Refém canadiano decapitado por militantes islamistas nas Filipinas
Primeiro-ministro Justin Trudeau confirmou a morte "brutal" e "desnecessária" de um homem de 68 anos, sequestrado por militantes do grupo islamista Abu Sayyaf quando fazia férias nas Filipinas.
O Exército das Filipinas confirmou a morte de John Ridsdel, um cidadão canadiano sequestrado por militantes islamistas e mantido como refém desde Setembro de 2015 com três outros indivíduos, no Sul do país. A cabeça decapitada de Ridsdel, de 68 anos, foi encontrada na remota ilha de Jolo cinco horas depois de ter expirado o prazo para o pagamento de um resgate para a sua libertação.
Numa breve declaração, à margem de uma reunião do Governo, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, condenou “sem reservas a brutalidade dos sequestradores” e a morte “desnecessária” de John Ridsel, um antigo executivo do sector mineiro raptado quando passava férias nas Filipinas. “Este foi um acto de homicídio a sangue frio cuja responsabilidade pertence unicamente ao grupo terrorista que o tomou por refém”, afirmou.
Ridsdel foi raptado a 21 de Setembro numa marina da ilha de Samal, próximo da cidade de Davao, no Sul do arquipélago das Filipinas, por militantes do grupo extremista Abu Sayyaf, que tem ligações à Al-Qaeda e recentemente começou a actuar em nome do autoproclamado Estado Islâmico. Um outro canadiano, Robert Hall, permanece refém dos militantes, que mantém ainda a sua namorada filipina, Marites Flor, e um homem de nacionalidade norueguesa, Kjartan Sekkingstad, que também integrava o grupo de turistas.
As autoridades filipinas acreditam que os reféns foram transferidos para a ilha de Basilan, o reduto do grupo islamista, a 700 quilómetros do local do rapto. Segundo o jornal canadiano National Post, o nome Abu Sayyaf significa “portador da espada”: o grupo está classificado como uma organização terrorista pelo Canadá, os Estados Unidos e outros países. Composto por diversas facções, os seus militantes reivindicaram o ataque à bomba de um ferry filipino em 2004, que matou 116 pessoas.
As suas acções mais habituais consistem em ataques contra as forças de segurança filipinas. O grupo está associado a redes de tráfico de droga e outros actividades criminosas, e segundo as agências, iniciou recentemente uma campanha de raptos em nome do Estado Islâmico – para a libertação dos quatro reféns sequestrados há seis meses, os militantes exigiram o pagamento de um resgate de oito milhões de pesos filipinos (cerca de 152 mil euros) por cabeça. O prazo terminava esta segunda-feira.
O Governo das Filipinas, que segue uma política de não-negociação com organizações terroristas, pediu às autoridades canadianas que se abstivessem de contactos com o grupo Abu Sayyaf, com o qual assinara uma trégua em 2014. De acordo com o National Post, o presidente da Cruz Vermelha das Filipinas, Dick Gordon, foi contactado pelos militantes para negociar, mas recusou fazê-lo. No entanto, terá conseguido confirmar que todos os reféns estavam vivos.
Nos últimos dias, uma força conjunta da Polícia e Exército das Filipinas esteve envolvida numa operação “intensiva” para o resgate dos reféns nas ilhas de Basilan e Jolo, que levou à identificação de cerca de 400 militantes. O gabinete da Presidente Benigno Aquino disse que estão a ser desenvolvidos “os máximos esforços” para localizar e salvar os reféns do grupo Abu Sayyaf – outros grupos, com cidadãos do Japão, Malásia, Indonésia e Holanda, foram capturados pelos militantes em território filipino.
A descoberta da cabeça decapitada de John Ridsdel foi feita por um residente de Jolo City, que viu um motociclista atirar um saco de plástico para a berma da estrada, junto de um local onde cinco crianças estavam a brincar, por volta das 19h30 (hora local). Quando a iluminação eléctrica foi ligada, uma hora mais tarde, percebeu-se que o saco estava ensanguentado e foi chamada a polícia.
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