As revelações de Venâncio Mondlane
“Edson Macuácua mandoume
perguntar ao meu pai [exPCA
da Emose] o que a Frelimo
representava para a minha
família”.
Pág. 8
Savana 27-07-2018 2
SOCIEDADE
A
os 44 anos de idade, Venâncio
Mondlane foi
apresentado como cabeça-de-lista
da Renamo
para a autarquia de Maputo nas
eleições de 10 de Outubro.
Mondlane concorre pelo principal
partido da oposição, depois
de, em 2013, ter disputado o lugar
pelo Movimento Democrático de
Moçambique (MDM), perdendo
para David Simango da Frelimo.
Na entrevista concedida ao SAVANA,
nesta segunda-feira, o político,
que também é líder religioso,
assume-se como defensor das
causas dos oprimidos.
Declara que foi ao serviço desse
ideal que, em 2013, abraçou o
projecto político do MDM, mas,
cinco anos depois, mostra-se um
homem desiludido.
Venâncio Mondlane diz que a sua
maneira de ser e estar na vida tem-
-lhe valido amargos de boca.
“Tenho recebido várias ameaças,
incluindo de morte. Mas estou à
vontade, porque sei que Deus é
grande. Até o meu anterior chefe
da bancada no parlamento disse-
-me que iria acabar como CheGuevara”
Diz que antes de “bater com a
porta”, passou por vários dissabores,
mas resistiu na esperança de
que dias melhores viriam.
Entende que a direcção do MDM
temia a sua ascensão política, porque
podia ensombrar o centro do
poder, sedeado na Beira.
Venâncio Mondlane declara,
sem rodeios, que Daviz Simango
nunca foi um exemplo e aponta o
falecido líder da Renamo Afonso
Dhlakama como sua referência
política.
Para o político, o MDM está no
momento mais baixo da sua curta
história, a Frelimo terá os resultados
mais baixos de todos os
tempos e a Renamo vai “limpar”
Maputo.
Em menos de seis anos, mudou
três vezes de partido. Saiu da Frelimo
para o MDM e, no dia 17,
foi apresentado como membro da
Renamo. Não acha que isso o descredibiliza
como político sério?
É preciso frisar que, antes de entrar
na política activa, onde milito
há cinco anos, tive 18 anos de percurso
no activismo cívico. Portanto,
ingressei na política para continuar
o meu activismo, que consiste na
defesa do bem comum e dos direitos
fundamentais das classes desfavorecidas.
Fui da Frelimo, porque nasci e
cresci numa família com relações
históricas com o partido no poder.
A minha filiação foi hereditária.
Quando apercebi-me que a Frelimo
já não defendia àquilo que
eram as minhas convicções, afastei-
-me. Continuei com a minha actividade
cívica fora das organizações
políticas, até que fui contactado, em
2013, pela cúpula do MDM para
ingressar no partido.
Na altura, aceitei o assédio porque
precisávamos duma alternativa política
e pensei que o MDM pudesse
responder a esse vazio.
Quem o contactou?
Primeiro, foi um grupo de membros
da Matola, que queriam que
fosse candidato do MDM por
aquela autarquia. Na altura, disse
que precisava de tempo para pensar.
Entretanto, antes de responder, Lutero
Simango também contactou-
-me com a mesma proposta, mas
para cidade de Maputo.
Optei por Maputo por ser a capital
do país e por se tratar duma cidade
que tanto domino e conheço todos
os seus problemas.
Contudo, quem acompanhou as
minhas convicções na altura de
comentador televisivo, deve ter-
-se apercebido que, não obstante
ser membro da Frelimo, as minhas
posições eram sempre em defesa
dos mais fracos, mesmo que fosse
necessário criticar o meu partido.
Nunca fui bajulador.
Engenheiro, a questão é, seis anos,
três partidos diferentes. Isso não
lhe tira do sério?
Acho que para uma pessoa continuar
a merecer respeito da sociedade,
o mais importante é não perder
seu foco. A minha luta foi sempre
em defesa dos interesses daqueles
que não têm voz. Fui assim no activismo
e continuo como político.
Recordar que para além de político
sou pastor da igreja. A minha missão
como pregador é salvar os necessitados.
Em rigor, a vida de um
político sério é igual à de um pastor.
Se vamos a um partido não é simplesmente
para o fundamentalismo
partidário. Juntámo-nos quando
esse partido dá garantias de que vai
continuar a manter a luta pelos direitos
das classes desfavorecidas.
Em 2013, acreditava que o MDM
pudesse fazer isso. Mas, depois de
cinco anos, notei que estava enganado.
No MDM, senti que os dirigentes
do partido queriam tudo
menos defender interesses do povo.
No seio familiar nunca sofreu nenhuma
pressão por causa das suas
opiniões independentes?
Na verdade, senti maior pressão familiar,
quando era comentador da
televisão. Meu pai era funcionário
sénior do Estado e, por via disso,
sofria grandes chantagens, ameaças
e até perseguições.
Por causa da pressão, o meu pai teve
ataque cardiovascular e ficou hospitalizado
durante dois meses e toda
a agente acusava-me de ser responsável
pela doença dele. Isso foi muito
duro para mim, mas continuei a
fazer as minhas abordagens.
Lembro-me também que, uma vez,
quando era membro do partido, fui
chamado, numa sexta-feira, às 22
horas, para uma reunião na sede da
Frelimo.
Quem chamou?
Foi o então secretário para mobilização
e propaganda, Edson Macuácua.
O que queria?
Disse que, por orientação da direcção
máxima do partido, devia parar
de fazer comentários na televisão
até novas ordens.
Edson Macuácuá quis calar-me
Qual foi a sua resposta?
Perguntei ao Edson Macuácua qual
era a legitimidade que a Frelimo
tinha para mandar falar ou calar
pessoas, porque, o que sabia, é que
a Frelimo lutou para que as pessoas
falassem livremente. Em jeito de
resposta, mandou-me perguntar ao
meu pai o que a Frelimo representava
para a minha família.
Se Lutero Simango não o tivesse
convidado para concorrer pelo
MDM no município de Maputo,
em 2013, teria ou não abraçado a
carreira política?
Acredito que não, porque não me
passava pela cabeça, naquela altura,
abraçar um projecto político. Antes
do MDM, tive convites de várias
organizações políticas e declinei.
Quando é que teve o primeiro
contacto com Afonso Dhlakama?
Foi em 2008. Eduardo Namburete,
que era meu colega do painel na
televisão, foi o elo de ligação com
o presidente Dhlakama. Mantive
contactos com o presidente
Dhlakama durante 10 anos, mas
só estive com ele, fisicamente, duas
vezes. Os dois encontros foram na
Serra da Gorongosa. Foi o primeiro
líder político a incentivar-me a entrar
na política activa.
O que mais me impressionou é
que, no primeiro dia que falei com
ele, acabava de criticar a Renamo
e a Frelimo no programa. Curiosamente,
ligou-me a incentivar a
continuar a ser uma pessoa independente
e frontal.
E quando é que começa o “aliciamento”
para fazer parte dos quadros
da Renamo?
Numa das nossas conversas telefónicas,
em 2009, o presidente
Dhlakama perguntou-me se não
queria fazer parte dos quadros da
Renamo. Mas disse que estava preparado
para fazer análises políticas
e não para fazer política.
Em 2013, pouco depois do anúncio
dos resultados das eleições autárquicas,
voltámos a falar e disse-
-me que o facto de ter concorrido
pelo MDM não constituía nenhum
problema e que a Renamo estava de
portas abertas para me receber.
Em 2014, pouco antes das candidaturas
às eleições gerais, voltámos
a falar e mostrou-se aberto para me
integrar nas listas dos candidatos
da Renamo à Assembleia da República.
O curioso é que o presidente
Dhlakama tinha informação de
tudo o que se passava comigo dentro
do MDM.
Eu era um perigo para a liderança
O que estava a acontecer?
Quando cheguei ao MDM, fui
altamente acarinhado, mas, pouco
tempo depois, começaram a surgir
os primeiros sinais de barramento
da minha projecção política.
Até houve, da direcção do MDM,
tentativa de impedir a minha passagem
da assembleia municipal para
deputado da Assembleia da República.
Mesmo a forma como o partido
conduziu o processo eleitoral em
2013 deixou claro que, internamente,
havia um ´complot` cujo
objectivo era impedir a vitória de
Venâncio Mondlane.
Por razões não devidamente esclarecidas,
o MDM não teve fiscais
em cerca de 40% das mesas de assembleia
de voto. A ausência de fiscais
não se deveu à falta do pessoal.
Os fiscais voltaram às suas casas por
falta de credenciais, porque foram
deliberadamente escondidas por
Lutero Simango e sua cúpula.
Pessoalmente, tive provas da fraude
que ocorreu no distrito municipal
Kamubukwane. Levei as provas e
apresentei à direcção do partido,
pedindo apoio jurídico para a submissão
do recurso de contestação
junto ao Conselho Constitucional,
porém, sem nenhuma explicação,
o partido ignorou o pedido. Em
contrapartida, nos restantes municípios,
onde houve suspeitas de
irregularidades, a direcção ofereceu
patrocínio jurídico.
O documento que submeti ao
Conselho Constitucional fiz com
um amigo, mas como ambos não
éramos juristas foi chumbado por
deficiências técnicas.
Na sua óptica o que esteve por detrás
dessa suposta sabotagem?
Também não percebi, porque, se o
MDM tivesse vencido em Maputo,
ganhava uma dimensão nacional e
internacional muito forte e estaria
mais perto do poder central.
Internamente, acabei sabendo que
o meu isolamento resultou do temor
de que, se vencesse na capital
do país, teria uma ascendência política
que, em algum momento,
podia ensombrar a direcção
Venâncio Mondlane e o seu novo percurso político
“Sou ameaçado de morte”
-O meu pai foi perseguido e sofreu um acidente vascular-cerebral por causa das minhas convicções
Por Raul Senda (texto) e Naíta Ussene (fotos)
A aldeia de Lalane está aos escombros
“Peço a Deus que perdoe Daviz Simango”, Venâncio Mondlane
Savana 27-07-2018 3
SOCIEDADE
do partido. E isso não interessava
ao centro do poder que estava na
Beira.
Quando a direcção do MDM soube
que desejava concorrer à Assembleia
da República produziu uma
circular na qual impedia membros
das assembleias municipais a concorrer
para o parlamento.
Na verdade, o objectivo dessa circular
era impedir que o Venâncio
Mondlane concorresse.
Isso acontece numa altura em que
o presidente Dhlakama estava a
convidar-me para integrar as listas
da Renamo.
Quando a direcção do MDM soube,
mandou emissários para negociarem
comigo. Acabei entrando no
parlamento pelo MDM convencido
de que os problemas que tínhamos
tido passassem para a história.
Pensei que a partir do parlamento
podia ter mais espaço para fazer valer
o foco da minha causa, que é a
luta pela classe desfavorecida.
Mesmo assim, o presidente
Dhlakama não zangou comigo.
Continuamos a interagir e uma vez
me disse: “cedo ou tarde você irá
entrar na Renamo”.
Portanto, concorri pelo MDM,
porque tinha compromisso com o
partido. Sempre tive esperança de
que, em algum momento, iríamos
superar as diferenças que tínhamos.
Quando é que foi o primeiro contacto
físico com Afonso Dhlakama?
Foi em Novembro de 2017 e o segundo
no fim do primeiro trimestre
deste ano.
A direcção do MDM estava a par
das suas deslocações à Serra da
Gorongosa?
Não, porque como cidadão, tenho o
direito constitucional de falar com
quem eu quiser e em qualquer lugar.
Quem o acompanhou à Serra da
Gorongosa?
Foi o Fernando Mazanga.
A sua integração na Renamo foi
negociada em simultâneo com
Manuel de Araújo.
Nunca fui à Serra com um dos meus
ex-colegas. Excluindo Fernando
Mazanga, sempre estive sozinho.
Saiu do MDM alegando falta de
democracia. Será que na Renamo
vai encontrar a democracia que
tanto almeja?
Não foi falta de democracia interna
que me fez sair do MDM, da mesma
maneira que não foi isso que me
fez sair da Frelimo. Saí do MDM
pelo impedimento que tinha sido
causado no meu propósito de continuar
a lutar pelos direitos dos
desfavorecidos. Senti que o MDM
perdeu o foco naquilo que é a defesa
dos direitos dos moçambicanos e
passou a combater todo aquele que
quisesse continuar nesta luta.
Tendo-se esgotado todas as possibilidades
de continuar na luta e,
havendo, na manga, o convite do
presidente Dhlakama optei por
abraçar a causa.
A minha decisão não foi emocional.
Foi resultado de 10 anos de ponderação.
Quantas horas duravam as conversas
com Dhlakama na Serra?
Pernoitava na vila da Gorongosa.
Cerca das cinco horas e meia recebia
a chamada do guarda-costas
a informar a disponibilidade do
presidente Dhlakama. Ele acordava
muito cedo. Da vila até à Serra
levávamos em média três a quatro
horas. Portanto, as nossas conversas
começavam cerca das nove horas da
manhã e prologavam-se até cerca
das 16 horas, altura em que descíamos
à vila.
Afonso Dhlakama era como um
pai e conselheiro. Falávamos tudo.
Desde questões gerais, políticas, familiares
e sociais.
Tem garantias de que os impedimentos
que encontrou no MDM
não vai encontrar na Renamo?
Sendo honesto, seria falso dizer que
nunca haverá algum impedimento
nas minhas relações com os colegas
do partido. Onde convivem pessoas
com pensamentos diferentes, há
sempre alguns desacordos, mas o
interesse da organização deve prevalecer.
Do que sei da Renamo é que, nos
40 anos de luta, o partido consegue
manter seus valores. Não acredito
que a Renamo possa mudar repentinamente.
O futuro está com Deus, mas a
Renamo tornou-se meu partido,
minha casa, família e meu destino
político.
Como é que a sua esposa encarou
a notícia da sua filiação a Renamo?
No início, não foi fácil, como deve
imaginar, na zona sul a propaganda
anti-Renamo foi muito forte.
A minha esposa é duma geração
que herdou a poluição ideológica
da Frelimo contra a Renamo. Ela
estava a par das decepções que estava
a ter no MDM e sabia que
abandonaria o partido. Agora, de
que iria passar para a Renamo, não
esperava. Inicialmente teve algum
problema de aceitar isso, mas depois
conformou-se com a minha
decisão.
Ela sabe que para eu tomar decisões
sérias na vida conjugo três
elementos que é Deus, família e o
ambiente.
Tem conversado com o coordenador
interino da Renamo?
Antes de oficializar a minha entrada
na Renamo falava muito pouco
com ele. O único local onde nos
encontrávamos era no parlamento,
mas, tratando-se de uma pessoa de
poucas palavras, dificilmente conversava
com ele.
Agora que estou na Renamo, falámos
quase sempre e me encoraja
a continuar firme na decisão que
tomei. Mas o momento mais marcante
foi no velório do presidente
Dhlakama, quando lhe fui dar um
abraço de condolências ele disse-
-me que: “olha, não recua no acordo
que chegaste com o teu amigo”.
Venâncio Mondlane foi apresentado
no dia 17 de Julho como
membro da Renamo e, no dia 21,
era proclamado cabeça-de-lista.
Não teme que isso crie crispações
no seio da organização?
Por aquilo que sei, este processo,
contrariamente ao que muita gente
pensa, foi caracterizado por uma
transparência que nunca vi na minha
vida. Para além do presidente
Dhlakama, que claramente convidou-me
a fazer parte deste projecto
e ser candidato da Renamo à presidência
do Conselho Autárquico
de Maputo, os possíveis candidatos
ao mesmo posto tinham tido conversa
com o presidente Dhlakama e
o principal desses todos, Fernando
Mazanga, me encorajou a aceitar a
proposta do malogrado.
Portanto, logo à partida, tive apoio,
não só por indicação do próprio
presidente, mas também dos potenciais
candidatos.
Também é importante frisar que
entrei na Renamo apenas como
membro. Para ser cabeça-de-lista
tive de passar por um processo de
votação interno, em que além de
mim, concorreram mais três pessoas.
Será que há razões para se levar
a sério um processo em que os
supostos candidatos desistiram
deixando-o concorrer sozinho...
O que aconteceu nas eleições internas
está dentro dos estatutos
do partido. Os meus adversários, a
dado momento, entenderam que eu
era a figura que pudesse aglutinar
todos os interesses e renunciaram,
apostando em mim. Isso é normal
em qualquer organização. Não é
nenhuma novidade.
Em termos objectivos, o que a Renamo
pediu?
Nem o presidente Dhlakama que
me convidou, nem a Renamo, como
organização, me impuseram condições.
Pelo contrário, eu é que apresentei
alguns condicionalismos.
O que exigiu?
Não exigi contrapartidas. As coisas
foram acordadas previamente. São
&DUORV1KDPDKDQJR DQWHULRU'LUHFWRU
)LQDQFHLURGR%DQFR/HWVKHJR
QRPHDGR $GPLQLVWUDGRU 'HOHJDGR
&RP PDLV GH DQRV GH H[SHULrQFLD
QR VHFWRU ÀQDQFHLUR H HP
ÀQDQoDVLQFOXVLYDV &DUORVpDDSRVWDFHUWDSDUD
OLGHUDU D HVWUDWpJLDGH
FUHVFLPHQWRGR/HWVKHJRGDTXL HP
GLDQWH
2/HWVKHJR0RoDPELTXHODQoRXH
HVWDEHOHFHXERDVSUiWLFDVDQtYHOUHJLRQDO FRPRSUHPLDGRPRGHORGH
DJHQWHEDQFiULRHQWLWXODGR¶/HWV*R
%OXH%R[· LPSOHPHQWDGRWDPEpPSRURXWUDVVXEVLGLiULDVGR
*UXSR/HWVKHJR
0DSXWR 0RoDPELTXH² GH-XOKR Carlos Nhamahango, o
anterior Director Financeiro do Banco Letshego, foi nomeado Administrador
Delegado do Banco Letshego, com efeitos desde 01 de
Abril de 2018, sucedendo Chipiliro Katundu. Carlos é orgulhosamente
moçambicano e traz consigo mais de 17 anos de experiência
HPVHUYLoRVÀQDQFHLURVHPGLYHUVDViUHDV WDLVFRPR ÀQDQoDV RSHrações
e desenvolvimento de negócios.
&DUORVMXQWRX VHDR/HWVKHJRFRPR'LUHFWRU)LQDQFHLURKi DQRV
e tem desempenhado um papel fundamental na estratégia de cresFLPHQWRHPÀQDQoDVLQFOXVLYDVGR/HWVKHJR 'HHQWUHYiULDVLQWHUYHQo}HV &DUORVIRLXPDSHoDFKDYHQDJDUDQWLDGRÀQDQFLDPHQWR
avaliado em mais de 1,5 milhões USD da Fundação MasterCard e
FSD (Financial Sector for Development) Moçambique, para o moGHOR
GH DJHQWH EDQFiULR ¶/HWV*R %OXH %R[· 0DLV UHFHQWHPHQWH
Carlos liderou a estratégia do Letshego para a automação da deduomRQDIRQWHGRVFUpGLWRVDRVIXQFLRQiULRVS~EOLFRV PHOKRUDQGRD
H[SHULrQFLDGRFOLHQWHHIDFLOLWDQGRRDFHVVRjVVROXo}HVÀQDQFHLUDV
do Letshego.
&RQWDFWRHP
0RoDPELTXH
6FKQHLGHU(EUDKLP
*HVWRUDGH0DUNHWLQJH&RPXQLFDo}HV
([SHULrQFLDGR&OLHQWH%DQFR/HWVKHJR
/DXUHQ&DOOLH
'LUHFWRUDGH$VVXQWRV
&RUSRUDWLYRVGR*UXSR
/HWVKHJR+ROGLQJV/WG
(PDLO VFKQHLGHUH#OHWVKHJR FRP
(PDLO /DXUHQ&#OHWVKHJR FRP
&RQWDFWRGR*UXSR
3$5$0$,6,1)250$d¯(6
&$5/261+$0$+$1*2120($'21292
$'0,1,675$'25'(/(*$'2'2%$1&2/(76+(*2
$QWHVGHVHMXQWDUDR%DQFR/HWVKHJR &DUORVSDVVRX DQRVQR%DQFR3UR&UHGLW RQGHGHVHPSHQKRXYiULDVIXQo}HVVpQLRUHV LQFOXLQGRDGH'LUHFWRU)LQDQFHLUR 'LUHFWRUGH1HJyFLRVH%DQFD3ULYDGDH*HVWmR
de Risco.
&KULV/RZ R'LUHFWRU*HUDOGR*UXSR/HWVKHJR acrescentou, “Damos as boas-vindas ao Carlos Nhamahango
no seu novo papel como Director Executivo do Banco Letshego. Estamos ansiosos em apoiar o Carlos na contínua
consolidação da nossa bem sucedida estratégia de crescimento inclusivo. Permanecemos comprometidos em investir
e fazer crescer o nosso negócio em Moçambique, apoiando o desenvolvimento sustentável e a longo prazo, através
GRIRUQHFLPHQWRGHDFHVVRDVROXo}HVÀQDQFHLUDVVLPSOHVHDGHTXDGDVjVFRPXQLGDGHVÀQDQFHLUDPHQWHGHVSULYLOHgiadas.”
2%DQFR/HWVKHJRpXPGRV EDQFRVFRPSRXSDQoDVQR*UXSR/HWVKHJRHHPWHUPRVGHWDPDQKRGH
activos e lucratividade segue as operações do Botsuana e da Namíbia. Com o investimento contínuo do
*UXSRSDUDLQRYDomRGLJLWDOHXPDH[SHULrQFLDGHPDLVGH DQRVQRDSRLRjVFRPXQLGDGHVSRUWRGD
DÉIULFD R/HWVKHJRHQFRQWUD VHEHPSRVLFLRQDGRSDUDDSRLDUDDJHQGDGR*RYHUQRPRoDPELFDQRQD
LQFOXVmRÀQDQFHLUD
Desde a sua abertura em 2011, o Banco Letshego tem registado um forte crescimento em termos de desemSHQKRÀQDQFHLURHQ~PHURGHFOLHQWHV (P R%DQFR/HWVKHJRDGTXLULXDOLFHQoDGHEDQFRFRPHUFLDO
HVWDEHOHFHQGRGHVWHPRGRXPDSODWDIRUPDSDUDDGLYHUVLÀFDomRGDVVXDVVROXo}HVGHSRXSDQoDVHÀQDQciamento.
As operações do Letshego em Moçambique compreendem 13 agências, 12 escritórios satélite e
mais de 120 agentes de vendas – indivíduos que estabecem parceria com o Letshego para a expansão das
VROXo}HVÀQDQFHLUDVSDUDDVFRPXQLGDGHVUXUDLV
2/HWVKHJR+ROGLQJV/LPLWHG ´/HWVKHJRµ GHWpP GR%DQFR/HWVKHJR 2*UXSR/HWVKHJRHVWiVHGLDdo
no Botsuana e listado na Bolsa de Valores do Botsuana.
Savana 27-07-2018 4
SOCIEDADE
questões que tem a ver com o meu
futuro político e dos riscos. O presidente
garantiu que, se não vencer
a autarquia de Maputo, continuaria
noutros projectos da Renamo,
como por exemplo, concorrer a deputado
da Assembleia da República.
Contudo, tenho fé de que vamos
limpar Maputo.
Isso implica alistar seu nome
numa posição privilegiada para o
acesso à Assembleia da República...
É isso que acordamos com o presidente
Dhlakama.
Na sua saída levou consigo alguns
membros preponderantes do
MDM. Qual será o futuro deles
na Renamo?
São dez figuras que constituíam a
estrutura fundamental do MDM
na capital. São pessoas com fortes
capacidades de mobilização dentro
dos bairros. Todos estão enquadrados
dentro da Renamo e já estão a
fazer trabalho de campo em nome
do partido.
Neste momento, estamos no processo
de integração de mais 150
membros que deixaram o MDM e
seguiram seus líderes.
Também tiveram garantias de que
vão ocupar posições de topo?
Não sou a pessoa competente para
falar sobre isso. A Renamo tem
membros e órgãos que decidem.
Cabe a estes tomar qualquer que
seja a decisão. Contudo, é importante
frisar que isso nunca foi condicionalismo
para aceitar abraçar a
causa.
Pessoalmente nunca dei garantias
de que iriam à Renamo para ocupar
posições de topo, porque, isso não
me compete.
Peço a Deus que perdoe Daviz
Simango
Daviz Simango disse, na entrevista
à STV, que um dos problemas
de Venâncio é que se dedica mais
à igreja em detrimento do partido.
Como é que encarrou esses depoimentos
e, no futuro, isso não
poderá ser problema dentro da
Renamo?
Sendo um homem de fé, o que posso
dizer é que perdoo o presidente
Daviz pelas suas declarações. Acho
que ele estava possuído por espíritos
maus. Como disse, as grandes
decisões da minha vida saem duma
conjugação triangular e eu sempre
respeitarei a vontade de Deus. Contudo,
também tenho vida profissional.
Pelo que, em nenhum momento
vou deixar de cumprir obrigações
profissionais, porque tenho de ir à
igreja. Estou numa igreja que tem
um líder espiritual e este conhece as
minhas obrigações profissionais.
Ademais, o horário do culto, as
reuniões com obreiros ou os atendimentos
que faço aos crentes são
sempre depois da hora laboral.
Na minha igreja, faço atendimento
ao público, pessoas doentes, que
precisam de apoio psicológico, espiritual
e todas estas acções divinas
são realizadas depois da hora laboral.
No tempo em que estive no MDM,
não me lembro de alguma actividade
política que aconteceu depois
das 16 horas.
Durante a minha militância no
MDM, não tive nenhuma mancha
que servisse de pretexto para me
vilipendiar. O presidente usou a
minha relação com Deus para me
MDM disse que a direcção do
partido tinha informações de que
abandonariam a organização e
antecipou-se expurgando-os dos
órgãos dos partido.
Acho que é vergonhoso quando
uma pessoa daquele nível aparece
publicamente a falar esse tipo
de coisas. Aí ficou claro que ele é
pequeno demais para o cargo que
ocupa. Nos cargos estratégicos, o
MDM devia privilegiar pessoas à
altura das suas ambições e não nas
mediocridades.
Por exemplo, eu nunca fui afastado
dos órgãos, o meu mandato chegou
ao fim e não renovei. A minha saída
dos órgãos foi um processo normal.
Também porque, antes do congresso,
tinha manifestado à direcção do
MDM a perca de confiança política
com o partido.
Tudo começa na entrevista que
concedi a partir da Itália, onde defendia
que o sucesso da oposição
passava pela coligação da Renamo
e MDM.
Ao nível do partido, fui severamente
atacado, enxovalhado e até desacreditado.
Hoje, o presidente do MDM também
tem a opinião de que a coligação
pode ser benéfica para oposição.
Lembro-me que quando apresentei
a proposta, a direcção do partido
me encarou como desestabilizador
e até criaram-se grupos de choque
justamente para me descredibilizar.
Já apresentou a proposta de coligação
à Renamo?
Ainda não, porque para dar minhas
opiniões dentro da Renamo tinha
que legalizar a minha filiação e
esperar pelos fóruns próprios para
apresentar as minhas ideias.
Como é que olha para o MDM
depois da saída de algumas pedras
basilares.
Quero acreditar naquilo que o próprio
MDM diz que é uma máquina
organizada e que essa instituição
não pode ser prejudicada nem fragilizada
por causa de pessoas.
Fiquei feliz quando ouvi isso da direcção
do partido. Não gostaria de
ser acusado de ser um dos responsáveis
pela destruição duma organiforam
para Renamo e agora estão
no MDM. Essas pessoas foram se
filiando a cada um desses partidos
sem regularizar a sua desvinculação.
Quando saí do MDM, formalizei a
minha saída. Também deixei os benefícios
que podia usufruir por ter
estado nesse partido. Estou a falar
do posto de deputado da Assembleia
da República. Fui eleito pelo
MDM e quando saí também deixei
o parlamento.
A Renamo não lhe dá salário?
Não.
Tem algum rendimento económico?
Não.
Como é que sobrevive?
Durante muito tempo, fui um jovem
boémio, que gostava de boa
vida, própria de um jovem da moda.
Quase que não poupava. Mas,
quando me converti ao cristianismo,
abandonei todas as brincadeiras
e passei a ter uma vida muito
regrada.
Então, ao longo desse tempo fiz
minhas poupanças. Neste momento
sobrevivo das minhas economias.
Para além de ser evangelista na
igreja, minha esposa é médica e
também tem rendimentos. Vivo na
base das minhas poupanças e dos
rendimentos da minha esposa.
Ao contrário das eleições gerais,
as autárquicas não têm suporte
financeiro público. Onde é que
Venâncio Mondlane vai buscar
dinheiro para suportar despesas
eleitorais?
O meu partido tem uma estratégia
de angariação de fundos para o
pleito que se avizinha. Já foi constituída
uma unidade específica que
está a trabalhar com várias entidades,
incluindo grandes empresários,
que se comprometeram a apoiar o
partido.
É óbvio que não se vai identificar,
porque todos conhecemos o nível
de perseguições do partido Frelimo,
quando alguém apoia abertamente
a oposição.
Também contamos com as quotas
dos membros do partido.
Não tem recebido ameaças de
morte, devido às decisões radicais
que tomou nos últimos meses?
Tenho recebido várias ameaças, incluindo
de morte. Mas estou à vontade,
porque sei que Deus é grande.
São ameaças que vêm de vários
quadrantes desde anónimos até
identificadas. Até o meu anterior
chefe da bancada no parlamento
disse-me que iria acabar como Che
Guevara. Nalguns casos apresentei
queixa às autoridades policiais.
Ambiciona um dia concorrer à
presidência da República?
Neste momento, a minha grande
decisão foi de concorrer à presidência
do Conselho Autárquico
de Maputo. Depois Assembleia da
República. O resto ainda não pensei,
porque acho que ainda é cedo.
A história eleitoral tem mostrado
que sempre que a Renamo e
o MDM concorrem, a Frelimo é
que tem vantagens porque o voto
contra Frelimo espalha-se. Não
teme que isso venha a acontecer
nas eleições de 10 de Outubro?
Acredito que não, porque a credibilidade
política do MDM, na cidade
de Maputo, neste momento, não representa
nenhuma mais-valia para
os votos que a Renamo possa ter.
O MDM está no momento mais
baixo da sua história como partido
político e a sua capacidade política
está quase a roçar o chão. Não creio
que o MDM tenha expressão significativa
no pleito que se avizinha.
Também é importante sublinhar
que, de eleição em eleição, há tendências
de migração do eleitorado
da Frelimo para as alternativas políticas.
Nas eleições de 2013, vimos que
em muitas mesas de voto localizadas
nos bairros da elite frelimista, a
oposição teve resultados positivos.
Os eleitores que garantem a vitória
da oposição provêm da Frelimo.
Rigorosamente falando, nestas eleições
autárquicas, a Frelimo terá os
resultados mais baixos da sua história.
A fiscalização é dos pontos fracos
da Renamo. Para a eleição de
10 de Outubro haverá estratégia
concreta para mudar o cenário?
No enquadramento dos líderes que
vieram do MDM para Renamo,
uma das questões que estão a ser
tratadas com muito rigor é a fiscalização.
A Renamo está ciente dessa fragilidade
e os membros estão a ser
mobilizados nesse sentido.
A Frelimo ainda não elegeu o seu
candidato à cabeça-de-lista na cidade
de Maputo. Porém, nos bastidores
fala-se de Eneas Comiche,
Fernando Sumbana Jr. e Razaque
Manhique. Destes, quem mais
teme?
Não temo nenhum. Desde já, convido
a quem for eleito para um debate
público, onde, frente a frente,
vamos discutir os problemas de
Maputo.
Na sua propaganda de pré-campanha
diz que vai tornar Maputo
uma Suíça da África Austral. Pode-se
explicar melhor?
Rebelo-me cada vez que oiço os estereótipos
usados para caracterizar
África. Todo o mundo olha África
como continente de miseráveis,
corruptos, ladrões, analfabetos, de
doenças e de todo o tipo de males.
A África é considerada o lixo do
mundo em todas as vertentes.
Não acredito que o africano esteja
destinado à miséria. Recusando-me
a fazer isso, estaria a dizer que, da
mesma maneira que, hoje, na Europa
não há problema em comparar
uma cidade como Berlim (Alemanha)
com Helsínquia (Finlândia).
Quando falámos da cidade de Maputo
qual é a cidade de referência
que gostaríamos de chegar? Qualquer
pessoa, organização ou instituição
que quer crescer tem de ter
uma referência.
Por exemplo, como pessoa, tenho
como referência política o presidente
Dhlakama no sentido de
que, na minha evolução política,
gostaria de ter os valores que ele
demonstrou no seu percurso todo.
Esse é o meu sonho. Agora, como
cidade, qual é o nosso sonho? Então,
trago uma proposta de sonho
para a cidade. O meu sonho é fazer
a nossa cidade crescer como Suíça.
Um país que preserva seus valores,
credibilidade, segurança e garantias.
São esses valores que gostaria de
devolver à nossa cidade. Se todo o
maputense, incluído os seus dirigentes,
conseguirem resgatar a segurança,
credibilidade, honestidade
e transparência, teremos segurança
nos transportes públicos, vias públicas,
saúde, educação básica, saneamento,
gestão de resíduos sólidos,
património público e de contribuições
dos munícipes.
O meu sonho não pode se limitar a
uma cidade africana como Joanesburgo.
Isso deve ser o meu percurso.
O local onde vou passar para atingir
meu sonho.
Diz que Afonso Dhlakama foi sua
referência política. E Daviz Simango?
Geralmente, quando entrámos
numa área, temos sempre referências.
No desporto, temos ídolos,
que são aqueles craques que fazem
espectáculo com a bola no campo,
na igreja temos aquilo que chamamos
de pai espiritual, que é a pessoa
que Deus coloca diante de ti para
te servir como tua luz. Tudo que
ele fizer, você imita, tudo o que ele
disser você faz. Na política também
é assim. Mas, infelizmente nunca
tive um pai político no MDM,
era órfão. Daviz Simango nunca
foi exemplo para mim. Senti muita
cobardia no seio da organização.
Um dos exemplos foi o anúncio do
meu nome como cabeça-de-lista do
MDM na cidade de Maputo.
Se o MDM tencionava colocar-
-me como candidato à cidade de
Maputo, que é o município mais
complexo do país, como é que não
renova o meu mandato na Comissão
Política. Como é que, em pleno
congresso, arregimenta um grupo
de pessoas para me assassinar o carácter
com ataques violentos.
O que sei é que, se um partido sério
quer apostar numa figura para
presidir um município como Maputo,
tem o dever de o protegê-la.
Essa protecção passa por colocar
a pessoa nos órgãos importantes
do partido. Ao expurgar-me, está
a mandar uma mensagem para os
membros da base, de que esse indivíduo
é irrelevante.
Ao anunciar-me como cabeça-de-
-lista, o MDM queria usar meu
nome para ganhar elevação política.
Para se projectar e confundir as
pessoas.
manchar na praça pública, mas
para a minha felicidade ele foi
muito infeliz, por isso, lhe perdoo.
...para dizer que uma vez eleito
edil de Maputo, não vai pôr em
causa actividades públicas para
atender interesses religiosos.
De forma nenhuma. Se eu vier a
fazer isso é que não sou bom cristão,
não sou bom pastor. Há uma
tendência de se pensar que existe
uma disparidade entre política e a
fé cristã. É uma percepção totalmente
errada, porque as grandes
referências da bíblia também são
políticos.
Há dias, o secretário-geral do
zação.
No seio da família do MDM o senhor
é tratado como traidor. Qual
é o seu comentário?
O discurso de traidor vindo dum
partido da oposição constitui um
grande contra censo. As pessoas
que fizeram o MDM saíram da Renamo.
Quando essas pessoas saíram
foram chamadas de traidores. Então,
se o termo traidor é o ideal para
caracterizar esse tipo de situações,
todos, incluindo Daviz Simango,
somos traidores. Aliás, boa parte
das pessoas que usam este termo de
traidor estiveram no PCN, depois
Venâncio Mondlane diz que a decisão de ingressar na Renamo não foi emocional.
É resultado de 10 anos de ponderação
Savana 27-07-2018 5
SOCIEDADE
Bilhetes já disponíveis nas Lojas Vodacom (Av. Samora Machel, Av. de Angola e Av. das Indústrias)
Balcões do BancABC (Maputo e Matola), Computicket e Dolce Vita.
The Whispers
Lira
Campus UEM
24 Setembro | 20h00
Convidados:
Lyshannie
Dj Sérgio Butler
Bilhetes:
Normal: 2000MT
VIP: 7500MT
PUBLICIDADE DESPORTO
Savana 27-07-2018 6
SOCIEDADE
O
mito da coesão interna no
“partido dos camaradas”,
uma imagem de marca na
era pós-independência, está
a ruir, e a Frelimo é assolada por uma
crise aberta na cidade de Maputo.
As facções que se digladiam pela
candidatura ao poder municipal da
capital lavam a roupa suja em praça
pública, um exercício que só era
habitualmente visto nos partidos da
oposição.
No centro da refrega está Samora
Machel Júnior, filho do primeiro
Presidente moçambicano, Samora
Machel, tratado pela história oficial
como o pai da independência de Moçambique.
Num processo obscuro, Samora Júnior
viu a sua pretensão de ser cabeça-de-lista
nas eleições autárquicas
de 10 de Outubro em Maputo rejeitada
pelo seu partido, que foi também
dos seus pais.
Inconformado, promete dar luta,
contestando a exclusão da sua lista
junto do comité da cidade. Os seus
representantes já fizeram saber que
vão fazer subir o problema ao Comité
Central do partido.
No ar, a lista de Samora Machel Júnior
vai deixando escapar que não
descarta a possibilidade de o filho de
Samora avançar como independente,
o que teria efeitos cataclíticos num
partido que sempre brandiu a coesão
e unidade interna como imagem de
marca. Consta que importantes sectores
dentro do partido, inconformados
com a situação, estão a encorajá-
-lo a seguir esse caminho.
5DWLÀFDomRGDV
SUp FDQGLGDWXUDV
Para agudizar a crispação, a Comissão
Política da Frelimo ratificou as
pré-candidaturas para eleição de
cabeças-de-lista “e considera as escolhas
feitas como aquelas que respondem,
objectivamente, aos anseios
e aspirações das bases do Partido e
dos munícipes em cada uma das 53
autarquias”. Tudo indica que o nome
de Samora Machel Júnior não consta
do elenco que foi validado pelo órgão
que decide sobre a vida corrente do
partido no poder.
Os apoiantes do filho de Machel
entendem que o processo de eleição
interna está ferido de irregularidades
severas e asseguram que não vão
compactuar com a situação.
O escrutínio escolheu o veterano
Eneas Comiche, membro da Comissão
Política da Frelimo e presidente
da Comissão do Plano e Orçamento
na Assembleia da República,
Fernando Sumbana Jr., um antigo
ministro de Turismo nas administrações
Chissano e Guebuza, assim
como Razaque Manhique, um ilustre
desconhecido nas lides políticas, que
actualmente ocupa a posição de vice-
-presidente da Assembleia Municipal
de Maputo.
O SAVANA está em posse de informações
segundo as quais foram
transmitidas instruções expressas do
presidente do partido, Filipe Nyusi,
para que em nenhuma circunstância
Samora Machel Jr. conste de entre os
três nomes submetidos à Comissão
Política para candidatos a cabeças-
-de-lista.
Aparentemente, as ordens presidenciais
tiveram de ser cumpridas a todo
o custo, mesmo ignorando o amplo
apoio de que Samora Machel Jr. goza
junto das bases do partido ao nível
da cidade, e até violando a directiva
aprovada pelo próprio partido.
Os nomes de Comiche e de Sumbana
Jr. foram introduzidos à última da
hora, fora dos prazos estipulados na
directiva, e ainda com dados incompletos.
Comiche, em particular, foi colocado
numa situação ainda mais difícil,
dado que ele próprio terá colaborado
na elaboração do manifesto de Samora
Machel Jr.
Informações em nosso poder indicam
que do trabalho de mobilização
realizado por Samora Machel Jr., ele
conseguiu o apoio de seis dos sete
distritos municipais.
A Frelimo, dizem, perde eleições em
municípios como Nampula, Beira e
Quelimane por se comportar ao arrepio
das normas estatutárias.
Albino Forquilha, membro do comité
da Frelimo no distrito Municipal
Ka Mavota e candidato derrotado ao
cargo de primeiro secretário a nível
do mesmo distrito, está a dar a cara
pelo movimento de contestação à exclusão
de Samora Machel Jr.
O grupo pró-Samito é composto por
membros da OJM, da OMM e da
ACLLN, e entende que é chegado o
momento de confrontar a liderança
do partido, para que esta se conforme
com a directiva por ela própria aprovada.
“Não caí de para-quedas. Estamos
a fazer isto com consciência de que
queremos alterar algo de errado dentro
do partido. É preciso perceber que
não estamos sendo manietados por
quem quer que seja; é o sentimento
de que queremos mudar as coisas”,
declarou Albino Forquilha, um antigo
combatente da luta em defesa
de soberania, um termo usado para
designar os que lutaram do lado governamental
na guerra dos 16 anos.
Forquilha disse que o secretariado do
comité da cidade recebeu seis candidaturas
para “cabeça-de-lista”, mas
que, estranhamente, três foram excluídas
sem esclarecimentos.
Referiu que não houve clareza na forma
como foram seleccionados os três
nomes submetidos à Comissão Política
do partido.
Para Forquilha, em nenhum momento
os proponentes foram chamados
para uma votação ou um acto similar
para a indicação dos nomes que
transitaram.
Entende que é preciso diferenciar a
gestão de um partido ao de uma empresa,
porque o partido é uma colectividade
que vive de debate de ideias e
a opinião das bases conta muito.
Em nome da transparência, avança,
o partido tinha de chamar os
mandatários de cada candidatura e
indicar-lhes as irregularidades, explicando
como procedeu à selecção ou
justificando as razões que ditaram as
decisões tomadas, nomeadamente a
exclusão de Samora Machel Júnior,
Gilberto Mendes e João Matlombe.
Gilberto Mendes também poderá
avançar com uma candidatura independente.
Um grupo cívico e um importante
partido da oposição poderão
suportar a candidatura de Gilberto
Mendes.
'XDVPLODVVLQDWXUDV
Entendendo que houve violação de
regras estatutárias, a lista de Samora
Machel Júnior decidiu juntar duas
mil assinaturas e submeter uma carta
denunciando as irregularidades junto
ao Comité de Verificação da cidade,
com o conhecimento do Comité
Central do partido.
“É a primeira vez que esta situação
acontece dentro do partido, mas não
podemos confundir disciplina partidária
com convivência ou conivência
com ilegalidades, porque assim estaremos
a destruir o partido”, sublinhou.
A disciplina partidária não pode ser
confundida com imposição, defendeu.
Para o representante da lista de Samora
Machel Júnior, o partido será
penalizado pela falta de transparência
nos processos eleitorais internos.
Confrontado com o facto de a Comissão
Política ter confirmado os
pré-candidatos, Forquilha insistiu
que há espaço para a revisão do processo.
Contactado pelo SAVANA, Samora
Machel Jr. declinou pronunciar-se
sobre o assunto, afirmando que o momento
“não é oportuno”. Porém, esta
semana começou a circular nas redes
sociais uma mensagem com título,
“tem de haver justiça na Frelimo”,
cuja autoria é atribuída a Samora
Machel Jr. A mensagem foi postada
num grupo de whatShap de jovens
ligados ao partido Frelimo.
“Para que fique bem entendido. Isto
não tem a ver com nomes, tem a ver
com processos no Partido. Se nos
habituámos a viver aceitando atropelos
a processos que o Partido cria, é
mau. Esta coisa de nós fazermo-nos
de cegos ou ouvidos de mercador a
atitudes completamente erradas que
não estão nos “manuais internos” do
nosso glorioso Partido, tem de acabar!
Isto chama-se cobardia e hipocrisia.
Quando está mal, está mal, nós
temos de admitir e corrigir. Quem
aqui não sabe que a situação do Partido,
na cidade, é má? Quem não sabe
que a probabilidade de perdermos é
grande? Quem não sabe que todos
os jovens que foram propostos pelas
bases foram postos de lado?
Eu não estou disposto a deixar as coisas
continuarem assim como estão.
Hão-de me rotular com todos os adjectivos
possíveis, mas tem de haver
justiça!
Tenham um bom dia”, rematou o autor
da mensagem.
6HJXLPRVRV
SURFHGLPHQWRV
Acusado de ter sido o causador de
toda a controvérsia que reina no partido
ao manipular o processo, o primeiro
secretário da Frelimo na cidade
de Maputo, Francisco Mabjaia, disse
que a selecção dos três candidatos
obedeceu aos procedimentos e directivas
vigentes no partido.
Destacou que aquela decisão foi tomada
dentro das competências do
comité.
Manifestou surpresa com a atitude
dos apoiantes de Samora Machel Jr.,
defendendo respeito pela deliberação
do comité da cidade, em homenagem
à disciplina partidária e respeito
aos órgãos do partido. Aliás, quando
Mabjaia tomou conhecimento de
movimentações nos bairros para impugnar
as decisões por si tomadas,
tratou de enviar uma sms aos seus subordinados,
instruindo os primeiros
secretários distritais para que não se
envolvessem no processo.
“(...) Estão a circular, desde ontem,
nos bairros formulários para a recolha
de assinaturas em apoio à candidatura
de Samora Machel Jr. Não preciso
de vos recordar que este acto revela
uma indisciplina”, ameaçou Mabjaia.
O jornal soube que, nesta sexta-feira,
a Comissão Política da Frelimo deverá
se reunir, onde um dos pontos
de agenda será a análise da situação
dos cabeças-de-lista em Maputo. O
Presidente Nyusi está actualmente
na província de Niassa em visita de
trabalho que termina este domingo.
Com Nyusi, estão também os membros
da CP que participaram, nesta
quarta-feira, nas festividades dos 50º
aniversário do II Congresso da Frente
de Libertação de Moçambique
(FRELIMO) em Matchedje, distrito
de Sanga, norte de Niassa.
Nos bastidores tem se desenvolvido
um intenso trabalho para convencer
o grupo de apoiantes de Samora Machel
Jr. a serenar os ânimos, incluindo
até com promessas de uma recompensa
para o seu candidato.
3RU$UJXQDOGR1KDPSRVVD
/XEULÀFDP VHDUPDVHP0DSXWR
Eneas Comiche Fernando Sumbana Jr. Razaque Manhique
6DPRUD0DFKHO-U H[FOXtGRGDVLQWHUQDVQD)UHOLPR
&RPLVVmR3ROtWLFDSRGHUiUHXQLU VHQHVWDVH[WD IHLUD FRP´FDVR6DPLWRµQRWRSRGDDJHQGD
Albino Forquilha
Samora Machel Jr.
Savana 27-07-2018
7
SOCIEDADE PUBLICIDADE
Savana 27-07-2018 8
SOCIEDADE
O Fundo das Nações Unidas para População (UNFPA), é uma
agência internacional de desenvolvimento que trabalha em prol
de um mundo onde cada gravidez é desejada, cada parto é seguro
e o potencial de cada jovem é realizado. O UNFPA solicita candidaWXUDVGHFLGDGmRVPRoDPELFDQRVTXDOLÀFDGRVHH[SHULHQWHVSDUDD
seguinte vaga:
Posto # e título: Consultoria – Elaboração da
Estratégia do Preservativo
Tipo de contrato, nível: Consultor/a Individual
Local de Trabalho: O Consultor/a estará baseado
no CNCS – Conselho Nacional
do Combate ao HIV/SIDA
Duração: 60 Dias
Prazo da candidatura: As candidaturas devem ser feitas
até 3 de Agosto de 2018
Requisitos Gerais:
0HVWUDGR HP 6D~GH 3~EOLFD &LrQFLDV 6RFLDLV RX iUHDV DÀQV
FRPR6RFLRORJLD $QWURSRORJLDRX'HVHQYROYLPHQWR
0tQLPRGHFLQFRDQRVGHH[SHULrQFLDWUDEDOKDQGRHPPRQLWRULD
HDYDOLDomR
&RQKHFLPHQWRWpFQLFRVyOLGRVREUHDSUHYHQomRGR+,9
&RQKHFLPHQWRGDFDGHLDGHIRUQHFLPHQWRGHSUHVHUYDWLYRVVHUi
XPDYDQWDJHP
([SHULrQFLDQRGHVHQYROYLPHQWRGHPRGHORVHHVWUXWXUDVHVWUDWpJLFDVSDUDUHVXOWDGRV
([SHULrQFLDFRPSURYDGDGHWUDEDOKRHP0RoDPELTXHFRPSDUFHLURVGHGHVHQYROYLPHQWR 0LQLVWpULRVHLQVWLWXLo}HVDFDGpPLFDV
&RPSUHHQVmRGHPRQVWUDGDHDEUDQJHQWHGRFRQWH[WRPRoDPELFDQR
)OXHQWHHP3RUWXJXrVH,QJOrV HVFULWRHIDODGR
&DSDFLGDGHGHSURGX]LUWUDEDOKRGHTXDOLGDGHGHQWURGRSUD]R
HWUDEDOKDUVRESUHVVmR
'LVSRQtYHOSDUDYLDMDUSDUDDVSURYtQFLDV
Descrição do Trabalho:2V7HUPRVGH5HIHUrQFLDHVWmRGLVSRQtYHLV
QDUHFHSomRGRHVFULWyULRGR81)3$HP0DSXWRQRHQGHUHoRDEDL-
[R GDV DWp KRUDV GHVHJXQGDDTXLQWD IHLUD
(QGHUHoR UNFPA, Fundo das Nações
Unidas para População
Av. Julius Nyerere, 1419, PO Box 4595,
Maputo, Mozambique
Como se candidatar: Os interessados devem submeter as suas canGLGDWXUDV
&9 DFRPSDQKDGRGDFDUWDGHPRWLYDomRHPHQYHORSH
selado no endereço mencionado acima.
1mRKiQHQKXPDFREUDQoDGHWD[DGHFDQGLGDWXUD SURFHVVDPHQWR
ou de outra natureza. O UNFPA não solicita ou procura obter inIRUPDo}HVGRVFDQGLGDWRVTXDQWRDRVHXHVWDGRGH+,9RX6,'$
HQmRGLVFULPLQDFRPEDVHQDVLWXDomRGH+,9H6,'$ $VFDQGLGDWXUDVGHYHPVHUVXEPHWLGDVQRHQGHUHoRDFLPDDWpRGLD GH
$JRVWRGH
Anúncio
A
Procuradoria Geral da República
(PGR) anunciou,
no início da noite desta
quarta-feira, 25, a localização
e captura de Momade Assif
Abdul Satar, mais conhecido por
Nini Satar, confirmando indicações
que já estavam a circular com muita
insistência no meio da tarde desta
quarta-feira.
Segundo o comunicado da PGR,
Nini Satar foi capturado na mesma
quarta-feira, na Tailândia, um país do
sudoeste asiático.
De acordo com a fonte da PGR, na
altura da sua captura, o foragido fazia
uso de um passaporte falsificado,
em nome de Sahime Mohammad
Aslam.
A captura de Nini Satar derivou da
coordenação do Ministério Público,
através do Serviço Nacional de
Investigação Criminal, que em cooperação
com a Polícia Internacional
(INTERPOL) realizaram trabalhos
de investigação que culminaram com
a sua localização.
Segundo a PGR, neste momento
estão em curso diligências para o seu
repatriamento ao país.
A procura e captura de Nini Satar
resulta da sequência da revogação
da liberdade condicional concedida,
contra vontade da PGR, pelo juiz
Adérito Malhope, em Setembro de
,17(532/FXPSUHPDQGDGRGD3*5
1LQL6DWDUGHWLGRQD7DLOkQGLD
3RU5DXO6HQGD
2014, depois de cumprir metade da
pena de 24 de prisão em conexão
com o assassinato do jornalista Carlos
Cardoso, em Novembro de 2000.
A revogação da liberdade condicional
de Nini Satar foi decretada no dia 25
de Abril de 2017, 24 horas depois de
um estranho assalto e sabotagem a
uma viatura da Polícia da República
de Moçambique (PRM), que culminou
com o resgate de dois perigosos
cadastrados por seus supostos comparsas.
Com o número 04/PGR/
GC/012.3/2017, o documento da
PGR referia que cerca das 12:40 horas
do dia 24 de Abril de 2017, um
grupo de quatro indivíduos, todos
encapuzados, fazendo-se transportar
numa viatura automóvel de marca
Toyota Corolla, modelo Runx, de
cor cinzenta, sem chapa de inscrição,
seguindo da Avenida Vladimir Lenine
em direcção à Av. 25 de Setembro,
chegado à rua de Ngungunhana,
bloqueou a viatura da PRM, que
transportava dois reclusos, onde se
presume que tenham efectuado mais
de vinte tiros, perfurando pneus da
viatura celular e de seguida resgatado
os referidos reclusos do seu interior,
pondo-se posteriormente em fuga.
Tratava-se de José Ali Coutinho e
Alfredo José Muchanga, que se encontravam
a cumprir penas de prisão
maior em conexão com crimes hediondos
no Estabelecimento Penitenciário
Especial de Máxima Segurança,
vulgo BO, junto às celas anexas
ao Comando da PRM da Cidade de
Maputo.
Os dois reclusos vieram a ser encontrados
mortos dias depois, num
cenário estranho em que ninguém
conseguiu explicar até ao momento.
Os dois tinham fortes ligações com
Nini Satar nos crimes de raptos.
Aliás, a morte dos dois reclusos foi
anunciada pelo próprio Nini Satar
nas redes sociais e na altura acusou a
PGR e a SERNIC de serem responsáveis
pelos assassinatos.
Na altura, a PGR dizia que a revogação
da liberdade condicional e a
consequente ordem de captura de
Nini Satar resultava do facto deste
ter violado, de forma persistente, todas
as injunções impostas aquando da
sua concessão, principalmente no que
se refere a não se fazer acompanhar
de pessoas de má conduta e ao não
cometimento de outros crimes.
No seu comunicado, divulgado em
Abril de 2017, a PGR dizia que
Nini Satar formou uma organização
criminosa cujo propósito consistia
em raptar cidadãos moçambicanos
para posteriormente exigir avultadas
quantias em dinheiro.
Depois de cumprir 13 anos, intercalados
entre a BO e as celas do Comando
da Cidade, Nini Satar saiu do
país, há mais de três anos, mediante
autorização do juiz Adérito Malhope,
supostamente, para tratamento
médico na Índia. Há muito que os
90 dias que tinha para permanecer
fora do país venceram, mas o jovem
que escandalizou meio mundo ao
tratar 10 mil dólares como “quantias
irrisórias”, durante as audiências do
julgamento do caso Carlos Cardoso,
não voltou à sua terra natal, onde tem
contas ainda por ajustar com a Justiça.
Do exterior desafiava a tudo e todos,
incluindo o Estado moçambicano,
particularmente, a administração da
justiça. A comunicação social que expunha
as suas conexões com o mundo
do crime também não escapou
das suas investidas. É exemplo disso
o SAVANA e o Canal de Moçambique.
Apenas uma imprensa acrítica e
mancomunada com o crime organizado
é que escapava e, em contrapartida,
reproduzia os textos que Nini
publicava no seu facebook, com forte
teor insultuoso.
Não se sabe ao certo onde é que
Nini Satar vivia. Em entrevista ao
SAVANA, ano passado, a então alta
comissária britânica, Joanna Kuenssberg,
quando chamada a confirmar se
realmente Nini estava no Reino Unido,
respondeu que “a única indicação
de o Nini Satar ficar no meu país
são algumas fotografias no facebook
(...) tem havido nos últimos meses
um debate sobre notícias falsas que
mostram o potencial das nossas tecnologias
modernas em criarem toda a
impressão que se quiser”.
Observadores atentos ao caso anotaram
que a fuga de Nini para parte
incerta só foi possível graças a uma
desorganização organizada do sistema
da justiça moçambicana, onde o
jovem milionário mantém fortes influências.
Ao SAVANA, João Trindade, juiz
conselheiro jubilado, disse, em meados
do ano passado, que a soltura de
Nini Satar representava a podridão
“do nosso sistema de administração
de justiça”.
Nini Satar
PUBLICIDADE Savana 27-07-2018 9
A BOLSA DE MERCADORIAS DE MOÇAMBIQUE
(BMM) informa a todas entidades públicas e privadas,
camponeses e comerciantes individuais, associações de
camponeses e o público em geral que possui uma lista de
parceiros interessados em adquirir os seguintes produtos
agrícolas:
1. MILHO
2. SOJA
3. GERGELIM
4. FEIJÃO MANTEIGA
5. FEIJÃO CATARINA
6. FEIJÃO BOER
Neste contexto, todos aqueles que tiverem os produtos
acima descritos em quantidades iguais ou superiores a 50
TONELADAS, que pretendam vender, poderão entrar
em contacto com a BMM através dos seguintes contactos:
Telefone: +258 84 6174249 ou pelo +258 84 4405665 -
Direcção de Negócios, Estudos e Estatística.
Email geral: nmanjate@bmm.co.mz
cmassingue@bmm.co.mz
bmmcompras@gmail.com
COMPRA DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
PUBLICIDADE 10 Savana 27-07-2018 SOCIEDADE
O
Centro de Integridade
Pública (CIP) alerta para
ocorrência de riscos de
corrupção no sector de
licenciamento mineiro, no país,
devido à centralização do processo
de concessão e monitoramento
das licenças, na pessoa do ministro
dos Recursos Minerais e Energia,
dada a sua exposição a influências
externas.
Deste modo, sugere a mitigação
desse risco com o estabelecimento
de critérios publicamente conhecidos,
envolvendo comissões técnicas
especializadas para o efeito que vão
contribuir para uma maior transparência
do processo.
Com objectivo de contribuir para
prevenção de corrupção no país, o
CIP lançou, esta quarta-feira, um
estudo no qual avalia 22 potenciais
riscos de corrupção no processo de
licenciamento, numa altura em que
a demanda pelas licenças tem crescido
de forma exponencial.
A questão de fundo do estudo de 60
páginas é que a lei de minas centraliza
no ministro que superintende
a área dos recursos minerais todo o
processo de atribuição de licenças
e de monitoramento da actividade
mineira, que em certos casos pode
delegar aos seus colaboradores.
Segundo defendeu Edson Cortês,
director do CIP, o ministro tem
a autonomia de atribuir e revogar
licenças, o que constitui um problema,
pois não há nenhuma instituição
que faça a supervisão das decisões
por ele tomadas para aferir até
que ponto foi imparcial, ou tenha
beneficiado entidades direccionadas.
De acordo com a legislação mineira,
as actividades de mineração em
Moçambique podem ser realizadas
através de várias licenças de mineração,
tais como licenças de prospecção
e pesquisa; concessões de
mineração; certificados de mineração;
passes de mineração; licença
de processamento mineiro e licença
de comercialização de produtos
minerais.
Para o presente relatório, aquela
agremiação colocou o seu foco na
prospecção e licenças de pesquisa
e concessões de mineração, porque
elas estão potencialmente sujeitas à
corrupção, devido à quantidade de
recursos financeiros que mobilizam
e às condições sócio-económicas e
impactos ambientais que geram.
Destaca também o facto de a lei
atribuir aos funcionários deste sector
uma descrição total sobre os
prazos e duração de cada etapa do
processo de licenciamento, o que,
aos olhos do CIP, abre também espaço
para ocorrência de corrupção.
Os sistemáticos atrasos verificados
no processo de licenciamento, devido
às dificuldades de interpretação
da lei derivadas das constantes alterações,
têm levado alguns requeO
alerta é do CIP
Há riscos de corrupção no processo de
licenciamento
rentes a delinearem estratégias para
imprimir celeridade nos pedidos, o
que em certos casos obriga a práticas
corruptas. Anotou ainda que,
por vezes, os atrasos são causados
pelos próprios requerentes dada a
sua inadequada capacidade de produzir
documentos precisos e fiáveis,
o que condiciona a aprovação das
licenças, e que, por sua vez, contribui
para gerar mais pressão sobre
a agência de cadastro que tem um
pessoal insuficiente.
Apesar deste cenário, o CIP manifestou
a sua preocupação com o
facto de existência de licenças que
são tramitadas em tempo recorde,
dois a três meses, enquanto outras
podem levar um ano ou mais sem
a devida explicação, num contexto
em que a lei estabelece o princípio
de precedência para a atribuição
das licenças. Isto é, dá-se prioridade
a quem submeteu primeiro o pedido
de concessão de licença. E é aqui
onde o CIP cogita a interferência
externa, com destaque para a política
que pode afectar o desempenho
do sector.
Argumenta que há um grande número
de empresas com licenças,
algumas das quais a elite política
tem acções, quer individualmente
ou em nome de Estado, mas poucas
estão na fase de produção, o que
pode sugerir que houve interferência
externa na aprovação maciça de
licenças, mesmo sem garantias do
técnico e do solicitante, capacidade
financeira para desenvolver a actividade
de mineração. Avança que
as instituições de controlo de legalidade
não têm processado e condenado
criminalmente as situações
de conflito de interesses várias vezes
reportadas pela imprensa. Fala
ainda da existência de lacunas na lei
da Probidade Pública que não torna
a obrigatoriedade da declaração
de bens dos funcionários públicos
que não sejam titulares de cargos
públicos, enquanto há vários relatos
de funcionários públicos envolvidos
em conflito de interesses na
indústria extractiva e não só, sendo
que alguns deles estão vinculados a
empresas estrangeiras. O CIP diz
ter identificado uma situação inadequada
de separações de funções
em que a empresa estatal EMEM,
que tem o Instituto Nacional de
Minas como um dos accionistas,
que desempenha múltiplos papéis
no sector, desde a exploração, produção
e na atribuição de licenças,
gozando da informação privilegiada
que tem.
As consultas comunitárias e reassentamentos
constituem outro nó
de estrangulamento em que podem
ocorrer práticas de corrupção, uma
vez que as comunidades não conhecem
o quadro legal que as rege.
Isso afecta o processo de consultas
públicas, pois as comunidades não
estão preparadas e, como consequência,
são manipuladas em benefício
das empresas, o que mais tempo
ou menos tempo tem resultado
em instabilidade social e conflitos
recorrentes entre as empresas e as
comunidades.
Deste modo, aponta como soluções
a despolitização do licenciamento,
criando condições para que a aprovação
de licenças tenha como base
o estabelecimento de critérios publicamente
conhecidos, envolvendo
comissões técnicas especializadas
que neste momento não estão previstas
na legislação. Recomenda a
actualização do sistema de dados
do cadastro, combinada com a automatização
das várias etapas de
licenciamento mineiro que permitem
a eliminação do sistema das
licenças expiradas e ociosas.
Interesse público fala alto
Elsa Ufai, representante do Instituto
Nacional Minas (INAME),
aponta que a não observância do
princípio da precedência no âmbito
de atribuição de licenças pode ter
como base o interesse público. Isto
porque, acrescenta, se aparece uma
empresa solicitando uma licença
de exploração mineira e ao mesmo
apresenta projectos sociais, como
a construção de estrada, hospital,
escola entre outras infra-estruturas
que vão concorrer para o desenvolvimento
da zona, o governo é obrigado
a redefinir as políticas dando
prioridade ao interesse público.
Justificou Ufai, que a discrepância
de tempo evocado pelo estudo
na atribuição da licença está relacionada
com nível de eficácia nas
respostas para correcção de alguns
erros constatados na instrução do
processo. Mas referiu também que
cada requerente pode verificar o estágio
do seu processo no website do
cadastro ministro.
Enquanto isso, Bernardino Victor,
do Ministério da Terra Ambiente
e Desenvolvimento Rural (MITADER),
sublinhou que todo o ministro
toma uma decisão depois do
parecer dos seus colaboradores, o
que significa que não pode ser acusado
de acumular poderes. Frisou
também que, apesar de se estabelecer
o princípio de que o primeiro
a solicitar a licença é o privilegiado
em relação a quem o segue, entende
que há casos em que se deve analisar
para as questões das vantagens
imediatas para o país.
(A.Nhampossa e C. Cherindza)
D
uas semanas depois, o Conselho de Ministros
nomeou, nesta terça-feira, Faruco Sadique,
para a presidência do Conselho de
Administração da Televisão de Moçambique
(TVM), em substituição de Armando Inroga,
exonerado no princípio do mês, alegadamente por
“conveniência de serviço”.
Transferido da Rádio Moçambique (RM), outro
órgão público de comunicação social, onde foi reconduzido
em Fevereiro deste ano, após ser nomeado,
em 2013, Sadique herda uma casa turbulenta,
descrita como um “cemitério de PCA”.
Discreto e sempre sorridente, o novo gestor da
TVM é apontado como tendo sido fundamental no
processo de reforma compulsiva de mais da metade
da redação da Rádio Moçambique. Alguns trabalhadores
da rádio pública fazem notar que Faruco
deixa a instituição numa situação precária com
sistemáticos atrasos salariais e cortes drásticos nas
regalias dos trabalhadores.
Um dos nomes cogitados nos últimos dias para
PCA da RM foi o de António Barros, actual administrador
comercial da rádio pública.
Ao que o SAVANA apurou, António Barros foi
abordado em Dezembro para PCA da TVM, mas
declinou alegado que não iria se sentir confortável.
Com a recusa de Barros, o regime foi buscar o antigo
ministro da Indústria e Comércio, Armando Inroga,
que durou apenas 141 dias, sucumbido a uma
guerra de interesses supostamente dirigidos a partir
do Gabinete de Informação (Gabinfo).
Com a saída de Faruco Sadique da RM para ocupar
a mesma posição na TVM, Jeremias Ângelo, actual
administrador de produção, foi indicado PCA interino.
A indicação de Ângelo foi feita nesta quarta-
-feira numa reunião do Conselho de Administração
dirigida por Emília Moiane, directora do Gabinfo
e membro do Comité Central da Frelimo eleita no
XI Congresso do partido governamental.
-Em Dezembro, Barros disse não à TVM
-Jeremias Ângelo, PCA interino da RM
Sadique na TVM
Painelistas da apresentação do estudo sobre os riscos de corrupção no licenciamento do sector mineiro
PUBLICIDADE Savana 27-07-2018 11
Em Moçambique a participação das mulheres no espaço público
é um princípio consagrado na Constituição da República e tem
sido assumido no discurso político como um dos pilares da construção
do Estado de Direito Democrático.
Num levantamento feito em Maio de 2018, tendo em conta os resultados
das eleições autárquicas, a partir das quais foram eleitos
os membros das assembleias, o Instituto para a Democracia Multipartidária1
(IMD) constatou que nos últimos dois mandatos houve
um ligeiro aumento de mulheres empossadas nas assembleias
municipais, tendo passado de 37.0% no mandato de 2009-2013
para 37.5% no mandato de 2014-2018, como ilustra o gráfico.
Gráfico: Distribuição percentual dos membros das Assembleias Municipais, nos dois
últimos mandatos, por sexo.
Fonte: IMD com base em dados da CNE
No entanto, estes dados globais não reflectem o desempenho
ao nível de cada um dos partidos políticos representados nos órgãos
autárquicos durante os mandatos em referência. Mais ainda,
estas representações estavam longe dos dados do Instituto Nacional
de Estatística (INE) em termos do universo da população
por sexo2
quer seja em 2008, assim como em 2013, anos em que
foram realizadas as eleições autárquicas.
Há necessidade de assegurar que o país continue a estar bem cotado
no que diz respeito a participação política da mulher, tanto
ao nível das Assembleias Autárquicas, como também nas Presidências
dos Conselhos Autárquicos e nas Presidências das Assembleias
Autárquicas.
1
O IMD é uma organização que actua no fortalecimento do sistema democrático através do apoio ao desenvolvimento
institucional dos Partidos Políticos, na prestação de assistência às reformas de instituições democráticas e no apoio as sessões de
Diálogo Interpartidário; 2
Segundo as projecções do INE, em 2009, o universo populacional era de 21,802.866 de habitantes, sendo 11,302.912 mulheres (51,8
por cento) e 10,499.954 homens (48,2). Em 2013 o universo populacional era de 24,366.112 habitantes, sendo 12,614.263 mulheres
(51,8 por cento) e 11,751.849 homens (48,2 por cento). Os dados preliminares do Recenseamento Geral da População indicam um
total de 28,861.863 habitantes, sendo 15,061.006 mulheres (52,2 por cento) contra 13,800857 homens (47,8 por cento).
COMUNICADO
Elaboração das Listas de Candidatura para as
Eleições Autarquicas e a Participação das Mulheres
70.0%
37.0%
63.0% 62.5%
2009 - 2013
Mulheres Homens
2014 - 2018
37.5%
60.0%
50.0%
40.0%
30.0%
20.0%
10.0%
0.0%
No actual figurino da legislação eleitoral, a possibilidade do
equilíbrio de género nos órgãos executivos dos municípios
depende do equilíbrio a ser estabelecido ao se eleger cabeças
de lista no seio dos Partidos Políticos, Coligação de Partidos ou
Grupo de Cidadãos eleitores inscritos, bem como na composição
das listas no geral.
Neste sentido, estando os Partidos Políticos, Coligação de Partidos
ou Grupo de Cidadãos eleitores inscritos, em fase de elaboração
das listas de candidaturas para as Eleições Autárquicas a
ter lugar no dia 10 de Outubro do presente ano, IMD vem através
desta:
Encorajar os Partidos Políticos, Coligação de Partidos
ou Grupo de Cidadãos eleitores inscritos, no sentido de
prosseguirem com os processos democráticos internos
para a eleição dos membros que vão compor as listas de
candidaturas aos órgãos autárquicos;
Encorajar para que os processos de eleição dos candidatos
observem os princípios democráticos onde todos os
membros tenham a oportunidade de participar;
Encorajar para que haja uma maior participação de Mulheres
e que estas tenham a possibilidade de fazer parte
como cabeça de lista, uma vez que esta é a condição
que permite eleger os Presidentes dos Conselhos Autárquicos;
Encorajar para que as listas observem critérios que respeitem
o equilíbrio de género, de modo a que mais mulheres
possam estar em posições elegíveis para as Assembleias
Autárquicas;
O IMD vai continuar a fazer o acompanhamento das tendências
de participação da mulher nos órgãos políticos de eleição
quer seja em termos globais, assim como ao nível de cada um
dos Partidos Políticos, Coligação de Partidos ou Grupo de Cidadãos
eleitores inscritos, que estiverem representados.
São parceiros do IMD:
12 Savana 27-07-2018 SOCIEDADE SOCIEDADE
Muita tinta ainda irá correr
no caso do conflito de terra,
opondo os camponeses
do bairro Siduava, no Município
da Matola, província de Maputo,
com os militares da VI Brigada
de Tanques, naquela autarquia. Dois
meses depois do Presidente do Conselho
Municipal da Matola, Calisto
Cossa, ter prometido parcelar 190
terrenos em compensação ao espaço
perdido pelos camponeses a favor
daquela unidade militar, a população
revela ainda não ter recebido nenhum
terreno das autoridades municipais e
acusa os funcionários do Município,
incluindo o próprio Edil, de usurpação
de terra.
A denúncia foi feita, esta terça-feira,
durante a visita efectuada pela Comissão
Nacional dos Direitos Humanos
(CNDH), à população de Siduava
para se inteirar do caso.
Segundo o chefe-adjunto da comissão
dos camponeses, Luís Bata, desde a
reunião havida em meados de Maio, o
Conselho Municipal da Matola nada
mais fez para resolver o problema porque
“os terrenos indicados pelo Presidente
já foram ocupados pelos Vereadores
e por ele mesmo”.
Segundo conta a população, o Conselho
Municipal da Matola parcelou
16 quintas na zona de Xilepfane, área
apontada para o “reassentamento” dos
camponeses, para os seus funcionários,
com destaque para o edil e os vereadores
Armando Cuamba e Francisco
Amanso.
A população conta que o processo
foi conduzido pelos funcionários do
Município da Matola, em coordenação
com os militares da VI Brigada
de Tanques, que tinham a missão de
“ameaçar” a população. Acrescenta
que até o Presidente do Município foi
a Xilepfane pedir a realização da cerimónia
tradicional de invocação de
espíritos (Kupahla) como forma de
agradecer o “presente” dado pela população.
Aliás, durante a nossa presença no
local, presenciamos obras de construção
do muro de vedação numa quinta
supostamente pertencente ao vereador
Armando Cuamba e outras de construção
de uma casa Tipo 1, na quinta
supostamente pertencente ao vereador
Francisco Amanso.
Leta Baúle, proprietária do espaço
supostamente invadido por Armando
Cuamba, afirma que detém o mesmo
desde 1998, altura em que a sogra deixou
de cultivar devido à idade.
“Disse que podia continuar a cultivar e
que depois ia me oferecer terreno, mas
ainda não me ofereceu”, disse Baúle,
acrescentando que o invasor movimenta
a obra aos fins-de-semana por
saber que ela não se faz à machamba.
Questionado se já confrontaram esta
situação ao Presidente do Município
da Matola, Luís Bata respondeu que
“não foi possível porque, publicamente,
diz que o problema está resolvido,
enquanto está a mentir”.
Outra camponesa que se debate com a
presença de marcos na sua machamba
é Gilda Manuel, que cultiva naquela
zona desde 1976.
Manuel diz estar surpreendida com o
que está a acontecer, pois, “as pessoas
parcelaram terrenos por cima das minhas
culturas”. Por isso, pede ao governo
para que resolva, com urgência, o
problema.
Um conflito longe do fim
“Estamos a morrer de fome. Sempre
que cultivamos os militares mandam-
-nos parar, porém, no mesmo espaço já
está a ser erguida uma infra-estrutura”,
sublinha.
Durante o encontro com a representante
da CNDH, Alice Mabota, a
população acusou ainda o Presidente
do Conselho Municipal da Matola e
o Chefe do Estado-Maior General de
nada fazerem para resolver o problema
com os militares daquela unidade
militar.
“Fizemos uma exposição para o Comando
do Exército, este mandou para
o Quartel General, mas o documento
não foi entregue ao Ministro da Defesa”,
disse João Canda, Chefe da Comissão
dos Camponeses de Siduava.
“Vamos submeter o caso ao
Tribunal”, Alice Mabota
Ouvida pelo SAVANA em relação
ao caso, Alice Mabota disse que pela
magnitude do mesmo, deve haver
um projecto de aquisição e revenda
de espaços, pelo que “deve haver uma
intervenção de uma estrutura judicial
para dirimir este conflito porque não
há diálogo”.
Segundo a antiga Presidente da Liga
dos Direitos Humanos, o que causa
maior indignação é o facto do governador
e dos Ministros da Defesa
Nacional e da Terra, Ambiente e Desenvolvimento
Rural basearem-se nos
relatórios fornecidos pelo Conselho
Municipal e não se deslocarem ao local
para se inteirarem da situação.
“Nos tempos do Presidente Machel
isto já teria acabado porque ele priorizava
visitas de campo”, salientou.
Questionada em relação ao posicionamento
das autoridades governamentais
e municipais em relação ao caso,
Mabota disse que até ao momento só
conseguiu reunir-se com o governador
da província de Maputo, Raimundo
Diomba, que se mostrou sensível ao
assunto.
“O Município e o Ministério da Defesa
ainda não responderam a nossa
carta, pelo que vamos submeter o caso
ao Tribunal Administrativo”, garantiu
a fonte, sublinhando que, para tal, a
CNDH irá recorrer aos advogados independentes,
visto que não tem competência
para tal.
“Querem que transformemos
quintas em terrenos”, Inês
Chilundo
Contactado pela nossa reportagem
para reagir em torno deste caso, o edil
da Matola, Calisto Cossa, remeteu
o caso ao vereador de Planeamento
Territorial e Urbanização, José Sambo,
que, por sua vez, indicou-nos a directora
da Área do Planeamento, Inês
Gonçalo Chilundo.
Chilundo confirmou existirem terrenos
parcelados na área indicada para
o “reassentamento” dos camponeses
de Siduava, porém, esclareceu que a
área foi indicada pela população, sem
que o Presidente soubesse que estava
ocupada.
Assim, Chilundo conta que neste
momento está em curso a finalização
dos trabalhos do processo cadastral de
cada terreno “para se saber quem ocupou
e de onde veio”.
Questionada sobre a existência de
terrenos parcelados a favor do presidente
do Município e de alguns vereadores,
Chilundo não confirmou o
facto, sublinhando que ainda estavam
a finalizar o processo de verificação do
cadastro.
“Não posso confirmar se há vereadores
naquele espaço”, disse, acrescentando:
“O parcelamento foi feito, em 2013, e
alguns espaços estão destinados a fins
industriais, outros para a residência e
um para a construção de um terminal
rodoviário do Município da Matola”,
destacou.
Em relação às reclamações apresentadas
pela população, Chilundo refere
que as mesmas não fazem sentido
porque o processo de levantamento foi
conduzido na presença da comissão
dos camponeses.
“Eles querem que a gente transforme
as quintas em terrenos”, disse Inês
Chilundo, sublinhando estarem a trabalhar
para identificar novo espaço,
caso se conclua a ocupação total daquele
local.
Caso Siduava volta à ribalta
Por Abílio Maolela
Alice Mabota reunida com a população, em frente a uma construção
supostamente pertencente a um dos Vereadores do Município da Matola
A
saga dos avultados investimentos
em sectores não
produtivos na administração
pública moçambicana
continua em níveis bastante
preocupantes. Na Conta Geral do
Estado (CGE) referente a 2017,
que ainda espera do parecer do
Tribunal Administrativo (TA), o
SAVANA constatou que, no ano
passado, os gastos em instituições
do Governo central dispararam
substancialmente, contrariando,
mais uma vez, o bastante repetido
discurso sobre a contenção de
custos.
Se em 2016 a Presidência da República
consumiu 103,7 milhões
de Meticais, em 2017 os gastos
da instituição subiram para 227,2
milhões. Curiosamente, grande
parte desta verba, 211 milhões,
está inscrita na reabilitação e apetrechamento
de infra-estruturas, a
mesma categoria que no ano anterior
gastou 79 milhões.
A CGE não especifica em que
consiste a reabilitação e apetrechamento
das infra-estruturas,
mas não deixa de ser curioso que
uma Presidência com uma infra-
-estrutura nova gaste anualmente
avultadas somas de dinheiro em
tais investimentos.
O novo edifício da Presidência da
República de Moçambique, moderno
e majestoso, foi inaugurado
em Janeiro de 2014 e custou,
aproximadamente, USD 72 miAinda
os gastos dos chefes
Extravagâncias em tempos de crise!
Por Armando Nhantumbo
lhões, um financiamento do Governo
chinês, actualmente o maior credor do
país.
A Casa Militar, um serviço especial
que zela pela segurança pessoal do
presidente da República e sua família,
que em 2016 gastou 122,9 milhões
de Meticais, despendeu, ano passado,
141,8 milhões, valor que foi aplicado
em mesmas actividades indicadas na
CGE do ano anterior, como a construção
de paiol no regimento de protecção,
aquisição de equipamento de
comunicações e da técnica operativa
e aquisição de viaturas de serviços gerais.
O Serviço de Informação e Segurança
do Estado (SISE), que em 2016 gastou
113,1 milhões, ano passado teve
gastos calculados em 564, 3 milhões.
É preciso sublinhar que o SISE foi a
placa giratória de toda a operação das
chamadas dívidas ocultas contraídas,
secretamente, contratadas entre 2013
e 2014, no valor de USD 850 milhões
para a Empresa Moçambicana de
Atum (EMATUM), USD 622 milhões
para a ProIndicus e USD 535
milhões para a Mozambique Asset
Manadgment (MAM).
O Gabinete de Assistência aos Antigos
Presidentes da República e Atendimentos
aos Dirigentes Superiores
do Estado gastou 795,5 mil Meticais
na reabilitação do Gabinete do antigo
presidente da República, contra 180
mil em 2016.
Mais uma vez, o documento não especifica
se o Gabinete em causa é de
Joaquim Chissano ou Armando Guebuza,
os dois antigos chefes de Estado
moçambicano ainda em vida.
Por sua vez, a chamada “escolinha do
barulho despendeu 300,6 milhões,
sendo que grande parte deste valor foi
usada para a aquisição de viaturas.
A Assembleia da República esteve,
ano passado, debaixo de uma acesa
crítica devido a aquisições milionárias
de viaturas de luxo, numa operação interpretada
como insulto para a esmagadora
maioria do povo que os deputados
dizem representar, povo esse que
é transportado nas mais péssimas condições,
em carrinhas de caixa aberta,
vulgarmente, conhecidas por my loves.
Mas os extravagantes gastos dos “chefes”
não param por aí. O Conselho
Constitucional despendeu, em 2017,
1.1 milhões, todos aplicados no apetrechamento
e manutenção das suas
instalações, tal como o Conselho Superior
da Magistratura Judicial que
despendeu 3,4 milhões apenas na
aquisição de mobiliário de escritório.
O Conselho Superior da Magistratura
Judicial gastou 3.5 milhões e o Conselho
Superior da Magistratura do Ministério
Público gastou 3,2 milhões.
A Procuradoria-Geral da República
(PGR), bastante criticada pela sua
hesitação na responsabilização dos
autores das chamadas dívidas ocultas,
uma operação de cerca de USD 1,4
mil milhões contraídos na administração
Guebuza, gastou 86, 6 milhões,
enquanto o Tribunal Administrativo,
para onde a PGR remeteu, este ano, o
caso, gastou 284, 6 milhões.
O Gabinete Central de Combate à
Corrupção, uma unidade da PGR,
despendeu 41,4 milhões.
O Gabinete do Provedor da
Justiça, um órgão célebre em lamúrias
sobre desmandos na função
pública, gastou 2.7 milhões,
contra 57 milhões do Tribunal
Supremo.
O Gabinete do Primeiro-ministro
consumiu 10,2 milhões, grande
parte dos quais foi aplicada na
aquisição de equipamento, 9,3
milhões.
No Ministério da Defesa Nacional
foram 388,4 milhões. No
Instituto Superior de Estudos
de Defesa (ISEDEF) “Tenente-
-general Armando Emílio Guebuza”,
foram aplicados 7,3 milhões,
todos na reabilitação de edifícios
onde está a funcionar há cerca de
apenas quatro anos.
O Comando geral da Polícia gastou
590,2 milhões, o Ministério
do Interior 35,7 milhões, 6,9
milhões dos Serviços Sociais da
PRM, 16,1 para o Serviço Nacional
de Investigação Criminal.
O Gabinete de Informação
(GABINFO), uma instituição
de assessoria do Governo, através
da qual o executivo controla
os órgãos de comunicação do
sector público, despendeu 100.9
milhões de Meticais.
São apenas algumas das instituições
de âmbito central que
mostram gastos extravagantes
num momento em que o discurso
oficial continua a apregoar contenção
de custos face ao bloqueio
de financiamento por parte da
comunidade internacional.
SOCIEDADE Savana 27-07-2018 13 PUBLICIDADE
14 Savana 27-07-2018 Savana 27-07-2018 15
DIVULGAÇÃO
A conferência, realizada
no dia 19
de Julho de 2018,
apresentou resultados
preliminares de
pesquisas realizadas pelo
OMR ao longo do corredor
da Beira, com incidência
nos distritos de Dondo,
Búzi, Nhamatanda, Gondola,
Vanduzi, Sussundenga e
Manica. Foram ainda apresentados
alguns resultados
de trabalhos realizados em
Malema e Lichinga. As pesquisas
pretendem analisar e
monitorar o cumprimento
dos objectivos de projectos
de investimento na agricultura
realizados em mecanização
e prestação de serviços
(Centros de Prestação
de Serviços Agrários), silos
da Bolsa de Mercadorias e
de regadios, na perspectiva
de transformar os pequenos
produtores (“sector familiar”)
em agricultores “emergentes”
ou “comerciais”.
Os investimentos realizados
e em curso são de implementação
recente e, portanto,
existem oportunidades para
PHOKRUDUDVGHÀFLrQFLDVHQcontradas
e reforçar os aspectos
positivos. Na página
da internet do OMR (www.
omrmz.org), encontram-se
os documentos síntese dos
resultados das pesquisas.
As principais conclusões da
conferência são as seguintes:
2V LQYHVWLPHQWRV VmR
realizados de forma dispersa
no território, com
pouca articulação entre
VL R TXH GLÀFXOWD DV VLnergias
possíveis;
([LVWHP LQYHVWLPHQWRV
QmR RXGHÀFLHQWHPHQWH
concluídos, o que não
permite que seja realizável
pelo menos parte
das funções previstas em
cada projecto;
2VLQYHVWLPHQWRVVmRUHDlizados
e concluídos sem
que, posteriormente,
se criem condições que
COMUNICADO
Conferência sobre Políticas Públicas para o Agro-Negócio
permitam alcançar grande
parte dos objectivos
iniciais de aumentar a
produtividade, a produção
e o rendimento das
famílias dos pequenos
produtores e a suposta
transformação em agricultores
emergentes;
2V HTXLSDPHQWRV DGquiridos
(tractores e alfaias)
possuem todos as
mesmas características
técnicas e de potência
não adequadas a áreas
pequenas de produção,
tornando irrelevante,
por razões de custos e de
HÀFiFLD RDFHVVRSDUDRV
produtores alvo, segunGR
RV REMHFWLYRV GHÀQLdos
para os centros de
prestação de serviços;
$ DFHVVLELOLGDGH GRV SHquenos
produtores aos
serviços previstos pelos
investimentos é, por diferentes
razões, muito
limitada; portanto, o objectivo
citado em todos
RV GRFXPHQWRV RÀFLDLV
que fundamentam os investimentos
de prestar
serviços aos pequenos
produtores não é alcanoDGR
%HQHÀFLDP VLP
apenas alguns médios
produtores;
1mRpSHUFHSWtYHOTXH D
partir dos investimentos
(nos casos de estudo realizados),
esteja em curso
um processo consistente
de emergência de agricultores
“comerciais” e,
ainda menos, um processo
de transformação
estrutural da agricultura,
não somente no que
respeita à dimensão das
parcelas trabalhadas,
FRPR QD LQWHQVLÀFDomR
do capital nos sistemas
de produção e nas relações
com os mercados.
9HULÀFD VH TXH H[LVWH
alguma alteração da
composição das culturas
produzidas nos beQHÀFLiULRV
GRV UHJDGLRV
mantendo a produção
alimentar como a principal;
2V EHQHÀFLiULRV GRV LQvestimentos
auferem,
directa e indirectamente,
diferentes formas de
VXEVtGLRV GR (VWDGR RV
próprios investimentos,
comparticipação pública
na aquisição de tractores
e alfaias, preços de
armazenagem nos silos,
extensão rural, entre outros),
com quem tendem
a estabelecer relações
FOLHQWHOLVWDV (VWHVLQYHVtimentos
são sobretudo
ÀQDQFLDGRVSRUUHFXUVRV
externos da cooperação,
donativos ou através de
créditos com taxas juro
baixas;
'HWHFWDUDP VH FDVRV GH
FRQÁLWRV GH LQWHUHVVHV
entre funcionários públicos
e os contratados para
a prestação de serviços
aos produtores.
Constatou-se que os invesWLPHQWRV
EHQHÀFLDP SULQcipalmente
os médios agricultores
ou incluem pessoas
que, com diferentes ligações
ao sistema do poder político
e às elites económicas e sociais
locais, possuem acessos
privilegiados aos serviços
resultantes dos investimentos,
tendo como consequência
o aprofundamento das
desigualdades sociais. A
ausência de mecanização é
compensada pela existência
de uma mão-de-obra abundante
e barata, o que é revelador
de alguma funcionalidade
da pobreza rural, em
sistemas de produção baseados
no trabalho sazonal.
Isto é, está em processo a
continuidade da diferenciação
social assente nas hierarquias
locais e potenciadas,
primeiro pelo colonialismo,
depois pelas empresas estatais
e posterior privatização
e, actualmente, pelo modelo
de crescimento dominante.
2V EHQHÀFLiULRV GDV LQIUD-
-estruturas e dos serviços
representam uma muito
pequena percentagem dos
agricultores das respectivas
]RQDV 2VSRXFRVEHQHÀFLirios
revelam bons graus de
satisfação na armazenagem,
no aluguer de máquinas, na
extensão e no acesso a subsídios
diversos. Nestes casos,
existem aumentos de produtividade
e de rendimento
dos produtores, maior uso
de máquinas e de factores
de produção adquiridos no
mercado e mais utilização
de mão-de-obra assalariada.
Constatou-se ainda que
RV EHQHÀFLiULRV PDQWrP D
agricultura como principal
fonte de rendimento, mas
que existe um maior grau de
GLYHUVLÀFDomR GH DFWLYLGDdes,
comparativamente com
os pequenos produtores que
produzem essencialmente
para a reprodução económica
e social da família.
(PFRQVHTXrQFLDGRSHTXHQRQ~PHURGHEHQHÀFLiULRV
a estrutura agrária nas zonas
estudadas não se tem
DOWHUDGRVLJQLÀFDWLYDPHQWH
As principais lacunas institucionais
e organizacionais
pós-investimentos que diÀFXOWDP
DOFDQoDU RV REMHFtivos
dos projectos, são as
seguintes:
3RXFD IRUPDomR LQIRUmação
e extensão para a
prática de produção em
regadio, para a gestão,
funcionamento e conservação
das infra-estruturas,
de conhecimento
sobre as condições de
armazenagem nos silos,
reduzida contratação e
formação de técnicos, o
TXH GLÀFXOWD D HÀFLrQFLD
dos investimentos;
%DL[RDFHVVRDRVPHUFDGRV
SRU UD]}HV GDV GHÀFLHQtes
vias de comunicação,
de meios de transporte
e pouca informação dos
preços que, juntamente
com a pouca capacidade
de armazenagem nos
momentos pós-colheita,
forçam a venda da produção
a preços baixos;
'LItFLO RX QXOR DFHVVR DR
crédito devido, principalmente,
aos seguintes
motivos: acesso ao sistema
bancário (distâncias
e documento exigível e
condições de elegibilidade);
taxas de juro muito
elevadas; posse de garantias
exigidas pelo sistema
bancário formal; e,
formação escolar e hábitos
de relacionamento da
maioria dos produtores
com o sistema bancário;
*HVWmR GHÀFLHQWH GDV
infra-estruturas e dos
equipamentos. Os diferentes
modelos de gestão
das infra-estruturas criadas
(privados, parcerias
público-privadas e associações)
têm-se revelado
LQHÀFD]HV VHP UHJXODPHQWDomR
H ÀVFDOL]DomR
dos contratos entre os sectores
público e privado,
pouca formação e atitude
empresarial, agravando
o não cumprimento dos
REMHFWLYRV GHÀQLGRV H D
GHÀFLHQWH XWLOL]DomR GRV
equipamentos;
)UiJLO RUJDQL]DomR FDSDcitação
técnica e pequena
escala das associações de
produtores para assegurar
a gestão de infra-
-estruturas, discutir os
preços, ganhar acessibilidade
aos mercados de
bens e de factores.
Destacou-se que o desenvolvimento
da agricultura não
pode ser apenas com medidas
sectoriais. Há necessidade
de se conceber e de haver
políticas e acções de desenvolvimento
local numa perspectiva
integrada, particularizando
o desenvolvimento
de múltiplas actividades
SDUD D GLYHUVLÀFDomR GDV
fontes de rendimento, assim
como da agro-indústria, a
manutenção de estradas e
comunicações, o comércio, a
educação e a saúde.
A conferência ressaltou a
necessidade de existência de
políticas económicas favoráveis
e, eventualmente, positivamente
discriminatórias
em relação à agricultura,
como por exemplo, protecção
a determinadas produções
(tendo sido apontados
os resultados positivos do
açúcar e do caju), de manutenção
de estradas terciárias
para articular os mercados,
reduzindo os custos e
os tempos de transporte, a
comparticipação em alguns
investimentos privados e
das associações de produtores,
a monitorização e eventualmente
o estabelecimento
de preços mínimos e a garantia
de aquisição da produção.
Ressaltou-se o papel
das relações comerciais e
multiplamente vantajosas
entre os diferentes tipos de
produtores. Realçou-se que
o arranque da agricultura
tem de se focalizar, numa
primeira fase, em projectos
e políticas de mercados
- garantia de compradores
- preços incentivadores - estradas
- extensão/formação
que proporcionem escolhas
técnicas.
A conferência sugere que
as instituições públicas, privadas
e da sociedade civil
se articulem nos diferentes
níveis territoriais para a
concepção do desenvolvimento,
implementação de
projectos e monitorização
das decisões e medidas assumidas.
Os resultados das pesquisas
de monitorização de alguns
dos “projectos bandeira” da
agricultura, devem ser consideradas
pelas instituições
competentes para que os actuais
pontos críticos possam
ser melhorados. Só assim
os investimentos poderão
atingir os objectivos econóPLFRV
H VRFLDLV VHU HÀFLHQtes,
aumentar o rendimento
das famílias, ser inclusivos e
sustentáveis a longo prazo.
Só assim se compreenderá
o alargamento a novos investimentos
em capacidade
de armazenagem, serviços
agrários e infra-estruturas
produtivas. Caso contrário,
será preferível deixar de
gastar o dinheiro da cooperação,
dos doadores, dos
contribuintes, deixando de
avolumar a dívida moçambicana.
Finalmente, o discurso de
que estes investimentos se
destinam aos pequenos produtores
(sector familiar) não
p FRQÀUPDGR 1D UHDOLGDGH
estes investimentos procuram
incentivar os médios
e grandes produtores e os
agentes de comercialização.
Nesta perspectiva, existe
total coerência com a política
agrária dominante que
se baseia no agro-negócio,
relegando os camponeses
para um segundo plano …
RX ´QHQKXP SODQRµ 2 (Vtado
e o sector privado não
resolvem, por si sós, as grandes
questões de desenvolvimento.
É necessário que
haja um desenvolvimento
socialmente inclusivo com
crescente organização dos
pequenos produtores em associações.
O mercado, por si
só, também não constitui a
“solução invisível”.
Para uma leitura mais detalhada
de alguns destes
aspectos, veja os seguintes
documentos:
&HQWURV GH 3UHVWDomR
de Serviços Agrícolas
(CPSA): Objectivos e Realidades
(http://omrmz.
org/omrweb/wp-content/uploads/Destaque-
-Rural-25.pdf)
,QYHVWLPHQWR 3~EOLFR QD
Agricultura: O Caso dos
Regadios no Corredor
da Beira (Vanduzi, Sussundenga,
Nhamatanda
e Búzi) (http://omrmz.
org/omrweb/wp-content/uploads/Destaque-39.pdf)
%ROVD 0HUFDGRULDV 0Rçambique
(BMM): Objectivos
e Realidades
(http://omrmz.org/
omrweb/wp-content/
uploads/Destaque-Rural-23.pdf)
5HÁH[}HV VREUH D &RPHUcialização
da Mandioca
para a Produção de Cerveja
(http://omrmz.org/
omrweb/wp-content/
uploads/Destaque-Rural-34.pdf)
Maputo, 25 de Julho de 2018.
A Direcção do OMR
16 Savana 27-07-2018 PUBLICIDADE
Eni Rovuma basin B.V. - Mozambique Branch em nome
de Mozambique Rovuma Venture convida as empresas
interessadas a submeterem Manifestações de Interesse
para a prestação de Serviços de Transporte Aéreo (HeOLFySWHUR
HP2QVKRUHH2ͿVKRUHQD5HS~EOLFDGH0Rçambique.
ÂMBITO DO TRABALHO
O âmbito do trabalho consistirá na prestação de Serviços
de Transporte Aéreo, incluindo o transporte de colaboradores
da Empresa, de carga interna e a realização de
vôos de emergência médica e técnica.
Adicionalmente, e quando solicitado pela Empresa, o
Operador deverá estar capacitado para realizar, como
tarefa secundária, operações diurnas de busca e salvaPHQWR
6$5 6HDUFK 5HVFXH HPRQVKRUH RͿVKRUH, de/
para os locais de interesse para a Empresa quer estejam
localizados emRQVKRUH RͿVKRUH.
REQUISITOS DO HELICÓPTERO
Os Operadores Aéreos, que estejam ou que venham a esWDUFHUWLÀFDGRVSDUDRSHUDUHP0RoDPELTXHDSDUWLUGH
Maio de 2019, são convidados a manifestar o seu interesse
no fornecimento de pelo menos 2 helicópteros, com as
seguintes características básicas:
- Pelo menos 12 passageiros + 2 tripulantes ;
&HUWLÀFDomREDVHGHDHURQDYHV )$53DUW ($6$
&6 -$5&6
&HUWLÀFDomRSDUDD&ODVVH &DWHJRULD$
,)5 ,/62SHUDomR&$7,DSURYDGD
- Operado por 2 pilotos;
$VHVSHFLÀFDo}HV WpFQLFDVGRFRQFXUVRLUmRGHWDOKDURV
padrões da empresa e os requisitos para o serviço.
DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
As empresas interessadas neste convite, deverão submeter
a sua Manifestação de Interesse através do envio,
pelo website indicado abaixo, da seguinte documentação
necessária:
1. Estrutura da Empresa e do Grupo, contendo a lista dos
SULQFLSDLVDFFLRQLVWDVHEHQHÀFLiULRVÀQDLV QmRDSOLFivel
a empresas cotadas na bolsa de valores);
6FDQGDIRWRFySLDDXWHQWLFDGDGD&HUWLGmRGH5HJLVWR
&RPHUFLDO QRPHGD(QWLGDGH/HJDOHSHVVRDGHFRQWDFWRSDUDUHFHEHULQIRUPDomRFRPHUFLDOHVREUHDTXDOLÀcação;
3. Prova documentada de experiência na execução de
6(59,d26 '( 75$163257( '( +(/,&Ð37(52
216+25((2))6+25(GDLQGXVWULDSHWUROtIHUDQRV
~OWLPRV DQRV 7RGDGRFXPHQWDomRTXHFRPSURYHH[-
periência adquirida deve ser submetida no formato seJXQGRDVHVSHFLÀFDo}HV
5HIHUrQFLDVSURÀVVLRQDLVGRFXPHQWDGDVGHFOLHQWHVLQternacionais;
5. Prova documentada de experiência de serviço de
transporte aéreo
+HOLFRSWHURV 216+25( H 2))6+25( HP ÉIULFD H
com escritórios em Moçambique.
6. Manual de Gestão de Qualidade em conformidade
com os padrões internacionais (ISO 9001:2008);
&HUWLÀFDo}HVGR 6LVWHPDGH*HVWmRGH4XDOLGDGHH
RXFHUWLÀFDGRVTXHFRPSURYHPTXHDHPSUHVDHVWiHP
conformidade com os padrões nacionais ou internacionais
de qualidade (p.e. ISO 9001:2008);
&HUWLÀFDomRGR 6LVWHPDGH*HVWmRGH 6D~GH H 6HJXrança
e/ou documentos que comprovem que a empresa
está em conformidade com os padrões internacionais
(ISO 18001);
ÔOWLPREDODQoRÀQDQFHLUR 5HODWyULR$QXDOGDHPSUHsa
registada em Moçambique
H~OWLPREDODQoRÀQDQFHLUR 5HODWyULR$QXDOFRQVROLdado
do Grupo (caso seja
DSOLFiYHO TXHFRPSURYHPFDSDFLGDGHPtQLPDÀQDQceira
para a realização do
objecto do trabalho;
10. Qualquer outra informação que demonstre que a empresa
está capacitada para
realizar o objecto do trabalho.
As empresas interessadas neste convite deverão submeter
a sua Manifestação de Interesse através do registo da
empresa no nosso website (Mozambique Application):
https://esupplier.eni.com/PFU_en_US/autocandidaturaEniRovumaBasin.page
,03257$17(
A candidatura deverá fazer referência ao seguinte código
de produto/serviço:
SS05BC07 - AIRCRAFT LOGISTIC SERV FOR DRILLING/PRODUCTION-ROTARY
WINGS;
1RZHEVLWHGHFDQGLGDWXUD QDVHFomR´$FWLYLGDGHV2EMHFWR
GD &DQGLGDWXUDµ R FDPSR ´2ULJHP GR &RQYLWHµ
GHYHUiVHUSUHHQFKLGRFRPRVHJXLQWH ´6HUYLoRVGH+Hlicóptero”.
Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e do
cumprimento com toda a documentação acima indicaGD DVHPSUHVDVLQWHUHVVDGDVSRGHUmRUHFHEHUGD(QL5RYXPD%DVLQR3DFRWHGH4XDOLÀFDomR
O prazo para a submissão da Manifestação de Interesse
através do nosso website termina no dia 17 de Agosto de
2018.
Quaisquer custos incorridos pelas empresas interessadas
na preparação da Manifestação de Interesse serão da
total responsabilidade das empresas, as quais não terão
direito a qualquer reembolso quer por parte da MozamELTXH5RYXPD9HQWXUHRXGD(QL5RYXPD%DVLQ%90Rzambique
Branch a este respeito.
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
PARA SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO (HELICÓPTERO) ONSHORE E OFFSHORE EM
MOÇAMBIQUE
PUBLICIDADE Savana 27-07-2018 17
Eni Rovuma basin B.V. – Mozambique Branch on
behalf of Mozambique Rovuma Venture invites interested
companies to submit expressions of interest
IRUWKHSURYLVLRQRIURWDU\ZLQJVRQVKRUHDQGRͿVKRUH
WUDQVSRUWDWLRQ VHUYLFHV LQ WKH 5HSXEOLF RI 0R]DPELque.
SCOPE OF WORK
Company’s scope of work will consist of delivering
Air Transport Services, including the transportation of
Company personnel and internal cargo and perform
PHGLFDODQGWHFKQLFDOHPHUJHQF\ÁLJKWV
Additionally the Operator should be able to perform
GD\OLJKW RQVKRUH RͿVKRUH 6$5 6HDUFK 5HVFXH DV
secondary task, when so requested by the Company,
WR IURP WKH&RPSDQ\RQVKRUH RͿVKRUHVLWHVRILQWHrest.
REQUIREMENTS FOR HELICOPTER
$LU2SHUDWRUV ZKLFKDUHRUZLOOEHFHUWLÀHGWRRSHUDWH
in Mozambique within May 2019, are invited to express
WKHLULQWHUHVWLQRͿHULQJDWOHDVW1 7ZR KHOLFRSWHUV
having the following basic characteristics:
6HDWLQJFRQÀJXUDWLRQQRWOHVVWKDQ 3LORW&UHZ
$LUFUDIWFHUWLÀFDWLRQEDVLV )$53DUW ($6$&6
-$5&6
&ODVV &DWHJRU\$FHUWLÀHG
,)5 ,/62SHUDWLRQ&$7,DSSURYHG
- Operated by 2 pilots
7HQGHU WHFKQLFDO VSHFLÀFDWLRQVZLOOGHWDLO&RPSDQ\·V
standards and the requirements for the service.
DOCUMENTATIONS REQUIRED
Companies interested in this invitation may submit
their Expression of Interest by providing, through the
website indicate below, the following required documentations:
1. Company and Group Structure with the list of major
6KDUHKROGHUVDQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV LIQRWOLVWHG
in the stock exchange);
6FDQQHG&HUWLÀHGFRS\RIWKH7UDGH5HJLVWHU /HJDO
(QWLW\QDPHDQGFRQWDFWSHUVRQIRUUHFHLYLQJTXDOLÀcation
and commercial information;
'RFXPHQWHGSURRIRIH[SHULHQFHLQSURYLVLRQRI52-
7$5<:,1*6216+25($1'2))6+25(75$16-
3257$7,216(59,&(6IRU2LO *DV,QGXVWU\LQWKH
last 10 years. The details of experience to be provided
in the format given herein;
'RFXPHQWHGSURIHVVLRQDOUHIHUHQFHVUHOHDVHGE\LQternational
customers;
'RFXPHQWHG SURRI RI H[SHULHQFH LQ H[HFXWLRQ RI
527$5< :,1*6 216+25( $1' 2))6+25(
75$163257$7,21 6(59,&(6 LQ$IULFD DQG ORFDWLRQRIRFHLQ0R]DPELTXH
6. Quality Management System Manual in compliance
with international Quality Standards (ISO 9001:2008);
4XDOLW\0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQV DQG RU
FHUWLÀFDWHV SURYLQJ WKH &RPSDQ\ FRPSOLDQFH ZLWK
national or international Quality Standards (e.g. ISO
9001:2008);
+HDOWK 6DIHW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQ
and/or documents proving the company compliance
with international standards(ISO18001);
/DWHVWEDODQFHVKHHW $QQXDO5HSRUWRIWKHFRPSDQ\
registered in Mozambique and the latest consolidated
EDODQFHVKHHW $QQXDO5HSRUWRIWKHFRPSDQ\JURXS
LI DSSOLFDEOH SURYLQJ PLQLPXP ÀQDQFLDO FDSDFLW\
for the realization of the scope of work.
10. Any other information that will establish that the
FRPSDQ\LVDFDSDEOHRIIXOÀOOLQJWKHVFRSHRIZRUN
Companies interested in this invitation may submit
their Expression of Interest by registering the company
on our website (Mozambique Application):
https://esupplier.eni.com/PFU_en_US/autocandidaturaEniRovumaBasin.page
,03257$17
The submission must refer to the Public Announcement
both object and dates and also to the following
commodity code:
66 %& $,5&5$)7 /2*,67,& 6(59 )25 '5,-
//,1* 352'8&7,21 527$5<:,1*6
:LWKLQWKHZHEVLWHDSSOLFDWLRQ XQGHUWKHVHFWLRQ´2EMHFWRIWKH$SSOLFDWLRQµ WKHDUHD´2ULJLQRILQYLWDWLRQµ
VKDOOEHFRPSOHWHGDVIROORZV ´5RWDU\:LQJV6HUYLFHVµ
Subject to the delivery and compliance of all the above
documentation, Companies interested in this ExpresVLRQ
RI ,QWHUHVWPD\ UHFHLYH IURP (QL 5RYXPD %DVLQ
%9WKH4XDOLÀFDWLRQ3DFNDJH
The deadline for receipt of Expression of Interest by
the email address indicated above is set at 17th August
2018.
Any cost incurred by interested companies in preparing
the Expression of Interest shall be fully born by
Companies who shall have no recourse to either Mo-
]DPELTXH5RYXPD9HQWXUHRUWR(QL5RYXPD%DVLQ%9
Mozambique Branch in this respect.
EXPRESSION OF INTEREST
FOR ROTARY WINGS ONSHORE AND OFFSHORE TRANSPORTATION SERVICES
IN MOZAMBIQUE
18 Savana 27-07-2018 OPINIÃO
Registado sob número 007/RRA/DNI/93
NUIT: 400109001
Propriedade da
Maputo-República de Moçambique
KOk NAM
Director Emérito
Conselho de Administração:
Fernando B. de Lima (presidente)
e Naita Ussene
Direcção, Redacção e Administração:
AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73
Telefones:
(+258)21301737,823171100,
843171100
Editor:
Fernando Gonçalves
editorsav@mediacoop.co.mz
Editor Executivo:
Francisco Carmona
(franciscocarmona@mediacoop.co.mz)
Redacção:
Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo
Nhampossa, Armando Nhantumbo e
Abílio Maolela
)RWRJUDÀD
Naita Ussene (editor)
e Ilec Vilanculos
Colaboradores Permanentes:
Fernando Manuel, Fernando Lima,
António Cabrita, Carlos Serra,
Ivone Soares, Luis Guevane, João
Mosca, Paulo Mubalo (Desporto).
Colaboradores:
André Catueira (Manica)
Aunício Silva (Nampula)
Eugénio Arão (Inhambane)
António Munaíta (Zambézia)
Maquetização:
Auscêncio Machavane e
Hermenegildo Timana.
Revisão
Gervásio Nhalicale
Publicidade
Benvinda Tamele (82 3171100)
(benvinda.tamele@mediacoop.co.mz)
Distribuição:
Miguel Bila
(824576190 / 840135281)
(miguel.bila@mediacoop.co.mz)
(incluindo via e-mail e PDF)
Fax: +258 21302402 (Redacção)
82 3051790 (Publicidade/Directo)
Delegação da Beira
Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A
Telefone: (+258) 82 / 843171100
savana@mediacoop.co.mz
Redacção
admc@mediacoop.co.mz
Administração
www.savana.co.mz
Cartoon EDITORIAL
S
e alguém pretender avaliar o grau de prevalência (ou ausência) da cultura
democrática num determinado país, precisa apenas de olhar para
as práticas internas das principais organizações que constituem o corpo
político desse mesmo país.
E se tal avaliação se refere a Moçambique, a conclusão será a de um enorme
défice de prática democrática em todas as principais organizações políticas no
nosso país.
A importância dos partidos políticos reveste-se no facto de serem eles a base de
fornecimento de recursos (humanos) e de políticas necessários para o funcionamento
de toda a máquina do Estado.
Há um partido que forma o executivo, e juntamente com outros, constituem
o órgão legislativo. E embora o poder judicial seja composto por profissionais
independentes, há uma intervenção política na constituição dos seus órgãos de
controlo, supervisão e disciplina, como são os casos dos conselhos superiores da
Magistratura Judicial e do Ministério Público. Na verdade, no seu ápice, o sistema
judicial no nosso país é representado pelo Conselho Constitucional, que
como se sabe é, na sua maioria, constituído por juízes propostos pelos partidos
políticos. Processo semelhante se segue para a composição da Comissão Nacional
de Eleições (CNE).
Se os partidos políticos não são democráticos no seu sistema de funcionamento
interno, dificilmente poderão ser capazes de infundir uma cultura democrática
para o resto da estrutura governativa do país.
E tudo começa com o maioritário, ou se quisermos, como é conhecido na parlance
entre confrades, “o cinquentenário”. O maior escândalo registou-se na cidade
de Maputo, onde Samora Machel Júnior foi afastado da corrida para cabeça de
lista através de um golpe de tão baixo nível que faz recordar a actuação típica
de organizações de mafiosos. Samito, como é popularmente conhecido, teve de
sacrificar a sua ambição, um projecto de longo prazo, para dar espaço a indivíduos
que, sem desprimor das suas qualidades como dirigentes no passado, pouco ou
nada têm para oferecer a um eleitorado demasiado sedento de mudanças.
Acontece que Samito, com toda a base de apoio que tem ao nível do seu partido,
não está a ser sacrificado como resultado de diferenças fundamentais sobre
princípios com os seus correligionários. Ele está simplesmente a ser vítima de
um acto de vingança devido a quezílias pessoais do passado. Nem que para a
materialização desse plano, os seus mentores tenham de violar a directiva do
próprio partido e os estatutos que assistem aos membros o direito de participação.
Alguém está certamente a confundir uma organização colectiva com uma
propriedade pessoal.
Mas o que é trágico no meio de todo este episódio não é que indivíduos que
sofram de perturbações tentem perigosamente arrastar uma organização da envergadura
da Frelimo para o precipício. É a passividade, e em alguns casos até a
cumplicidade, dos que têm o poder e autoridade para impor a razão. Quer Eneas
Comiche, quer Fernando Sumbana, com todo o seu historial de impecáveis
credenciais como servidores públicos, têm o poder de não aceitar serem usados
como peões nesta vergonhosa cruzada. Aliás, Comiche já foi vítima deste tipo de
humilhação, e como parte da sua crença cristã, deve se lembrar da escritura que
diz, “não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a si”.
No outro campo, o da oposição, os últimos desenvolvimentos não inspiram a
confiança de uma alternativa viável ao autoritarismo do outro lado.
Não é atípico que membros de um partido político, não se sentindo confortáveis
com os processos internos, tomem a decisão de uma rotura. Mas há valores éticos
que nunca devem ser comprometidos.
Em pelo menos três casos, membros de proa do Movimento Democrático de
Moçambique (MDM) foram indicados (por métodos não democráticos) para
encabeçar as listas do partido nos seus respectivos municípios. Declinaram a confiança,
e num acto de sadismo puro, no dia seguinte eram acolhidos na Renamo,
para assumirem o mesmo papel neste partido.
Todos eles alegaram o défice de democracia interna como motivo para abandonarem
o MDM, sem se aperceberem da ironia que representa a sua indicação
como cabeças de lista pela Renamo, sem terem passado por qualquer processo de
eleição. O que condenam no MDM glorificam na Renamo. E sabe-se porquê?
Simplesmente porque lhes beneficia pessoalmente. A sua linguagem de democracia
é apenas circunstancial e transacional.
Pode-se até reduzir tudo isto à ambição pessoal dos indivíduos envolvidos, possivelmente
ao se aperceberem de que têm melhores oportunidades se concorrerem
por um determinando partido e não pelo outro.
Contudo, é questionável a maturidade de um partido que aceita ser usado desta
forma tão leviana e porca, mesmo arriscando ser confrontado pelos seus membros
mais leais, que tiveram de subalternizar as suas ambições a favor dos novos
membros.
A questão que qualquer partido maduro levantaria perante uma situação destas
seria, se estes indivíduos podem fazer o que fizeram com o MDM, que garantias
é que há de que um dia não farão o mesmo com a Renamo?
Mas como se pode ver, o nosso sistema político é controlado por gente sem
escrúpulos. Se chamássemos os nossos políticos de hipócritas, estaríamos a ser
bastante económicos no que pensamos sobre eles, por uma questão de decência.
E nesta situação, a democracia em Moçambique continuará um projecto adiado.
Não pode haver uma sociedade
democrática sem democracia
interna nos partidos
D
as coisas mais penosas na tv
é a redundância dos comentadores
de futebol. A bola é
centrada para a esquerda e repete
o locutor: “a bola é cruzada para
a esquerda”, como se fôramos cegos.
Dos trabalhinhos mais preguiçosos
que Deus pôs no mundo – leva-se
com um olho às costas. “Em quatro
minutos dois penalties. Incrível, penalti
claro, levou a mão à bola”, ouço, e
que acabámos de ver? Dois penaltis e
num deles a mão na bola.
Ocasionalmente, lá chove informação
sobre um jogador – sacada da net
para ser repetida à exaustão. E um dos
olhos pode continuar nas costas, o
cérebro em pousio; perpetua-se a lengalenga
do já visto e já cozido. Um
trabalho mecânico, com escassíssimas
inflexões.
Como eles próprios, inexplicavelmente,
não morrem de tédio com a
vacuidade produzida, dado esse mistério
são considerados especialistas.
Especialistas da duplificação inútil das
figuras, como se fosse uma revelação
extraordinária anunciar “A múmia está
morta!”.
Naquele trabalhinho não é preciso raciocinar,
chega um vocabulário de 300
palavras, e ter engolido um megafone
para ensaiar uma ênfase de cinco em
cinco minutos: chama-se a isso a dramatização
da informação.
O sonho do meu tio Isidro era fazer
relatos de futebol. A Rádio Renascença
abriu-lhe as portas. Preparou-
-se exaustivamente, com exercícios à
porta fechada. Exercícios vocais, corporais,
mediúnicos — com que amoedava
uma concentração de arrasar. A
rua em peso contava os segundos que
faltavam para a prova da fama e à noite
no Café do Arco, o meu tio Isidro,
pleno de eloquência, prometia não
gritar golo antes da bola estar reposta
no centro do terreno para não haver
enganos.
E chegou o dia, uma partida para a
Ingmar Bergman e o futebol
taça, 16 horas à canícula: Freamundo-
-Casa Pia. Os ouvidos atarraxavam-se
aos aparelhos de rádio e o sr. Diamantino
Farinha, o vizinho de minha avó,
limpou com um cotonete embebido
em água oxigenada a cera do ouvido
para não perder pitada na sua telefonia
amarela, que a filha trouxera de Badajoz.
Assim que o árbitro apitou eclodiu
um bruaá pela rua, numa descarga
de saudações eólicas: a prova da fama.
O que a seguir se passou ficou nos
anais do jornalismo: o meu tio dividiu
o campo em quartas e quartos (ao
todo, explicou-me ele mais tarde, em
128 divisões) como na rosa dos ventos,
estabeleceu que as balizas eram os
pontos cardeais e os cantos os pontos
colaterais, e a bola circulava de leste
para nordeste, enquanto o ponta-de-
-lança corria de sudoeste para norte,
numa angulação de 75º graus, o guarda-redes
defendia por se ter metido
nos cornos do Bóreas – um vento dos
antigos - enquanto um tiro frouxo de
fora da área era comparado a um Zéfiro
esmorecido – outro vento. Uma sarrafada
de um defesa do Casapia valeu-
-lhe o epíteto, ó Adamastor, e a casa
emudeceu quando o meu tio Isidro
comentou ao segundo golo sofrido
pelo Freamundo: “Arcanjo, o guarda-
-redes do Freamundo, é conhecido pelas
fífias no coro da igreja!” Impôs-se
um silêncio retumbante na rua Arco
de Carvalhão e só horas depois, já a
noite se estirava sonolenta, é que uma
trovoada de verão desanuviou as tensões.
Não se entendeu nada do jogo, mas
as pessoas tiveram bastas informações
sobre como orientar-se com uma bússola.
Os actuais comentadores de futebol,
pelo contrário querem “ilustrar” o jogo
e são agentes da preguiça, o que enfim,
afinal se assemelha ao estado do
mundo.
Por isso é urgente lembrar que faz
cem anos que nasceu um dos génios
do cinema, Ingmar Bergman. Nos
seus filmes assistimos a dramas adultos
e a diálogos de enorme qualidade
– onde não se aceitam tabus e uma
inteligência emocional segue a par da
inteligência discursiva. São o contrário
dos relatos de futebol, filmes que nos
interpelam e obrigam a reflectir. Ali
não se ilustra nada e discute-se tudo.
Num dos filmes, o Persona, uma enfermeira
conta uma história a uma
actriz em crise e que deixou de falar.
Ouvimos o relato duas vezes. Primeiro
sobre a imagem de quem o conta,
depois sobre a imagem da actriz que
escuta.
Perguntaram ao realizador porque
tal acontecia e ele explicou: a história
que se conta nunca é igual à história
que se ouve. Ou seja: existe o relator,
o ouvinte e o intérprete. O intérprete
é cada um que ouve o relato a partir
do seu contexto e estória de vida, diferente
para todos. E com isto Bergman
descentra o espectador do eixo do filme
para nos fazer descobrir que aquelas
personagens existem para além do
público, têm uma dignidade própria
que ultrapassa a função de fazer passar
informação para o espectador. É
isto que falta a muitos personagens de
hoje, seja no cinema ou na literatura:
tridimensionalidade. Há aqui um respeito
pelas personagens, pela sua veracidade,
que não se compadece com
o espectáculo.
É como numa roda de amigos ouvirmos
o relato de um encornanço
amoroso. Consoante a feliz ou infeliz
experiência de cada um com o amor,
essa anedota vai repercutir-se no interior
de cada um de modo diferente.
Ainda que todos queiram parecer indiferentes
e equidistantes.
Seria útil que os locutores de futebol
percebessem que vivemos num mundo
múltiplo e não uniforme. Talvez
assim, sem saberem como chegar a
todos, se calassem.
E por isso para a semana iremos ver
uns filmes do Ingmar Bergman. Espere
pela programação.
Savana 27-07-2018 19 OPINIÃO
590
Email: diariodeumsociologo@gmail.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
Uma coleção internacional [13]
A
os sessenta e três anos, o meu
tio Lucas Balango decidiu
dar reforma compulsiva à
sua mulher, quatro anos mais
nova do que ele. A Beatriz Sumburane
Pale, embora tivesse cinquenta
e nove anos, tinha na sua matriz as
marcas de uma vida sofrida, desde
que aos dezanove anos tivera o primeiro
parto, a que se seguiram outros
nove mal espaçados. E décadas de
cacimba, sol e chuva, curvada com a
enxada na mão, pés desprotegidos,
nas baixas de Mulauze, a amanhar
canteiros de hortícolas para revender
a grosso a outras mulheres, que, como
ela, carregavam no ombro o fardo de
– sozinhas ou na companhia dos seus
maridos – alimentar dezenas de bocas
e esperanças.
Sinopse de uma velhice solapada
Aos cinquenta e nove anos, Beatriz
Sumburane Pale tinha no rosto as
marcas dessa vida. Não eram só os
partos mal espaçados ou os canteiros
mal-amanhados; era também a
ginástica diária de pôr na boca o alimento
necessário, mas nem sempre
fácil de conseguir, e o ter uma pilha
de roupa por lavar e engomar aos
fins-de-semana, da prole e do marido,
e, mais do que isso, a insatisfação
– incompreensível para ela, quando
as outras diziam que tinham com os
seus companheiros um prazer carnal
louco.
Beatriz Sumburane Pale nunca tinha
sentido esse prazer. Para ela, o contacto
carnal com o Lucas Balango limitava-se
à simples e exclusiva necessidade
de procriar. Sentia-se cansada.
Isso notava-se em todo o seu corpo,
nas suas pernas longas musculadas,
nos seus braços longos de dedos fortes,
que agora se transformavam em
flácidos… Mas a Beatriz continuava
linda, e essa lindeza notava-se no sorriso,
porque ela conseguia sorrir de
forma muito natural, e tinha dentes
extremamente brancos e limpos, e o
seu olhar transmitia segurança, confiança
e muita determinação.
O Lucas Balango, pedreiro de mão-
-cheia, como se dizia, nunca fora
homem de trabalhar para patrão,
trabalhara sempre por conta própria
e sofrera muito por isso. Mas, quando
chegou aos cinquenta, já tinha
casa bem montada no Bairro Patrice
Lumumba. “Bem montada” significa
o quê, para um bitonga como ele?
Significa uma casa de alvenaria fresca
com dois quartos, uma sala grande,
casa de banho fora, no quintal, cozinha
e duas dependências para a prole
– uma para os rapazes, outra para
as meninas, porque o Lucas Balango
não era homem de admitir miscelâneas
de sexo.
Quando, como eu dizia, o Lucas Balango,
meu tio querido, chegou aos
sessenta e três anos, viu que a sua mulher,
quatro anos mais nova, Beatriz
Sumburane Pale, já não correspondia
à sua pujança. Sentia-se no topo. E,
mesmo que fosse para considerar a
hipótese de a Beatriz tratar dos patos
e galinhas do quintal, já não os havia.
Disse-lhe, então – «Beatriz, minha
querida, vai lá para Palene, tua terra
natal, tratar da tua mãe, que já está a
sofrer de cancro há muito tempo. Ela
precisa de ajuda. Vai!» Beatriz foi.
Duas semanas depois, o Balango lobolou
a Teresa Mboa, trinta e cinco
anos mais nova do que ele. A Teresa
Mboa era versátil de nome, do género
de ser chamada “Tia Teresinha” ou
“Dona Mboene” ou “Dona Teresa de
Lucas”. A única coisa que a Teresinha
não admitia era atrasar-se para
o voo: tinha energia e fôlego a dar
com o pau, como se costuma dizer. O
Lucas não dizia, mas não aguentava
com tanto. Pior porque, aos sessenta
e quatro anos, quando foi ao hospital
para renovar a graduação dos óculos,
lhe disseram que tinha glaucoma e
corria o grande risco de ficar cego.
Dito e feito, o Lucas Balango, meu
tio, ficou cego um ano depois. Nessa
altura, a Teresinha Mboa prodigalizava
a sua energia e fôlego por todo o
Bairro Patrice Lumumba.
Tendo sabido do infortúnio, eu e a
minha mulher fomos visitá-lo. Era
uma sexta-feira, fim de tarde. Chegámos.
O tio Lucas estava sentado,
com a mão direita apoiada naquela
varanda bonita, da casa bonita que tinha
construído, no quintal grande da
sua casa no Bairro Patrice Lumumba.
A minha mulher cumprimentou-o –
«Tio Lucas, boa tarde.»
– É a Teresa?
– Não, sou a Fernanda. Mulher do
seu sobrinho João. Viemos visitá-lo.
Ele levantou-se e disse - «A Teresa
não está?»
– Não. Porquê?
– Ela saiu há muito tempo, disse que
ia ao mercado comprar alface, cebola
e tomate para vir preparar o pequeno-almoço.
Ainda não voltou?
– Não, tio. Aqui não está ninguém,
tirando nós os dois e o tio.
– Que horas são?
– São quatro da tarde.
O tio Lucas apoiou-se fortemente na
varanda da sua casa construída pelas
suas próprias mãos, meteu a mão
direita no bolso da bata que trazia,
aquela mesma bata de ganga que tinha
utilizado dezenas de anos como
pedreiro, tirou de lá um par de óculos
de lentes grossas, brancas, colocou no
rosto como se se fosse dar o milagre
de ele voltar a ver, cego que era, debaixo
daquelas lentes formou-se um
riacho de lágrimas, que, ao encontro
do Sol amarelo de ouro, naquela tarde,
puseram sobre as lentes um vapor
de lâmina de leite condensado.
O tio Lucas estava a chorar. Chorava
em silêncio, mas esse silêncio era
entrecortado por espasmos corporais
cada vez mais violentos. Por mais que
eu viva, nunca terei à minha frente a
imagem de um homem tão pateticamente
destroçado pela vida.
R
eza a história que, em 1943,
a Ordem Hospitalar de São
João de Deus assumiu a administração
do Hospital Psiquiátrico
de Marracuene, dedicando-
-se à psiquiatria e ao tratamento da
lepra.
Se, para uma minoria de esclarecidos,
o funcionamento deste hospital
constituía um grande avanço no acolhimento
dos que sofriam de doenças
mentais, para a maioria das pessoas
era visto meramente como uma sala
de espectáculos.
Conta-se que, naquele tempo, algumas
das excursões que se deslocavam
da cosmopolita Lourenço Marques à
então pacata vila Luísa, tinham como
um dos pontos do seu itinerário a
visita ao manicómio de Marracuene.
E os turistas não precisavam de
pagar bilhete para entrar porque os
malucos, quando se encontravam no
pátio, eram vistos de fora através de
uma transparente rede tubarão, que
os separava da rua.
Diz a lenda que a admissão ao manicómio
era avaliada com base num
tambor sem fundo que o candidato
deveria encher com baldes de água.
Se o candidato continuasse ininterruptamente
a deitar baldes de água,
sem se aperceber que o tambor estava
furado, o candidato passava no teste
e era considerado maluco. Seria, portanto,
admitido como um dos artistas
que se exibiam naquele palco. Triste
espectáculo, em que a inconsciência,
alheia ao sofrimento dos outros,
aplaudia.
Deste lendário teste surgiu a famosa
expressão “trabalho de Marracuene”
que, em sentido figurado, significa
trabalho repetitivo e sem resultado.
Com o tempo veio o esclarecimento:
agora as pessoas compreendem que a
doença mental é uma doença como
qualquer outra e deve ser tratada com
a mesma dignidade com que se tratam
todas as outras. Os termos acompanharam
essa evolução. ActualmenTrabalho
de Marracuene
Por Luis Ngwazi
te já não se diz manicómio mas sim
hospital psiquiátrico e já não se chama
maluco mas sim doente mental.
Mas deixemos os doentes de lado.
Sabiam que os malucos, os doidos,
os “xipuntas” como se diz na minha
terra, ainda continuam a existir por
aqueles lados?
Muitos podem não acreditar mas
existem certas zonas em Marracuene
onde, num dia pode ver-se uma
obra a ser erguida com todo o fulgor.
Na semana seguinte, essa construção
desaparece. No mês seguinte a obra
volta a reaparecer, para uma quinzena
depois desaparecer. Parece coisa
de manicómio, mas tudo tem uma
explicação.
Todos estamos recordados de um
bando de burlões, com um longo
historial de invasão de propriedades
agrícolas, em Marracuene. Assaltam
um espaço, que depois é por eles devastado
e dividido em pedaços mais
pequenos. No fim, e contrariando a
lei, vendem as parcelas a aparentes
incautos.
De lembrar que, anteriormente, para
dar credibilidade aos seus famigerados
actos, os burlões intitulavam-se
nativos, aludindo a invisíveis campas
dos seus imaginários antepassados,
enterrados no local. Pois, depois de
reconhecidos e desmascarados, os
falsos autóctones mudaram de estratégia.
Segundo dizem as más-línguas, eles
agora recrutam indivíduos com certos
cargos, que são utilizados como
escudo. Os burlões oferecem-lhes
pedaços de terra, no meio dos que
pretendem vender. Estes irreflectidos
otários, posicionando-se do lado dos
invasores, desafiam a autoridade do
Estado, colocando a sua carreira profissional
em risco.
Sendo descobertos, irão perder os
seus cargos, como já tem acontecido.
Pois, conforme muitos comentam, o
Estado está actualmente empenhado
em extinguir esse fenómeno de invasão
e venda de terras, principalmente
as destinadas à agricultura e pecuária.
Por outro lado, construindo indevidamente
em espaços que não lhes
foram atribuídos, estes otários são
duplamente burlados. É tempo e dinheiro
que investem para depois as
suas obras ilegais serem mandadas
destruir pelos competentes órgãos do
Estado.
Por fim, ao serem confrontados pelos
prejuízos, os burlões voltam a fazer
os otários de xipuntas. E dá para rir
como pessoas adultas e crescidas são
enganadas desta maneira: os burlões
aconselham os otários a abrir processos
judiciais contra os verdadeiros
ocupantes dos espaços, titulares do
DUAT. Enquanto o mais rentável
seria os otários exigirem aos burlões
a devolução do dinheiro gasto nas
obras ilegais.
Coisa de loucos achar que a vítima é
que é culpada. Por isso, os mais entendidos
explicam que, mais uma vez,
estes otários vão gastar dinheiro sem
resultado nenhum. Acrescentam que
é melhor os otários abrirem os olhos
enquanto é tempo. Devem exigir a
esses mafiosos para lhes devolverem o
dinheiro que gastaram na compra de
material de construção e pagamento
de mão-de-obra, que não serviu para
nada.
No fim das contas, muitos prevêem
que esses desorientados otários irão
descobrir que estão a despejar baldes
de água num tambor sem fundo. Alguns
acordarão mais cedo e a tempo
de obrigarem os burlões a lhes pagarem
os prejuízos. Outros, atrasados
mentais, coitados, só vão saber dizer
que os burlões escapuliram-se.
Da forma como nos educam os mais
velhos, ser burlado uma vez, compreende-se.
Mas ser burlado três ou
mais vezes, não é ser otário, é ser maluco.
Se não é maluco, nem xipunta,
por que aceita continuar a fazer trabalho
de Marracuene? Enfim, são coisas
que oiço da gente da minha terra.
20 Savana 27-07-2018 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
R
ecorrentemente, os partidos políticos,
na sua missão de fazer política,
servem-se e valem-se do argumento
de valorização dos interesses das
bases para legitimar o seu discurso, para dar
crédito a uma determinada linha de orientação
política, ou mesmo para a aprovação
ou rejeição de candidatos a determinadas
posições que passam pelo escrutínio dos
seus membros e/ou cidadãos.
Servem-se das bases como trampolim que
os eleva a novos patamares e garantem o
cumprimento de suas agendas políticas.
Nesse acto de se servirem das bases revelam,
por tendência, (i) o seu nível de democracia,
(ii) o estágio de respeito que têm por essas
mesmas bases e até (iii) o ponto de conformismo
que as bases exibem. A revelação dos
níveis de democracia passa pela identificação
do carácter real da base de apoio. Quando
esse carácter é dúbio como resultado de
décadas de ditadura partidária sob alçada
A legitimidade das bases
do rigor imposto pelas lideranças, ditadura gerada
e gerida não de forma alargada, mas escondida
nesta, então, qualquer manifestação de
democracia interna cria perturbação e enerva a
habitual ordem imposta cujo rosto mais visível
é a “disciplina partidária”. Deste modo, as lideranças,
elas próprias, passam a ser “bases”.
Quanto ao respeito que os partidos têm pelas
bases de apoio, o mesmo é visível no direcionamento
dos benefícios da governação. Por exemplo,
o percurso político que levou ao poder os
actuais presidentes dos municípios da Beira e de
Maputo-Cidade é revelador de diferentes tipos
de envolvimento popular democrático. Resultante
desse envolvimento e da lisura democrática
vivida, ainda que seja discutível, parecem
ser, de longe, mais claros os benefícios e respeito
que os munícipes da Beira receberam como
contrapartida pelas suas escolhas, sua cidadania
activa. O respeito está nas realizações, nas mudanças
positivas que se vão operando e no grau
de liberdade dos eleitores e dos eleitos. As realizações
com força de soda, à porta de mais um
pleito eleitoral, revelam mais um compromisso
com a cadeira do poder do que propriamente
com os benefícios que as bases (no sentido mais
amplo) esperam.
Olhando para o ponto de conformismo que as
bases podem exibir, os partidos políticos vão
fazendo as suas leituras paralelamente às suas
estratégias. No caso, por exemplo, de Maputo,
o exame ao conformismo é-nos dado pela forte
relação entre a dança de candidaturas e a visível
perturbação interna ao nível do partido no
poder. É o “jogo democrático”. Mas será que
as bases têm mesmo uma palavra a dizer sobre
as “escolhas” que lhes são dirigidas quando elas
próprias julgaram já ter feito as suas? Até que
ponto essas bases, nesse “jogo”, estão dispostas
ou preparadas para funcionarem, de facto,
como tal? Numa outra vertente podemos olhar
para esta pseudo perturbação como uma forma
de elevar a imagem do esperado candidato
do partido no poder. Muito barulho repentino
obriga-nos sempre a virarmos a cabeça
para o lugar de onde o mesmo vem, mas
depois, por força das circunstâncias, voltamos
ao ponto em que nos encontrávamos.
Neste momento, o potencial e o nível de
mediatização do candidato da oposição,
Venâncio Mondlane (VM), da Renamo,
que parece já ser preferência entre as bases
(no sentido mais amplo), pode estar a
pôr em competição o suor e o nervosismo
nas escolhas a serem feitas para o enfrentar.
Está em causa o habitual poder na capital
do país. Pode ser que a melhor opção seja a
de optar por alguém com um carisma acima
de VM. Mas, quem? Esperemos para
ver o que as “bases” decidem para valorizar
o interesse das suas bases. À imagem da
“chama da unidade” diríamos que a mesma
passou pelo município da Beira, foi para
Quelimane, ...Nampula e é esperada em
Maputo-Cidade.
A
companhei pela televisão, que esta
semana houve festa em Matchedje.
Eu também estive em Matchedje
em Janeiro de 1977.
Não havia estrada, mas sei que o local era
próximo da fronteira com a Tanzânia, não
muito longe do rio Rovuma, em Sanga. Fomos
num helicóptero Bell, a partir de Lichinga.
Até o poste para içar a bandeira em Matchedje
foi por helicóptero.
O local, o sítio identificado como sendo o
da realização do II Congresso, era uma clareira
no meio da floresta. A desmatação era
recente.
Não havia bandeirinhas, nem pedrinhas
pintadas de branco. Nem população para
bater palmas.
Não vi o tronco em que Mondlane e Samora
posaram para a foto atribuída ao historiador
Basil Davidson. Literalmente, não
havia vestígio que identificasse o local como
referência histórica do congresso.
Apesar de ser Janeiro, fazia frio de manhã.
No meio da neblina, chegou Marcelino dos
Santos, Mariano Matsinhe e Aurélio Manave,
o governador do Niassa. Não me lembro
de outros protagonistas.
A imprensa foi reduzida a serviços mínimos.
Eu era o repórter da agência noticiosa
governamental e havia uma equipa de cinema.
Não me recordo de outros profissionais.
A ideia era evocar as “resoluções do II Congresso
de 1968 da Frente de Libertação de
Moçambique” com uma marcha a partir de
Matchedje, que culminaria em Maputo, a 3
de Fevereiro, junto ao Clube Militar, o local
onde se realizaria o III Congresso, o primeiro
depois da independência.
Não me recordo de protocolo ou mestre de
cerimónias. Os três dirigentes, com uma
pasta que se podia colocar à tiracolo, combinaram
a cerimónia com a “equipa” de jornalistas.
Haveria uma corrida em volta da clareira
com a pasta passando de mão em mão.
O camera-man era Fernando Silva e o seu
Matchedje
Por Fernando Lima
assistente era Ahmad Ali. O Instituto Nacional
de Cinema (INC) estava a dar os primeiros
passos. Não havia televisão.
Encena-se a corrida e a passagem do testemunho,
mas a velha e barulhenta Arriflex
falha miseravelmente. Tinha-se partido o
cabo entre a câmara de filmar e a bateria, no
meio do entusiasmo de Fernando Silva, que
corria atrás de Marcelino dos Santos.
Nos tempos complicados em que os jornalistas
não falavam com os dirigentes do
movimento de libertação, estabeleceu-se no
grupo uma grande tensão. Como explicar a
Marcelino que não havia filme, numa província
que era famosa pelos seus campos de
reeducação?
Na minha redacção, à altura, um andar por
cima do gabinete do ministro, quando do
telefone interno surgia a voz de Jorge Rebelo,
os repórteres “mais excessivos” continuavam
o telefonema perfilados em sentido.
No “contexto”, aproximámo-nos a Mariano
Matsinhe, que nos parecia dos três a pessoa
mais cordata, para explicar que “tínhamos
uma situação”. E a questão era bem simples.
Se não repetíamos a cena com os mesmos
actores, ficava um pouco de história por
contar.
Marcelino conteve a irritação e as voltas à
clareira repetiram-se. Fernando Silva filmou
a partir de um lugar fixo, depois de
Ahmad Ali “descascar” o fio de corrente e
fazer o contacto com bateria por pressão dos
dedos sobre os bornes.
O Fernando Silva era um óptimo companheiro
de viagem e habitualmente com
soluções para todos os problemas. O “desenrascanço”
de Matchedje foi apenas um
pormenor. Na viagem de Samora, do Rovuma
ao Maputo, pouco antes da independência,
depois de falharem as baterias da
Arriflex, entrou no Hotel Chuabo, em Quelimane,
com uma bateria de tractor suportada
por dois homens, um pau e duas cordas,
uma solução tipo “machila”. Aliás, Marcelino
conhecia-o de Dar-es-Salaam. Na cerimónia
de exumação dos restos mortais de
Mondlane, Fernando Silva “conseguiu” cair
na sepultura aberta, no preciso momento
em que o então vice-presidente do movimento
pronunciava a palavra “tombou”.
Do que me recordo, a pasta viajou de helicóptero
para Lichinga e aí começou a “marcha
para o socialismo” até Maputo. Fernando
Silva e Ahmad Ali saíram do grupo.
Mas a amizade com o cineasta manteve-se
até à sua morte. Na sua casa, em festas memoráveis
que contrastavam com o Maputo
puritano, tive a oportunidade de conhecer
cineastas famosos como Ruy Guerra , Jean-
-Luc Godard e Jean Roux.
A partir do Niassa, durante duas semanas,
viajei nas traseiras de um furgão Land-
-Rover de bancos corridos, um daqueles jipes
“descolonizados” num célebre poema do
saudoso Albino Magaia.
Muradali Mamadhussen, o então director
nacional de Informação, tinha-me escolhido
para a missão. Nas suas palavras, para
“ganhar disciplina”. Eram frescas ainda as
tensões herdadas das clivagens do movimento
estudantil do tempo colonial, com
uma facção identificada como conservadora,
assumindo as posições do Partido Comunista
Português em confronto com as
franjas radicalizadas pelas lutas de libertação
nas colónias.
Eu tinha chegado à AIM (Agência de Informação
de Moçambique) em Dezembro
de 1976, depois de ter saído do “Notícias”
no célebre “Setembro Negro”, a primeira
grande purga de jornalistas do pós-independência.
Muradali, depois um funcionário notável
no gabinete de Samora, faleceu em 1986 na
tragédia de Mbuzini.
Voltando a Lichinga. No jipe creme que
me levou a todas as capitais provinciais, ganhei
novos companheiros de viagem. Uma
enfermeira-socorrista e um professor de
educação física. As socorristas eram mudadas
em todas as províncias. O professor de
educação física manteve-se toda a viagem.
Junto ao condutor, funcionava um guia da
Frelimo, que em cada espaço territorial
explicava o percurso. Ao longo da estrada,
postavam-se milhares de estafetas que
transportavam a pasta em passo de corrida.
A enfermeira cuidava dos ferimentos resultantes
de quedas, e de potenciais problemas
de desidratação.
O professor de educação física (não me recordo
do seu nome), saía do jipe e corria
com a pasta, quando não houvesse estafetas
no percurso.
Era nos bancos corridos do jipe onde enganávamos
o estômago com a comida que
nos ofereciam e dormíamos a sono solto. A
viatura só parava nos grandes ajuntamentos
populares para “vivas”e “abaixos”, ou nas capitais
provinciais, onde foram organizados
comícios. Era nessas ocasiões que podia tomar
banho e telefonar um despacho para a
Agência.
Duas semanas depois, entrámos em Maputo
por Boane e seguimos até à Bela Vista,
para na manhã seguinte atravessámos o
ferry-boat da Catembe. Nesse dia, a noite
estava quente e húmida, a carroceria do jipe
era um inferno de mosquitos. Em marcha
lenta, revezávamo-nos nas estafetas com a
pasta para espantar o sono. O cansaço era
enorme.
O professor de ginástica perdeu-se no meio
do breu. De calções brancos, sem camisete,
sem BI, cartão de residência ou cartão de
trabalho, cabeleira Jimmy e uma barba farta
de duas semanas.
Na travessia de barco, soubemos que tinha
sido detido pela “vigilância popular” e entregue
à polícia, sob suspeita de se tratar de
um espião rodesiano.
A caminho do Clube Militar deixei o jipe
de regresso à casa, para um banho a sério,
uma refeição quente e uma cama de verdade.
A pasta chegou ao congresso.
Naquele dia, nascia a Frelimo, partido marxista-leninista!
Eu, há 41 anos que não vou a Matchedje.
Savana 27-07-2018 21 PUBLICIDADE
22 Savana 27-07-2018 DESPORTO C
om 83 anos de existência, o
Sporting Clube Munhuanense
Azar é das poucas
colectividades medianas
do país que vive apenas da vontade,
entrega e sacrifício dos seus sócios
e direcção. Devido à crise financeira,
o clube deixou de movimentar
os seniores e o futuro é cada vez incerto.
Contudo, o vice-presidente
da colectividade, Virgílio Tembe,
diz que o Munhuanense Azar nunca
vai desaparecer do mapa e lança
apelo às pessoas de bom senso,
empresariado e instituições, para
apoiá-lo. Seguem os excertos da
conversa.
O Munhuanense Azar é dos poucos
clubes do segundo plano que
realiza regularmente as eleições...
-De facto esta direcção está a cumprir
o seu segundo mandato e é
interessante notar que o funcionamento
e as eleições democráticas
têm feito com que, desde a fundação
do clube, as direcções sejam
democraticamente eleitas. Já passaram
por aqui vários presidentes,
pois não há vitaliciedade nos cargos
e mandatos, mas se os sócios acharem
que uma determinada direcção
está a fazer um bom trabalho, eles
reúnem-se e reelegem os corpos
sociais. Então, é a grande felicidade
do Munhuanense Azar, o facto de
não haver monopolização do poder.
Qual tem sido a contribuição dos
sócios?
-O que faz funcionar o clube é esta
união dos sócios, é esta paixão da
direcção de pôr as coisas em condições.
Se reparar para o clube, as
suas infra-estruturas mudaram
bastante para o positivo de há uns
10 anos para cá. A nossa fonte de
rendimento é a quotização e o centro
social, onde vendemos algumas
bebidas e comidas. É daí que sai
algum suporte para as camadas de
formação, nomeadamente, os juvenis
e os iniciados. Quero abrir
um parênteses para explicar que
já enviamos, ainda que sem ser
como devia ser, alguns miúdos para
o Desportivo e Costa do Sol, e o
que ganhamos com isso são bolas
e algum equipamento desportivo e
gostaríamos, daqui para frente, de
tirarmos uma certa e substancial
vantagem com a cedência destes
jogadores.
Então, esse é um desafio para o
clube...
-O desafio é fazermos com que
se regule como deve ser feita a
transferência, nós não vendemos
jogadores, mas gostaríamos que
fosse uma venda e que o passe dos
miúdos fosse pertença do Clube
Munhuanense Azar. Já no passado
fornecemos tantos jogadores que se
revelaram, e há muitos exemplos,
Mesmo com 83 anos de existência, Munhuanense Azar
HVWiPHUJXOKDGRQDSLRUFULVHÀQDQFHLUDGHVHPSUH
Entre sacrifício
e resiliência
Por Paulo Mubalo
caso de Ferreira, que jogou no Maxaquene
e na selecção nacional, e
tantos outros, que agora os nomes
não me ocorrem, mas são muitos.
Campo em litígio
Consta-nos que o clube está em litígio
com o município por causa de
campo. Confirma?
-Este é o calcanhar de Aquiles, de
facto o nosso campo está sendo
usurpado e só pode ser com conivência
do município, porque onde
estão as instalações do Mica e parte
da área que resta, nos pertence. Temos
a papelada que justifica isso e
não temos tido apoio na resolução
do assunto. Já colocamos a preocupação
ao presidente do município,
mas ainda não nos agraciou com
uma resposta positiva. Neste momento
treinamos na Académica
com base nas boas relações entre
os dois clubes e temos de renovar
anualmente a relação para continuarmos
a treinar lá.
Será a crise financeira que leva o
clube a movimentar apenas camadas
de formação?
-A crise financeira não é só de
outras partes, nós também somos
afectados, as nossas rendas não estão
a andar ao ritmo normal, e isso
faz com que as equipas não estejam
bem equipadas. Quanto às bolas,
hoje recebemos três da Associação
de Futebol da Cidade de Maputo e,
neste ano, estamos a sentir muitas
dificuldades financeiras. O lanche
nunca falou, não se podendo dizer
o mesmo em relação ao transporte,
pois vezes há em que os miúdos
usam o seu próprio dinheiro para
se deslocarem ao campo de jogos.
Movimentamos apenas as camadas
de formação por não dispormos de
meios para continuarmos com os
seniores, mas faz parte do nosso
plano aumentarmos algumas modalidades.
Neste momento estamos
a pensar em ter o xadrez
e já há contactos com a resVirgílio
Tembe, vice-presidente do
Munhuanense Azar
Savana 27-07-2018 23 DESPORTO DESPORTO
Posicionamento das organizações
da sociedade civil Fundação MASC,
CIP, OMR e Fórum Mulher sobre
o processo de paz em Moçambique
A Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade
Civil (Fundação MASC), o Centro
de Integridade Pública (CIP), Observatório
do Meio Rural (OMR) e Fórum Mulher têm
estado a acompanhar o processo conducente
ao restabelecimento da paz em
Moçambique e reconhecem os esforços
dos diversos actores neste processo, nomeadamente
o Presidente da República,
Filipe Jacinto Nyusi, e o falecido Presidente
da Renamo, Afonso Marceta Macacho
Dhlakama, o seu sucessor e Coordenador
da Comissão Política Nacional desta formação
política, Ossufo Momade, Governo
de Moçambique e os partidos Frelimo e
Renamo.
O esforço empreendido por estes intervenientes
produziu, basicamente, dois
grandes ganhos mais recentes, designadamente:
1. A aprovação, na Assembleia da República,
da Proposta de Revisão da Lei n7/97,
de 31 de Maio, que aprova a Tutela Administrativa
do Estado sobre as Autarquias
Locais; e
2. A aprovação, igualmente em sede do
Parlamento, da Proposta de Revisão da Lei
n 2/97, de 18 de Fevereiro, que estabelece
o Quadro Jurídico para a Implantação das
Autarquias Locais.
Estes dois passos, precedidos de muitos
outros que prolongaram as negociações
até ao presente, mostram que as lideranças
moçambicanas, quando põem os interesses
da nação acima dos partidários,
tornam possível alcançar acordos que no
passado pareciam difíceis de materializar.
Os signatários deste comunicado louvam
os passos até ao momento acordados
neste complexo dossier, que renovam aos
moçambicanos a esperança pelo alcance
GDSD]GHͤQLWLYD (QWUHHVVHVSDVVRVGHVtacamos
o respeitar da trégua por tempo
indeterminado anunciada pelo falecido
líder da Renamo em princípios do ano passado
e o anúncio, pelas duas partes, dos
entendimentos sobre as etapas para o processo
de descentralização materializadas
por via das leis recentemente aprovadas
pela Assembleia da República.
Ao mesmo tempo que o país rejubila com
os passos já dados, aumenta a expectativa
para que outros, igualmente determinantes
para o restabelecimento da concórdia
HGDFRQͤDQ©DQRVHLRGDVRFLHGDGHPRçambicana,
sejam alcançados. O maior
desses passos por dar é o desarmamento
e integração dos homens da Renamo.
A expectativa dos moçambicanos em torQR
GHVWH GRVVLHU ͤFRX UHIRU©DGD DSµV D
recente reunião na cidade da Beira entre o
Presidente da República e o Coordenador
da Comissão Política da Renamo. Nesse
HQFRQWURDVSDUWHVUHDͤUPDUDPRFRQVHQso
anteriormente alcançado relativamente
aos assuntos militares no que tange ao
desarmamento, desmobilização e reintegração
dos militares da Renamo e foram
GHͤQLGRVRVSULQF¯SLRV SURFHVVRV DF©·HV
e o cronograma para o seu enquadramento
nas FADM e na Polícia da República de
Moçambique.
23UHVLGHQWHGDUHS¼EOLFDDͤUPRX GHSRLV
desse encontro, esperar da Renamo a entrega,
num período der dez dias, de listas
dos homens daquele partido a integrar nas
Forças de Defesa e Segurança.
É neste contexto que a Fundação MASC, o
CIP, OMR e Fórum Mulher apelam à Renamo
renove de forma célere o seu compromisso
com o processo, para que etapas
subsequentes sejam mais rapidamente
seguidas e a paz em Moçambique seja
uma realidade o mais rapidamente possível.
Como organizações da sociedade civil,
manifestam a sua disposição em mobilizar
todas as forças vivas da sociedade para
ajudarem ao Governo e à Renamo neste
processo.
COMUNICADO
pectiva federação. Mas também
temos de pagar os técnicos do
futebol, temos o mister Abel Xavier,
da Mafalala, ele é que vem assegurando
a formação dos miúdos,
juntamente com os seus adjuntos.
O Clube não tem patrocinador
oficial?
-Infelizmente não temos nenhuma
empresa, funcionamos com carolas,
quando celebramos aniversário
aparece um e outro sócio a oferecer
equipamentos, mas em termos
de patrocínio de uma empresa não
temos, estamos a sobreviver à nossa
maneira. Gostaríamos de ter patrocínio
porque o Munhuanense Azar
é um clube sério e, se por acaso
aparecer um patrocinador, esse não
se vai arrepender. É um clube com
boa gestão e depois, muito facilmente,
também pode aparecer em
termos de marketing essa empresa
ou organização que nos queira
apoiar. Podemos difundir muito
bem o seu nome, o que seria uma
mais-valia para essa empresa ou
instituição. Mas convêm dizer que
tem aparecido um grupo de pessoas
ligadas ao clube que vêm da
Holanda a nos oferecer, anualmente,
equipamento. É um bom gesto,
mas ainda não recebemos apoio de
empresas ou organizações. Já batemos
às portas, muitas portas, mas
como não há resposta positiva vivemos
assim.
Quantos sócios tem o clube?
-Os activos, os que têm as suas
quotas em dia, são 180 e mais aqueles
outros que estão a hibernar, andamos
por volta de 380. Em termos
de quotização não é grande coisa,
porque quando um sócio entrega
600 meticais já tem suas quotas de
um ano pagas. Estamos à espera
da próxima assembleia para ver se
ajustamos as quotas de acordo com
a realidade.
Há muitos clubes históricos que
estão a desaparecer, não vai acontecer
o mesmo com o Munhuanense
Azar?
-Antes da fundação do Munhuanense
Azar, em 1935, apareceram
alguns clubes, alguns estão a desaparecer,
mas nós mantemos. Que é
obra isso é um facto. Vamos lutando
para que o clube se mantenha porque
não queremos que este caia, um
dia até as empresas ou organizações
vão se aperceber que há um grande
clube super tradicional. Olha, o Hilário
da Conceição está cá, veio de
Portugal e antes de se instalar onde
quer que fosse, passou pelo clube, e
ainda estamos à espera dele, porque
tem nos dado a mão.
E a terminar....
-Quero apelar às pessoas para se
aproximarem ao clube, porque está
vivo. Aqui vão conhecer a gestão e
o funcionamento do clube, hão-de
notar que existe muita seriedade,
não há querelas aqui. Esta remodelação
das infra-estruturas vem de
um sócio e não pagamos nada a ele.
Tivemos de fazer a esplanada em
frente e a maior parte desse trabalho
é desse sócio, o engenheiro António
Alves. Tínhamos problemas
com a vizinha, pois as águas caíam
para o lado do terreno dela, e ele,
o engenheiro António Alves, rectificou.
Tínhamos as casas de banho
em situação deplorável e ele repôs
os balneários. Então, se aparecer
uma empresa a apoiar o clube, melhor
será, pois vai contribuir para o
engrandecimento do Munhuanense
Azar. Estamos a sobreviver, mas
gostaríamos de viver e não sobreviver.
Gostaria de convidar as pessoas
a virem conhecer o clube ou a assistirem
os jogos.
Boxe moçambicano
em destaque
A
seleccão de boxe do nosso país brilhou nas celebrações dos
100 anos de Nelson Mandela, ao conseguir seis medalhas,
sendo duas de ouro e quatro de prata.
A competição denominada Mandela Cup teve lugar esta semana,
em Western Cape, e contava, igualmente, para o posicionamento
no ranking internacional.
Para além de Moçambique e o país anfitrião, tomaram ainda
parte o Botswana e a Suazilândia.
Eis a lista dos premiados:
Medalhas de ouro: Rady Gramane e Alcinda Panguane.
Medalha de prata: Helena Bagão, Benilde Macarringue, Jorge
Microsse.
Melhores atletas do torneio: Augusto Mathule e Helena Bagão
Sebastião Sitoe no
Desportivo de Maputo
Otécnico Sebastião Sitoe trocou o 1º de Maio de Quelimane,
uma das equipas que milita no campeonato nacional,
Moçambola, pelo Desportivo de Maputo, formação que
comanda a Divisão de Honra pela zona sul.
Nos últimos dias, o relacionamento entre o jovem treinador e a
direcção daquele clube não era dos melhores. Assim, Sitoe tem a
difícil missão de levar os alvinegros a regressarem ao Moçambola
do próximo ano.
24 Savana 27-07-2018 CULTURA
O
director adjunto pedagógico
e professor de percussão
e trompete da Escola
Nacional de Música, Luís
Filipe da Conceição, defendeu a
necessidade de se olhar para a música
de uma outra forma, não só
como um entretenimento, mas sim
como uma profissão.
“Se nós formos a ver até dentro do
qualificador das carreiras profissionais
que o país tem, não vem a
carreira de música. E um músico é
um trabalhador e talvez estamos a
perder impostos porque o músico
não é considerado como um profissional”,
argumentou.
Da Conceição, que falava no quadro
das comemorações dos 35 anos
da ENM, que culminará com um
recital feito por alunos da Escola,
nesta sexta-feira, na Associação dos
Músicos Moçambicanos (AMM),
criticou, igualmente, o facto de
muitos músicos serem discriminados
dentro da balança da responsabilidade
social, considerando que o
problema está nas pessoas que não
são cultas.
Aproveitando as comemorações
dos 35 anos da Escola Nacional de
Música (ENM), conversamos com
Luís Filipe da Conceição, Director
Adjunto Pedagógico e professor de
percussão e trompete da ENM.
Agora que estão a comemorar os
35 anos de existência da ENM, o
que é que esta instituição lhe inspira?
Trinta e cinco anos da ENM significam
um tempo de aprendizagem,
um tempo de crescimento e
também um tempo de reflexão. Por
conta desta reflexão não podemos
ficar alheios àquilo que está a acontecer
a nível universal. Daí que está
a decorrer um processo de revisão
curricular, fruto das próprias necessidades
da escola e fruto da existência
de um decreto do governo moçambicano
já publicado, segundo o
qual todas as instituições de ensino
profissional devem adoptar um
sistema modular. Assim, estamos
a fazer a reforma para acomodar
o decreto e também para introduzir
um nível médio que é um vazio
que existe no país. Temos o ensino
superior na UEM, mas não existe
o nível médio. Estamos a trabalhar
para introduzir este nível para responder
à demanda da sociedade
moçambicana.
Da mesma forma, actualmente
trabalhamos com duas escolas, a
escola de música e a escola geral.
Nós queremos criar condições para
o aluno poder aprender o ensino
geral dentro da escola de música,
para evitar que o aluno tenha de ir
às duas escolas.
Como funciona a ENM?
Quero definir a mesma segundo o
pensamento que tinha o Presidente
Samora Machel quando pensou
as artes em Moçambique. Trazer a
arte como uma parte da aprendizagem
dentro de qualquer que seja
a sociedade. Neste momento, esta
definição do Presidente Samora
Machel continua a ser válida. Actualmente
as escolas nacionais de
“É preciso olhar para a música de uma outra forma”
música estão apenas a funcionar
em Maputo. Já deveriam estar a
funcionar nas outras províncias.
Em termos da nossa escola, temos
crianças desde os seis até aos 13
anos a frequentarem os cursos em
diversas especialidades, sendo estas,
saxofone, percussão, trompete,
flauta transversal, guitarra, piano,
canto, clarinete e canção tradicional.
Além das disciplinas de especialidade,
todos os alunos estudam
teoria, solfejo, literatura musical
associada à história da música e a
história da arte e piano geral. Os
cursos dentro do currículo têm uma
duração de sete anos. Para além
disso, temos cursos extracurriculares
abertos a qualquer pessoa que
queira aprender um instrumento
por um período de tempo que a
pessoa determina.
Recital na AMM
Qual é a sua visão sobre o papel
que a cultura pode ter dentro da
nossa sociedade?
A cultura é o espelho de qualquer
sociedade. Não é possível fazermos
o nosso quotidiano sem termos a
cultura dentro de nós. Não existe
uma sociedade identificada se não
está inserida dentro dos elementos
culturais que definem essa sociedade.
Nós quando falamos de cultura
estamos a falar do homem culto.
Nós podemos ter o homem educado
no sentido de educado dentro
das escolas convencionais, mas
se esse indivíduo não tem cultura,
mesmo tendo esse conhecimento
todo, pode não saber se comportar
dentro da sociedade. Um homem
culto é aquele que é capaz de ter a
sua própria identidade, saber reflectir
e saber conviver com as outras
identidades sem nunca fugir do seu
padrão. Devemos separar o homem
culto do homem educado.
Por outro lado, devemos olhar a
música de uma outra forma, não só
como um entretenimento, mas sim
como uma profissão. Se nós formos
a ver até dentro do qualificador das
carreiras profissionais que o país
tem, não vem a carreira de música.
E um músico é um trabalhador e
talvez estamos a perder impostos
porque o músico não é considerado
como um profissional.
Atendendo à realidade cultural e
musical actual, onde as grandes
produções comerciais se impõem
de forma abusiva sobre o resto de
toda a produção musical, como é
que a ENM vê este fenómeno e
como se posiciona?
Primeira coisa importante a trazer
aqui é que música é música, seja
qual for e não temos como fugir a
isto se olhamos à sociedade global.
Segundo, o que está falhar é a maneira
como nós, internamente, estamos
a olhar para música. Nós devemos
conseguir espaços para todo
este arsenal que nós temos. Nós
temos um mosaico muito grande.
Um indivíduo culto consegue lidar
com estas variedades todas. Porém,
infelizmente, nós não estamos a
saber lidar com isto. Se nós olhamos
para o mercado da música, há
espaço para vender tudo, desde o
momento que se criem as condições
para poder vender. Mas o que
está a acontecer em Moçambique
é que nós olhamos para aquilo que
está a dar. Actualmente aparece um
músico novo e todos olhamos para
o mesmo. Bancos, empresas, todos.
Será que algum momento estas
empresas olham para a música moçambicana
de uma forma forte? E
se pensam, porque é que há muitos
músicos discriminados dentro da
balança da responsabilidade social?
O problema está nas pessoas que
não são cultas e não são capazes de
fazer força de modo a fazer perceber
que as coisas devem funcionar
desta maneira e não da maneira
como está desenhada.
Esta sexta-feira comemoramos na
Associação dos Músicos Moçambicanos
esta data com um concerto
gratuito oferecido pelos alunos.
Pode explicar como será este concerto
e animar aos leitores para fazer
parte?
Este é mais um concerto das comemorações
da escola de música.
Nós preferimos chamar de recitais.
Já tivemos o recital de piano, de
sopros, de cordas, de jazz e agora
vamos realizar o recital de música
tradicional e, no fim, iremos ter no
Centro Cultural Franco Moçambicano
o grande concerto de encerramento.
O concerto desta sexta-feira é uma
amostra do que a ENM faz e do
que fez. Os alunos que vão aparecer
no palco são os alunos que estão,
actualmente, a estudar conjuntamente
com os alunos que já se formaram
na escola. No concerto da
sexta-feira vamos ter Makwayela,
marimba, mbira, timbila. A ENM
faz todo o esforço no sentido de valorizar
as suas referências culturais.
É um concerto que parece pequeno,
mas no seu sentido é muito grande
na sua dimensão.
(Álvaro Garcia)
Luís Filipe da Conceição
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1281 DE JULHO DE 2018
O ANTES...
2 Savana 27-07-2018 SUPLEMENTO Savana 27-07-2018 3
Savana 27-07-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) S
empre que temos um pleito eleitoral parece que há uma reedição dos factos que
sucedem na comunicação social ligada ao Estado. Estamos a falar da dança de cadeiras
naquele sector, de modo a colocar aqueles que bem interpretam as directivas
partidárias. Sem sombra de dúvidas, os indicados têm uma tarefa bem delineada
para que o partidão saia como vencedor nas eleições autárquicas que se avizinham.
Para tal, é preciso forjar uma boa imagem do glorioso e fomentar uma imagem que seja a
pior possível da oposição e dos seus candidatos. Desta vez, esse papel recaiu para Faruco
Sadique, que depois de ter desempenhado com “zelo” na RM deverá replicá-la na TVM,
com a sua nomeação ao cargo de PCA.
António Barros, administrador comercial da RM, deverá continuar de molho e, enquanto
aguarda a sua vez, esperamos que nos brinde com as histórias da “Cabeça do velho”.
Curioso nisto é que Sadique e Barros foram jornalistas do Diário de Moçambique, claro
que passaram por lá em períodos diferentes.
De uma forma sigilosa os artistas conseguem transmitir uma mensagem de forma camuflada.
Quando é preciso, usam técnicas para não serem directos e descobertos rapidamente
pelos do contra. Deve ter sido isso que o saxofonista, Moreira Chonguiça, esteve a demonstrar
com a sua mão, sinalizando que é preciso ter a mão no lugar para desempenhar
certos cargos em determinados momentos.
Quem saltita de alegria é Alberto Vaquina. Recorde-se que, enquanto Primeiro-ministro,
foi quem conduziu Sadique ao cargo de direcção maxima da rádio paga pelos nossos impostos.
Mas esta foto não é qualquer uma. É mesmo para ficar no baú, pois é raro ver três
antigos Primeiros-ministros na mesma pose. Mário Machungo foi o primeiro na história
do país a exercer o cargo de Primeiro-ministro. Aires Ali e Alberto Vaquina ocuparam
o cargo durante o consulado de Armando Guebuza. É que ambos aparecem com um
sorriso completamente rasgado.
Esta situação fez com que alguns círculos de conversa manifestassem a sua indignação
com este tipo de atitudes. Juntamos três momentos para ilustrar o que estamos dizer. Reparem
que Thomas Sulemane inclina o corpo para escutar o que diz Baltazar Fael do CIP.
Nisso, o jornalista Borges Nhamirre, no centro, disfarça com o olhar ao aparelho celular
escutando atentamente a zombaria.
Quem também não ficou atrás é Luís Mondlane, juiz conselheiro do Tribunal Supremo e
antigo presidente do Conselho Constitucional e João Beirão, vice-Presidente do Tribunal
Supremo. Os seus rostos já revelam tudo.
Nesta última foto, João Trindade, juiz Jubilado do TS, tece um comentário com semblante
triste. Desconhecemos os porquês, mas a verdade é que em breve terá motivos de sobra
para sorrir quando se proferir a sentença do caso da caricatura. Fora dos holofotes está o
juiz Augusto Paulino, antigo Procurador-Geral da República, que com a mão direta direccionada
para certo lugar deve estar a dizer: deixei o cargo há tempo de estar fora da grande
pressão do caso das dívidas ocultas. É preciso ter as mãos e outras coisas no lugar para
desempenhar alguns cargos, sob pena de manchar o carácter, postura e saúde de qualquer
individualidade que se preze.
Mãos no lugar
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF +VMIP EF t "/0 997 t /o
1281 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA Naita Ussene
O
metical tem demonstrado
uma apreciação
modesta em relação ao
dólar, mas não poderá
registar uma valorização significativa
este ano, estima a última
análise do Grupo Standard Bank
sobre as perspectivas das taxas de
câmbio africanas.
0 FTUVEP BTTJOBMB RVF P EØMBS
americano é actualmente comprado
por 58,5 meticais, contra
59 meticais em 2017.
i"QFTBS EFTUB DPOUÓOVB NFMIPSJB
na balança de pagamentos, como
se verificou no primeiro trimesUSF
EF
OÍP FTQFSBNPT RVF
o metical registe nenhuma apreciação
significativa este ano”, diz
a análise mensal do Standard
Bank.
" BWBMJBÎÍP BOUFDJQB B QSFWBMÐODJB
EB BDUVBM UFOEÐODJB EF BQSFciação
do metical no próximo
ano, conduzida pelas esperadas
decisões finais de investimento
(DFI) nos projectos de gás natural
da Bacia do Rovuma.
Contudo, atrasos nos projectos
poderão puxar a paridade metical/dólar
para cima, alerta o documento.
Metical com subida tímida
– considera Standard Bank
0 4UBOEBSE #BOL PCTFSWB RVF BT
SFTFSWBT JOUFSOBDJPOBJT MÓRVJEBT
NBOUÐN TF SFMBUJWBNFOUF FTUÈWFJT
EFTEF P JOÓDJP EP BOP
Em Maio, esse indicador atingiu
3.19 biliões de dólares, aptos a
cobrir cerca de sete meses de importações,
excluindo os megaproKFDUPT
F RVBUSP NFTFT
JODMVJOEP
os megaprojectos.
%BEPT QSFMJNJOBSFT JOEJDBN RVF
o défice da conta corrente caiu
29.4% para 2,7 biliões de dólares
no primeiro trimestre deste ano,
impulsionado principalmente
QPS VN EFDMÓOJP EF BOVBJT
OP EÏmDF DPNFSDJBM
RVF BUJOHJV
385.3 milhões de dólares.
Essa cifra foi galvanizada por
uma subida nas exportações de
carvão e dos preços de exportações
das matérias-primas no geral.
0 EÏmDF EB DPOUB OPT TFSWJÎPT
melhorou muito ligeiramente
FN
BMDBOÎBOEP CJMJÜFT
EF EØMBSFT OP RVBSUP USJNFTUSF
de 2017 e no primeiro trimesUSF
EFTUF BOP
FN
RVBOEP DPNQBSBEP DPN P QFSÓPdo
homólogo.
0 4UBOEBSE #BOL UPNB OPUB EP
RVF DPOTJEFSB EFTFOWPMWJNFOUPT
positivos para as perspectivas da
economia moçambicana.
" BQSPWBÎÍP EB SFWJTÍP DPOTUJtucional
para o aprofundamento
da descentralização e do pacote
BVUÈSRVJDP
RVF BCSF DBNJOIP Ë
realização das eleições municiQBJT EF EF 0VUVCSP EFTUF BOP
são sinais encorajadores, assinala
o Standard Bank.
"RVFMB FOUJEBEF mOBODFJSB PCserva
com satisfação a promessa
da União Europeia de desembolsar
400 milhões de dólares para
ÈSFBT FTQFDÓmDBT
SFTTBMUBOEP
DPOUVEP
RVF OÍP TFSÈ OB GPSNB
EF BQPJP EJSFDUP BP 0SÎBNFOUP
do Estado.
0T EPBEPSFT JOUFSOBDJPOBJT TVTpenderam
o apoio directo ao
0SÎBNFOUP EP &TUBEP NPÎBNCJDBOP FN OB TFRVÐODJB EB
EFTDPCFSUB EBT DIBNBEBT EÓWJEBT
escondidas.
0 FTUVEP BTTJOBMB JHVBMNFOUF PT
vários anúncios de apoio ao processo
de desarmamento, desmobilização
e integração do braço
BSNBEP EB 3FOBNP
ËT mOBOÎBT
públicas, infra-estruturas, educação
e água, como sinais positivos
para a economia moçambicana.
t " OPUÓDJB EB DBQUVSB EP KPWFN EBT RVBOUJBT JSSJTØSJBT OP QBÓT EP UVSJTNP TFYVBM BCBGPV QPS DPNQMFUP B RVFEB EB UTVOBNJ RVF DPNBOEBWB B
QSPWÓODJB CBMVBSUF EB PQPTJÎÍP )È BHPSB NVJUPT TFDUPSFT FN BQVSPT
DÈ QFMP CVSHP DPN NFEP EBT SFWFMBÎÜFT RVF QPEFSÍP TVSHJS
B DPNFÎBS QFMP iEPTTJFS EPT
SBQUPTw & OP SPM EPT JORVJFUPT
OÍP FTDBQBN
QSPDVSBEPSFT
QPMÓDJBT
BEWPHBEPT F KPSOBMJTUBT
t 0 FOHFOIFJSP EP QMBOBMUP FODPOUSPV VNB GØSNVMB DSJBUJWB QBSB SFTPMver
o diferendo entre a ex-tsunami da 24 de Julho e o antigo primeiro
secretário despachado para a segurança social na terra dos bons
TJOBJT " JEFJB EP UJNPOFJSP FSB OÍP EFJYBS OP BS B TFOTBÎÍP EF RVF
houve vencidos e vencedores. Lá vai, pois, a tsunami para a terras dos
LBNCBT 2VFN WBJ Ë NFTRVJUB FTUB TFYUB GFJSB Ï BRVFMB DBNBSBEB RVF
se safou de ser “promovida” para a embaixada de Beijing.
t 5BM DPNP FN .BQVUP
P BNCJFOUF OÍP Ï CPN OB DIBNBEB DBQJUBM EP
/PSUF )È TJOBJT EF RVF P HMPSJPTP QSFUFOEF JOEJDBS DPNP DBCFÎB EF-
MJTUB VN BOUJHP 1$" EB DPNQBOIJB EPT YJUJNFMBT RVF KÈ GPJ UBNCÏN
governador de Gaza nos tempos de JC. Comparável com ele, só o
JOFOBSSÈWFM 1FESJUP F BRVFMB NJOJTUSB RVF OÍP TBCJB P TJHOJmDBEP EB
QBMBWSB '"0
t 1PS .BQVUP FTUÈ GPSUF B JEFJB EPT FYDMVÓEPT EP iCBUVRVF F EB NBçaroca”
, se não houver uma 25ª. hora, avançarem com candidaturas
independentes. Longe vão os tempos do unanimismo sem preço.
t &YDMVÓEP
BQBSFOUFNFOUF TFN EJSFJUP B SFDVSTP
FTUÈ P OPNF EP mMIP
NBJT RVFSJEP EB OBÎÍP
QBSB B QPOUF RVF BUSBWFTTB B BOUJHB %FMBHPB
#BZ $PNP PT UFNQPT NVEBN TF OPT SFDPSEBSNPT
RVF VN NJOJTUSP
SFCFMEF DBJV QPSRVF
FOUSF PVUSPT QFDBEPT
RVFTUJPOPV P OPNF EB
ponte sobre o Zambeze em Caia.
t &YDMVÓEP CFN QPEFSJB UFS TJEP VN WÓEFP EF IPTTBOBT BP NJOJTUSP EB
iPQFSBÎÍP USPODPw
QFMBT TVBT RVBSFOUB QSJNBWFSBT 0 KPWFN USBCBMIB
RVF TF GBSUB
NBT PT TFVT JOJNJHPT OÍP MIF EÍP USÏHVBT "QFTBS EBT
NFMIPSFT JOUFOÎÜFT
PT QBSBCÏOT FN WÓEFP GPSBN NBJT VNB QSFDJPTB
munição para os seus desesperados detractores.
t " DPOTFSWBÎÍP DPOUJOVB FN BMUB %FQPJT EP DPOUSPWFSTP QBSRVF EBT
Quirimbas, com uma enorme população predadora no seu interior,
ter sido escolhido pela Unesco, há mais 200 elefantes sul-africanos
QSPOUPT QBSB TFSFN FTQBMIBEPT QPS .PÎBNCJRVF
OPNFBEBNFOUF
OP ;JOBWF 0T GVSUJWPT
RVF DPOUJOVBN B HP[BS EF FOPSNF QFSNJTTJWJEBEF FN HSBOEF QBSUF EP QBÓT
BHSBEFDFN FNPDJPOBEPT UBNBOIB
bondade.
t 2VFN USBCBMIB B UPEP P WBQPS Ï B OØWFM BRVJTJÎÍP EB QFSEJ[ QBSB B
DJEBEF EF 2VFMJNBOF &OUSF PT WJWBT DPOWJDUPT Ë 3FOBNP
P KPWFN
edil fala de Zambézia, como se a eleição para governador vá aconUFDFS BP WJSBS EB FTRVJOB & EF GBDUP
KÈ FTUÈ BÓ
QFMP RVF IÈ RVF
PMIBS CFN QBSB RVFN Ï P OÞNFSP EPJT OB MJTUB QBSB B BVUBSRVJB EPT
Bons Sinais...
t & TF .BDVTF Ï OPUÓDJB DPN B WJTJUB EP NJOJTUSP .BY Ë 5BJMÉOEJB
PT
chineses causaram o maior impacto, ao anunciarem uma nova ferSPWJB RVF MJHBSÈ P ;JNCBCXF Ë ;ÉNCJB F B .PÎBNCJRVF 0 QMBOP
QSFWÐ VNB DPOFYÍP EP ;JNCBCXF BUÏ .PBUJ[F F EFQPJT /BNQVMB
0 QPSUP EF FTDPBNFOUP TFSÈ /BDBMB 0 QSPKFDUP FTUÈ PSÎBEP FN
USD2500 milhões.
t &SB VNB WF[ VN NÏEJDP SFCFMEF
DPN OPNF EF DFSFBM
F RVF TF UPSOPV
P SPTUP EF VNB EBT HSFWFT RVF BCBMPV QSPGVOEBNFOUF P SFHJNF 0
KPWFN Ï VN EPT OPTTPT NBJT SFDFOUFT 1)%
DPN EJTUJOÎÍP "RVFMF
BCSBÎP %S +PSHF "SSP[
Em voz baixa
t 2VBOEP TF BQSPYJNB mOBMNFOUF P KVMHBNFOUP EP DBTP i&NCSBFSw F P
FOWPMWJNFOUP EF USÐT HFOFSPTPT DBNBSBEBT
Ï TVSQSFFOEFOUF P OÞNFro
de narrativas alternativas, para cavar a desculpabilização, como se
OÍP UJWFTTFN FYJTUJEP 64%
F BT SFTQFDUJWBT USBOTGFSÐODJBT
bancárias.
Savana 27-07-2018
EVENTOS
1
0DSXWR GH-XOKRGH $12;;91o 1281
EVENTOS
Barclays Bank Moçambique, S.A. - Capital Social: MTn 5.538.000.000 - NUIT:400017484 - Número de Matrícula da CRC de Maputo: 8321 - Endereço: Av. 25 de Setembro, 1184 - 15º Andar - Maputo Caixa Postal 757 - Moçambique. O Barclays não será responsável por quaisquer incidentes que possam ocorrer com o seu provedor de serviços de internet. Por favor consulte a tabela de preços em vigor no Banco.
Aplicam-se os Termos e Condições actualmente em vigor. Queira dirigir-se à Agência mais próxima do Barclays ou contacte-nos através do serviço de Banca Telefónica 1223.
Moçambique!
Vêm aí novas possibilidades.
O
Parque Nacional das Quirimbas
foi nesta quarta-
-feira declarado Reserva
da Biosfera, durante a 30ª
Sessão do Conselho Coordenador
do Programa “Homem e a Biosfera”.
O evento decorre na cidade de PaQuirimbas
declarado Reserva da Biosfera
lembang, província de Sumatra-
-Sul, Indonésia, entre 23 e 28 de
Julho de 2018. Moçambique participa
no evento com uma delegação
chefiada pela vice-Ministra da Terra,
Ambiente e Desenvolvimento
Rural, Celmira Pena da Silva,
acompanhada pelo director-geral
da ANAC, Mateus Muthemba,
pelo administrador do Parque
Nacional das Quirimbas, Albino
Nhusse, e quadros do Ministério.
Participam no evento 369 delegados
representando 51 países de todos
os continentes.
A reserva mundial da biosfera é um
estatuto atribuído pelo Programa
“Homem e Biosfera” (Man and
Biosphere – MAB) da UNESCO
a certas áreas protegidas. Esse estatuto
é concedido a áreas protegidas
que cobrem porções de ecossistemas
terrestres ou costeiros e que
cumprem certos requisitos, como
buscar meios de conciliar a conservação
e o seu uso sustentável dos
elementos da biosfera, particularmente
a diversidade biológica.
De referir que todas as zonas declaradas
reservas da biosfera passam
a pertencer a uma rede mundial,
denominada “rede mundial de
Reservas da Biosfera”, sendo que,
globalmente, existem 681 reservas
em 122 países.
O Governo moçambicano, através
do Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural, submeteu
a candidatura do Parque Nacional
das Quirimbas para a categoria de
Reserva da Biosfera. A candidatura
foi precedida de um processo de
consultas públicas aos níveis distrital,
provincial e nacional e contou
com a colaboração de parceiros
de cooperação como a UNESCO,
Agência Francesa para o Desenvolvimento
e o PNUD. Esta é a primeira
candidatura do país àquele
estatuto, estando aberta a possibilidade
de candidatar outras áreas de
conservação para aquela prestigiante
categoria.
A classificação como Reserva da
Biosfera resulta de um processo
competitivo internacional que
inclui a avaliação de candidatura
documental, pelo Comité Técnico
Internacional de Conselheiros do
Programa Homem e a Biosfera,
e visitas de especialistas às áreas
objecto da candidatura. Durante a
cerimónia foi enaltecida a excelente
qualidade da candidatura de Moçambique.
Advém para o país algumas vantagens
de pertencer a Rede Mundial
de Reservas da Biosfera, nomeadamente,
o reconhecimento
internacional, a valorização dos
produtos locais, maior cooperação
e projecção, o reforço da imagem
como pólo de atracção turística, o
potencial para o aumento de investimentos,
a troca de experiências,
soluções e informação com as outras
Reservas da Rede Mundial.
O
bairro de Luís Cabral, na zona
periurbana da capital moçambicana,
acolheu, no último
sábado, uma acção de solidariedade
no âmbito da campanha “Faça
feliz uma criança” do Moza Banco,
onde se fez a doação de material escolar,
roupas e brinquedos. Trata-se de
uma iniciativa promovida pelos colaboradores
daquela instituição bancária
com vista a apoiar dezenas de famílias
naquele bairro.
Os promotores da iniciativa acreditam
que a acção irá contribuir para levantar
o ânimo de toda a comunidade, em especial
das crianças, visto que a maioria
são órfãs.
“Estamos satisfeitos porque esta campanha
teve bons resultados. Fizemos isso
porque reconhecemos o valor da solidariedade
e é muito importante partilhar
com os outros o pouco que temos. Este
material é resultado da contribuição dos
mais de 722 trabalhadores do Moza e
esperamos que o gesto tenha impacto
positivo no processo de crescimento
destas crianças, que estão a passar por
momentos difíceis por serem órfãs”, referiu
Adam Yussof, director de Comunicação
e Responsabilidade Social do
Moza.
Os beneficiários da iniciativa não pouparam
palavras para agradecer o gesto.
“Estou muito feliz porque o Moza
ofereceu-me lápis, cadernos, sapatos,
roupa e brinquedos para poder brincar
com os meus amigos”, enalteceu Liendson
René, um dos beneficiários. “Todas
as empresas grandes deviam seguir o
exemplo do Moza e ajudar os que necessitam.
A população está satisfeita,
a doação vai melhorar o futuro dessas
crianças por isso esperamos que a iniciativa
se repita”, elogiou Firmino Chiau,
Secretário do Bairro.
Moza aposta nas comunidades
Savana 27-07-2018 EVENTOS
2
Moçambique estará no Terra Madre Salone
del Gusto de Turim, com Américo
Amos Mavale, líder do Convivium
Muteko-Waho. Além de ser chef, ele
também é o presidente do Mercado da Terra de
Maputo e, juntamente com Delson João Amaral,
formador de projecto em Moçambique para 10.000
Hortas em África. O projecto será apresentado
na área temática das Sementes durante o Fórum
10.000 Hortas em África, a 23 de Setembro em
Turim, através das experiências das pessoas envolvidas.
Hoje há 3063 Hortas em África, e o número
está a crescer constantemente.
O continente africano estará muito bem representado
durante a 12ª edição do evento internacional
Moçambique participa do Terra
Madre Salone del Gusto
O
especialista em Jornalismo Político, Rui
Machango, considera que as mudanças civilizacionais,
impostas pelo desenvolvimento
de novas tecnologias, impulsionaram, igualmente,
o aparecimento de choques sociais e culturais
que têm influenciado os comportamentos das novas
gerações.
Rui Machango falava na apresentação do sexto sub-
-tema do terceiro ciclo das Tertúlias Itinerantes 2018,
ocorrido, na última sexta-feira, 20 de Julho, em Maputo,
com o tema “A prostituição dos Contos de Fada
e a Violência na Televisão”, tendo sustentado que
desde o seu aparecimento na Europa, nos meados do
século XX, que a televisão, ou melhor, as mensagens
televisivas têm sido objecto de vários estudos.
“São inúmeras as teorias já produzidas sobre as mensagens
reproduzidas por este medium, sobretudo no
capítulo sobre os efeitos que elas provocam junto dos
telespectadores em geral e sobre as crianças, em particular”,
frisou o especialista.
Apesar da vigência do período da destribalização do
indivíduo, fruto da Revolução Industrial e da crescente
urbanização (retribalização), conforme realçou
Rui Machango, o aparecimento da televisão veio alterar,
significativamente, as relações sociais.
“Desde a chegada da televisão que nos lares, em todo
o mundo, o tempo que se gasta a ver televisão não tem
parado de aumentar. Moçambique não foge à regra”,
sustentou.
Num outro desenvolvimento referiu que a introdução
das novas tecnologias no medium televisão veio alterar,
profundamente, as linhas editoriais de milhares
de canais televisivos em todo o mundo, colocando à
cabeça como objectivo principal a rentabilidade económica
de todo o sistema, a curto e médio prazo.
Perante esta realidade, segundo Rui Machango, “muitas
vezes somos levados a questionar se não estaremos
a contribuir para uma educação para a violência dos
nossos filhos ao expô-los à mercê de alguns programas
televisivos”.
“Hoje, a violência não é apenas física ou linguística.
As dificuldades de acesso ao ‘wonderful life’ que
a televisão produz e promove constitui, actualmente,
a mais dura provação para os mais novos. Mais
agravante ainda é a existência de milhares de pessoas
adultas que escolhem os modelos de vida vendidos
pela televisão, como exemplo a seguir”, vincou.
Em jeito conclusivo, o especialista em Jornalismo Político
defende ser preciso definir, urgentemente, o lugar
ideal para colocar este novo “membro” da família;
fomentar a análise critica dos conteúdos transmitidos
pelo medium, em particular para um público indefeso
como são as crianças, promover investimento na produção
de conteúdos locais e reforçar a formação dos
gestores de conteúdos destinados ao público juvenil.
Importa salientar que as Tertúlias Itinerantes é um
ciclo de debates mensais, que reúnem académicos e
o público no geral, para debater sobre diversos temas
relacionados com a interculturalidade e o desconhecimento
mútuo no contexto da era global.
Esta iniciativa académica conta com a coordenação
dos académicos Sara Laísse, da Universidade Politécnica,
Eduardo Lichuge da Universidade Eduardo
Mondlane e Lurdes Macedo, da Universidade Lusófona
de Portugal.
‘A prostituição dos
contos de fada e a
violência na televisão’
mais importante do mundo, dedicado
à cultura alimentar, e algumas histórias
extraordinárias serão partilhadas
com o público. Organizado pelo Slow
Food em colaboração com a região
do Piemonte e a cidade de Turim, o
Terra Madre Salone del Gusto ocorrerá
de 20 a 24 de Setembro de 2018,
em Turim, na Itália. Mais de 5.000
delegados de 140 países, mais de 800
expositores, 300 Fortalezas (Slow
Food Presidia), e 500 comunidades
do alimento de Terra Madre estarão
neste evento.
O Mercado internacional terá uma
área especialmente dedicada a exposições
das comunidades alimentares
e produtos das Presidia
(Fortalezas) provenientes de todos
os cantos da África.
Slow Food é uma organização
global de base que prevê um
mundo no qual todos possam ter
acesso e desfrutar de alimentos
que sejam bons para si próprios,
bons para aqueles que cultivam e
bons para o planeta. Slow Food
envolve mais de um milhão de
activistas, chefs, especialistas,
jovens, agricultores, pescadores e
acadêmicos em mais de 160 países.
(Paola Roiieta)
Anuncie a sua marca, produto e serviços, na
SAVANA FM . Proporcionamos para si pacotes
promocionais, contacte-nos através de:
84 1440048, 82 8944278 ou ainda através do
e-mail: radiosavana100.2@mediacoop.co.mz
SAVANA 100.2 FM
Savana 27-07-2018
EVENTOS
3
P
eritos dos sistemas de Segurança
Social das regiões oriental e central
de África, incluindo Moçambique,
reuniram-se, esta segunda-feira, em
Maputo, num workshop regional sobre “Gestão
Avançada de Risco para Instituições da
Segurança Social”, dos países membros da
ECASSA-Associação da Segurança Social
da África Ocidental e Central.
A abertura do encontro, que contou, igualmente,
com a presença de delegados provenientes
da Tanzânia, Quénia, Zâmbia e
Zimbabwe, foi dirigida pela ministra moçambicana
do Trabalho, Emprego e Segurança
Social, Vitória Diogo.
A ministra considerou o encontro uma plataforma
extraordinária para a partilha de vivências
e experiências sobre as melhores formas
de gestão dos Sistemas de Segurança Social
em África, na perspectiva de melhorar cada
vez mais a qualidade dos serviços de Protecção
Social nos nossos países.
“Com este encontro, renova-se a esperança
de que com as boas práticas que cada um dos
nossos países tem sobre a Segurança Social
haverá um enriquecimento das nossas políticas
de protecção social e de gestão das nossas
instituições, visando torná-las cada vez mais
sustentáveis, concorrendo para uma melhor
prestação do serviço público aos destinatários.
Aliás, o nosso ponto de partida e o nosso ponto
de chegada é o cidadão a quem nos comprometemos
servir”, frisou.
Por um lado, a governante manifestou-se convicta
de que no workshop serão ainda partilhadas
abordagens e medidas concretas sobre
os desafios e soluções actuais de fortalecimento
da gestão dos sistemas de segurança social
e acções para tornar mais robustos os sistemas,
garantindo a sua sustentabilidade a médio e
longo prazo.
Por outro, destacou a gestão rigorosa e eficaz
dos sistemas de Segurança Social com enfoque
para a modernização e reformas na prestação
de serviços, concorrendo deste modo para
a fiabilidade e acurácia na informação, reduzindo
assim margens de erro, irregularidades,
para além de imprimir maior celeridade na
resposta aos utentes.
No quadro dessas reformas, Vitória Diogo
enalteceu o recente lançamento da certidão de
quitação informatizada, efectuado pelo Ministério
do Trabalho, Emprego e Segurança
Social: “Hoje o empresário já pode, no conforto
do seu escritório, imprimir online a sua
certidão de quitação para participar em concursos
de empreitada e prestação de serviços
ao Estado”, disse.
Portanto, conforme sublinhou, com esta e outras
reformas implementadas no sistema de
segurança social, o pedido para fixação de uma
pensão que antes levava cerca de dois anos
para responder, agora responde-se entre 15 a
30 dias.
“As outras prestações que variavam de três a
seis meses, levam sete dias, excluindo o subsídio
de funeral que é dado no mesmo dia e a
certidão de quitação que levava mais de sete
dias, já é impressa no mesmo momento, desde
que o empresário esteja quite e não tenha dívidas
com o INSS”, disse.
Peritos africanos reúnem-se em Maputo
O
Millennium bim e a Agência para a
Promoção de Investimento e Exportações
(APIEX) assinaram, semana
finda, um acordo de parceria para a
promoção de exportações e internacionalização
de empresas nacionais e atracção de investimento
estrangeiro para a economia moçambicana.
No âmbito desta parceria, as duas entidades
irão trabalhar de forma conjunta e coordenada
de forma a criar sinergias que se traduzam
num apoio efectivo às empresas e empresários
moçambicanos.
O Millennium bim e a APIEX definiram
diversas áreas de intervenção conjunta, nomeadamente,
na partilha de informação, na
promoção de investimentos e na facilitação
de contactos com potenciais investidores nacionais
e internacionais. Segundo o mesmo
acordo, os membros da APIEX terão ainda
acesso a um conjunto de vantagens e produtos
exclusivos do Banco.
Na ocasião, o Director-geral da APIEX, Lourenço
Sambo, destacou a importância do acto
e disse “é de louvar a aproximação do banco na
celebração do memorando sendo que se aproxima
a FACIM a assinatura deste memorando
será uma mais-valia para as duas instituições”.
Por seu turno, Fernando Carvalho, administrador
do Millennium bim, afirmou: “esta parceria
é mais um contributo do Banco para o desenvolvimento
sustentável da economia moçambicana
através da promoção de exportações e
da atracção de investimento que beneficiam
directamente a vida dos moçambicanos”.
“Reforçamos, assim, o nosso compromisso enquanto
instituição financeira de referência no
apoio às Empresas e à Economia de Moçambique”,
acrescentou.
O objectivo do Millennium bim é continuar
na vanguarda do apoio às empresas, proporcionando-lhes
uma proposta de valor sustentada
e relevante para o seu negócio.
O Millennium bim é o maior grupo financeiro
de Moçambique, tendo, actualmente, 1,8 milhões
de clientes.
Bim e APIEX
juntam-se na
promoção de
empresas
moçambicanas
Agenda Cultural
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados, Domingos e Feriados 18h30
Apresenta a peça“My Love”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música com Zé Barata ou Fernando Luís
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h Música ao vivo
Savana 27-07-2018 EVENTOS
4
ANOS
4ª Série 2018
10 a 12 de Agosto
Dedicada ao Maestro
José António Abreu
Noite Clássica
Centro Cultural Ntsindya
Dia 10 18h30
Entrada livre
5 Anos 4 Estações
C. Cultural Franco Moçambicano
Dia 11 19h30
350 MZN
Tarde para Pais e Filhos
Montebelo Indy Maputo Congress Hotel
Dia 12 16h00
Entrada livre
A
primeira edição do #ideate
Bootcamp, promovido pelo
Standard Bank, através da
sua Incubadora de Negócios,
em parceria com a IdeiaLab,
proporcionou, entre 19 e 21 de Julho,
em Maputo, a 42 jovens aspirantes a
empreendedores, a oportunidade de
apresentar as suas ideias de negócio
e auscultar potenciais clientes e beneficiários,
com vista ao seu aperfeiçoamento.
Durante a formação em matéria de
concepção e validação de ideias de
negócios, os participantes aprenderam
as metodologias Lean Startup
e Design Thinking, para entender os
desafios da comunidade e validar os
seus pressupostos; aprenderam técnicas
de design e construção de um
Produto Mínimo Viável (MVP) e,
ainda, construção do Value Proposition
Canvas e do Business Model
Canvas.
No fim, os jovens fizeram um Pitch
(apresentação) dos seus projectos,
tendo aplicado os conhecimentos adquiridos
na formação e as sugestões
colhidas do público interpelado nas
artérias da cidade, durante o processo
de validação das ideias.
Conforme explicou o director da
Promover empreendedorismo para ter uma economia forte
Banca de Particulares e de Negócios
do Standard Bank, Victor Jardim, o
#ideate Bootcamp foi concebido para
ajudar os jovens a estruturar as suas
ideias de negócio e ultrapassar as dificuldades
que, porventura, possam
enfrentar.
A iniciativa visa, igualmente, instigar
os jovens a criar negócios que tenham
impacto na comunidade, ajudando a
resolver os problemas do dia-a-dia de
forma simples e criativa, para além de
gerar postos de trabalho para outras
pessoas.
“O Standard Bank está focado no
desenvolvimento do País, através do
financiamento à economia e, como
tal, acredita que uma das formas de
alcançar este objectivo é apoiar as
Pequenas e Médias Empresas, startups
e empreendedores. Só com
uma cultura de empreendedorismo,
podemos ter uma economia forte e
fazer o nosso País seguir em frente,
assim como realizar o sonho de cada
um dos moçambicanos”, disse Victor
Jardim, referindo-se às razões que levaram
o Standard Bank a conceber o
#ideate Bootcamp, que acontece pela
primeira vez no País.
Por seu turno, Adelina Nhanala,
coordenadora do #ideate Bootcamp,
fez um balanço positivo da primeira
edição da iniciativa, durante a qual
os participantes se inteiraram dos
problemas que o público enfrenta e,
a partir disso, conceberam e testaram
possíveis soluções.
“Foi importante para nós, porque
percebemos que há jovens interessados
em participar em iniciativas
como esta. Os jovens pretendem
mudar o mundo e durante o #ideate
Bootcamp apresentaram muitas
e boas soluções, que esperamos que,
daqui a algum tempo, estejam no
mercado”, afirmou Adelina Nhanala.
A interacção e a oportunidade de
partilhar as suas ideias foram dois aspectos
realçados pelos participantes,
que disseram ter adquirido conhecimentos
que os vão ajudar a dar seguimento
aos seus projectos.
“Há muitos jovens com ideias brilhantes
em Moçambique e o que
eles precisam é de uma oportunidade
para as partilhar. Isso foi possível no
#ideate Bootcamp, por isso saímos
daqui motivados e conscientes de
que não podemos ajudar a resolver os
problemas das pessoas, sem antes falarmos
com elas”, considerou Denilson
Chárviss, um dos participantes.
Esta opinião foi partilhada por Alice
Simbine, que apontou a validação
das ideias, através da interacção com
o público como uma das ferramentas
importantes adquiridas durante a
formação e que ajuda os empreendedores
a melhorar os seus produtos ou
serviços.
“O #ideate Bootcamp deu-me mais
confiança e coragem de trabalhar em
grupo. Ter interagido com o público
foi o que mais me marcou. O público
aponta os aspectos positivos e negativos
das nossas ideias e que nós, como
empreendedores, não conseguimos
ver. Ou seja, nem tudo o que projectamos
é o que as pessoas gostariam
de adquirir”, explicou Alice Simbine.
O #ideate Bootcamp é um programa
de imersão empresarial do Standard
Bank que estimula o empreendedorismo
e desenvolvimento de ideias
inovadoras para a resolução de desafios,
projectado para mostrar aos
jovens como conceber e desenvolver
uma ideia, elevando-os aos níveis de
implementação e crescimento.
Importa salientar que a Incubadora
de Negócios do Standard Bank foi
concebida para fomentar o empreendedorismo
e fortalecer todo o ecossistema
empresarial, através da promoção
da inovação e conteúdo local.
Por sua vez, a Ideialab, parceira da
Incubadora nesta iniciativa, é uma
empresa de consultoria e treinamento
que oferece recursos para o desenvolvimento
e gestão de negócios de
forma sustentável.
O
administrador do distrito
de Maringuè, na província
de Sofala, Francisco Garife
apelou ao envolvimento das
comunidades no processo de fiscalização
dos recursos naturais da acção
dos furtivos, como único meio para
acabar com aquela prática responsável
pela devastação das florestas daquele
ponto do pais e não só.
Segundo aquele dirigente a fiscalização
não é responsabilidade exclusiva
do governo, com o agravante de que
sozinho não pode chegar longe. Deste
modo, entende que é imperiosa a
colaboração dos líderes comunitários,
dos comités de gestão dos recursos
naturais e da população em geral para
acabar o abate ilegal da madeira.
Falando numa mesa redonda que visava
analisar o ponto de situação do
abate ilegal da madeira no seu distrito,
que juntou diferentes intervenientes,
Garife convidou aos presentes
para denunciar qualquer acção dos
furtivos, pois só com uma exploração
sustentável o distrito pode obter
ganhos.
O distrito de Maringuè é rico em
recursos florestais que na sua maioria
são explorados por ilegais, o que
não traz nenhum beneficio as comunidades.
Para contrariar a situação,
o administrador prometeu atribuir
prémios monetários aos membros
da comunidade que denunciem actos
ilegais de exploração dos recursos.
Explicou que as compensações vão
provir das multas aplicadas aos furtivos
e visa incentivar a fiscalização por
parte dos membros das comunidades
e por outro lado para que os furtivos
não possam aliciar ao membros das
comunidades que por via disso podem
se tornar coniventes do furto dos
recursos naturais.
Envolver comunidade na
fiscalização de recursos
Por seu turno, o chefe do posto administrativo
de Canxixe, Guilherme
Diosse acredita que os comités são
parte integrante das denúncias e são
vigilantes dos recursos naturais. Fez
notar que as capacitações dadas as
comunidades e outras organizações
devem ser usadas para proteger os
recursos. O posto administrativo de
Canxixe é um dos postos que mais
sofre com a exploração ilegal dos recursos
naturais, mas as comunidades
acusam as autoridades de inércia em
caso de denuncias ou pelo facto de
nunca serem compensadas.
Os presidentes dos comités de gestão
dos recursos naturais confrontaram
o administrador com o facto de não
saberem do estágio das denuncias
feitas, as penas aplicadas aos furtivos,
o destino dado as madeiras apreendidas,
o pagamento das multas bem
como das compensações que tem
por direito.
O comité de Maneto, por exemplo,
referiu que por não ver as suas denúncias
atendidas optou por desistir
de reportar os casos de exploração
ilegal, dando a entender que há conivência
entre os furtivos e os serviços
distritais de fauna bravia com o intuito
de descaminhar a madeira apreendida,
o que constitui o revés ao árduo
trabalho que tem desenvolvido.
Por sua vez , a Livaningo, promotora
do evento, entende que a solução
passa por fazer denúncias desde o
nível mais baixo, através de cartas
com detalhes e evidencias aos chefes
das localidades, chefes do posto, aos
serviços distritais de actividades económicas
e por fim o administrador,
pois só assim se irá garantir que pelo
menos um destes intervenientes irá
tomar em conta o assunto e poderá
aproximar as comunidades para prestação
de contas.
No comments:
Post a Comment