Qualquer que seja o merito da intervencao do Banco de Mocambique no Moza Banco, uma coisa esta a suscitar um certo torcer de narizes nos corredores da financa local: a indicacao de Joao Figueiredo nao caiu la muito bem. Principalmente porque ele eh accionista de um banco (o Banco Unico) que concorre para destronar o Moza do seu estatuto de quinto maior banco de Mocambique. O Unico eh sexto do ranking. E chegou a sexto dois anos depois de ter sido fundado e dirigido por Figueiredo em 2011, quando ele terminou uma longa passagem pelo BIM. Em 2015, o Nedbank sul africano passou a controlar 36% do Unico e Figueiredo saiu.
Uma fonte bem colocada no sector diz que o facto de ele continuar accionista do Unico nao levanta questoes de conflito de interesse. Isso so se colocaria, assevera a fonte, se ele fosse ainda parte dos orgaos sociais do Unico. Seja como for, a questao que se levanta nos corredores eh: como he que um accionista de um banco vai administrar outro banco concorrente que deve ser vendido?
Pode ser que do ponto de vista estritamente legal nao haja qualquer entrave mas ha quem coloca reservas de ordem etica e moral, estabelecendo esta nomeacao como "infeliz". Nao se coloca aqui em causa suas credenciais de gestor competente. Ele deu cartas por onde passou. Figueiredo foi eleito o melhor CEO de África, na categoria de Banqueiro Africano do Ano 2013, no âmbito do “African Bank Awards 2013”.
Mas levanta-se um debate sobre um certo potencial inside trading. Ok...a ver vamos...
No passado, aquando do colapso do Banco Austral, o Banco de Mocambique nomeaou um tecnico da Supervisao Bancaria, Siba Siba Macuacua, para colocar cobro ao descalabro. Siba foi assassinato quando comecou a visar os detentores do credito mal-parado do banco.
Figueiredo assumiu hoje as redeas do Moza e a primeira coisa que fez foi enviar mensagens de calma e confiana a clientes e colaboradores. Ele acredita no Moza e em dar a volta a crise, como se pode ler no texto ilustra este artigo.
A queda do Moza foi tao abrupta mas a digestao das suas causas e consequencias vai levar algum tempo. Sobretudo porque o banco tem um buraco enorme e o mandato de Figueiredo eh o de vende-lo. Mas por regra, para que essa venda seja feita, alguem vai ter de tapar esse buraco. Quem? O Estado? Eis a questao.
E o contexto actual difere do contexto em 2002/2003, em que o Estado recapitalizou o Banco Austral para ele poder ser vendido ao ABSA. Na altura, os doadores fecharam os olhos e permitiram que parte do Orcamento do Estado, que eles apoiavam, fosse drenado para tapar o buraco do Austral. E hoje?
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