Num 'post' intitulado "A incompleta remodelação do Presidente", Marcelo Mosse despoletou uma discussão sobre a gestão do pelouro dos recursos minerais e energia na República de Moçambique.
Eu venho aqui com uma sugestão...
Um gestor público para o pelouro dos recursos minerais tem que ser alguém que comunga duas coisas indispensáveis, designadamente (i) a sensibilidade técnica nos domínios de políticas de gestão e de exploração sustentável de reservas de recursos minerais e (ii) conhecimento de esquemas de negociação de contratos de exploração comercial vantajosa e sustentável de recursos minerais. Isto para além da integridade moral e cívico-patriótica.
Ora, eu conheço três moçambicanos da nova geração que reúnem estas qualidades, todos eles professores associados do Departamento de Geologia da Universidade Eduardo Mondlane. Seus nomes são (por ordem de preferência):
1. Salvador Mondlane (especialista em gestão de recursos minerais);
2. Isidro Manuel (especialista em gestão de recursos minerais); e
3. Mussa Achimo (especialista em sedimentologia)
2. Isidro Manuel (especialista em gestão de recursos minerais); e
3. Mussa Achimo (especialista em sedimentologia)
O Presidente Filipe Nyusi pode e deve servir-se de quadros que o país já formou e que têm escola de integridade moral e competência técnica comprovadas, para gerir áreas-chave da nossa economia, qual a área de gestão dos recursos minerais de que Moçambique foi abençoado.
Posto isto, estou a recordar-me que alguém alguma vez perguntou-me:
«Tu só andas por aí sugerindo nomes de outros para possivelmente assumir responsabilidades neste país (Moçambique). Nunca te ocorreu que tu também podes gerir algo? Já agora, em que é que te achas competente, em matéria de gestão pública?»
A minha resposta foi a seguinte:
«Eu posso gerir qualquer área pública que tenha a ver com ciências naturais (física, química, biologia e ciências da Terra, incluindo ambiente—terra, ar e água) e, também, com negociação de acordos de cooperação mutuamente vantajosa. Tenho esta convicção por duas razões. A primeira é que, posso dizer aqui e com propriedade, eu tenho a radiografia do quadro técnico-profissional que Moçambique possui, e do que precisa e ainda não tem, nas diversas áreas da vida económica e social deste país. A segunda é que conheço as leis fundamentais que regem o funcionamento dos sistemas materiais, e sei que a sociedade humana é um sistema material cuja dinâmica é determinada não só pela necessidade de sobrevivência, mas também pelas necessidades de auto-estima e auto-superação. Esta segunda razão é, afinal, o que torna a política necessária no contexto da vida humana.«
«Assim, é minha concepção que governar é um jogo de xadrez em equipes. O jogo de xadrez admite empate. Politicamente, o bom jogo é aquele que conduz a empates. Eu sei negociar para não ganhar sozinho. Ganhar sozinho não é bom, porque gera conflitos, e até guerras fratricidas. Por isso, para evitar conflitos ou guerras, uma negociação tem que ser conduzida de modo a que as partes envolvidas ganhem proporcionalmente à sua inteligência (em oposição à sua capacidade material). Quando a inteligência de qualquer das partes evolui, surge a necessidade de uma nova negociação para ajustar proporção dos ganhos das partes à proporção da evolução intelectual registada. Só este ciclo de negociações pode assegurar uma paz efectiva nas sociedades humanas.»
Pena foi que o meu interlocutor depois só emitiu uma interjeição de quem gostara da resposta, ao mesmo tempo que a não entendera. E eu que esperava um debate, fiquei falido de interlocutor. Por isso trago o assunto aqui, esperando saber da tua opinião... O que tu que me lês tens a dizer sobre o que acabas de ler?
Com votos de um feliz fim-de-semana, sem excessos!
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PS: Não há nenhuma contradição entre o que eu disse sobre negociação e a tese de que a paz só se mantém pela força. A negociação para alcançar ganhos proporcionais à inteligência de cada uma das partes envolvidas é um mecanismo de transmissão da força necessária para a manutenção da paz. Quando a negociação não ocorre pacificamente, recorre-se ao uso legítimo da força das armas, com a infelicidade de que a maioria das vítimas é inocente. Este é que é o real custo da vida humana.
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