O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) considerou esta quinta-feira, de “grave” o défice de infra-estruturas em Moçambique, cenário este que penaliza o desenvolvimento da cadeia agrícola no país.
“O potencial agrícola do país é enorme, o problema está na logística. É preciso investir mais em estradas para escoar a produção”, disse Pietro Toigo, representante do BAD em Moçambique, aquando de um briefing com a imprensa, em Maputo.
Na ocasião, o homem forte daquele banco no país, avançou que serão necessários pelo menos USD 1,7 bilião em investimento só em infra-estruturas e logística ao longo dos próximos anos, garantindo, deste modo, uma agricultura mais forte e cada vez menos dependente de importações de produtos agrícolas.
O défice de infra-estruturas é mais grave nas províncias nortenhas de Cabo Delgado e Niassa, regiões onde o Banco Africano de Desenvolvimento afirma que irá apostar fortemente nos próximos.
“Já viajei de carro para estes sítios, as estradas são horríveis. O potencial agrícola destas duas províncias é enorme, pelo que é preciso fazer algo para melhorar o cenário”, apontou o representante do BAD, acrescentando, de seguida, que a instituição não vai deixar de investir noutras regiões.
Com uma carteira de investimento activa de quase um bilião de dólares norte-americanos em Moçambique, o BAD diz estar a mobilizar mais recursos para o próximo quinquénio, para financiar projectos de agricultura, estradas, energia e de extracção mineira.
A ideia é ao longo dos próximos cinco anos tornar a chamada “Pérola do Índico” num dos maiores receptores da ajuda financeira deste banco africano, com uma carteira de mais de USD 500 milhões por ano.
Neste período, a actuação deste banco estará centrada no desenvolvimento do sector agrícola, dado o seu potencial para aumentar o rendimento das populações, na contribuição para a criação de novos empregos e na melhoria das infra-estruturas económicas.
Refira-se, que recentemente o Conselho de Administração do Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento aprovou um documento de estratégia do país 2018-2022, para prosseguir o seu apoio a Moçambique na melhoria do seu ambiente geral de negócios através de investimentos em infra-estruturas.
A estratégia também irá ajudar a promover uma economia mais competitiva e diversificada, incentivando empresas existentes e novas do sector privado a se engajar em sectores com potencial de maior valor agregado e na criação de empregos.
O documento se centrará, ainda, nos desafios de desenvolvimento de Moçambique, principalmente nas áreas rurais onde a maioria da população depende da agricultura de subsistência e está desligada dos centros de crescimento económico.
Consta que o plano de investimentos do BAD para os próximos anos, deverá ser matéria de debate no Fórum de Investimento Africano, agendado para Novembro próximo, na vizinha África do Sul.
Outro dos assuntos a ser discutido no referido fórum, será a dívida pública insustentável de Moçambique, onde se estima que o país estaria a perder até 80 milhões de dólares norte-americanos por ano.
O facto é que num país em situação de endividamento muito alto, só há donativos e não empréstimos, sendo que tratando-se desta rubrica (donativos) os bancos só podem doar uma quantidade mais pequena.
O representante do BAD em Maputo, explicou que as verbas que Moçambique deixa de receber têm a ver com a necessidade de manter a segurança nos financiamentos, rejeitando, no entanto, a ideia de punição
OPAIS
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