domingo, 8 de julho de 2018

A odisseia da dor. Fernando Faustino

La dérive du Mounsier Faustino
Quando o calar das armas esbarra na cacofonia das vozes dissonantes na Frelimo, há um homem que ergue alto seu estandarte de violência. Agora que Nyusi e a Renamo abriram fendas numa ferida cuja cura observava os derradeiros procedimentos clínicos, lá veio ele colocar nessa ferida não o dedo da panaceia mas o veneno da odisseia.
A odisseia da dor. Fernando Faustino, o líder dos veteranos de guerra da Frelimo, acusou ontem a Alta Comissária do Reino Unido, Joanna Kuenssberg, já em fim de missão, e o representante da União Europeia Sven Kuhn Von Burgdsdorff, como sendo as principais forças por detrás da recusa da Renamo em desmilitazar antes do processo eleitoral autárquico. “Eles usam e abusam da Renamo para obstruir a Governação em Moçambique, encorajando este partido para se manter armado”.
É o recorrente discurso da mão externa. Quando a Renamo se entrincheira intransigente nas exigências de uma desmilitarização que não seja apenas a entrega de armas é porque está sendo manipulado pelas chancelarias. Quando a sociedade civil expõe as mazelas da governação é porque está sendo influenciada do estrangeiro. Quando jornalistas denunciam a promiscuidade entre política e negócios é porque recebem dinheiro das embaixadas. É um quadro mental completamente doentio. Que chacina os espaços de diálogo dentro da sociedade.
Desde que Nyusi assumiu o poder e Faustino a liderança dos veteranos, este senhor nunca se sintonizou com uma perspectiva de diálogo. Onde houve sangue, ele quis mais sangue; onde houve morte, ele defendeu mais morte. Quando Dhlakama foi atacado em Zimpinga, em Setembro de 2015, ele disse que o antigo líder da Renamo devia ser preso e julgado. Quando em 2016 a Renamo se barricou na guerrilha atacando inclusive alvos civis, ele pediu armas para os antigos combatentes. Seu discurso não serve para sarar feridas. É para cultivar a dor. Ele não é um pacificador. É um instigador. Alguém que parece estar nos antípodas do discurso de Nyusi.
Quando o Presidente usa o palco de um banquete de Estado a um chefe de Governo estrangeiro (o português António Costa) para dizer que a paz é irreversível e que os moçambicanos são como que uma família, Faustino surge em diapasão distinto. Ele dá corpo às teorias segundo as quais Nyusi está amarrado, dentro da Frelimo, a forças que se opem a uma solução não militar do actual impasse. A tal história dos dois comandos. É uma história que pode fazer sentido em certa medida mas que não elimina a certeza de que a Frelimo está sendo comandada por uma corrente que eu chamo de tradicionalista, hard core, clássica, socialmente conservadora, defensora de um Estado centralizado, propriedade do partido, lealistas de Guebuza e da linha dura e para quem a alternância democrática é uma miragem.
Uma corrente que não consegue captar os ventos da mudança nas preferências do eleitorado, cada vez mais jovem, marginalizados e para quem o legado da luta de libertação não pode ser o único apelo de voto na Frelimo. Os eleitores de Nampula mostraram isso a bem pouco tempo, com a eleição de um candidato da Renamo para a edilidade. Faustino parece mesmo um marciano recém-chegado. Se ele fala como fala e ninguém lhe chama à atenção é mesmo um sinal de desnorte no partido. A opção por Eneias Comiche em Maputo é prova dessa deriva.
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8 comentários
Comentários
Sic Spirou marcianos creio que até tem boas intenções . kkkkk
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Sic Spirou kkkk maning. que falem entre humanos hehe
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Domus Oikos Até agora não percebo qual importância desta associação. Devia ser apolítica de princípio, mas me parece braço de incitação a violência da Frelimo. Será que a Frelimo precisa destes? Foram úteis deviam pensar na verdadeira integração deles, pensar em projectos sociais, educação etc. Mas me parece ser "conselheiros" pra a guerra. Me recordo de outro infeliz pronunciamento deste "chefe"... pra exibir a "musculatura" que não tem, em público, pediu ao presidente da República armas pra ir combater a Renamo como única solução do problema. 
Agora vem apontando, como sempre Ocidente como culpada de má gestão em Moçambique, como ingerência... 

A Frelimo se apostar nestes velhos caducos que nada contribuem pra país irá perdendo espaço. 
A ignorância não paga. Hoje está ultrapassado a centralização e monopartidarismo. É democracia a convivência entre os diferentes... chama-se isso de pluralismo político e social.
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Responder2 hEditado
Sic Spirou Mas existem essas organizações, desde infantis, juventude, mulheres e esses. tá tudo amarrado!
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Marcelo Mosse La fora as ligas da juventude dos partidos são mais fortes e tem voz activa. Aqui são uns medricas...
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Sic Spirou exacto . deixam se usar pelos devaneios dos outros e não sabem se impor pela causa que dizem ter sido criadas. não vou culpar se todo os que os controlam! eles mesmo deviam servir de gente que controla e pressiona os que devem por em prática as diretrizes do partido. infelizmente...nada!
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Yolanda Mulhuini Marcelo Mosse o que acontece ca é que estão aliadas aos seus partidos. Por isso que nalgumas vezes ate dizemos são braços da ou do...
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Anibal Neves Estou, simplesmente, cansado de gente que faz jus aquela célebre música "os meninos a volta da fogueira", apenas para, de forma perpétua, alargarem cada vez mais suas barrigas enquanto espezinham-nos. E tu?
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Mouzinho Zacarias Esses velhos caducos que nem pensão de reformas tem ainda sonham desactivar a renamo pelas forças das armas
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Paulo Sergio Tricamegy Mas mesmo um mentiroso pode falar uma verdade.
Reino Unido,UE ?!?!
O que leva um africano a acreditar ,confiar nestes personagens???????
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Mendes Menete Deviam aprender com o mundial de futebol 2018.
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Responder49 min
Raposo Andrade Assim começou vão-se infernizando todos os esforços do PR para a busca da Paz. Difícil compreender as mentes dessa gente.
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Responder36 min
Rui Costa ...enquanto os cisnes cantarem, ainda teremos que os ouvir.

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