mulher viúva
em Moçambique
no que diz respeito ao
conhecimento dos seus
direitos?
Quando falamos de mulher
viúva, no sentido rigoroso do
termo, referimo-nos a mulher
que contraiu casamento civil,
mas na linguagem comum
acaba-se estendendo o termo
as mulheres que vivem em
união de facto, tendo em conta
que é a modalidade mais
comum de constituir família
em Moçambique.
Indo à resposta da sua questão,
diria que a mulher viúva,
na nossa sociedade, enquadra-se
naquilo que a mesma
enferma, nomeadamente a
fraca cultura jurídica, principalmente
nas zonas rurais,
onde, muitas vezes, não têm
direito a informação, a opinião,
e lhe é vedado o direito
de participar na gestão
de vida familiar, devendo,
apenas, cumprir ordens ou
decisões emanadas pelo seu
marido.
A ausência de cultura jurídica,
de que falamos, tem a
ver, no caso concreto, com
o desconhecimento dos seus
direitos previstos na lei da
Família e na de sucessões o
que, de alguma forma, concorre
para que recorra de forma
limitada a instituições de
justiça para obter a solução
dos conflitos resultantes da
retirada dos bens comuns,
bem como da herança dos
seus filhos.
O que é e quando é que o
homem e a mulher vivem
em união de facto?
A expressão “união de facto”
é trazida pela lei de Família,
aprovada pela Lei n.º
10/2004, de 25 de Agosto,
como inovação, designa a situação
de duas pessoas de
sexos diferentes (homem e
mulher), que não são casadas
mas vivem como se fossem
casadas, ou seja, partilham
a convivência plena, no que
se chama, partilha de cama,
mesa e habitação. Esta figura
encontra-se definida no artigo
202.º da lei da família, onde
se dispõe que “a união de facto
é a ligação singular existente
entre um homem e uma
mulher, com carácter estável
e duradouro, que sendo legalmente
aptos para contrair
casamento, não o tenham celebrado”.
O mesmo artigo, no seu número
dois estabelece que, “a
união de facto pressupõe a
comunhão plena de vida, por
um período de tempo superior
a um ano sem interrupção”.
Ou seja, estas duas pessoas
de sexos diferentes, têm de
ter requisitos para contrair
casamento mas não chegam
a contrai-lo, por alguma razão,
que pode ser por opção.
Isso só se materializa quando
a união dura, pelo menos, um
ano consecutivo, sem interrupção.
Qual é o nível de procura
dos serviços do IPAJ por
mulheres que vêm os seus
direitos violados?
O nível de procura dos nossos
serviços por mulheres é
considerável, mas ainda está
aquém do desejável, o que no
nosso ponto de vista deve-se,
por um lado ao desconhecimento
dos seus direitos, principalmente
nas zonas rurais,
diferentemente do que acontece
nas zonas urbanas, pois,
aqui, as mulheres são mais informadas
e havendo um caso
de injustiça depois da morte
dos seus companheiros, recorrem
com mais frequência
aos nossos serviços para reivindicar
os seus direitos em
caso de violação ou dúvidas,
para se aconselharem, têm‒
lhes sido explicadas que existe
a figura de união de facto, e
havendo conflitos ou morte,
existe o que se chama de
meação (que é a divisão por
igual, do património, entre
marido e mulher), bem como
a salvaguarda da herança dos
seus filhos.
Por outro lado, entendemos
que isso se deve ao facto de
existirem aspectos culturais
que concorrem para que ela
seja a mais vulnerável na relação
conjugal, que fazem
com que ela seja vista sem nenhum
direito nos bens adquiLídia
Chihale,
Fotos: Nilton Cumbe
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 13
A capital do País acolheu,
semana finda, o lançamento
da campanha contra a violência
sexual, uma iniciativa
global da OXFAM, que
realiza em 40 países. Denominada
CHEGA, a campanha
pretende acabar com a
descriminação e apoiar as
vítimas deste mal que tem
vindo a ganhar espaço na
sociedade moçambicana e
não só.
A violência contra à mulher
é um desafio diário em vários
países. Em Moçambique
não é diferente. Para fazer
face ao problema, foi lançada
a campanha CHEGA, um
programa que visa encorajar
a denúncia dos casos que
ocorrem na família, que muitas
vezes não são despoletados,
levantar a auto estima e
acabar com a discriminação
da rapariga violada e acima
de tudo trabalha na componente
preventiva, segundo
avançou Yolanda Sitoe da
OXFAM Moçambique.
Na ocasião, a ministra de
Género, Criança e Acção
social, Cidália Chaúque,
intervindo no âmbito do
lançamento da campanha,
avançou que “a campanha
CHEGA encoraja a prosseguir
com a missão e reforça
a convicção de que juntos é
possível acabar com a violência
praticada contra a
mulher e rapariga, através
da mudança de atitudes ao
nível do indivíduo, da família
e da comunidade”.
Chaúque disse, igualmente,
que só no ano passado
foram registados em todo o
país 25 mil casos de violência,
dos quais 13 mil foram
contra mulher e 9 mil contra
a criança. Daí que, segundo
a governante, a implementação
das acções da campanha
exigem o empenho dos
vários sectores da sociedade.
P a r a a p r e s i d e n t e d a
OXFAM internacional, Winnie
Byanyma, a violência
contra a mulher e rapariga
existe em todo o lugar.
Onde, por exemplo, uma em
cada três mulheres já foi vítima
de violência, entendendo
que este é um problema
que deve ser atacado a partir
da raiz.
“A violência acontece porque
toleramos, porque existem
normas sociais que justificam
essa violência e a
campanha CHEGA pretende
desafiar essas atitudes nas
comunidades e todos são
chamados a intervir neste
processo”, avançou.
Dados apresentados no local,
indicam que de 20 de dezembro
de 2017 a 1 de Janeiro
de 2018, foram registados
em todo o país 115 casos de
violação sexual, dos quais 50
por cento dos afectados são
crianças com idades compreendidas
em 0 e 14 anos.
Para a representante das
crianças, a violência sexual
contra a mulher e raparigas
é justificada por práticas
culturais que inferiorizam a
mulher. E, muitas vezes, os
questionamentos feitos em
relação a um caso de violação
sexual culpabilizam a vítima
e premeiam o violador.
Aida Matsinhe
OXFAM lança “CHEGA! Juntos podemos
acabar com a violência contra à mulher”
ridos durante relação.
O que tem sido feito pelo
IPAJ com vista a informar
às mulheres sobre os seus
direitos?
Um dos papéis do IPAJ é
promover e divulgar os direitos
e deveres da cidadania,
isto é feito fazendo acções de
educação cívica, porque entende-se
que com a educação
cívica será consciencializado
o cidadão em geral e as mulheres
e as crianças em particular.
Assim, poderá evitar-se
a ocorrência de situações de
violência patrimonial ou outro
tipo de injustiças.
Quais são as zonas que
mais registam esses casos?
Em todo o lado, ou seja, esses
casos registam-se não só nas
zonas rurais, como também
nas zonas urbanas. A diferença
é que nas zonas urbanas há
mais conhecimentos sobre os
direitos, daí haver maior luta
em sua defesa.
Qual é a protecção da
mulher que vive em união
de facto?
A figura de união de facto,
conforme referido antes, é
uma inovação com o intuito
de proteger, principalmente as
mulheres não casadas, mas vivendo
por longos anos, e que
com a morte do companheiro,
muitas vezes, se viam maltratadas,
obrigadas a sair da relação
com uma “mão a frente
e outra atrás” levando os seus
filhos ou mesmo sem eles. Assim,
o legislador, acredita-se
que inspirado em situações
recorrentes na sociedade, uma
vez dito tratar-se de modalidade
de casamento ou união familiar
mais comum, procurou
proteger a situação, fixando os
efeitos patrimoniais à união de
facto.
Quais são esses efeitos
patrimoniais de união de
facto?
Relativamente aos efeitos de
união de facto, a lei dispõe
que, releva para efeitos de presunção
de maternidade e paternidade,
ou seja, presume-se
que uma criança nascida na
constância de união de facto
presume-se filha do casal, feitas
as considerações e as necessárias
adaptações ao casamento
civil.
A união de facto releva, igualmente,
para efeitos patrimoniais,
e neste caso, aplica-se o
regime de comunhão de bens
adquiridos, o que significa que
os bens adquiridos na constância
da relação reputam-se comuns
do casal.
Que direitos assistem à
mulher quando a união de
facto extingue-se por morte
do marido?
Extinta a relação, há que proceder-se
a liquidação e partilha
do património do “casal”,
uma vez que os efeitos de
união de facto relevam para a
questão patrimonial, e aplicado
o regime de comunhão de
bens adquiridos, ou seja, com
as necessárias adaptações ao
casamento civil, que se teria
realizado sob o regime de comunhão
de bens adquiridos,
procede-se a meação, o que
significa que o património do
casal é dividido as meias, sendo
metade para a mulher ou o
homem que sobrevive e outra
metade para os seus herdeiros.
Quem são esses herdeiros
que vão beneficiar-se da
outra metade?
Conforme dispõe o n.º 1 do
artigo 2032.º do Código Civil,
“aberta a sucessão serão chamados
à titularidade das relações
jurídicas do falecido aqueles
que gozam de prioridade na
hierarquia dos sucessíveis, desde
que tenham capacidade”.
A prioridade significa saber-se
quem se encontra em primeiro
lugar ao chamamento, e a lei
determina, nos termos do artigo
2.133.º do Código Civil, a
classe de sucessíveis, onde preferem,
os descendentes (filhos),
ascendentes (pais), irmãos e
seus descendentes, o cônjuge, e
os demais.
De que forma é feita a
partilha?
Nos termos da lei, para se encontrar
o valor da herança, na
sucessão legitimária, procede-
-se, em primeiro lugar, a avaliação
dos bens existentes no
património do autor da sucessão
à data da sua morte, ou
seja, da abertura da sucessão
e aí feita a meação, faz-se a
distribuição a cada um, o seu
quinhão, de acordo com o património
existente e o direito
de cada um.
O que tem sido feito pelo
IPAJ no caso de violação
desses direitos?
A cada direito corresponde
uma acção, o que quer dizer
que aqueles que verem o seu
direito violado devem procurar
os serviços do IPAJ para
se beneficiarem de assistência
jurídica e patrocínio judiciário
gratuito, desde que sejam
economicamente carenciados
ou não tenham condições financeiras
para custear as
despesas de um advogado.
É importante dizer que o
IPAJ promove, em primeiro
lugar, a resolução extra
judicial de conflitos e só fracassado
este meio é que encaminha
os casos ao tribunal,
garantindo desta forma
o acesso aos tribunais, que é
um direito constitucional.
O cidadão deve apresentar
um comprovativo de
pobreza?
Sim. Primeiro, temos aqueles
cidadãos que não têm condições
financeiras para custear
as despesas de um advogado;
a este grupo lhes é solicitado
um atestado de pobreza
passado no bairro onde vive.
Mas, também temos os indivíduos
economicamente carenciados.
Os que auferem
até três salários mínimos. É
importante salientar que temos
um formulário no IPAJ,
que nos permite avaliar a
situação económica das pessoas
que procuram os nossos
serviços.
14 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
english
Mozambique plans to restart civilian pilot training
Mozambique’s National Aeronautic School (ENA) announced last week it hopes from next year to resume
training civil aviation pilots. It is seeking partnerships in the United States and Canada to enable this
project to go ahead.
Over 11 per cent of
armed forces are hiv
positive
At least 11.5 per cent of the
Mozambican Armed Forces
(FADM) are HIV positive according
to the national directorate of
military health.
Speaking at a meeting of the directorate
held last week in Maputo,
its director, Agueda Duarte,
lamented, “FADM continues to
have a high prevalence of HIV
and a low level of adherence to
anti-viral treatment compared
with the civilian population”.
Duarte revealed the highest HIV
rates are found in the provinces
in the centre of the country, with
the highest incidence being in
Zambezia.
He explained that to tackle this
problem, the directorate earlier
this month introduced a rapid
testing and treatment programme
which will see all seropositive soldiers
receiving treatment immediately
after diagnosis.
However, Duarte acknowledged
“one of the biggest challenges
continues to be the increasing
number of people with HIV starting
treatment and maintaining
the regimen”. He added that
another challenge is to ensure the
expansion of antiretroviral treatment
throughout all the provinces
so that all military personnel
have access. Duarte stated that
“what we want is to reduce as
much as possible the increase in
the number of infections”.
The United States has been supporting
the Mozambican military
in its fight against HIV/
AIDS through the US President’s
Emergency Plan for AIDS Relief
(PEPFAR). Last year, the US
Embassy funded the rehabilitation
of a clinical analysis laboratory
at the Matacuane Military
Medical Post in the central city
of Beira. At a cost of 130,000 US
dollars, the laboratory has improved
diagnostic and treatment services
to members of the FADM.
The latest estimate of HIV prevalence
among Mozambicans
aged between 15 and 49 is 13.2
per cent. However, it is calculated
that only 64 per cent know their
HIV status.AIM
Comiche and Samora Machel Junior
confirmed as Frelimo candidates
540 Mozambicans fined
for “losing” passports
The Maputo City First Secretary
of Mozambique’s
ruling Frelimo Party,
Francisco Mabjaia, publicly
announced on Saturday
the names of two
people competing to be
the party’s candidate for
Mayor of the capital in
the municipal elections
scheduled for 10 October.
According to a
report on Radio
Mozambique,
the names
Mabjaia an -
nounced are those of Eneas
Comiche and Samora Machel
Junior.
Comiche has a long and
distinguished record of service
for the Mozambican
state and for Maputo. In
the early 1990s, he was Governor
of the Bank of MoFive
hundred and forty Mozambican
citizens were fined
a total of 1.2 million meticais
(just over 20,000 US
dollars at current exchange
rates) during the first quarter
of 2018 for negligence
leading to them losing their
passports.
According to the spokesperson
for the National Immigration
Service (SENAMI),
Cira Fernandes, during this
period 674 citizens applied
for a replacement passport,
which represents an increase
of 41 per cent compared
with the same quarter last
year.
Fernandez told the daily
newspaper “Noticias” that,
of this total, 443 claimed
their original document had
been stolen, whilst 164 stated
that they had misplaced
their passport. The rest said
they needed a replacement
due to a deterioration in the
condition of their document.
Most of the requests came
from the city of Maputo and
the southern provinces of
Maputo and Gaza.
Fernandez argued that imposing
fines is an educational
measure to discourage
people from the criminal act
of lending their passports to
other people. She believed
the fines will make people
more responsible with the
use of their documents.
Those found to be negligent
need to pay a fine of 2,400
meticais along with the cost
of replacing the passport.
However, the effectiveness
of the fines is questionable,
as Fernandes admitted that
only 30 of the 540 fines issued
have been paid, raising
just 72,000 meticais.
Fernandes also revealed that
during the same period SENAMI
registered 2,065,619
foreigners coming into Mozambique.
She said the increase
was partially based
on the country’s political
stability, tourism, business
opportunities, and the discovery
of natural resources. To
meet the growth in people
crossing the border, SENAMI
had increased its number
of inspections to 2,145 compared
with 943 in the same
period last year.AIM
zambique and then Finance
Minister.
In 2003 he was elected
Mayor of Maputo, where he
had a reputation for honesty
and for fighting against
corruption. This made him
enemies, and, although Comiche
was popular among
the Maputo electorate, Frelimo
did not select him as
its candidate in the subsequent
mayoral election in
2008.
Currently, Comiche is the
head of the Budget and
Planning Commission in
the country’s parliament,
the Assembly of the Republic,
and a member of the
Frelimo Political Commission.
He is now 79 years
old, and his age could tell
against him in the inner
party election.
Samora Machel Junior
(“Samito”) is the son of
the country’s first President,
Samora Machel, and
of Josina Machel, a heroine
of the liberation war, who
died in a Tanzanian hospital
in 1973.
Mabjaia announced the two
names at a ceremony preparing
the celebrations later
this month of the 50th
anniversary of the Frelimo
Second Congress, held in
1968, in the liberated area
of Matchedje, in the northern
province of Niassa, as
the independence war continued
to rage.
“Samora Machel Junior is
on the list of candidates
that came from the urban
districts and comrade Eneas
Comiche is one of the
Frelimo cadres who is also
on the list”, said Mabjaia.
Mabjaia denied rumours
that the election of Frelimo
candidates for the Maputo
Municipal Assembly
has been paralysed due to
alleged dissension within
the party organisation in
the capital. Instead, the
choice of candidates for the
assembly, and of the person
who will be “head of
the list” (and thus Mayor,
if Frelimo wins), is continuing.
“I can assure you”, Mabjaia
sad, “that inside the
party we are implementing
our activities to prepare for
the municipal elections, in
accordance with the calendar,
and at no time have
we paralysed our activities”.
The Saturday ceremony included
a tribute to the first
President of Frelimo, Eduardo
Mondlane, which was
witnessed by the Mondlane
family, represented by
Mondlane’s son, Eduardo
Mondlane Junior.
“I would like once more to
thank Frelimo and the Mozambican
people in general
for the honour granted to
the Mondlane family today”,
he said.AIM
Eneias Comiche
Fotos: Nilton Cumbe
Samora Machel Junior
17 de Julho 2018 | Terça-feira 17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente Magazine independente 1515
COMPRA DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
A BOLSA DE MERCADORIAS DE MOÇAMBIQUE (BMM) informa a todas
entidades públicas e privadas, camponeses e comerciantes individuais, associações
de camponeses e o público em geral que possui uma lista de parceiros
interessados em adquirir os seguintes produtos agrícolas:
1. MILHO
2. SOJA
3. GERGELIM
4. FEIJÃO MANTEIGA
5. FEIJÃO CATARINA
6. FEIJÃO BOER
Neste contexto, todos aqueles que tiverem os produtos acima descritos em
quantidades iguais ou superiores a 50 TONELADAS, que pretendam vender,
poderão entrar em contacto com a BMM através dos seguintes contactos:
Telefone: +258 84 6174249 ou pelo +258 84 4405665 - Direcção de Negócios,
Estudos e Estatística.
Email geral: nmanjate@bmm.co.mz
cmassingue@bmm.co.mz
bmmcompras@gmail.com
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16 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
economia
Acordo jurídico permite à Odebrecht retomar os negócios
A Odebrecht, S.A. celebrou, recentemente, mais um importante acordo de leniência (clemência)
com as autoridades brasileiras, o qual permitiu fortalecer a segurança jurídica daquele grupo empresarial
e assegurar a retoma dos seus negócios.
Energia vai consumir cerca
de um bilião de dólares
até 2019
O sector de energia vai realizar
investimentos de até
cerca de um bilião de dólares
norte americanos até finais
de 2019, segundo indicou o
Chefe do Estado, Filipe Nyusi,
durante uma breve análise
da situação económica do
País.
O valor de quase um bilião
de dólares, a ser investido
no sector energético, deverá
concentrar-se nos sectores de
infra-estruturas do sistema
de geração de energia, como
é o caso da Central Térmica
de Ressano, Kuvaninga,
Central Térmica de Maputo
e o início de construção em
Mocuba, na Província da
Zambézia, da primeira central
de geração de energia a
norte de Cahora Bassa, um
investimento norueguês de 75
milhões de dólares americanos.
Este investimento surge
numa altura em que a taxa
de crescimento médio do
consumo de energia eléctrica
nos últimos cinco anos, no
País, situa-se nos 12 por cento,
sendo a mais elevada da
África Austral, cuja média é
de cerca de três por cento.
Para responder a procura de
energia eléctrica, o País necessita,
em média, de cerca
de 100MW por ano, ou seja,
todos os anos, deve-se construir
uma central com capacidade
de 106 megawatts de
energia eléctrica.
Outrossim, o anúncio do investimento,
por parte do
Chefe do Estado, acontece
numa altura em que o país
procura meios alternativos
para aumentar a expansão
da rede eléctrica, que abrange
apenas um milhão e setecentos
mil habitantes, correspondentes
a cerca de vinte e
sete por cento da população,
sendo uma das alternativas a
ter em conta, as energias renováveis.
Elísio Muchanga
Concessão do porto da Beira
prorrogada por 15 anos
Grupo ExxonMobil pretende expandir
projecto de gás natural em Moçambique
O Governo moçambicano
decidiu prolongar por
15 anos a concessão do
porto da Beira à Cornelder
de Moçambique, que
são contados a partir de
2023, ano em que terminam
os 19 anos do prazo
da concessão ainda em
curso, informou a porta-
-voz do Conselho de Ministros
e vice-ministra da
Cultura, segundo noticia
Macauhub.
A Cornelder de
Moçambique é
uma parceria
entre a estatal
Portos e Caminhos-de-Ferro
de Moçambique
e a Cornelder Holland,
que opera os terminais de
contentores e de carga geral
do porto da Beira, capital da
província de Sofala, desde
Outubro de 1998.
A porta-voz Ana Comoana,
citada pela agência noticiosa
AIM, adiantou que “o alargamento
do contracto com
a Cornelder de Moçambique
foi determinado pelo compromisso
da empresa em realizar
um investimento adicional
imprescindível para o aumento
da capacidade do porto da
Beira.”
O plano de investimentos,
com um montante de 290 milhões
de dólares, contempla a
reparação de 300 quilómetros
da Estrada Nacional Número
6, da Beira até Machipanda,
na fronteira com o Zimbabué,
bem como de 317 quilómetros
da linha de caminho-
-de-ferro Beira-Machipanda.
Os investimentos a realizar
O grupo norte-americano
ExxonMobil vai proceder à
expansão do projecto de gás
natural na bacia do Rovuma,
Moçambique, em cerca
de metade do anteriormente
previsto a fim de reduzir
custos, disse a porta-voz do
grupo Julie King, em resposta
a questões colocadas
pela agência financeira Reuters.
Julie King precisou que o
alargamento das unidades
de processamento e de liquidificação
do gás natural
fará com que o custo unitário
do projecto seja reduzido,
assegurando dessa forma
que o gás a extrair no
bloco Área 4 da bacia do
Rovuma seja competitivo
em termos mundiais.
Na semana passada, a Mozambique
Rovuma Venture
apresentou ao Governo
de Moçambique o plano
de desenvolvimento para
a primeira fase do projecto
Rovuma LNG, que irá
extrair, liquidificar e comercializar
gás natural dos
campos Mamba.
O plano apresenta de forma
pormenorizada o desenho
e a construção de duas
unidades de liquidificação
de gás natural, dispondo
cada uma de capacidade
para processar 7,6 milhões
de toneladas de gás por
ano.
O projecto Rovuma LNG
é operado pela Mozambique
Rovuma Ventures,
uma parceria detida pelos
grupos ExxonMobil, ENI e
China National Petroleum
Corporation, que em conjunto
controlam 70% do
bloco Área 4, estando os
restantes 30% divididos em
partes iguais entre o grupo
português Galp Energia,
sul-coreano Kogas e a estatal
moçambicana Empresa
Nacional de Hidrocarbonetos.
Macauhub
pela parceria incluem obras
no sentido de aumentar a
capacidade de processamento
anual dos actuais 300 mil
para 700 mil contentores e de
750 mil toneladas de carga
a granel para 1,2 milhões de
toneladas.
O sector de energia vai realizar
investimentos de até cerca de um
bilião de dólares norte americanos
até finais de 2019, segundo
indicou o Chefe do Estado, Filipe
Nuysi, durante uma breve análise
da situação económica do País.
O valor de quase um bilião de
dólares, a ser investido no sector
energético, deverá concentrar-se
nos sectores de infra-estruturas
do sistema de geração de energia,
como é o caso da Central
Térmica de Ressano, Kuvaninga,
Central Térmica de Maputo e o
início de construção em Mocuba,
na Província da Zambézia, da
primeira central de geração de
energia a norte de Cahora Bassa,
um investimento norueguês
de 75 milhões de dólares americanos.
Este investimento surge numa
altura em que a taxa de crescimento
médio do consumo de
energia eléctrica nos últimos cinco
anos, no País, situa-se nos 12
por cento, sendo a mais elevada
da África Austral, cuja média é
de cerca de três por cento.
Para responder a procura de
energia eléctrica, o País necessita,
em média, de cerca de
100MW por ano, ou seja, todos
os anos, deve-se construir uma
central com capacidade de 106
megawatts de energia eléctrica.
Elísio Muchanga
Energia vai consumir cerca de um
bilião de dólares até 2019
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 17
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CFM lucra perto de 50 milhões de dólares
A empresa CFM-Portos e
Caminhos de Ferro de Moçambique,
registou, durante
o exercício de 2017,
um lucro de 47 milhões de
dólares norte-americanos
e pretende investir nos
próximos anos mais de
300 milhões de dólares no
sector de infra-estruturas
e equipamentos.
Elísio Muchanga
Com uma contribuição
ao Tesouro de
um valor estimado
em 93 milhões de
dólares, o Chefe
do Estado moçambicano, Filipe
Nyusi, elogiou o desempenho
positivo dos CFM durante o ano
2017 que registou um fluxo de
caixa de operações em 88,3 milhões
de dólares.
Falando após a apresentação do
desempenho produtivo, económico
e financeiro de 2017 e do plano
estratégico para 2018-2020 da
empresa, Nyusi frisou que os resultados
positivos dos CFM são
sintomáticos da evolução da economia
no período de 2015-2017,
que culminou na redução de inflação
de mais de 20% em 2016
para menos de 5% em 2017, e
os mesmos transmitem a mensagem
de que está‒se perante uma
empresa forte e resiliente, cujos
resultados demonstram solidez e
uma imagem positiva do país.
Afirmou ainda na ocasião que
os resultados alertam a todos,
especialmente ao sector empresarial,
que com sacrifício, empenho
e dedicação é possível ser sustentável,
num contexto de crise
económica e financeira nacional e
internacional.
“A empresa CFM por si mesma
tornou-se num modelo de gestão
para as empresas ferro-portuárias
na região pelo facto de, de
uma forma consistente, apresentar
resultados líquidos positivos
ao longo dos anos”, frisou Filipe
Nyusi.
Para o Presidente da República,
com as demonstrações financeiras
realizadas ficou evidente
que o valor da empresa hoje é
de mais de 1.2 biliões de dólares
norte-americanos, representados
pelo seu capital próprio e activo
fixo.
“Ainda em 2017, nos orgulhamos
em saber que a empresa
CFM contribuiu para o Tesouro
com um valor estimado em
93 milhões de dólares, incluindo
impostos, facto que permitiu que
esta empresa tivesse o reconhecimento
da Autoridade Tributária
de Moçambique como um
dos melhores contribuintes dos
exercícios fiscais de 2015 e 2016”,
disse.
Por outro lado, a Empresa Portos
e Caminhos-de-ferro de Moçambique,
E.P (CFM) vai investir,
nos próximos 3 anos, no
sector ferroviário, 300,6 milhões
de dólares em linhas férreas e em
material circulante, nomeadamente
locomotivas e vagões.
Segundo deu a conhecer Miguel
José Matabel, no sector portuário,
os CFM vão investir de 2018
a 2020, na dragagem de emergência
e de manutenção do canal
de acesso, cais de acostagem e
bacia de manobras, 33,9 milhões
de dólares, aquisição de 2 rebocadores
e barco piloto para o Porto
da Beira em 25,9 milhões de dólares,
obras e outros equipamentos
portuários USD 32,2 milhões
(Reach Stakers, Forklifts, sistema
VTS, vedações).
Em termos de produção global,
no tráfego ferroviário, Matabel
salientou que foram transportadas
22.3 milhões de toneladas,
no tráfego portuário 43.7 milhões
de toneladas e transportados cerca
de 7.9 milhões de passageiros.
Em termos de resultados económicos
e financeiros, os CFM tiveram
proveitos na ordem USD
258,5 milhões de dólares, 192.0
milhões de dólares de custos operacionais
e resultados líquidos de
47,2 milhões de dólares.
Até Maio de 2018, os CFM tinham
activos fixos estimados
em 594.2 milhões de dólares,
capital próprio de 597.5 milhões
de dólaes, dívida de longo prazo
avaliada em 56.7 milhões de dólares
e um Cash-Flow operacional
de 88,3 milhões de dólares.
Tendo produzido lucros avaliados
em pouco mais de 45
milhões de dólares no ano passado,
os CFM pagaram em
impostos e dividendos para o
Estado mais de 90 milhões de
dólares, o que a fez merecer o
galardão de um dos maiores
contribuintes em Moçambique
atribuído pela Autoridade Tributária.
Para Nyusi este facto
mostra que a empresa tem contas
em dia.
Foto: António Nhangumbe
18 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
Magazinadas Texto: Abanês Ndanda
Lufa-Lufa em tudo!
Se perguntasse ao Presidente da República, Filipe Nyusi, como está
o País hoje, o discurso seria longo, porque há assunto do Rovuma,
lanchando em Mocímboa da Praia, passando pela Beira, sem
esquecer a serra da Gorongosa e para aterrar na cidade
de Maputo. Errata! Risque-se a palavra aterrar!
Justificação: por estes dias está complicado voar e
aterrar em Moçambique.
Continuando, o Presidente diria que a situação não
está boa. Até ao ponto de pendurar-se o seu subalterno
directo… está mal! Mas diria, ao seu estilo característico
que nem tudo está mal. O exemplo disso são os Caminhos
de Ferro de Moçambique (CFM), das poucas empresas
públicas que o chefe do governo consegue entrar e sair a
sorrir. Na foto, Nyusi passeia com ares de quem precise
de muitas explicações, afinal, a casa é bem familiar.
A lufa-lufa não é só nas contas das empresas públicas,
o mercado político também está quente. Quem aproveita
sorrir ao Presidente, afinal, pelo menos o metro não está a ser
um ‘chouriço’, é mayor da cidade-província, David Simango,
que ao que se sabe, já prepara o discurso de “missão cumprida”,
para quando entregar as chaves da cidade no fim de 10 anos.
Parece que os bons manos são figuras bem caras por estes dias.
As “internas” a decorrer e as externas a ter lugar, são
altura própria para firmação dos contratos-promessa
para depois das eleições.
O que era para dizer mesmo? Deixe-se para lá. Faizal
António e Silvestre Bila, homens para quem os números
não costuma ser problema, caminham calmamente
abraçados e sem nheque-nheques.
E aí chefe - a Renamo já deu sinal - a extraordinária já
pode acontecer? Bem, pelo sorriso de Margarida Talapa,
parece que o pacote eleitoral não vá demorar muito.
Fotos: António Nhangumbe
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 19
Aniversariantes
Envie a tua foto e mensagem até às 12 horas de cada quarta-feira, ou contacte Adelina Pinto pelos
telemóveis 827870008, 820152830 e 847684840 ou ainda pelos e-mails: adelinap33@gmail.com ou jornalmagazineinde@gmail.com
Não é fácil lembrar
as datas de ani
v e r s á r i o s d e
muitos amigos,
mas mesmo que
desse muito trabalho
quando
eras pequena,
do teu dia, eu
não esqueci. Espero
que tenhas
um dia excelente,
com todas as delícias
que adoras, acompanhada por todos
os teus amigos e parentes. É com muito
entusiasmo que hoje celebramos, mais
um ano da tua vida, te desejamos, um dia
iluminado por muito amor.
H o j e , q u e r e m o s
transmitir-te, com
alegria, a nossa
sincera amizade,
manifestamos
a gratidão que
temos pelas
coisas boas
que nos fizeste
neste percurso
que temos estado
a fazer juntas.
Sem dúvida,
és a pessoa que
nos conhece melhor
e, por isso, queremos
agradecer-te e mostrar-te o c o m o ,
estamos felizes por testemunhar mais
uma data do teu aniversário. De colegas
do Magazine.
Não somos capazes
de imaginar sobre
o bem-querer que
ainda vem pela
frente. Cada dia
é uma descoberta,
cada dia é
uma surpresa e
um recomeço da
vida. Mais um ano
se passou desde que
eras uma pequena
pérola, a sereia mais linda
do mundo, que trouxe muitas alegrias
na vida, principalmente para os que te
rodeiam. Feliz aniversário.
Flora
Helena
Lembre-se que a vida é
feita de aventuras, é
exatamente isso que
te desejamos hoje. O
teu aniversário é a
marca de um novo
ano, é mais uma
oportunidade para
alcançares o que
deixaste para traz e
tirar os teus planos do
papel, e aventurar mais,
principalmente, viver mais
sobre os teus desejos. Feliz Aniversário!
Feliz aniversário!
C o m e s t a d a t a
pedimos a Deus
que ilumine o
teu caminho,
pois ele será
longo, a tua
vida seja cheia
de sorrisos, para
que nada te falte.
Pedimos, também,
p a r a
que peran- t e
dificuldades tenhas forças
suficientes para conseguires
o que almejas com
carinho e admiração. Feliz
Aniversário!
Jucelino Albino
Grácio
Não há melhor coisa
que um jovem ser
sorridente, por
completar mais
um ano de vida.
Os corações dos
familiares estão a
saltitar de alegria
por comemorar-se
uma ocasião tão
especial. Os amigos
descrevem o Zezé como
sendo alegre, simpático,
educado e bonito! Uma pessoa
que ainda não chegou à fase
desejada, mas que aproveita
a adolescência de uma forma
espectacular. Parabéns.
Zezé
Esta nova visão de vida
chegue recheada de
muita saúde e novas
oportunidades.
Que a alegria te
acompanhe por
todos os momentos
e iluminando
cada vez mais os
teus pensamentos.
Que o teu dia seja tão
lindo como o teu sorriso
e te ofereça inúmeras felicidades
iguais à amizade que envias
para o mundo da vida.
Zelia
A partir de hoje, reflicta
tudo o que tens feito
na tua vida. Que
Deus te conceda
muitos anos de
vida, te mantenhas
sempre
forte e determinada
na vida profissional
e nunca
se deixe vencer.
Torço para que todos
aqueles desejos de infância
estejam se concretizando. Sigas
lutando até ao fim para alcançares os
teus objectivos
Arquídia
Hoje filho, é o dia em que
completas mais um ano
de vida, eu quero te
dizer que mesmo antes
de nasceres já
te amava. Quando
nasceste, foi uma
alegria imensa,
tanto para mim
como para todos os
que te rodeiam. Foste
crescendo, dando os
primeiros passos e estava
ali para te segurar pelas
mãos, para que não caísses. O tempo foi
passando e a cada dia com o teu jeito meigo
e carinhoso, estás conquistando o coração
de todos que te cercam.
Nesse dia tão especial, te dedico meu carinho,
meu amor e desejo-te muitas felicidades.
Votos do teu pai.
Ígor
20 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
cultura
Ngũgĩ wa Thiong’o lança “Matigari”
Durante a semana das artes Maputo 2018, a Ethale Publishing vai lançar, em Moçambique, na Minerva
Central, a primeira edição portuguesa do romance clássico “Matigari”, do autor queniano
Ngũgĩ wa Thiong’o.
INAC e CBM apresentam
cinema sobre o processo
da Independência
O INAC e o CCBM apresentam
a mostra de cinema sobre
o processo de independência e
reconstrução de Moçambique,
com início nesta Terça-feira e
o término agendado para Sexta-feira,
com a projecção diária
de filmes históricos e essenciais
em ambas as instituições.
O processo de independência e
reconstrução de Moçambique
constituiu momento histórico
de grande confluência entre cineastas
moçambicanos e brasileiros.
Cineastas de ambas as nacionalidades
acompanharam de
perto o processo de independência
de Moçambique, assim
como os anos que se sucederam
na reconstrução do Estado,
produziram filmes e livros
sobre o tema. O objetivo da
mostra é exibir alguns filmes
que ilustram esse riquíssimo
período de formação do país,
em que cineastas de ambos
os países buscavam dar a sua
contribuição no desenvolvimento
de Moçambique.
Na sessão de abertura será
estreado o filme: “O Tempo
dos leopardos”, de Zdravko
Velimirović (1985). “O Tempo
dos leopardos”, em servo-
-croata, “Vreme leoparda”,
é um filme moçambicano-jugoslavo
do gênero drama de
guerra, realizado e escrito por
Zdravko Velimirović, Branimir
Šćepanović, Luís Carlos Patraquim
e Licínio Azevedo. O filme
é baseado no livro Relatos
do Povo Armado, de Licínio
Azevedo.
No segundo dia segue, será rodado
o filme: “Vinte e Cinco”,
de José Celso Martinez Corrêa
e Celso Lucas (1975). O filme
do ponto de vista do colonizado,
conta o processo de libertação
de Moçambique; mostra
a história da resistência e luta
do povo moçambicano.
Realizado por um grupo de jovens
do então INC sob a supervisão
do brasileiro Murilo
Salles e Luís Bernardo Honwana,
o documentário mostra
imagens dos ataques contra
civis moçambicanos durante as
invasões do país por tropas da
Rodésia.
Amantes da palavra reflectem sobre
estratégias para maior circulação do livro
O Deal-Espaço Criativo foi
o espaço que acolheu, na
semana finda, o colóquio
literário sobre a “Resiliência
2”, com o objectivo
de celebrar a literatura e
a cultura moçambicana,
servindo ainda como rampa
para reflectir acerca de
estratégias visando ultrapassar
os desafios existentes
no campo do livro
sobre a fraca circulação,
bem como dos demais
produtos artísticos.
Adelina Pinto
Trata-se de um
colóquio que é,
igualmente, uma
plataforma para
incentivar que
haja maior mobilidade das
obras de autores moçambicanos,
dentro do espaço lusófono
e de outros paralelos.
O evento juntou escritores,
editoras, jornalistas académicos
e não só, para reflectirem
e discutirem o estado
actual dos problemas que
estão à volta das artes literárias,
bem como para se
ultrapassar os desafios relacionados
com os livros no espaço
da crítica literária existente
nos jornais e revistas
moçambicanas.
A segunda edição do colóquio
foi marcada pela internacionalização
do evento
que, para além do escritor
Luiz Ruffato, contou ainda
com a presença do tradutor
alemão Michael Kegler, contribuindo,
assim, para o estreitamento
das relações entre
as diversas culturas.
Constatou-se que em Moçambique
os actuais desafios
no acesso ao livro estão
em volta das dinâmicas na
distribuição e as inúmeras
barreiras editoriais, num
contexto social e económico
difícil, onde as palavras do
dia são resistir e inventar,
criando utopias e sonhos, tal
que é visto como incentivo
para reflexão.
No primeiro dia, o evento
iniciou com as poetisas
Melita Matsinhe e Sónia
Sultuane e Sara Jonas num
debate com tema “Literatura
e arte no feminino”. A
mesa seguinte foi sobre a
apresentação dos livros de
crónica “Missa Pagã”, de
Fernando Manuel; de poesia,
“Fogo Preso”, de Andes
Chivangue; de entrevistas a
escritores, “Os Peregrinos da
Palavra”, de Marcelo Panguana;
e de contos, “O voo
dos Fantasmas”, de Mélio
Tinga.
Ainda no primeiro dia seguiu,
o poeta Armando Artur,
antigo ministro da Cultura,
numa conversa com
Rinkel. Como forma de levar
a arte em todos os espaços
para a sua divulgação, alocaram
nas barracas do museu,
os poetas Hélder Faife,
M. P. Bonde, para a leitura
de textos de poesia e, Luiz
Ruffato e Severino Ngwenha
numa casa de pastos
para discutir sobre “Brasil
neurótico e o mundo em
que vivemos”.
No segundo dia apresentou-
-se o tema “O fim da crítica
literária em Moçambique”,
onde tomaram parte
do painel o académico e vice-presidente
do Fundo Bibliográfico
de Língua Portuguesa,
Gilberto Matusse,
e o escritor e actor Rogério
Manjate. E, também, para
o tema “O lugar da lusofonia
no panorama literário
universal”, com os escritores
Lucílio Manjate, Ungulani
Ba Ka Khosa, Luiz
Ruffato e Michael Kegler.
Em jeito de divulgar, as
obras além-fronteira de diferentes
escritores, coube
ao tema “Tradução literária
e os novos rumos para
as literaturas africanas e
portuguesa”, que juntou
o bibliotecário Mateo Angius,
que traduziu a obra
do escritor Mia Couto com
o título “Terra sonâmbula”
para a língua italiana, Michael
Kegler com mais de
10 línguas e a académica
tradutora Sandra Tamele.
Não faltou na sua essência
equilíbrio, no colóquio em
que os amantes da literatura
esperaram com muita
ansiedade e aplausos, fez-se
o lançamento do livro intitulado
“Eles eram muitos
cavalos”, do escritor brasileiro
Luiz Ruffato, sob
chancela da editora Cavalo
do Mar.
Foto: António Nhangumbe
Foto: António Nhangumbe
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 21
Reduz espaço de crítica literária
nos jornais moçambicanos
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O editor do Cavalo do Mar,
Mbate Pedro, durante o colóquio
literário que decorreu,
recentemente em Maputo,
apontou que “ os espaços da
crítica literária em Moçambique
têm reduzido bastante
nos jornais moçambicanos e
aumentado nas redes sociais”.
Adelina Pinto
Para Mbate Pedro,
a literatura não tem
sexo, mas é uma preocupação
“minha como
editor e autor desta
geração e outros estudiosos que há
menos mulheres a escreverem em
relação aos homens”.
Ele disse que essa é uma coisa histórica,
não começou nesta geração,
já vinha em tempo atrás. Este
facto tem a ver com a juventude
machista, com academias que não
formam escritores.
De acordo com Mbate Pedro, os
espaços tradicionais da crítica literária
que são de alguns jornais reduziram
e quando passam para as
redes sociais têm o risco de alguns
textos serem de má qualidade.
Para que haja críticos literários é
necessário que haja leitores.
Segundo a fonte, em relação a
lusofonia, a literatura em língua
portuguesa só vai ser forte se ela
conseguir atravessar fronteiras e
ser traduzida, para ser mais conhecida.
De acordo com a primeira mesa
redonda, constituída por Sara
Jonas, Melita Matsinhe e Sónia
Sultuane, sobre o tema literatura
e arte no feminino, a professora
literária Sara Jonas disse que “na
cultura em que tenho trabalhado
ultimamente discute-se como
trazer os elementos da escrita à
literatura, como se estuda antropologia
e a psicanalise como forma
de interpretar a literatura. Por
tratar-se de uma área diferente da
teoria na literatura, é desnecessário
fazer o estudo da mesma nas
artes”.
Ela acrescentou que “ gosto de
ler a poesia como se fosse oração,
porque muita das vezes, ela desperta
sensações, especialmente os
que nos dão algum sossego. Não
se pode dizer que começamos a
poesia com a produzida na altura
de combate, porque, de acordo
com o título, é uma poesia que
convidava à luta contra o colonialismo”.
Por sua vez, Sónia Sultuane, que
tem livros publicados no País, frisou
que a literatura é mais que
um conjunto de palavras, de alguma
forma está a tentar materializar
as palavras na arte plástica.
Sublinhou que “ para mim as
palavras deixaram de serem simplesmente
as ditas, por isso, que
passei para artes plásticas, para
que as palavras sejam materializadas,
uma vez que através das
palavras só, não basta, são necessários
materiais para conseguir
construir o que penso. Porque o
suporte em papel já não é suficiente.
Nas artes plásticas que fiz,
tive sempre a necessidade de materializar
as palavras em telas “.
Por se tratar de questões que
têm a ver com a falta de género
feminino na literatura, Sónia
disse que assumir-se como poeta
e não como poetisa. Só assim, é
que estaria a revindicar um espaço,
“ não é uma moda, porque, se
formos a ver, há muitas mulheres
que revindicaram não serem chamadas
de poetisas, mas poetas,
revindicam o próprio espaço, porque
têm esse direito assim como
outras pessoas”.
A pianista Melita Matsinhe disse
que a palavra já não é
suficiente, daí que sente a
necessidade de moldar a
palavra para que siga o caminho
e que seja o espelho.
“Não diria que a música
vem da poesia ou vice-versa,
são dois espaços e duas
matérias diferentes para se
trabalhar a palavra”, disse
a poeta.
De igual modo, Matsinhe
repisou que “Arte feminino
em Moçambique dá-nos
a expressividade de haver
forma de expressar e trabalhar
a matéria, é uma
oportunidade de publicar
o sentimento, é importante
perceber o que nós queremos
falar ao dizer arte no
feminino será uma questão
da igualdade do direito ou
dizer, como a mulher escreve
diferente de todos. Neste
espaço, chamo atenção que
podemos cair numa cilada
de criar formas de ver a
arte baseada no género, isso
será um risco grande, porque
pode se conseguir criar
um ponto final”.
Foto: António Nhangumbe
22 Magazine independente Terça-feira | 17 de Julho 2018
Donaldo Paiva vence open da África do Sul O xadrezista moçambicano, Donaldo Paiva, venceu recentemente o Open de xadrez na vizinha África
do Sul. Com esta conquista Paiva dá bons indicadores para as olimpíadas da Geórgia, em Setembro
do presente ano. desporto
“Nelson Mandela
Pacers” campeã da
Jr NBA
Foi um ambiente emocionante
que se viveu no Pavilhão APolitécnica,
no Sábado, dia 7 de
Julho, onde as raparigas das
escolas Secundária de Malhazine
(Malhazine Nets) e Nelson
Mandela (Nelson Mandela
Pacers) proporcionaram aos
pais, encarregados de educação,
colegas de escola, ao Reitor
da Universidade Pedagógica
e ao Embaixador dos Estados
Unidos em Moçambique, um
espectáculo memorável e de se
aplaudir várias vezes.
Depois de terem facilmente ultrapassado
os seus adversários
das finais de conferência - Malhazine
Nets levou de vencida
a Metodista Unida Pelicans
por 43-20, e a Nelson Mandela
Pacers passeou a classe perante
à Estrela Vermelha Pistons
57-19. Já se aguardava uma final
electrizante e imprevisível,
isto porque ambas as equipas
fizeram percursos parecidos durante
toda a competição, vencendo
e convencendo as suas
concorrentes, e têm atletas com
argumentos técnicos suficientes
para proporcionarem uma final
muito disputada.
O resultado final do jogo não
deixou dúvidas em relação ao
espectáculo e empenho colocado
pelas raparigas em campo:
64-56 a favor da Nelson Mandela.
Nélia Duvane, Isabel Zunguza
e Jessy Maia, foram as atletas
que se destacaram pela Nelson
Mandela. Kisshana Mafassitela,
Joyce Matavel e Albertina Pelembe
comandaram as operações
pela Malhazine Nets.
O jogo da final foi mais um
momento de convívio entre
as 30 escolas participantes do
programa e para além do jogo
propriamente dito houve uma
palestra sobre cidadania ministrada
pela patrona da iniciativa,
a ex-jogadora da WNBA
Clarisse Machanguana, competições
de habilidades, de lançamentos,
e diverso entretenimento.
O moçambicano Gildo
Lourenço e Bruno Langa
são os novos reforços do
Amoras FC para a presente
temporada futebolística.
Recentemente, o
Renildo Mandava também
assinou pelo Belenenses
de Portugal. Soou um
alarme de uma provável
saída de Zainadine Júnior
do Marítimo, mas ficamos
a saber que o mesmo vai
permanecer no respectivo
clube, onde foi considerado
o melhor defesa
do ano.
Alfredo Langa
Depois da geração
de ouro
que jogou em
Portugal, como
Eusébio, Coluna,
Matateu e não só, uma
nova geração de jogadores
moçambicanos vai chegando
à Europa, concretamente
em Portugal, epicentro das
novas contratações de jogadores
moçambicanos.
Praticamente, os clubes, da
primeira e segunda divosões,
já abriram às oficinas
rumos aos seus objectivos
traçados. Está confirmado,
que até, então, três jogadores
assinaram recentemente
contratos com clubes portugueses,
com maior destaque
para Amoras FC e Belenenses
de Portugal.
O internacional Gildo Lourenço,
que teve passagem
no Braga de Portugal, é a
par de Bruno Langa do Maxaquene,
vão jogar no Amoras
FC.
Segundo fontes seguras,
Bruno terá que estar em
Portugal até ao dia 22 do
presente mês. Sabe-se que
uma delegação da Black
Bulls, efectua uma visita
de trabalho a Amoras FC,
onde está marcado um jogo
treino com o respectivo clube.
De salientar que os sócios
do Amora FC aprovaram a
entrada de investidores moçambicanos
no futebol português.
Trata-se de Junaide
Lalgy e a Família Sidat.
O agente de Bruno, Jonas
Nhaca, confirmou a ida de
Bruno a Lisboa. Tendo dito
que “é um facto. Ele, deve
estar em Portugal até ao
dia 22 de Julho, tudo está
acautelado para a sua deslocação.
Na primeira fase,
ele vai ficar no Amoras FC,
com possibilidade de rumar
para outros clubes que o cobiçarem”.
Entretanto, o Belenenses
anunciou, recentemente, a
contratação do jovem moçambicano,
Renildo Mandava.
O lateral-esquerdo,
de 24 anos, que esteve emprestado
pelo Benfica ao
Covilhã na época transata,
assinou contrato válido
até 2022 e chega para colmatar
a saída de Florent,
confirmado como reforço do
Guimarães. A outra grande
novidade é o internacional
moçambicano, Zainadine
Júnior, que foi autorizado
a apresentar-se mais tarde.
O central moçambicano
tem sido alvo de cobiça. De
acordo com a Bola, para já
o futuro é no Marítimo.
Gildo Lourenco no Amoras Renildo Mandava no Beleneses
Bruno Langa vai jogar no Amoras FC Gildo Lourenco no Amoras
Zainadine Júnior fica no marítimo
Mercado de transferência dos
moçambicanos concentrado na Tuga
17 de Julho 2018 | Terça-feira Magazine independente 23
antonio.marques17@hotmail.com
``Longo Alcance`` na R.M. Desporto, 93.1 Maputo, 98.1FM Inhambane,
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VISÃO NAS ESTRADAS
Moçambicanos vibram com o
título da França na Rússia
A visão é um dos mais importantes sentidos para conduzir. Mais de 80 por cento
da informação necessária para tomar decisões na condução passa pêlos olhos.
De acordo com o Vision Impact Institute, 60 por cento dos acidentes de viação
no mundo estão relacionados com problemas de visão. A mesma fonte indica
que 23 por cento dos condutores tem problemas de visão, que não estão corrigidos
pelo uso de lentes e óculos.
Segurança e visão são palavras que se complementam quando falamos de
automóvel. Se conforto, economia, desempenho e segurança são características
de um bom automóvel, a saúde e acuidade visual são requisitos indispensáveis
a um bom condutor.
Em todo o mundo há 2,5 mil milhões de pessoas que têm má visão e que não
sabem, ou procuram voluntariamente corrigir o problema. Para termos estradas
e condutores mais seguros é determinante que todos tenham consciência das
suas próprias limitações para que as possam corrigir.
Controlar a visão é a melhor solução!
Para saber se a sua visão oferece segurança para conduzir, pode tentar fazer um
pequeno auto-diagnóstico, que não dispensa a consulta regular ao oftalmologista.
Por exemplo, se tiver dificuldades em ler os sinais de trânsito, as placas de
indicação de direcção, isso significa que a sua visão ao longe pode ter diminuído.
Se por exemplo, tiver dificuldades em ver à noite enquanto conduz
e os seus olhos forem obrigados a um esforço suplementar, o mais provável é
ter problemas de astigmatismo.
As anomalias visuais são um dos problemas de saúde mais comuns e subestimados
em todo o mundo. A detecção precoce destas anomalias é essencial.
Tal deve ser feito em consulta com especialista e com a realização regular de
rastreios para avaliação, identificação e correcção de eventuais anomalias visuais.
Quantas às Empresas, Organizações e Instituições que realizam frequentes rastreios
nomeadamente quanto a condições de visão e audição dos colaboradores
que arriscam ao volante?
Infelizmente, temos dezenas de milhares de condutores ao volante afectados
por esta deficiência, pêlos mais variados motivos, porém, existe excessivo “
desleixo” na onda; falta de zêlo profissional fora do controlo se os Recursos
Humanos se encontram aptos e capazes aos presentes desempenhos !!
Leia se faz favor: O ATCM realizou no passado domingo, dia 8 de Julho de
2018 a 1ª Prova do Campeonato Nacional de Moto X e 4 rodas ATCM 2018,
na Pista de Motocross do ATCM, que contou com a presença de pilotos do
Motor Clube da Beira, do Chimoio, de Maputo e da Matola, tendo contando
com a seguinte classificação:
Mbappe, Modric e Kane: os
melhores do mundial
A selecção da França conquistou,
volvidos 20 anos, o título de
campeão do mundo de futebol.
A festa da final foi vivida com
muita euforia pelos moçambicanos,
que vibraram com esta conquista.
Mesmo com baixas temperaturas,
que se faziam sentir na cidade
de Maputo, muitos adeptos e
curiosos, entre famílias e amigos
se concentraram na tarde de Domingo,
para testemunhar a disputa
da final entre a Croácia e
a França.
A nossa equipa de reportagem
testemunhou enormes enchentes
em alguns bares e barracas,
a puxarem divididos pelos dois
finalistas. A verdade é certa: a
França levava uma certa vantagem
de apoio de adeptos, de
acordo com o que MAGAZINE
Independente apurou. Mas a
Croácia também tinha muitos
seguidores e o prognóstico antes
do jogo era de aproximadamente
50% para cada selecção.
No final da partida, numerosos
adeptos, que acompanharam o
jogo, disseram à nossa reportagem
que a França foi um justo
vencedor.
O adepto, Joaquim Manhiça,
técnico de televisão digital, disse
que “foi uma final brilhante, entre
duas equipas que se portaram
muito bem durante a copa do
mundo. Claro que a França não
era a minha equipa favorita, mas
depois de muitas delas serem eliminadas,
dediquei o meu apoio à
França, por me identificar com
ela. Foi um justo vencedor”.
Enquanto o adepto Arone Rodrigues,
polícia, frisou que “ a Croácia
foi uma selecção mais completa
e justa candidata ao título.
Só que uma final é uma final. E,
nesta, a selecção da França foi
mais certeira nas oportunidades
que teve durante o jogo. Olhando
pelo percurso, a França fez
história, porque já tinha chegado
a final do euro, que perdeu com
Portugal, desta vez conseguiu
um feito importante.
Entretanto, segundo escreve a
TSF a França sagrou-se hoje
campeã mundial de futebol pela
segunda vez na sua história, 20
anos depois, ao vencer a Croácia
por 4-2, na final da 21.ª edição
da prova, disputada no Estádio
Luzhniki, em Moscovo.
Mário Mandzukic (18 minutos),
na própria baliza, Antoine Griezmann
(38), de grande penalidade,
Paul Pogba (59) e Kylian
Mbappé (65) apontaram os tentos
dos franceses, enquanto Ivan
Perisic (28) e Mandzukic (69) faturaram
para os croatas.
Os gauleses tornaram-se a sexta
seleção a ‘bisar’ o título mundial,
depois de Itália, Uruguai,
Brasil, Alemanha e Argentina,
sendo que conquistaram o primeiro
fora, pelo triunfo em solo
gaulês em 1998, selado com um
3-0 contra Brasil na final.
A final do Mundial não registava
tantos golos desde 1966, há 52
anos, quando a anfitriã Inglaterra
superou a RFA por 4-2, após
prolongamento, sendo que o recorde,
de 1958 (5-2 do Brasil à
Suécia), ficou apenas a um tento.
Alfredo Langa
É uma distinção que dificilmente
lhe fugiria: Kylian Mbappé,
avançado francês do Paris Saint-
-Germian, foi eleito pela FIFA o
melhor jogador jovem do Mundial-2018.
O avançado, que completou este
domingo 19 anos, foi peça fundamental
no título mundial conquistado
pelos Bleus, tendo marcado
três golos na prova, um na
final diante da Croácia. Sucede,
assim, a Pelé como o mais jovem
jogador a marcar numa final de
um campeonato do mundo.
Mbappé tornou-se, ainda, o terceiro
jogador mais jovem de
sempre a levantar o ceptro de
campeão do mundo, depois de
Pelé e do italiano Bergomi.
Luka Modric foi eleito o melhor
jogador do Mundial-2018.
O capitão da Croácia superou
a concorrência de Eden Hazard
(Bélgica) e Antoine Griezmann
(França). Harry Kane, com seis
golos, sagrou-se o melhor marcador
do Mundial-2018. Atrás
do avançado inglês surge um
quinteto de jogadores, com quatro
golos cada, composto por
Lukaku (Bélgica), Cherishev
(Rússia), Cristiano Ronaldo
(Portugal), Griezmann e Mbappé
(ambos de França).
Harry Kane, que repetiu o registo
de há quatro anos do
colombiano James Rodríguez,
tornou-se o segundo inglês a
sagrar-se o máximo goleador na
fase final do Mundial, sucedendo
a Gary Lineker, o melhor
em 1986, no México, também
com seis golos.
Modric e Mbappe
França festejando o título
x Este evento do ATCM no programa do ATCM e Motor Clube da Beira, foi
em comemoração dos festejos da Independência Nacional.
Que assim realizou com o mesmo propósito: uma Prova de Karting, outra de
Drag Racing e por fim de Moto X e Quatro Rodas.
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Mapande armadilhado até à chegada de
Nuro Americano no Maxaquene
Rua da Concórdia (Oliveira) n°38; 1° andar único, no bairro da Malhangalene “A”, na cidade de Maputo.
Dois candidatos, nomeadamente
Arlindo
Mapande e Nuro Americano,
são apontados
para as eleições no Clube
Desportos de Maxaquene,
depois de vários
adiamentos. A Assembleia
Geral Extraordinária
tem apenas um
ponto de agenda que
é a eleição de novos
corpos gerentes, cuja
sessão foi marcada para
o dia 21 de Julho, depois
de vários adiamentos.
Alfredo Langa
Demorou, mas
chegou o dia
“D” das eleições
no Clube
de Desportos
de Maxaquene. Depois de
vários adiamentos para o
escrutínio, finalmente já foi
marcada o data das eleições,
que será no dia 21 de
Julho.
A Assembleia Geral Extraordinária
apenas tem como
único ponto de agenda a
eleição de novos corpos gerentes.
Uma fonte garantiu ao
MAGAZINE Independente
que tudo está sendo feito
para que o candidato Arlindo
Mapande desista,
porque tudo se fez para
que aparecesse uma pessoa
ligada às duas empresas
patrocinadoras do Maxaquene,
nomeadamente
Linhas Aéreas de Moçambique
e Aeroportos de Moçambique.
A mesma fonte disse que
o candidato Arlindo Mapande
está sendo vítima de
uma “armadilha” eleitoral,
como forma de não chegar
à presidência do clube
mesmo tendo a confiança
de alguns sócios. Tudo está
a ser feito para manter o
mesmo ciclo de pessoas que
se mantém no cube há bastante
tempo.
O MAGAZINE Independente
apurou de fontes seguras
que Nuro Americano,
antigo jogador e presidente
do clube, é o homem forte
das empresas patrocinadoras
do Maxaquene para
concorrer à presidência de
um dos clubes mais antigos
do País.
Nuro Americano
Arlindo Mapande
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