30.º ANIVERSÁRIO da tra gédia DE MBUZINE:
– consideram vendedores de discos e vídeos relacionados com a vida e obra do proclamador do Estado moçambicano
Quando estamos a escassos dias da passagem do trigésimo aniversário do acidente aéreo que vitimou Samora Moisés Machel, a cidade de Maputo regista um intenso movimento de cidadãos à procura de discos sobre a vida e obra do proclamador da Independência Nacional, o que cria oportunidade para arrecadarem algum dinheiro. Dizem que estamos diante de um filósofo que Deus enviara aos moçambicanos.
O país assinala esta quarta-feira o trigésimo aniversário da tragédia de Mbuzine que vitimou o primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Moisés Machel e outras 33 pessoas que o acompanhavam no seu regresso de Ndola, República da Zâmbia.
Após o trágico acidente aéreo os moçambicanos tiveram dificuldades de digerir a notícia do desaparecimento físico do líder. As palavras que encontraram resumiam o seguinte: Samora permaneceria vivo nos seus corações. Hoje, quando se assinalam 30 anos após a sua morte, há sinais bastantes que concorrem para esse desiderato.
Para imortalizar a sua obra vários cidadãos nacionais e estrangeiros desdobram-se na procura de tudo quanto é disco ou vídeo que retrata a vida e obra do saudoso presidente Samora Machel.
Numa ronda efectuada pela nossa Reportagem na baixa da cidade de Maputo e no mercado Estrela Vermelha encontramos jovens a multiplicar e ou a escutar discos com os comícios dirigidos por Machel.
Os discos mais procurados são os intitulados: “Estas são As Armas”; “25 de Junho”, “ Os Dez Anos da Independência Nacional” e “Continuadores do 25 de Setembro”, editados pela “Sons de África Moçambique” e JB-Recording. Os preços de venda variam de 30 para copiar para um “Pen Drive” e 50 a 150 Meticais cada, dependendo da praça.
Alguns cidadãos ouvidos pelo nosso jornal disseram que pretendem com isso compreender a grandeza e a essência de Samora que o qualificam, por outro lado, de profeta.
Para eles, os “ditos” populares de Machel ainda permanecem vivos, não obstante terem sido proferidos há mais de trinta anos, por falar dos assuntos que acontecem e tocam as suas vidas.
Além de comprar tais discos, os cidadãos juntam-se nos seus quintais e em alguns aglomerados populacionais, como por exemplo, no mercado Estrela Vermelha, na cidade de Maputo, onde se fazem cópias e se escutam os discursos, tudo na perspectiva de reviver os ensinamentos deixados por Machel.
Na baixa da cidade de Maputo por exemplo, há vendedores de bancas fixas assim como ambulantes que chegam a vender 40 a 50 discos por dia tal como é o caso de Bernardo Matine, 37 anos de idade, que diz ter conhecido Machel aos 7 anos através de contos dos seus pais e avós.
O outro local que regista gente de todas as idades a tirar fotos e deixar-se fotografar-se com a sua imagem é a gigante e exuberante estátua erguida na Praça da Independência em que pessoas de diferentes nacionalidades não perdem a oportunidade de se retratar junto da figura de Machel.
Célia Magaia, 47 anos de idade, é uma cidadã que encontramos a olhar atentamente para a estátua de Machel na Praça da Independência e quando lhe interpelamos disse-nos que estava a reviver o dia em que Samora lhe apertou a mão em Morrumbala, Zambézia, aquando da famosa viagem do Rovuma ao Maputo um pouco antes da proclamação da independência.
Segunda ela, Machel foi um líder que dedicou a sua vida em prol da melhoria das condições de vida da população no verdadeiro sentido.
“ Desde a sua morte penso que ainda não encontramos o seu substituto. Ele foi a luta para libertar o povo, ou seja, faz falta para ao país, pois tinha linguagem própria para cada momento, como quando usou a palavra “emboramente” e fez questão de frisar que não existe no dicionário”.
A fonte acrescentou: “ É verdade que estamos no sistema de economia de mercado mas no seu tempo as pessoas conseguiam ter o pouco e hoje ou és pobre ou és rico”.
Quitéria Muchanga, 29 anos de idade, é a outra jovem que estava com os olhos postos à estátua e segundo nos contou, Samora a avaliar por aquilo que lhe foi dado a conhecer foi um grande dirigente que não queria professores preguiçosos.
“No dia 12 assinalámos mais um aniversário pela passagem do Dia do Professor e infelizmente nos dias de hoje eles não têm boa fama porque alguns violam as suas alunas. No tempo de Machel isso era inconcebível até porque segundo o que contaram não teríamos crianças na oitava classe sem saber ler e escrever devidamente”,disse Quitéria.
Por sua vez, Doureta Manala, 20 anos de idade, diz que Machel foi um homem regrado e com muita disciplina. Pretende explicar que o dedo em riste na estátua expressa o quanto era determinante na sua linguagem com o povo que amou até aos últimos minutos da sua vida.
“Não o conheci, apenas sei que morreu em Mbuzine mas ouvindo os seus discursos percebe-se que foi um homem exigente, recto e com uma disciplina invejável”,disse Doureta Manala
Quem também não resistiu a imponente estátua foi Lívia Velpry cidadã francesa que diz saber que Machel foi obreiro da Revolução moçambicana e lutador incansável pelo bem-estar do seu povo.
“Ele tem uma estátua à sua medida, pois, é o fundador do Estado moçambicano. Não sei porque é que tem o dedo em riste, mas tenho informações de que na altura que perdeu a vida havia dirigentes de países vizinhos que não o viam com bons olhos e queriam impedir a revolução que estava em curso”,disse Velpry
FALAM OS VENDEDORES DE DISCOS
António Sitoe, 43 anos de idade e vendedor de discos na baixa da cidade de Maputo, diz que Samora foi um homem exemplar que sempre se preocupou com o seu povo que lotava os comícios que ele orientava.
Entre vários comícios, Sitoe recorda o proferido no campo de Xipamanine em que Machel deixou claro os sonhos que tinha para o desenvolvimento do país ao falar dos assuntos que tocavam as mentes das pessoas.
“Ele era um homem exemplar e combatia com galhardia aqueles dirigentes que se desviavam quando dizia por exemplo que as residências dos ministros em nenhum momento deviam ser locais de almoços ou recepções como acontece hoje”,disse Sitoe com uma lágrima no canto do olho.
Para ele, as pessoas ao adquirirem os discos pretendem reencontrar-se com a verdade que sempre caracterizou Machel. No último comício de Xipamanine, segundo ele, Samora Machel perguntou a população sobre um determinado assunto da seguinte forma: é ou não? A população terá respondido com aplausos.
“Em seguida, ele observou um intervalo e ordenou que fôssemos tomar leite e comer arrufadas que havia algures no campo, sendo que nesse dia ficámos das 8 até as 16 horas a ouvir o seu discurso. Portanto, ele queria que a população compreendesse a visão que tinha sobre o país”,explicou António Sitoe.
JOVENS FACTURAM GRAVANDO DISCURSOS
Samora Machel morreu há 30 anos mas os seus ideais permanecem vivos e têm sido disseminados por jovens que se dedicam a gravação dos discos com as suas memórias.
Décio Chang, 27 anos de idade, diz que não o conheceu fisicamente mas ao escutar as intervenções de Machel percebe que foi um grande dirigente que dedicou sua vida em prol do povo moçambicano.
Samora foi, até este momento, o melhor presidente que já tivemos neste país. Ao assistir os vídeos retratando a governação dele fico com a impressão de que se estivesse vivo a corrupção não seria aos níveis em que está nos dias de hoje. Sei que perdeu a vida num acidente aéreo quando regressava de mais uma missão na sua luta pela igualdade dos povos da região e de África em geral”, disse Décio Chang.
Por sua vez, Bernardo Matuva diz que nasceu dois anos após o desaparecimento físico de Machel e logo aos 7 anos os seus familiares lhe falaram deste homem que o considera líder carismático e defensor do bem-estar de todos os moçambicanos.
Observou que ao escutar e gravar os seus discos fica com a impressão de que os moçambicanos perderam um dirigente que impunha ordem a todos os níveis.
“ Samora foi um homem que ditava ordens e as fazia cumprir. Portanto, ele lutava pela união de todos e tinha aversão daqueles que tentavam perturbar a ordem pública.”
Acrescentou que num dos discursos ficou bastante impressionado quando na sua voz ordenou que os militares e polícias se afastassem e deixasse o povo a ouvir o seu presidente.
“Ele falou mais ou menos assim: Vocês ai, polícia saiam daí, tira tropa e deixa a população a vontade. Portanto, só um líder carismático podia falar assim e dar ordens que eram bem cumpridas”,disse Matuva.
Para este jovem a avaliar por aquilo que escuta nos discos, o Estado da Nação não está bom, porque tudo que Samora condena, como a criminalidade, traição nos casais, roubos, problemas políticos está a acontecer.
“Posso dizer que ele foi um grande filósofo, um enviado de Deus que previu o que seria Moçambique nos dias de hoje porque tudo que falava está a acontecer nos dias de hoje. Quer dizer, temos pessoas que estão a colocar em causa a unidade nacional, pessoas ambiciosas que a todo custo querem tirar proveito de serem dirigentes do Estado, coisas que ele não admitia,disse Matuva reiterando que nos últimos tempos a unidade nacional que Samora sempre defendeu está a ser posta em causa.
O HOMEM AMBICIOSO
SÓ MUDA DE TÁCTICA
Felisberto Pedro, 22 anos de idade que faz a gravação dos discos no mercado Estrela Vermelha diz que as coisas que Machel falou há trinta anos estão ainda vivas na memória dos moçambicanos.
“Ele dizia cuidado com o homem ambicioso porque nunca muda e se o faz só muda de táctica e em Moçambique temos muitos exemplos de gente ambiciosa que quer enriquecer à custa do povo, coisas para as quais ele chamava à atenção nas suas intervenções nos comícios populares,explicou e diz ter no seu reportório mais de 50 comícios de Machel.
No entender daquele jovem, os ambiciosos de que falava Samora podem ser vistos através de agentes de polícia de trânsito que tem estado a interpelar automobilistas para extorquir dinheiro com pedidos de refrescos mesmo nos casos que não se vislumbra nenhum irregularidade.
Acrescentou que apesar de não ter deixado infra-estruturas sociais, Samora escreveu de forma indelével o seu nome no seio do povo moçambicano e não só.
“Portanto, fez bom trabalho de tal forma que morreu pobre, mas alegre, porque os seus discursos continuam vivos nos dias de hoje”.
Domingos Nhaúle
domingos.nhaule@snoticicas.co.mz
domingos.nhaule@snoticicas.co.mz
“SANTIFICADO SEJA O VOSSSO NOME”
Eish… tambem não era preciso “enjangerar”né?!... Há limites para tudo!
Só que, por intermédio do mais antigo semanário do país, somos brindados - domingo sim, domingo sim - com algumas coisas que chegam inclusivé a ser petéticas...
Eish… tambem não era preciso “enjangerar”né?!... Há limites para tudo!
Só que, por intermédio do mais antigo semanário do país, somos brindados - domingo sim, domingo sim - com algumas coisas que chegam inclusivé a ser petéticas...
Acho que nem Graça, nem os filhos de Samora sabiam disto…
PS: Assim já, o Severino Ngoenha é o quê, e foi enviado por quem?
PS: Assim já, o Severino Ngoenha é o quê, e foi enviado por quem?
Cal Barroso Deus não manda fuzilar pessoas, nem em público nem na calada da noite.
Homer Wolf E
ainda por cima toca a promover a pirataria: quem são esses tais
"vendedores de discos e vídeos" senão os putos ambulantes?... tsc
Carlos Da Fonseca Depois do filósofo enviado por Deus veio o Gueus enviado pelo diabo. Treta.
Francey Zeúte Mas oh brother, gastas os teus tostões domingo sim domingo sim a comprar o domingo? Ou recebes a borla?
Homer Wolf Esse
jornal era de um tipo aí, só pedi para fotografar essa pagina, porque
esse título a 5 colunas me saltou á vista... (vício profissional)
Ivan Tembe Enviado por um ser que ele não acreditava existir? Hehehehehe, grande paradoxo
Ricardino Jorge Ricardo Nem a própria frelimo sabe ou reconhece disso, de ser dirigido pelo Sócrates de Moçambique. Parabéns domingo...
Zulficar Mahomed Até
satanás é enviado por Deus para ter o maior numero de seguidores e
espalhar a maldição. Tal como todos, será julgado em função do nivel de
cumprimento das missões.
Antonio Júnior Manchete do próximo domingo "Dona Lurdes desmascara o polêmico músico Mr Bow"
Octávio Ramos Cardoso ... e os "jornalistas" que escrevem tais "venturas", devem ser os apóstolos. Não sei... digo eu!!!
Emilio Francisco Chauque Só falta dizerem que, também, nasceu de uma virgem por acção do espírito santo!
Salomão Mambo A
ser verdade, mesmo que alguem queira o acordar Samora não irá aceitar.
Ele preferirá ficar lá no seu túmulo em paz porque esta não é a
sociedade que terá tentado criar.
Andre Jorge Chifeche Aquele ministro que ficou sem pasta na era samoriana vai se zangar quando voces exaltarem muito Samora.
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