Ambiente infernal no partido Frelimo
Afinal o afastamento repentino de Maria Helena Taipo do cargo de governadora provincial de Sofala, na passada quarta-feira, faz parte de um manifesto de saturação por parte de Filipe Nyusi, pelo ambiente de guerras intestinas e entre grupos tribais que estava a tomar proporções incontroláveis.
Havia dois grupos no partido Frelimo, ambos a reivindicarem influência, e, sempre que pudessem, esfolavam o outro. Um era o grupo da ex-governadora Maria Helena Taipo, composto pelos funcionários burocratas do Estado, principalmente directores provinciais e adjuntos.
O outro era o grupo de Paulo Majacunene, ex-primeiro-secretário do partido Frelimo. Este grupo reivindicava ser o mais importante, por controlar a máquina partidária e todos os circuitos de influência em Sofala.
O problema é que Helena Taipo, quando chegou, quis implementar a sua própria dinâmica, que entrava em choque com os antigos dinossauros da Frelimo na Beira, nomeadamente, Lourenço Bulha (empresário e ex-candidato ao Conselho Municipal da Beira) e Manuel Remessane (empresário e ex-presidente da Assembleia Provincial), também conhecido como “Nelinho”. Estes, com a sua influência financeira, normalmente controlam e manietam os primeiros-secretários do partido Frelimo.
Os primeiros-secretários e os governadores que não tenham o apoio deste eixo poderoso facilmente podem cair em desgraça. Foi o que aconteceu com Helena Taipo. Depois de se ter apercebido da influência destes e de que estes estavam a querer minar a sua relação com os directores provinciais e com membros do partido Frelimo, num expediente de zanga partidária, decidiu acusar publicamente “Nelinho” do desvio de tractores.
Helena Taipo acusou “Nelinho” de ter deslocado de Nhamatanda para Báruè oito tractores pertencentes ao Estado, em contradição com o aumento das áreas de cultivo, fim para o qual os tractores lhe foram atribuídos pelo Estado. Esta atitude de Helena Taipo fê-la perder o cargo de governadora, pois levou a uma cruzada contra a mesma, apoiada pela clique empresarial que controla as mentes no partido Frelimo.
Afinal o afastamento repentino de Maria Helena Taipo do cargo de governadora provincial de Sofala, na passada quarta-feira, faz parte de um manifesto de saturação por parte de Filipe Nyusi, pelo ambiente de guerras intestinas e entre grupos tribais que estava a tomar proporções incontroláveis.
Havia dois grupos no partido Frelimo, ambos a reivindicarem influência, e, sempre que pudessem, esfolavam o outro. Um era o grupo da ex-governadora Maria Helena Taipo, composto pelos funcionários burocratas do Estado, principalmente directores provinciais e adjuntos.
O outro era o grupo de Paulo Majacunene, ex-primeiro-secretário do partido Frelimo. Este grupo reivindicava ser o mais importante, por controlar a máquina partidária e todos os circuitos de influência em Sofala.
O problema é que Helena Taipo, quando chegou, quis implementar a sua própria dinâmica, que entrava em choque com os antigos dinossauros da Frelimo na Beira, nomeadamente, Lourenço Bulha (empresário e ex-candidato ao Conselho Municipal da Beira) e Manuel Remessane (empresário e ex-presidente da Assembleia Provincial), também conhecido como “Nelinho”. Estes, com a sua influência financeira, normalmente controlam e manietam os primeiros-secretários do partido Frelimo.
Os primeiros-secretários e os governadores que não tenham o apoio deste eixo poderoso facilmente podem cair em desgraça. Foi o que aconteceu com Helena Taipo. Depois de se ter apercebido da influência destes e de que estes estavam a querer minar a sua relação com os directores provinciais e com membros do partido Frelimo, num expediente de zanga partidária, decidiu acusar publicamente “Nelinho” do desvio de tractores.
Helena Taipo acusou “Nelinho” de ter deslocado de Nhamatanda para Báruè oito tractores pertencentes ao Estado, em contradição com o aumento das áreas de cultivo, fim para o qual os tractores lhe foram atribuídos pelo Estado. Esta atitude de Helena Taipo fê-la perder o cargo de governadora, pois levou a uma cruzada contra a mesma, apoiada pela clique empresarial que controla as mentes no partido Frelimo.
Essa mesma clique, nessa altura, já havia tomado conta de Paulo Majacunene. Helena Taipo passou a ser alvo de uma retaliação sem precedentes, e Paulo Majacunene, em nome do grupo “Nelinho & Bulha”, passou a ser o testa-de-ferro nessa luta aberta.
O sinal mais claro foi a instrução que “as bases” do partido Frelimo receberam desse “núcleo duro” para não votarem em Helena Taipo para o Comité Central desse partido. E foi o que aconteceu. Em Junho de 2017, Helena Taipo não foi eleita, na Conferência Provincial do partido Frelimo, para o Comité Central desse partido.
Como retaliação, Helena Taipo passou a controlar pessoalmente os negócios com o Estado por parte desse “núcleo duro” de empresários clientelistas e quase fechou as torneiras todas. Instruiu aos directores provinciais e os administradores para não darem concursos a esses empresários.
A guerra entrou num nível de insustentabilidade tal que o partido Frelimo dividiu-se em “Frelimo de Taipo” e “Frelimo do grupo Majacunene & Bulha”.
O presidente do partido Frelimo, Filipe Nyusi, até ensaiou uma tentativa de aproximação entre as partes, em Junho de 2017, depois de os empresários terem dado instruções para votarem contra Helena Taipo.
Filipe Nyusi deslocou-se à cidade da Beira, na altura, para resolver o assunto numa reunião séria. Isso aconteceu depois de Nyusi ter feito deslocar uma brigada central à cidade da Beira para averiguar o cenário e ajudar a construir um ambiente saudável entre aqueles seus “camaradas”, mas em vão. Na reunião, Nyusi disse que já não queria mais ouvir picardias entre os grupos desavindos.
Mas a situação só piorou e, nos últimos dias, estava a descambar para uma situação de um grupo do partido Frelimo ameaçar apoiar Daviz Simango.
Sabe-se que os membros da Frelimo em Sofala, principalmente na Beira, só se dizem membros para obterem vantagens e, na hora do voto, votam contra a Frelimo. É notório que tem estado a aumentar o número de votos para a oposição nas zonas urbanas onde vivem os privilegiados frelimistas locais.
A situação havia atingido um ponto em que a Frelimo já tinha a certeza de uma derrota eleitoral pesada, não por julgamento popular, mas por um “inside job” de sabotagem do próprio partido Frelimo na guerra entre os dois cartéis.
Nyusi não teve outra saída. Primeiro, mandou cessar as funções de Paulo Majacunene como primeiro-secretário do partido Frelimo e enviou-o para a Zambézia como delegado do Instituto Nacional de Segurança Social. Mas isso não foi suficiente, porque o grupo dos empresários sentiu-se ferido e afirmou que Nyusi estava a proteger Helena Taipo por razões pouco elegantes.
Então Nyusi fez uma teleconferência, na passada quarta-feira, com alguns membros influentes do Comité Provincial do partido Frelimo, em que também participou Lourenço Bulha. Na reunião, a maioria disse que Helena Taipo era impopular nesse partido.
Não restava mais nada a Filipe Nyusi senão também tirar Helena Taipo da província. Em nome da paz no partido Frelimo, Sofala está sem governador, e o partido Frelimo está sem o primeiro-secretário provincial.
Os dois fomentadores de intrigas internas foram afastados. Tudo isto acontece numa altura em que o partido Frelimo está a gerir outro jogo-de-cintura para encontrar o candidato a cabeça-de-lista para a cidade da Beira, para defrontar Daviz Simango nas eleições municipais. (Matias Guente, na Beira)
CANALMOZ – 27.06.2018
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