Nini suspeito de raptos também na Africa do Sul
Nini Satar também é suspeito na Africa do Sul de estar no centro de um sindicato do crime internacional por detrás do rapto de um proeminente homem de negócios da Cape Town. Ele é suspeito de ter recrutado operacionais do crime na RAS para conduzirem raptos. Este mês foi raptado em Cape Town o empresário de 65 anos Layaqat Allie Parker, fundador do Foodprop Group, que detém a cadeia de supermercados Foodworld. Parker foi raptado em De Greens. Ainda não se conhece o seu paradeiro. Em Julho do ano passado, foi também raptado o dono do Zhauns Business Opportunity Machines, Sadeck Zhaun Ahmed. Ele foi levado em Salt River. Regressou para casa dois meses depois. Foi reportado que sua família pagou 20 milhões de randes para sua libertação mas a família de Zhauns não confirmou esta alegacão. Em Agosto do ano passado foi raptado um empresário de 76 anos de idade, Omar Carrim, apenas libertado em Dezembro depois de ser pago um valor chorudo para resgate. Tendo em conta estas alegacões, é provável que as autoridades sul-africanas venham interrogar Nini quando ele chegar a Moçambique proveniente da Tailândia, onde foi detido esta semana. Uma publicação sul-africana escreve que Nini está sendo extraditado para Moçambique e depois para Cape Town.
Fonte: Iol.co.za
Nas fotos: Nini Satar, Allie Parker e Sadeck Zhaun
Fonte: Iol.co.za
Nas fotos: Nini Satar, Allie Parker e Sadeck Zhaun
Quem faz a luta?
Nas minhas leituras diárias, já não tem poesia mas uma fornada de literatura “non fiction” onde avultam a biografia e narrativas sobre os nossos dias contadas por jornalistas em livros que discorrem, sem a pretensão sisuda do academismo puro, com paixão e desenvoltura o percurso errático de um político ou de uma nação, o descalabro de uma ideologia ou o gangsterismo de uma elite no poder. Recentemente passou por meus olhos o “Arms Deal”, de Paul Holden, uma estória sobre o escândalo da compra de armas na África do Sul, que atravessou os consulados de Mandela e Mbeki e foi, também, o primeiro grande envolvimento de Zuma num programa massivo de corrupção.
Nas minhas leituras diárias, já não tem poesia mas uma fornada de literatura “non fiction” onde avultam a biografia e narrativas sobre os nossos dias contadas por jornalistas em livros que discorrem, sem a pretensão sisuda do academismo puro, com paixão e desenvoltura o percurso errático de um político ou de uma nação, o descalabro de uma ideologia ou o gangsterismo de uma elite no poder. Recentemente passou por meus olhos o “Arms Deal”, de Paul Holden, uma estória sobre o escândalo da compra de armas na África do Sul, que atravessou os consulados de Mandela e Mbeki e foi, também, o primeiro grande envolvimento de Zuma num programa massivo de corrupção.
O processo que levou à contratação de nossa dívida oculta é semelhante ao “Arms Deal”. Até parece que alguém foi lá estudar o mecanismo da roubalheira e veio implementar cá em casa. Depois seguiu-se uma leitura devoradora de “The Mbeki Legacy”, the Brian Pottinger, antigo editor do Sunday Times, fundamental para compreender as facções que se digladiam no ANC (na Frelimo há também facções que lutam por mais poder não só entre suas elites centrais mas também entre suas elites locais, como se viu com a guerra aberta entre Helena Taipo e Paulo Majacunene, em Sofala). E a excelentíssima estória sobre a obra de Thuli Madonsela, que poderá ser a primeira mulher a chegar à Presidência da Africa do Sul depois de Cyril.
Tenho na fila, o portentoso “Apartheid, Guns and Money”, do meu amigo Hennie van Vuuren, com quem trabalhei em estudos sobre criminalidade organizada para o Institute for Security Studies (ISS) e “Fate of the Nation: 3 scenarios for South Africa’s Future ”, de Jakkie Cilliers. Eu gostaria de ver este exercício de construção de cenários aplicado em Moçambique. Nosso país vive momentos cruciais da sua história sob a batuta do Governo menos competente desde a independência. Está também no pipeline o fabuloso “The President’s Keepers”, do jornalista investigativo Jacques Pauw.
Ele expõe toda a clientéle protectora de Jacob Zuma na securitária e medias local. Aqui também temos os protectores do camarada Armando Guebuza. Ontem tomei a opção de começar por “How to Steal a Country”, de Robin Renwick, que foi Embaixador britânico na Africa do Sul aquando da libertação de Mandela. Numa pequena nota na contracapa do livro, o novelista Wilbur Smith escreve que o livro de Renwick é a estória de uma ganancia épica, da ladroagem e da corrupção na África do Sul e de como essa tendência tem sido confrontada por uma imprensa livre, juízes corajosos e uma sociedade civil activa. E em Moçambique quem faz a luta?
Guebuza “removido” da história em Matchedje?
Com o advento do Adobe Photoshop, a manipulação digital da fotografia tornou-se febril. A tendência para a alteração de uma imagem é uma tentação humana sobretudo no campo político. Ao longo dos tempos, fotografias foram manipuladas com o objectivo de influenciar percepções e reescrever a História. Num retrato de 1860, a cabeça do Presidente americano Abraham Lincoln é colocada sob o corpo de John Calhouns. Mais famosas manipulações aconteceram em regimes totalitários. Mao Tse Tung apagou o general Po Ku em 1936 e o fascista Adolf Hilter removeu Joseph Goebells em 1937. Stalin e Mussolini também tiveram suas incursões nessa arte desonesta de recontar a história.
Nesses tempos nem havia Photoshop. Era tudo feito nos confinamentos da camara escura.
Esta semana, a Frelimo celebrou, com ruído de festança, os 50 anos do II Congresso da então Força de Libertação de Moçambique. Convidado para o evento, o ex-Presidente Armando Guebuza não embarcou para as matas profundas do Niassa. Sua ausência, que não foi comentada nos media, foi notória. Joaquim Chissano e Filipe Nyusi (terceiro e quinto presidentes da Frelimo) posaram na mesma pedra onde Eduardo Mondlane e Samora Machel (primeiro e segundo presidentes) se deixaram fotografar em 1968 numa imagem iconográfica da luta anti-colonial.
Neste caso de Matchedje, não houve manipulação de imagem. Houve omissão pura e simples de uma figura incontornável na história do partido. Prenúncio de que qualquer coisa não vai bem. Parece exagero mas há um edifício onde Mondlane plantou as fundações, Samora edificou o primeiro andar e Chissano o segundo. Nessa narrativa de edificação, Guebuza é o arquitecto do terceiro andar. Sua ausência é como se o terceiro andar estivesse a ser coberto de tapumes para receber um banho de tinta. Da cor de ébano.
Nesses tempos nem havia Photoshop. Era tudo feito nos confinamentos da camara escura.
Esta semana, a Frelimo celebrou, com ruído de festança, os 50 anos do II Congresso da então Força de Libertação de Moçambique. Convidado para o evento, o ex-Presidente Armando Guebuza não embarcou para as matas profundas do Niassa. Sua ausência, que não foi comentada nos media, foi notória. Joaquim Chissano e Filipe Nyusi (terceiro e quinto presidentes da Frelimo) posaram na mesma pedra onde Eduardo Mondlane e Samora Machel (primeiro e segundo presidentes) se deixaram fotografar em 1968 numa imagem iconográfica da luta anti-colonial.
Neste caso de Matchedje, não houve manipulação de imagem. Houve omissão pura e simples de uma figura incontornável na história do partido. Prenúncio de que qualquer coisa não vai bem. Parece exagero mas há um edifício onde Mondlane plantou as fundações, Samora edificou o primeiro andar e Chissano o segundo. Nessa narrativa de edificação, Guebuza é o arquitecto do terceiro andar. Sua ausência é como se o terceiro andar estivesse a ser coberto de tapumes para receber um banho de tinta. Da cor de ébano.
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